Sobre as Sombras na Aquarela

Tudo começou com as nuvens.

A ideia surgiu da necessidade de mostrar a evolução de uma pesquisa feita sobre monocromia através da técnica da aquarela e colagem.

Foi à partir do meu olhar nas nuvens que surgiu o "momento sombras na aquarela". Após a escolha do suporte, as imagens começaram a brotar em minha mente de forma aleatória, de modo claro e objetivo, facilitando o desenvolvimento do trabalho. O fundo branco do papel, muitas vezes em destaque, realça as nuances e sobreposições das camadas, contrastando tons claros e escuros, assim como a luminosidade, algumas vezes oscilante, mais ou menos intensa, que brinca, sugerindo formas, movimentos e até mesmo sensações, destacando as características da aquarela aliada à colagem.

As inúmeras possibilidades que o tema oferece, associadas à técnica, tráz como resultado a simplicidade da proposta que, destacando a cor pura, em contraste com o papel, evidencia um grande prazer em criar.

Aline Hannun

28 de setembro de 2012


Museu d'Orsay tem exposição sobre impressionismo e moda

O parisiense Museu d'Orsay, templo da pintura impressionista, apresenta uma exposição de 70 quadros de Manet, Monet, Renoir, Degas e Caillebote, entre outros, acompanhada de 40 vestidos utilizados por mulheres durante a época em que floresceu este movimento artístico, na segunda metade do século 19. 





A exposição, aberta até 20 de janeiro de 2013, é organizada de maneira conjunta pelo Museu d'Orsay, pelo Metropolitan Museum of Art de New York e pelo Art Institute de Chicago.

"Os impressionistas, apaixonados pela modernidade, se interessam pela moda, fenômeno que estava em pleno auge naquela época, com o desenvolvimento das revistas especializadas e das grandes lojas", diz Gloria Groom, curadora da exposição.

"Ao estudar seus grandes retratos de mulheres, me dei conta que pintavam roupas contemporâneas que podiam ser encontradas nos desenhos de moda", explica Groom, do Art Institute de Chicago.
 
A partir daí veio a ideia de utilizar, do acervo do Museu Galliera, os vestidos que se aproximavam desses desenhos, revivendo as silhuetas de quem os usava.

Os impressionistas faziam posar as mulheres que os rodeavam, suas companheiras e amantes. O verdadeiro herói do quadro, no entanto, é o vestido, sua maneira de captar a luz, seus reflexos. Os pintores desse movimento eram especialistas em reproduzir a transparência da luz, seu resplendor fugidio.

Em Mulher com Papagaio (1866), de Manet, a camisola rosa pálido de Victorine Meurent, modelo do pintor, provocou muitos comentários ao ser apresentada no salão de 1868. "Um rosado falso e raro", segundo o escritor Théophile Gautier, uma roupa "suave" para Emile Zola.



Mulher com papagaio - Manet

Manet conhecia bem a moda. Sua parisiense veste uma roupa preta com anquinhas, ajustada na cintura e adornada com um chapéu alto. Ela arrasta a cauda do vestido com segurança, deixando entrever suas botas.

 

Silhueta em S - Manet

Os impressionistas se interessam pela mulher em movimento, diz Groom. Nos anos 1870, as crinoligas (anáguas usadas para armar os vestidos) eram rebaixadas na frente, enquanto na parte traseira eram infladas com almofadas. É o triunfo da silhueta em S, que se aprecia de perfil. O corpete ainda está lá para emprestar uma cinturinha de vespa às mais elegantes.


Albert Bartholomé pinta em Invernar sua esposa vestida com um traje de verão de algodão branco estampado com círculos e detalhes lilás. A roupa da senhora Bartholomé, exposta ao lado da tela na exposição, ostenta uma cintura de 32 centímetros.


 



Quadro de Albert Bartholome em exposição com vestidos no Museu d'Orsay

A cor preta já estava na moda. No grande quadro Senhora Charpentier e seus Filhos, de Renoir, a esposa do célebre editor usa um traje amplo de muita elegância.



Senhora Charpentier e seus Filhos - Renoir

Com Naná, Manet explora o que está por baixo. O corpete de cetim azul-céu da atriz que serviu de modelo, suas anáguas, seu salto alto, exibidos sob a atenção de um homem vestido, ofenderam a moral da época: o quadro foi rejeitado no salão de 1877.
 

 
Naná - Manet
 
Os trajes brancos florescem nos quadros ao ar livre. Para Mulheres no Jardim (1866), de Claude Monet, a companheira do pintor, Camille, veste quatro roupas diferentes para encarnar quatro mulheres em diversas poses.
 







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