Sobre as Sombras na Aquarela

Tudo começou com as nuvens.

A ideia surgiu da necessidade de mostrar a evolução de uma pesquisa feita sobre monocromia através da técnica da aquarela e colagem.

Foi à partir do meu olhar nas nuvens que surgiu o "momento sombras na aquarela". Após a escolha do suporte, as imagens começaram a brotar em minha mente de forma aleatória, de modo claro e objetivo, facilitando o desenvolvimento do trabalho. O fundo branco do papel, muitas vezes em destaque, realça as nuances e sobreposições das camadas, contrastando tons claros e escuros, assim como a luminosidade, algumas vezes oscilante, mais ou menos intensa, que brinca, sugerindo formas, movimentos e até mesmo sensações, destacando as características da aquarela aliada à colagem.

As inúmeras possibilidades que o tema oferece, associadas à técnica, tráz como resultado a simplicidade da proposta que, destacando a cor pura, em contraste com o papel, evidencia um grande prazer em criar.

Aline Hannun

30 de setembro de 2015

"Uma Tarde de Domingo na Ilha de Grande Jatte" - Georges Pierre Seuraté


"Uma Tarde de Domingo na Ilha de Grande Jatte" - 1884
 
Do francês Georges Pierre Seuraté, é uma pintura a óleo. Integrante do Movimento Impressionista, é considerada a obra mais destacada do artista, feita em pontilhismo nos anos de 1884/86. Retrata a Ilha de Grande Jatte.

O quadro possui dimensões de 207.6 cm × 308 cm. Para sua execução Seurat empregou um novo pigmento amarelo de zinco, que é mais visível nas partes iluminadas do gramado, mas também usado nas misturas com pigmentos laranja e azul. No começo do
século XX, e até antes do término da obra, o amarelo de zinco mostrava degeneração para o marrom, algo percebido ainda durante a vida de Seurat.


A obra pertence ao acervo do Art Institute of Chicago.

Análise da obra: "Uma Tarde de Domingo na Ilha de Grande Jatte".

A Grande Jatte é uma das ilhotas que se encontra no meio do rio Sena. A atração que Seurat sentia pelo local devia-se, primeiramente, à sua localização privilegiada, que permitia visualizar de vários ângulos alguns bairros da cidade de Paris. Na época de Seurat, a Grande Jatte era uma área de lazer bastante frequentada por pessoas de diferentes grupos sociais, que vinham de Paris em barcos a vapor passar as tardes de domingo. Era, também, um conhecido local de prostituição.

A escolha deste tema por Seurat dá continuidade ao trabalho dos impressionistas em retratar as áreas de lazer e a vida contemporânea de Paris. As grandes dimensões da obra e as poses rígidas das figuras humanas dão um ar monumental a uma cena do quotidiano burguês. Antes de pintar a tela, Seurat realizou 23 esboços e 38 telas preliminares. Durante seis meses, foi todos os dias à Ilha, pintando a paisagem nos dias de menor movimento e as figuras humanas nos fins de semana e feriados.
 


A ilha de Grande Jatte era um dos pontos de encontro da população de Paris. Era também vista com maus olhos, pois apesar da proibição da prostituição a mesma realizava-se.

Encontramos na obra 48 pessoas, 8 barcos, 3 cães e 1 macaco. O macaco sempre foi um animal de interesse para Seurat, estando presente em alguns dos seus esboços. Na obra destacam-se algumas figuras:
 
A jovem com uma sombrinha: figura imponente, traz um macaco preso por uma trela – era comum pessoas abastadas possuírem macacos como animais de estimação, mas não levá-los a passear em locais públicos.


A jovem com uma sombrinha
 
A mulher que está a pescar: a ilha era um local conhecido de prostituição. Como a prática era proibida, algumas mulheres fingiam praticar atividades menos suspeitas, como a pesca. Não se sabe ao certo se esta mulher representaria uma prostituta, mas a associação é feita por inúmeros críticos de arte.
 

A mulher que está a pescar


A menina de branco: é a única personagem da obra "Uma Tarde de Domingo na Ilha de La Grande Jatte" a olhar diretamente para o observador, e também o único elemento do quadro a não estar coberto pela técnica pontilhista. O branco parece resplandecer no centro da tela.
 

A menina de branco


A obra tornou-se a maior representante do pontilhismo. Este caracteriza-se pelo uso de pequenas manchas verticais e horizontais juntamente com pontos de cor, que justapostos provocam uma mistura óptica. A técnica é uma consequência das experimentações realizadas pelos impressionistas anos antes. O artista acreditava que as cores eram vistas como pontos de puro pigmento. Dessa forma, se colocasse pequenos pontos uns ao lado dos outros, com certa distância, criaria a imagem completa com intensa luminosidade.

