Sobre as Sombras na Aquarela

Tudo começou com as nuvens.

A ideia surgiu da necessidade de mostrar a evolução de uma pesquisa feita sobre monocromia através da técnica da aquarela e colagem.

Foi à partir do meu olhar nas nuvens que surgiu o "momento sombras na aquarela". Após a escolha do suporte, as imagens começaram a brotar em minha mente de forma aleatória, de modo claro e objetivo, facilitando o desenvolvimento do trabalho. O fundo branco do papel, muitas vezes em destaque, realça as nuances e sobreposições das camadas, contrastando tons claros e escuros, assim como a luminosidade, algumas vezes oscilante, mais ou menos intensa, que brinca, sugerindo formas, movimentos e até mesmo sensações, destacando as características da aquarela aliada à colagem.

As inúmeras possibilidades que o tema oferece, associadas à técnica, tráz como resultado a simplicidade da proposta que, destacando a cor pura, em contraste com o papel, evidencia um grande prazer em criar.

Aline Hannun

31 de maio de 2013

A evolução da arte no mundo - Arte Rupestre


Arte Rupestre
 
Desde a época em que o homem começou a pintar imagens nas paredes das cavernas até o impressionismo, que inicia a arte moderna, as artes plásticas tendem a apresentar uma evolução cíclica. Em geral, os movimentos artísticos surgem como uma contestação ao movimento antecedente e, ao mesmo tempo, como retomada de movimentos passados.
 
Vamos começar mostrando um pouco da Arte Rupestre: Foi aproximadamente uns 30.000 anos antes de Cristo que apareceram as primeiras manifestações desta arte, caracterizadas por gravuras muito toscas, decalques de mãos ou as mesmas cercadas de cores aplicadas nas paredes das cavernas, representações lineares feitas com os dedos sujos de argila.
 
 
Marcas de mãos foram encontradas na caverna de El Castillo, na Espanha. A arte rupestre foi considerada uma das mais antigas do mundo e, segundo alguns estudos, há evidências que podem remontar a mais de 40.000 anos atrás.
 
Sucederam a estas, figuras de animais ou símbolos sexuais gravados profundamente. Depois, desenhos e por último as figuras policromas.
 
 
Bizonte Policromado - Gruta de Altamira -  Santillana del Mar, Espanha
 
Espalhados em regiões montanhosas, na França e na Espanha, há um conjunto aproximado de 70 abrigos que retratam obras primas da idade Paleolítica.
 
 
A arte paleolítica só passou a ser aceita a partir do início do século XX. Hoje a arte paleolítica adquiriu a sua verdadeira importância, existindo quatro grandes temas: animais, signos,  figuras humanas e  motivos indeterminados
 
As representações humanas ou de animais estão geralmente, agrupadas em cenas de vida coletiva como o exemplo da Caverna de Rouffignac, com pinturas rupestres pré-históricas existentes numa galeria de aproximadamente 8 quilômetros de extensão dentro do vale da Vézère, renomeada Gruta dos 100 Mammouths... A esse respeito foram emitidos selos alusivos, cujos carimbos de primeiro dia deste selo foram realizados em Rouffignac e Rouffignac-Saint-Sernin-de-Reilhac (Dordogne), em 27/09/2006.
 
 
Abaixo, selo da Espanha emitido em 2001 que mostra Arte Rupestre do Arco Mediterrâneo – Barranco da Valltorta (Castellón), considerado Patrimônio Mundial da Humanidade, tombado pela UNESCO.
 
 
A seguir veio o Período Neolítico: Também conhecido como Idade da Pedra Polida foi a fase da pré-história que ocorreu entre 12 mil e 4 mil AC. O início deste período é marcado com o fim das glaciações (época em que quase todo planeta ficou coberto de gelo) e termina com o desenvolvimento da escrita na Suméria (região da Mesopotâmia).

Entre as principais características do Neolítico, podemos citar: o desenvolvimento da agricultura e a domesticação dos animais (cabras, bois, porcos, cavalos e aves) que muito colaboraram com a melhoria na qualidade de vida humana. Aliada à agricultura, a domesticação dos animais permitiu ao homem um aumento significativo na quantidade de produção de alimentos.

Em decorrência do desenvolvimento da agricultura e domesticação dos animais, o ser humano deixou de ser nômade (sem moradia fixa) e passou a se fixar de modo mais estável em regiões mais habitadas. Este fato permitiu o desenvolvimento das primeiras comunidades (tribos, aldeias, vilas e cidades). Estas primeiras comunidades desenvolviam-se geralmente às margens de
rios e lagos. Além de suprir as necessidades básicas, a água assumia uma nova função na vida dos homens: irrigar o solo para o plantio.

Com o aumento na produção de alimentos, criou-se a necessidade de armazenamento e ocorreu um grande desenvolvimento da arte cerâmica.


Nas primeiras comunidades que se formavam, a organização do trabalho tornou-se necessária. Os homens ficaram encarregados da caça, pesca e segurança (função militar de proteção). As mulheres ficaram com as tarefas de cuidar dos filhos, da agricultura e do preparo dos alimentos.

Com o aumento da produção ocorreu a geração de excedentes. Além de armazenarem para os períodos de maior necessidade, os homens começaram a trocar estes produtos com outras comunidades. Foi o início da economia de trocas.
Com mais alimentos, ocorreu um significativo aumento populacional. Este fato passou a gerar a necessidade de formas de administração mais desenvolvidas, inclusive com estabelecimento de lideranças e funções mais específicas dentro da comunidade.

Houve também, no Neolítico, um significativo desenvolvimento das práticas religiosas (rituais), culturais e artesanais. 

Na próxima semana  vamos dar continuidade à matéria A evolução da arte no mundo, mostrando um pouco dos próximos períodos.




 

29 de maio de 2013

As cores de Van Gogh



Exposição traz revelações sobre o uso de cores de Van Gogh

Com sua cama cor de mel comprimida num canto de um quarto aconchegante de paredes azuis, a tela de 1888 O Quarto em Arles, de Vincent van Gogh, é reconhecida de imediato por aficionados da arte, sendo marcada pelas tonalidades contrastantes que eram a marca registrada do artista. Mas será que nossa percepção do quadro muda quando ficarmos sabendo que Van Gogh pintou as paredes originalmente de violeta, não de azul, ou que ele não foi tanto um pintor que lutava contra seus demônios interiores quanto um artista reflexivo, que traçava metas e buscava alcançá-las?


 


O quarto em Arles - 1888 - Vincent Van Gogh

Uma luz amarela de enxofre pálido, limão dourado pálido. Que belo é o amarelo! (Van Gogh)

Essas dúvidas são levantadas por uma análise nova, que levou oito anos para ser feita, de centenas das telas de Van Gogh e de sua paleta, seus pigmentos, sua correspondência e seus cadernos. A análise foi feita por cientistas da empresa petrolífera Shell, em colaboração com a Agência Holandesa de Patrimônio Cultural e os curadores do recém-renovado Museu Van Gogh, de Amsterdã, que possui o maior acervo mundial de obras do pós-impressionista holandês.

De acordo com o diretor do Museu Van Gogh, Axel Rueger, a pesquisa não resultou em novos insights espantosos que levassem a história da vida de Van Gogh a ser reescrita, mas ela pode modificar a compreensão que se tem do temperamento e da personalidade do pintor. Os resultados do estudo serão revelados na exposição Van Gogh at Work (Van Gogh trabalhando), que inclui 200 pinturas e desenhos. Cento e cinquenta das obras são de Van Gogh, e as restantes de artistas contemporâneos dele, incluindo Paul Gauguin e Emile Bernard.

 
PaulGauguin - Portrait - of Van Gogh - 1888
 
"Descobrimos de modo mais claro que Van Gogh foi um artista muito metódico, algo que contraria o mito generalizado de que ele teria sido um homem maníaco, talvez levemente demente, que simplesmente jogava tinta sobre a tela de maneira espontânea", comentou Rueger. "Na realidade, ele conhecia muito bem as propriedades dos materiais que utilizava, sabia como usá-los e criava composições muito pensadas. Nesse sentido, o estudo traz insights importantes que nos abrem uma visão melhor de Van Gogh. Ele foi um artista muito voltado à realização de metas."
 
 
Undergrowth with Two Figures - Vincent van Gogh - 1890

Usando microscópio de elétrons e a técnica da espectrometria de fluorescência de raios-x, que revela os componentes de pigmentos sem tirar amostras invasivas, os pesquisadores descobriram que, desde muito cedo em sua vida artística, Van Gogh usou molduras de perspectiva para se orientar e desenhou sobre a tela para obter a representação correta de proporções e da profundidade de campo em suas paisagens. Mais tarde, à medida que foi ganhando habilidade, ele abriu mão desses recursos. Como muitos artistas, Van Gogh retrabalhou determinadas telas muitas vezes, para aperfeiçoar o efeito que desejava.

Para Nienke Bakker, curadora da exposição, o insight mais importante proporcionado pelo estudo é sobre a paleta de Van Gogh.

 
Paleta de cores de Van Gogh

"Hoje sabemos muito mais sobre os pigmentos usados por Van Gogh e como podem ter mudado de cor com o passar do tempo", comentou a curadora. "Isso é crucial para nosso entendimento das obras dele e para definirmos o melhor tratamento a dar às obras. As cores ainda são muito vibrantes, mas devem ter sido muito mais fortes ainda [quando ele as pintou], especialmente os vermelhos. Alguns dos vermelhos eram muito mais fortes ou desapareceram por completo desde que Van Gogh os pintou." 
 
 
Ralph Haswell, cientista principal da Shell Global Solutions (que colocou seus laboratórios e pesquisadores à disposição do museu), disse que na virada do século 20, artistas estavam apenas começando a comprar pigmentos prontos, em vez de misturá-los eles mesmos em seus ateliês. "Uma das desvantagens de viverem num ambiente em transformação, onde os pigmentos ainda eram muito novos, era que as pessoas nem sempre sabiam o que aconteceria com os pigmentos", ele comentou. "A indústria química estava crescendo tremendamente na época e lançando cores de todos os tipos, mas ninguém sabia por quanto tempo essas cores se conservariam estáveis." Foi o caso do violeta usado por Van Gogh para pintar as paredes de seu quarto em Arles. Como o vermelho da tinta violeta se desvaneceu em pouco tempo, provavelmente enquanto Van Gogh ainda estava vivo, o que restou foi apenas o azul com que o vermelho deve ter sido misturado.