A obra não foi bem acolhida na França, foi comprada por um rico empresário norte americano que a ofereceu à filha. Durante anos os franceses tentaram recuperar o quadro que se encontra na posse do Instituto de Arte de Chicago.

 
 

Sobre o  Instituto de Arte de Chicago

O edifício do Instituto de Arte de Chicago está localizado no
Grant Park, ao lado leste de Michigan Avenue. O núcleo do complexo atual abriu oficialmente ao público em 1893, e foi rebatizado de Edifício Allerton em 1968.

O Art Institute of Chicago possui quase 300.000 obras de arte distribuídas em oito edifícios cujas galerias ocupam uma área de quase 93.000 metros quadrados. Ele é mais conhecido pelo acervo de pinturas e esculturas modernas europeias e americanas, entre as quais se incluem obras de Claude Monet, Vincent Van Gogh e Mary Cassatt. Há também arte da antiguidade egípcia, grega e romana, peças de toda a Ásia e instalações contemporâneas arrojadas.
 

 
Auto-retrato - Vincent Van Gogh
 
As obras de arte e esculturas europeias do acervo são famosas. Os visitantes provavelmente vão reconhecer muitas delas, como "As duas Irmãs" de Renoir e "Os nenúfares" de Monet que estão no segundo andar, logo acima da entrada principal, na Michigan Avenue.


"As duas Irmãs" - Renoir

O acervo de arte americana abarca dois andares. Entre os destaques estão "O banho da criança", de Mary Cassatt, uma das obras preferidas dos visitantes, e as pinturas de James McNeill Whistler e John Singer Sargent. Quem vai ao segundo andar pode ver peças de 1900 a 1950, inclusive "Notívagos" de Edward Hopper, que representa de maneira sinistra um restaurante de Nova York tarde da noite.


"O banho da criança" - Mary Cassatt


"Notívagos" de Edward Hopper

O visitante pode explorar também outros meios artísticos em salas dedicadas a arquitetura, design, galerias de fotografias e meio andar dedicado à arte asiática, africana e indígena norte-americanas. Confira o site oficial do museu antes de visitá-lo e informe-se das exposições programadas.

Faça uma pausa em uma das quatro opções de restaurante. O Museum Café e o Café Moderno que servem lanches e pizzas. O Terzo Piano (cozinha italiana) e o McKinlock Court Restaurant (cozinha norte-americana moderna).









 

23 de setembro de 2015

PRINCIPAIS OBRAS DE PABLO PICASSO



Principais Obras de Pablo Picasso

Pablo Picasso - Málaga, (1881-1973) é conhecido como um dos maiores pintores do século XX. Desenvolveu também a escultura o desenho e a poesia. Seu nome completo é Pablo Diego José Francisco de Paula Juan Nepomuceno María de los Remedios Cipriano de la Santísima Trinidad Ruiz y Picasso.

Reconhecido mundialmente por sua versatilidade, criou milhares de trabalhos de todos os tipos de materiais. Além disso, é lembrado, ao lado de Georges Braque, como co-fundador do Cubismo.


Algumas de suas principais obras são:


"As Senhoritas de Avignon" - 1907

"As Senhoritas de Avignon", levou nove meses para ser feita, vindo a se tornar uma das obras responsáveis por revolucionar a história da arte, formando a base para o cubismo e a pintura abstrata. Ela é o marco, portanto, do início dos experimentos com a linguagem cubista. Incompreendida até mesmo pelos seus amigos que não aprovaram seu estilo, onde corpos e fundos transformam-se em formas geométricas. O primeiro título que o quadro recebeu foi "Bordel Filosófico".

A obra incomodou colegas de Picasso e críticos de arte, porque o artista fez desmoronar toda a tradição pictórica ocidental, reinventando uma nova maneira de pintar. Abriu mão da luz e da atmosfera em troca da clareza da forma, assim como baniu tudo que era irreal, indefinido ou vago.
Estão presentes cinco personagens na composição, todas nuas, com seus corpos cinzelados rudimentarmente e com seus rostos esquemáticos. A cena tem como inspiração o interior de um bordel da rua Avignon, na cidade de Barcelona, local bem conhecido do pintor e de seus amigos. Os corpos apresentam linhas irregulares e quebradas. São figuras dessemelhantes, só tendo em comum a nudez. Suas formas são definidas por contornos.
 