Para Bakker, é possível que Van Gogh não tenha se importado com isso, já que o pintor em grande medida autodidata não enxergava nenhum de seus trabalhos como uma obra acabada. Ele via cada trabalho como um estudo que o ajudava a definir seu estilo.

"Ele queria expressar sua maneira individual de enxergar o mundo, e cada obra de arte que criava o levava para mais perto dessa meta", explicou a curadora. "Mas ele nunca estava satisfeito." 
 
 
Terasse du café le soir
 
O tom original das paredes do quarto produz uma imagem mais calma, disse Marije Vellekoop, diretora de coleções, pesquisas e apresentações do Museu Van Gogh. O roxo e o amarelo "não eram vistos como cores que formam um contraste forte, como as pensamos hoje", ela explicou. "Havia algo que Van Gogh queria exprimir naquele quadro: tranquilidade e um ambiente de descanso."

Vellekoop disse que a teoria das cores vê o roxo e o amarelo como contrastes complementares. "Teoricamente, essas cores se reforçam. Para mim, as paredes roxas do quarto suavizam a imagem. Isso confirma que Van Gogh se pautou pela teoria tradicional das cores, usando roxo e amarelo, e não azul e amarelo."
 
 
O desaparecimento dos tons de vermelho teve consequências diferentes em outras telas. Por exemplo, em imagens de árvores frutíferas em flor, algumas flores hoje brancas foram originalmente cor-de-rosa, mas o vermelho desapareceu. Para Vellekoop, esse fato pode levar a mudanças na identificação das espécies de árvores retratadas pelo artista.
 
De certa maneira, o uso de cores complementares enquadra Van Gogh nas tradições de seu tempo. Embora ele fosse radical no uso que fazia de cores fortes, disse a curadora, "ele seguia a teoria tradicional das cores, que já estava escrita na primeira metade do século 19". Ainda segundo Vellekoop, "muitos dos artistas amigos de Van Gogh liam aqueles livros" mas não fizeram uso tão ousado dos pigmentos. Van Gogh fez experimentos com técnicas de aplicação de cores diferentes das técnicas empregadas por seus contemporâneos, incluindo Henri de Toulouse-Lautrec, que diluía suas tintas e usava cores planas. 


Autorretrato do pintor holandês

Por um período breve, Van Gogh seguiu o exemplo dos pontilhistas, cujas imagens eram feitas de muitos pequenos pontos ou manchas de cor. As cores altamente contrastantes das telas posteriores de Van Gogh são associadas ao momento em que ela alcançou a maioridade como artista, desenvolvendo seu estilo próprio, nos últimos dois anos de sua vida.

O fato de que ele pode ter empregado uma paleta ainda mais forte, com mais vermelhos e roxos, indica que sua obra pode ter se aproximado mais da de seu amigo Paul Gauguin. Nesse sentido, suas escolhas em termos de cores podem ter sido mais seguras e menos iconoclásticas do que imaginamos.

Mas, disse a curadora, os novos insights sobre as cores de Van Gogh não necessariamente mudam nossa visão da psicologia do artista. "Acho que isso não revela nada de novo sobre seu estado de espírito. Em Arles, Van Gogh usou muitas cores. Estava muito otimista em relação à vida, a seu futuro e a suas possibilidades de vender seus trabalhos."

Ele também estava ansioso pela chegada de Gauguin a Arles, disse a curadora, mas tinha uma atitude quase maníaca em relação a isso. "Quando a cooperação com Gauguin fracassou e Van Gogh foi para o asilo, nós o vemos mais sombrio e deprimido. Suas cores mudam e ele mergulha mais nos tons ocres, tonalidades diferentes de verdes e marrons. Uma paleta mais reprimida. Sim, associamos as cores a seu estado de espírito, mas isso não quer dizer que quanto mais azul havia em suas telas, mais ele estivesse deprimido." 
 
A partir de setembro, duas das versões criadas por Van Gogh de "O Quarto em Arles" serão mostradas lado a lado na exposição, uma delas a versão que está no Museu Van Gogh e outra cedida pelo Instituto de Arte de Chicago. Van Gogh pintou três versões da tela em 1888, e hoje as três mostram as paredes de um azul claro. Cientistas e conservadores criaram uma reconstrução digital de como a tela pode ter sido quando Van Gogh primeiro a pintou, com as paredes violetas, e a reconstrução também estará na mostra. "É diferente e um pouco estranho", comentou Bakker.


 






 
 
 

28 de maio de 2013

Lygia Clark bate recorde em NY



Obra de Lygia Clark vendida por US$ 2,2 milhões em Nova York bate recorde

Uma obra de Lygia Clark vendida na ultima semana por US$ 2,2 milhões, cerca de R$ 4,5 milhões, na Phillips, em Nova York, bateu o recorde de valor para um artista brasileiro arrematado em leilões. Fora das vendas públicas, uma peça de Clark havia sido vendida por € 1,8 milhão, ou R$ 4,7 milhões, na feira Art Basel, em Basileia, há dois anos.

Superando seu lance inicial de US$ 600 mil, ou R$ 1,2 milhão, Contra Relevo (Objeto N. 7), pintura de 1959, de Clark bate agora o último recorde estabelecido por um brasileiro em leilões, no caso, a tela Meu Limão, obra de 2000 de Beatriz Milhazes arrematada por US$ 2,1 milhões, ou R$ 4,3 milhões, na Sotheby's, em Nova York.




Meu Limão - 2000 - Beatriz Milhazes
 
Milhazes continua mantendo o recorde de artista brasileiro mais valorizado hoje em leilões, mas a marca de Clark, que morreu em 1988, eleva a arte do país a outro patamar. Chama a atenção que a obra em questão é uma pintura, desviando da rota de supervalorização de suas esculturas da série Bicho, até hoje a parte da produção da artista mais cobiçada no mercado.

 
Série Bichos - Ligya Clarck

Esses valores, aliás, devem continuar em ascensão, já que a artista terá uma grande retrospectiva no MoMA, em Nova York, no ano que vem, uma das exposições mais aguardadas no calendário do museu nova-iorquino.


27 de maio de 2013

Marilyn Moroe em Praga



Parte de exposição sobre Marilyn Monroe é roubada a caminho de Praga

Parte de uma exposição de roupas e fotografias de Marilyn Monroe foi roubada enquanto era transportada da Itália para a República Tcheca, informou o curador do evento na última semana.

A exposição, que marca os 50 anos de morte da atriz, foi criada pelo Museu Salvatore Ferragamo, em Florença, no ano passado. Ferragamo foi o sapateiro favorito de Marilyn, que tinha uma dúzia de pares feitos à mão.

O curador Jan Trestik disse que um caminhão que transportava roupas e fotografias foi invadido em um ataque aparentemente coordenado na região central da República Tcheca contra caminhões que transportam mercadorias de luxo da Itália.

O porta-voz do Castelo de Praga, David Sebek, que deverá sediar a exposição, afirmou que a maioria das peças, incluindo seus vestidos, já tinha chegado intactas. 
 
 
O porta-voz policial de Praga Tomas Hulan disse que os policiais estavam investigando o caso, mas se recusou a dar detalhes.
 




 

 
 
 

24 de maio de 2013

Leilão milionário na Christie's NY



Leilão de arte contemporânea tem saldo recorde de US$ 495 milhões

Um leilão de arte contemporânea da casa Christie's, em Nova York, terminou na última quarta-feira com um saldo de US$ 495 milhões (aproximadamente R$ 1 bi), a maior da história neste tipo de venda, incluindo uma obra de Jackson Pollock.

A Christie's informou que 94% dos lotes oferecidos encontraram compradores. Nove obras foram vendidas por mais de US$ 10 milhões (R$ 20,2 mi) e outras 23 superaram US$ 5 milhões (R$ 10,1 mi).

De acordo com a empresa, este é o maior valor arrecadado em um leilão de arte contemporânea na história.


"É a maior quantia alcançada na história dos leilões", disse Brett Gorvy, presidente e diretor internacional de arte do pós-guerra e contemporânea da Christie's.

"Os preços recordes estabelecidos refletem uma nova era no mercado de arte, no qual colecionadores experientes e novos compradores disputam no mais alto nível, dentro de um mercado global", disse Gorvy.

O ator americano Leonardo DiCaprio leiloou 33 obras de arte contemporânea arrecadando mais de US$ 38 milhões para a defesa do meio ambiente e de espécies em risco de extinção, durante o leilão de arte contemporânea em Nova York.

"Por favor, façam ofertas como se o destino do planeta dependesse de nós", disse DiCaprio, vestido sobriamente com terno escuro e camisa branca, no início do leilão na sede da Casa Christie's, em Nova York.


Leonardo DiCaprio no início do leilão na sede da Casa Christie's de Nova York.
 

O pedido foi atendido: 33 obras arrematadas pelo total de US$ 33,3 milhões para a Fundação Leonardo DiCaprio, um recorde para leilão voltado à defesa do meio ambiente, segundo os organizadores

Técnica do Gotejamento

No leilão, uma pintura de Jackson Pollock, feita no auge criativo do artista americano, foi vendida pelo valor recorde de US$ 58,4 milhões (cerca de R$ 118 mi).

O quadro Number 19, que representa o estilo "pintura de gotejamento" de Pollock, tem uma reluzente mistura de prata, preto, branco, vermelho e verde.
 

Number 19 - de Jackson Pollock


A expectativa inicial de venda era de US$ 25 milhões a US$ 35 milhões (de R$ 50 milhões a R$ 70,7 milhões).

A Christie's também vendeu um Jean Michel Basquiat - Dustheads - por US$ 48,8 milhões (R$ 98,4 mi), bastante acima da estimativa de pré-venda, também entre US$ 25 milhões e US$ 35 milhões. Outro recorde.

 
Dustheads - Jean Michel Basquiat






 
 

23 de maio de 2013

Ano de Portugal no Brasil

Exposição que comemora o ano de Portugal no Brasil fica em cartaz até 9 de junho


 
Com o objetivo de promover um reencontro entre Brasil e Portugal, o Memorial da América Latina apresenta a exposição Encontros, que ficará em cartaz de 17 de maio a 9 de junho. 40 artistas portugueses e brasileiros irão expor suas obras no Espaço Ateliê, da Galeria Marta Traba. A entrada é gratuita.

A mostra faz parte do projeto Art+, que integra comemorações culturais do Ano Internacional de Portugal no Brasil X Brasil em Portugal. A exposição tem curadoria de Fernando Durão, pelo Brasil, e Franchini, por Portugal.