"Guernica" - 1937

Outra obra de muita importância do artista e a mais divulgada é "Guernica", uma vila de mais ou menos 6 mil habitantes situada na região norte da Espanha, em uma das províncias do País Basco. Durante a Idade Média, a vila ficou conhecida por ser local de reunião das Juntas Gerais, o conselho político de Biscaia

Radicado na França, Pablo Picasso teve a ideia de retratar o ataque. O pintor havia recebido um pedido do governo republicano espanhol para produzir um quadro que comporia o pavilhão espanhol na Exposição Internacional de Paris de 1937. Medindo 350 por 782 cm, a tela foi pintada a óleo e é a representação do
bombardeio sofrido pela cidade espanhola de Guernica em 26 de abril de 1937 por aviões alemães, apoiando o ditador Francisco Franco
Picasso fez uso das cores preto e branco, algo que demonstrava o sentimento de repúdio do artista ao fato. Claramente em estilo cubista, o artista retrata pessoas, animais e edifícios atingidos pelo intenso bombardeio da força aérea alemã.

Atualmente está no Museu Nacional Centro de Arte Reina Sofia, em Madrid na Espanha.


"Evocação - O funeral de Casagemas" - 1901

"Evocação - O funeral de Casagemas" é uma importante
pintura, óleo sobre tela, com as medidas de 150 x 90 cm, datada de 1901. A fama súbita desta obra deve-se, em parte, ao facto de ter sido a primeira do "Período Azul" do artista, que perdurou de 1901 a 1906. O tema que desencadeou a pintura célebre foi a morte de um dos melhores amigos de Picasso, Carlos Casagemas.

Casagemas, após tentar assassinar a sua amante Germaine, uma dançarina do
Moulin Rouge, que frequentava o círculo de artistas espanhóis em que se movimentavam, suicidou-se em Paris. Picasso, motivado e sensibilizado pela morte do seu amigo, pintou um quadro que nomeou "A morte de Casagemas". A divisão do espaço do quadro em duas partes, terra e céu, corpo e espírito, lembra a do "Enterro do conde de Orgaz", de El Greco.

Atualmente a obra
está exposta no Musée d’Art Moderne de La Ville de Paris, em Paris.



 
"O velho guitarrista cego" - 1903

Esta é uma das famosa obras da Fase Azul do pintor. Não só nas cores, mas os temas melancólicos nos trazem a sensação de solidão, reflexão, como se o velho estivesse sozinho em uma noite, tocando o seu violão e apenas apreciando o som como uma forma de relaxar/descansar. A deformação das mãos é uma das principais características que mostram a influência de El Grego.

“O Old Guitarist” (O velho guitarrista cego), foi tragicamente desencadeada pelo suicídio de um amigo próximo de Picasso com apenas 20 anos de idade na época. As obras de arte período azul de Picasso são um retrato impressionante de emoções complexas, utilizando uma paleta limitada de azuis e verdes escuros.


Dizem que o guitarrista cego é uma visão que Picasso faz de si mesmo e que a posição do mendigo inclinada para frente é como se ele, Picasso, estivesse à procura de inspiração para sua arte.


Datada de 1903, a obra mede 121,3 cm x 82,5 cm e encontra-se no Instituto de Arte de Chicago.

"Mulher sentada" - 1949
"Mulher sentada" é uma homenagem de Picasso a Françoise Gilot, que à época estava grávida de sua filha, Paloma. Françoise Gilot tinha 21 anos quando conheceu Picasso (então com de 61 anos) num restaurante, no Verão de 1943. Françoise e Picasso nunca se casaram tendo dois filhos: Claude, nascido em 1947 e Paloma, em 1949.
Em 2012 foi vendida, em leilão da Casa Christie's de Londres, por cerca de R$ 28 milhões (8,5 milhões de libras), superando a estimativa de 7,5 milhões de libras. A obra, que pertencia a uma coleção privada da Califórnia, permanecerá nos Estados Unidos. 
 
"Dora Maar com gato" - 1941

Este é um ótimo exemplo de obra cubista, que retrata a mais famosa amante e a grande musa inspiradora do artista, Dora Maar sentada numa cadeira, com grandes unhas azuis (associadas ás unhas dos gatos), com um gato pequeno no seu ombro. O luminoso quadro foi pintado em 1941 na França, no início da Segunda Guerra Mundial, uma época em que poucos casais conseguiam manter o climax que Picasso e Dora Maar mantinham. Especialistas dizem que o gato representa o controle de Picasso sobre a sua musa, uma vez que Dora não gostava de gatos.

A obra foi tão importante para Picasso que dizem tê-lo ajudado a pintar Guernica.