Serviço:
 
Exposição Encontros - Comemoração ao Ano de Portugal no Brasil
 
Quando: Até 9 de junho, de terça a domingo das 9h às 18h - Tel: (11) 3823-4600

Onde: Memorial da América Latina - Av. Auro Soares de Moura Andrade, 664 - Barra Funda.

Entrada grátis.
 
 
 
 
 
 
 
 

22 de maio de 2013

Prece - Fernando Pessoa


Hoje, em agradecimento a este dia que é muito especial em minha vida, resolvi falar do amor, da vida e de vivê-la com dignidade.

Para isso, ninguém melhor do que Fernando Pessoa

PRECE
 
Senhor, que és o céu e a terra, que és a vida e a morte! O sol és tu e a lua és tu e o vento és tu! Tu és os nossos corpos e as nossas almas e o nosso amor és tu também. Onde nada está tu habitas e onde tudo está - (o teu templo) - eis o teu corpo.

Dá-me alma para te servir e alma para te amar. Dá-me vista para te ver sempre no céu e na terra, ouvidos para te ouvir no vento e no mar, e mãos para trabalhar em teu nome.

Torna-me puro como a água e alto como o céu. Que não haja lama nas estradas dos meus pensamentos nem folhas mortas nas lagoas dos meus propósitos. Faze com que eu saiba amar os outros como irmãos e servir-te como a um pai.

[...]

Minha vida seja digna da tua presença. Meu corpo seja digno da terra, tua cama. Minha alma possa aparecer diante de ti como um filho que volta ao lar.

Torna-me grande como o Sol, para que eu te possa adorar em mim; e torna-me puro como a lua, para que eu te possa rezar em mim; e torna-me claro como o dia para que eu te possa ver sempre em mim e rezar-te e adorar-te.

Senhor, protege-me e ampara-me. Dá-me que eu me sinta teu. Senhor, livra-me de mim.

Fernando Pessoa






 

21 de maio de 2013

Angelo Venosa na Pinacoteca de São Paulo



Obra de Angelo Venosa, que está na mostra na Pinacoteca

A exposição conta com 35 obras do artista que em seus mais de 30 anos de carreira, consolidou-se no circuito nacional e internacional, incluindo passagens pelas bienais de Veneza (1993), São Paulo (1987) e do Mercosul (2005).

A exposição, aberta até 30 de junho, resume o trajeto que se desenvolve desde os anos 1980 aos dias de hoje. Sem configurar-se como uma retrospectiva, nos moldes exaustivos tradicionais, a mostra parte de um repertório seleto de obras que expõem o percurso do método e suas questões fundamentais, com as formulações primordiais e os saltos poéticos operados ao longo do tempo. "A exposição não se orienta pela cronologia dos trabalhos, ao contrário, mescla peças de diferentes datas e técnicas, procurando fomentar a compreensão de uma linguagem global, onde os processos e os conceitos se unem e se reclamam necessária e mutuamente", explica a curadora Ligia Canongia.



"Entre o expressionismo e a geometria, o artesanato e a máquina, entre razão e delírio, Angelo Venosa cria situações fronteiriças, que se alternam do fragmento ao todo, do linear ao informe, do lírico ao fantasmático. Obra singular no panorama mundial da escultura contemporânea, seu trabalho tem a capacidade paradoxal de mover-se no terreno da história, mas sob a perspectiva da crítica e da transformação, de alternar o mundo dos sólidos com os vazios e, sobretudo, de expressar simultaneamente a intensidade das paixões e o recolhimento do silêncio", diz a curadora.

"Começou sua experiência artística com a pintura, inicialmente aguada e delicada, mas logo percebeu o ímpeto pela quebra da tela e a busca da tridimensionalidade, quando rasgou o linho e introduziu um volume no rasgo. Detonava-se ali o interesse pelos estados transitivos, pela passagem entre as coisas e por processos ambíguos de construção, que passariam a vigorar no conjunto das esculturas futuras. A quebra da linearidade da superfície, com o ganho simultâneo de um elemento concreto e corpóreo, não apenas atestava sua inclinação escultural, como introduzia novas motivações para explorar a dinâmica do espaço e do tempo, diretamente vinculada ao real", conta Ligia Canongia.

  


Sobre o artista

Angelo Venosa (S.P., 1954. Vive e trabalha no Rio de Janeiro) surgiu na cena artística brasileira na década de 1980, tornando-se um dos expoentes dessa geração. Desde esse período, Venosa lançou as bases de uma trajetória que se consolidou no circuito nacional e internacional, incluindo passagens por algumas Bienais. Hoje, o artista tem esculturas públicas instaladas no Museu de Arte Moderna de São Paulo (Jardim do Ibirapuera); na Pinacoteca de São Paulo (Jardim da Luz); na praia de Copacabana/ Leme e no Museu de Arte Moderna no Rio de Janeiro; em Santana do Livramento, Rio Grande do Sul e no Parque José Ermírio de Moraes, em Curitiba. Possui trabalhos em importantes coleções brasileiras e estrangeiras, além de um livro panorâmico da obra, publicado pela Cosac Naify, em 2008.


Sem Título - Escultura em aço - 2.000 - Pinacoteca de S.P., Estação da Luz

Serviços

Angelo Venosa

Onde:
Estação Pinacoteca - Largo General Osório, 66

Quando: Até 30 de junho. De terça a domingo das 10h às 17h30

Quanto: Ingresso combinado (Pinacoteca e Estação Pinacoteca): R$ 6 e R$ 3
Grátis aos sábados. Estudantes com carteirinha pagam meia-entrada.
Crianças com até 10 anos e idosos maiores de 60 anos não pagam.