"Dora Maar com gato" foi leiloada em maio de 2006 por US$ 95,2 milhões de dólares americanos, tornando-se uma das obras mais caras do mundo 
e a segunda mais cara vendida em um leilão. O seu valor de compra somente fica atrás de Garçon à la pipe (Rapaz com Cachimbo), também de Picasso.




"Rapaz com cachimbo" - 1905

"Rapaz com cachimbo"
, é um óleo sobre tela, pintado em Montmartre, França, retrata um jovem rapaz francês com um cachimbo na mão esquerda e uma coroa de rosas na cabeça.

Picasso pintou o famoso quadro com 24 anos, durante o seu
Período Rosa. Esse período corresponde a uma fase na carreira do pintor, que teve inicio em 1904 e durou até 1906, na qual Picasso utilizava essencialmente os tons rosas, vermelhos e laranja nas suas obras.

A roupa que o Menino veste é azul, o que além de seriedade e certa melancolia, também é simbolo de nobresa e feminilidade. O azul por sí já é uma cor sobrea e calmante, o que seviu para enfatizar a expressão do garoto. Trata-se de um retrato de Fernade Olivier, de quem se suspeita ter sido um dos primeiros amantes do artista. O cachimbo que o modelo segura faz referência direta ao uso de entorpecentes. O fundo em vermelho amarronzado é ideal para equilibrar visualmente a tela. As flores ao fundo (do que se suspeita ser uma cortina) e na cabeça do menino, acentuam a feminilidade e da delicadeza da imagem. O vermelho tem a intensão de trazer vivacidade à tela.

A obra passou a ser bastante famosa depois de ter sido leiloada na Sotheby's, com sede em Londres, onde atingiu o valor de U$ 104,1 milhões de dólares. Hoje é a nona pintura mais cara do mundo.

Aos 87 anos, o artista ainda tem vigor suficiente para resgatar o estilo de sua juventude. Com fôlego invejável, ele produz em sete meses 347 gravuras, retomando temas como os do circo, das touradas, do teatro, do erotismo. Alguns anos depois, após uma cirurgia da próstata e da vesícula, com a visão imperfeita, Picasso encerra sua produção artística. Seus 90 anos são comemorados com uma exposição especial no Museu do Louvre, assim o artista em tudo pioneiro também nesse momento realiza um feito inédito – torna-se primeiro artista vivo a expor suas obras na grande galeria deste famoso Museu.

Assista ao vídeo






 

16 de setembro de 2015

"Traduções: Nelson Leirner Leitor dos Outros e de Si Mesmo" na Galeria Vermelho



"Traduções: Nelson Leirner Leitor dos Outros e de Si Mesmo"

A mostra "Traduções: Nelson Leirner Leitor dos Outros e de Si Mesmo" reúne um conjunto de obras que tratam de obras canônicas da história da arte e mais contemporâneas que levam interferências próprias, irônicas, críticas, afetivas, e sempre bela nas linhas, materiais e cores que o artista refaz, inventa e adiciona.


 

Sob curadoria de Lilia Moritz Schwarcz, a mostra apresenta 70 obras criadas entre 1968 a 2015, lendo, interpretando e traduzindo a obra de 12 artistas como Duchamp, Matisse, da Vinci, Hirst, Velázquez e Kusama.



A exposição trata do processo criativo de Nelson Leirner a partir de uma “esquina” inusitada. Ao invés de fazer uma leitura cronológica e seriada – ou mesmo progressiva -- a ideia é recuperar o trabalho do artista a partir de uma perspectiva quase circular.

A característica da obra de Leirner é que seleciona artistas como Leonardo da Vinci, Velázquez, Fontana, Mondrian, Duchamp e tantos outros, fazendo-os retornar, porém, alterados e expostos a partir das mais diferentes situações.



É como se Nelson conversasse com eles e, a partir do diálogo que se estabelece, tivesse oportunidade de olhar, e estranhar, a si próprio e sua arte. Sempre contando com um recorte inesperado. Leirner revisita diferentes artistas e obras, mas seguindo, no limite, uma narrativa que é só sua. Afinal, na própria trajetória de nosso artista é possível perceber uma crítica contínua, coerente e persistente ao mercado da arte e às fórmulas consagradas que ele cria. Desse espaço não escapam os artistas deificados pela mídia. Por isso, Monalisa pode aparecer de chapéu e óculos escuros; as bolas coloridas de Hirst surgirem bordadas; as meninas de Velázquez surpresas com um enxame de moscas; os rasgos de Fontana como zíperes que, práticos, podem ser abertos mas também fechados.