Mais informações: (11) 3335 4990



20 de maio de 2013

Paço das Artes apresenta "Still em movimento"


The blood of Heloise (2005), trabalho de Elena del Rivero; a obra faz parte da exposição Still em movimento: lição de pintura 
 
Exposição no Paço das Artes dá uma aula de história da arte a partir do encontro entre a pintura, o cinema e as mídias digitais
 

STILL EM MOVIMENTO: LIÇÃO DE PINTURA

Com curadoria de Berta Sichel, Still em Movimento: Lição de Pintura volta a afirmar a pintura como uma técnica em movimento, que migra do suporte tradicional do quadro de tecido para a projeção de vídeo.


PERFORMANCE Tela de Velázquez é ficcionalizada em fotografia de Elena del Rivero

A exposição tem como mote a simultaneidade e o cruzamento entre arte e tecnologia. Na obra de dez artistas de várias gerações e nacionalidades, as técnicas de animação, composição digital e ficção são utilizadas para dar nova vida a obras clássicas da história da arte – do renascimento à arte moderna.

Com uma abrangência de quatro séculos, a curadoria de Berta Sichel realiza uma aula de história da pintura através da produção audiovisual contemporânea. A mais antiga obra revisitada é Les Sept Péches Capitaux, pintada em 1558 pelo artista flamengo Pieter Brueghel e traduzida em um delicado desenho animado pelo artista belga Antoine Roegiers. Depois, saltamos para Las Hilanderas (1657), de Velázquez, que ganha reencenação fotográfica da espanhola Elena del Rivero. Velázquez também está na programação digital Topologies (2010), de David Quayola, que utiliza tecnologia de ponta para transformar o clássico Las Meninas (1656) em uma programação de fractais.


FRACTAL
Clássico Las Meninas ganha programação digital de David Quayola

O impressionismo está representado no trabalho da artista suíça Anne Saucer-Hall, que produziu uma livre interpretação da pintura O Balcão (1869), de Manet, introduzindo ação à cena originalmente estática. Nesse exercício de imaginação, a artista realiza uma das mais belas obras em exposição. Outra obra referencial é O Grande Vidro, de Marcel Duchamp, transformada em animação digital pelo basco Txuspo Poyo.

Escapa ao modelo de reencenação histórica a videoinstalação Spit Paintings (2010), do austríaco Peter Weibel. Mas a lição continua: sua pintura feita de cuspe não é a releitura de uma tela específica, mas da atitude escatológica da arte conceitual e performática do expressionismo abstrato.


SERVIÇO

Still em Movimento: Lição de Pintura
 
Quando: Até 23 de junho de terça-feira a sexta-feira, das 11h30 às 19h. Sábados e domingos, das 12h30 às 17h30.

Onde: Paço das Artes - Av. da Universidade, 1 - Cidade Universitária. Tel (11) 3811-4832
 
Entrada gratuita
 

 
 
 
 
 

16 de maio de 2013

Grandes artistas leiloados na Sotheby's

 


Les Pommes - Paul Cézanne - arrematado em leilão por US$ 41,6 mi
 
Quadro de Cézanne é arrematado em leilão por US$ 41,6 milhões

O quadro Les Pommes do pintor francês Paul Cézanne, e o retrato L'Amazone, de Amedeo Modigliani, foram os principais destaques do primeiro dia do leilão de arte moderna e impressionista da Sotheby's, realizado no início do mês, em Nova York.



L'Amazone - Amedeo Modigliani - baronesa Marguerite de Hasse de Villers, foi leiloada por US$ 25,9 milhões.
 
Segundo o especialista da Sotheby's, a força desta peça reside no olhar encantador da amazona, que posa com as mãos sobre a cintura e com um semblante desafiador.
 
O principal destaque do leilão foi um quadro de Cézanne, que, após uma disputa entre dois compradores anônimos, foi arrematado por US$ 37 milhões, embora o preço final, incluindo impostos e comissões, tenha sido de US$ 41,6 milhões (R$ 83,6 mi).

O leilão, que marcava o início da temporada de primavera, também trazia obras de outros grandes artistas, como Auguste Rodin, Georges Braque, Pablo Picasso, Vincent Van Gogh e Claude Monet.
 

 
Claude Monet

"As diferentes perspectivas que esta pintura oferece faz com que você fique durante horas a contemplando", destacou o especialista de arte impressionista de Sotheby's, David Normal.

A obra de Cézanne fazia parte da mostra de Alex e Elisabeth Lewyt, que reuniram uma das melhores coleções de arte do século XIX em Nova York, muitas das quais não haviam saído ao mercado em várias décadas.

Outro destaque do leilão foi a escultura Sylvette, de Pablo Picasso. Tida como a interpretação mais importante e complexa sobre a face humana realizada pelo artista espanhol, a peça foi arrematada por uma colecionadora por US$ 13,6 milhões.
 

 
Escultura Sylvette, de Pablo Picasso, foi leiloada na Sotheby's, em Nova York, em maio de 2013

"É uma combinação de pintura e escultura muito criativa, já que, se caminharmos ao seu redor, teremos oportunidade ver duas interpretações do rosto da mulher ao mesmo tempo", destacou o especialista da Sotheby's.

O início da temporada de leilões de primavera na Grande Maça também teve sua dose de solidariedade, já que os US$ 7,16 milhões arrecadados com o quadro Três Mulheres na Mesa Vermelha, de Fernand Léger - uma doação da cantora Madonna -, serão destinados ao financiamento dos estudos de meninas no Afeganistão, Paquistão e outros países.
 

 
Três Mulheres na Mesa Vermelha, de Fernand Léger

Os 71 lotes leiloados fazem parte da primeira jornada de arte impressionista e moderna organizada pela Sotheby's, que está sendo concluída.
 
 
 
 
 
 
 


14 de maio de 2013

Museu Afro Brasil apresenta "Modernidade"



José Pancetti
 
Mostra no Afro Brasil exibe início do modernismo na Bahia

Na tela de José Pancetti, o escritor e colecionador Odorico Tavares aparece retratado com óculos de aros vermelhos e uma camisa dividida em campos de cor amarelos e alaranjados, demarcados com certa rigidez geométrica.

Num claro contraste, Tavares, que morreu em 1980, descreveu o artista como "romântico inveterado", de "alma chapliniana de desajustado e de amoroso, latino nos exacerbamentos, muitas vezes violento nos amores".

Violentas ou não, as relações de Tavares com artistas que conheceu --e aos quais chegou a dedicar um livro de poemas-- estão por trás da coleção que ele construiu.

Um grande recorte de obras de Pancetti, Candido Portinari, Emiliano Di Cavalcanti e estrangeiros como Pablo Picasso e Joan Miró, todos na coleção de Tavares, está agora no Museu Afro Brasil.



Leda Tavares - Candido Portinari - 1948

Entre os anos 1940 e 1960, Tavares, pernambucano que foi a Salvador dirigir os Diários Associados a convite de Assis Chateaubriand, colecionou os maiores nomes da arte moderna que se firmava no Brasil, além de fomentar uma revolução plástica na Bahia.



Di Cavalcanti

Ele esteve por trás da formação do Museu de Arte Moderna em Salvador e lançou figuras como Pierre Verger, que fotografou suas reportagens na revista O Cruzeiro.

"Seu olhar sempre foi a modernidade", diz Emanoel Araújo, diretor do Afro Brasil e curador da mostra. "A arte na Bahia ainda era acadêmica, e ele criou essa ruptura" figurativo e abstrato.

Telas como Endomingada e Menina com Flores, de Portinari, dividem espaço com paisagens de Alfredo Volpi e retratos de Pancetti. Mas também estão lá, marcando a travessia do figurativo para a abstração, trabalhos de Antônio Bandeira, Manabu Mabe e Flávio Shiró.




Endomingada - óleo s. madeira - década de 40 - Candido Portinari

Lado a lado, Cais, de Bandeira, em que Tavares enxergou as cores do Ceará misturadas às de Paris, e Tropical, de Shiró, causam certa reverberação no espaço, com traços e gestos que parecem ecoar de uma para a outra.

 

Cais - Antônio Bandeira - 1959 - obra que está na mostra

Também na escultura há certa ressonância entre as obras em ferro forjado de Mário Cravo Júnior e Francisco Stockinger, que junta metal e madeira na figura de uma mulher híbrida, seu corpo feito de texturas contrastantes.
 


S/T - mista - sd - Mário Cravo Júnior

Essa mesma aspereza metálica ressurge nas vistas baianas de Poty Lazarotto, que gravou em metal as paisagens de Salvador, como os veleiros atracados na enseada e a topografia acidentada dos telhados do casario.

Mais exuberantes, as gravuras de Miró renunciam à realidade e se ancoram numa iconografia única, a imaginação do artista a serviço da criação de um novo mundo mergulhado em azul e povoado por criaturas insólitas.




Miró

Sobre Odorico Tavares

Nascido em Timbaúba (PE), Odorico passou a juventude em Recife e, em 1942, mudou-se para Salvador por motivos políticos, quando atuava como secretário do jornal Diário de Pernambuco. Na trincheira jornalística, afinou-se com a oposição aos representantes locais da ditadura do Estado Novo, integrado à militância de esquerda e às ideias de Gilberto Freyre. Seu universo de amigos incluía Álvaro Lins, Aníbal Fernandes, Freyre, Joaquim Cardozo, Mauro Mota, Odilon Ribeiro Coutinho e João Cabral de Melo Neto, entre outros.

Em 1934, editou a revista literária Momento, aproximando-se de escritores como: Manuel Bandeira, Mario de Andrade, Carlos Drummond de Andrade, Vinicius de Moraes, Gilberto Amado, José Lins do Rego, Jorge Amado e Lúcio Cardoso. Escrito em parceria com Jurema, 26 poemas marcou sua estreia na poesia. Em 1939, lançou A sombra do mundo, mas, a partir da segunda metade da década de 40, deu ênfase ao trabalho de jornalista, realizando históricas reportagens para a revista O Cruzeiro. À frente do Diário de Notícias, em Salvador, manteve a coluna Rosa dos Ventos e criou um suplemento cultural de vanguarda, no qual os jovens Glauber Rocha, Paulo Gil Soares e Caetano Veloso publicaram críticas.

Cúmplice das aventuras culturais de Assis Chateaubriand, o magnata dos Associados, Odorico Tavares assumiu um relevante papel na divulgação dos artistas nordestinos. Como estimulador e colaborador, contribuiu para a criação do Museu de Arte Moderna (MAM) da Bahia e dos museus regionais de Feira de Santana (BA) e Olinda (PE). Em artigos e reportagens deu respaldo aos artistas do Modernismo e das gerações dos anos 40, 50 e 60, realçando, em especial, o valor estético dos quadros de Pancetti. Fez históricos perfis do amigo Dorival Caymmi, do cordelista Cuíca de Santo Amaro e de outros personagens míticos da Bahia, sem se esquecer do maracatu, do frevo e da religiosidade de sua terra de origem.

Sobre a coleção

A qualidade da coleção de Odorico Tavares e a paixão a que a ela devotava fez com que ele encomendasse ao arquiteto Diógenes Rebouças o projeto de uma casa para abrigá-la. Esse belo projeto, implantado na escarpa do morro Ipiranga, num bairro litorâneo de Salvador, possuía uma galeria ao rés-do-chão da rua de entrada e um grande salão que se desenvolvia em um plano inferior, acompanhando a topografia do terreno. “Dessa forma, esses planos diferenciados criavam um cenário magnífico para abrigar a coleção de arte barroca, a imaginária brasileira e o mobiliário dos séculos XVIII e XIX, bem como a galeria do mezanino e a do salão de baixo, com a coleção de arte moderna, de onde se tinha uma visão panorâmica da casa", descreve Emanoel Araujo.

Serviço

Exposição "Modernidade - Coleção de Arte Brasileira Odorico Tavares".

Onde:
Museu Afro Brasil - Av. Pedro Álvares Cabral, s/n - Parque Ibirapuera - Portão 10
Tel. 3320-8900

Quando: de terça a domingo, das 10h às 17h

Quanto: Gratis




 

8 de maio de 2013

Instituto Moreira Salles apresenta Raphael Domingues e Emygdio de Barros


Raphael Domingues

Mostra no Instituto Moreira Salles vê modernidade de esquizofrênicos

Lá fora a arte moderna rugia, e também lá dentro. Na virada dos anos 1940 para os 1950, enquanto o movimento concreto se firmava e o abstracionismo ganhava terreno, dois internos do Centro Psiquiátrico Nacional, no Engenho de Dentro, no Rio, sofriam os ecos da revolução.

Raphael Domingues e Emygdio de Barros, que agora têm uma mostra no Instituto Moreira Salles, já tinham inclinação para as artes visuais antes de serem diagnosticados como esquizofrênicos e levados ao hospital comandado por Nise da Silveira.

No lugar do choque elétrico, a psiquiatra desenvolveu terapias alternativas, como um ateliê de arte. Era sua tentativa de encontrar nos desenhos e pinturas dos internos chaves para entender um estado psíquico conturbado.

"Ela buscava a projeção de imagens do inconsciente", diz Rodrigo Naves, um dos curadores da mostra. "É como se o inconsciente, com todos os seus arquétipos, fosse projetado para fora nessas telas."

Mais do que isso. Almir Mavignier, artista que trabalhou no ateliê como assistente de Silveira, identificou já nos anos 1940 a modernidade do traço nos desenhos de Domingues e a intensidade da cor nos trabalhos de Barros.

Raphael Domingues

Enquanto o primeiro se expressava com desenhos de traço simples, sempre em preto e branco, o segundo carregava nas tintas reagindo ao que Naves chama de "relação estridente com o mundo".

Emygdios de Barros

Quase autista, Domingues, que morreu em 1979, não falava e passava o tempo todo fazendo risquinhos indecifráveis em folhas de papel. Quando Mavignier começou a levar pessoas e objetos para que ele retratasse, acabou desencadeando todo um universo visual em sua obra.

"Ele tem essa sinuosidade da linha e uma continuidade do traço muito forte", diz Heloísa Espada, também curadora da mostra, sobre o trabalho de Domingues. "São desenhos feitos de um só fôlego, com grande equilíbrio e domínio do espaço. Têm uma memória das formas."


No caso, essa memória instantânea dos contornos permitia ao autor estabelecer um "vínculo com o mundo real", nas palavras de Espada. Pintura de Emygdio de Barros que está exposta no Instituto Moreira Salles, em São Paulo

Mundo estilhaçado


Tanto Raphael Domingues quanto Emygdio de Barros, foram comparados a Matisse pela maleabilidade do traço e pela intensidade das cores. Mas, no caso de Barros, morto em 1986, há uma espécie de obsessão em retratar muito de perto os objetos, anulando a distância entre mundo e observador.

Emygdio de Barros

Muitas vezes, some o espaço ao redor e a tela retrata só seu objeto principal, que ocupa todo o quadro, quase transbordando dele.


Emygdio de Barros

"Em Matisse, há um estilhaçamento do mundo, um confronto que tenta reestruturar o espaço", diz Naves. "Aqui a questão é outra, é uma abordagem do mundo sem perspectiva, sem claro-escuro. Barros é moderno por prescindir disso de uma maneira radical." 

Serviço

RAPHAEL E EMYGDIO

ONDE:
Instituto Moreira Salles, R. Piauí, 844, tel. 3825-2560

QUANDO: de terça a sexta, das 13h às 19h; sábado e domingo, das 13h às 18h; até 7 de julho

QUANTO: grátis