Mais ainda, é possível contar uma história da arte, seguindo a forma original como Leirner faz arte de “si”, tendo como base o olhar dirigido ao “outro”. Ou seja, como produz um projeto só seu, a partir da tradução de outros.



Sabemos que não existe nesse mundo nada isolado, fechado, ou “puramente original”. E Leirner escancara a fenda e o desconforto, mostrando como arte sempre se fez e se faz por referência, inferência, leitura e tradução.

Nelson Leirner faz da “sua” arte uma homenagem e ao mesmo tempo uma crítica de maior alcance, porque acompanhada de outras obras e repertórios que constituem a sua, mas também a nossa imaginação visual. Pensamos por “convenção” e a partir de imagens previamente selecionadas. O que faz Leirner é expor a sua convenção e brincar com ela.

Aí está um verdadeiro vocabulário dialogado da arte, tendo como régua e compasso a obra de Nelson Leirner.



Serviço

"Traduções: Nelson Leirner Leitor dos Outros e de Si Mesmo"

Onde: Galeria Vermelho - R. Minas Gerais, 350 - Consolação - Centro - Tel: (11) 3138-1520.

Quando: Até 03/10 - De terça a sexta das10h às 19h, sábado das 11h às 17h.
 
Quanto: Entrada gratuita
 
 






 

9 de setembro de 2015

Paisagem na Arte: 1690-1998 na Pinacoteca de S.P.



"A paisagem na arte: 1690-1998" - Artistas britânicos da coleção da Tate na Pinacoteca de São Paulo


A Pinacoteca do Estado de São Paulo, museu da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo, apresenta "A paisagem na arte: 1690-1998", uma exposição organizada pela Tate em associação com a Pinacoteca do Estado, trazendo obras de artistas britânicos da coleção da Tate. A chegada desta importante e especial exposição internacional celebra a parceria entre Tate e Pinacoteca, em ano de comemoração dos 110 anos deste que é o museu de arte mais antigo de São Paulo. 

Com curadoria de Richard Humphreys, a mostra apresenta mais de 100 obras de grandes artistas topográficos e clássicos do século XVIII, dos românticos, pré-rafaelitas e dos impressionistas do século XIX até os pioneiros modernistas do século XX e contemporâneos das últimas décadas - uma visão fascinante do desenvolvimento histórico e cultural da Grã-Bretanha, no contexto das forças literárias, filosóficas, políticas e sociais que moldaram o crescimento do país ao longo de quase três séculos. 
 
 
"A kill at ashdown park" - 1743 - James Seymour
 
A exposição traça o notável desenvolvimento de uma das maiores contribuições da Grã-Bretanha para a arte europeia – a pintura de paisagem – a partir de um recorte sem paralelos de arte britânica da Tate. Entre os destaques estão obras de William Turner (1775-1851), John Constable (1776-1837), Ben Nicholson (1894-1982) e Richard Long (1945). 

 
“Dido e Enéias” - óleo sobre tela - 1814 - Joseph Mallord William Turner

“Grande parte dos paisagistas britânicos influenciaram direta ou indiretamente a representação da paisagem de outros países, até aqueles mais distantes, como poderá ser observado pelo visitante ao percorrer o acervo permanente da Pinacoteca, no 2º andar do edifício da Luz“ diz Tadeu Chiarelli, Diretor Geral da Pinacoteca. 

 
"Chain Pier, Brighton" - 1826/7 - John Constable 

Um catálogo amplamente ilustrado da exposição inclui ensaios sobre o contexto histórico e cultural da arte da paisagem, o desenvolvimento da pintura de paisagem e informações sobre as obras. A exposição tem patrocínio da AMBEV, Brasilprev Seguros e Previdência S.A. A entrada na Pinacoteca é gratuita durante todo o período da exposição. 
 
 
"Arenig, north wales" - 1913 - James Dickson Innes

A paisagem na arte: 1690-1998. Artistas britânicos na coleção da Tate, está dividida em partes:

Descobrindo a Grã-Bretanha:
Nesta sessão, é possível observar o crescimento do interesse pela paisagem natural da Grã-Bretanha durante o século XVIII, em um momento em que o fascínio e o orgulho pelo país natal andavam de mãos dadas com o entusiasmo pelas descobertas de exploradores, naturalistas, comerciantes e imperialistas à medida que o Império Britânico se expandia pelo mundo. As Ilhas Britânicas eram “descobertas” da mesma maneira que as distantes terras exóticas.
 

"The vale of rest" - 1858/9 - Sir John Everett Millais

Sonhos pastorais: O termo “pastoral” define uma gama complexa de formas artísticas e literárias que surgiram a partir do período clássico. Duas obras de Thomas Gainsborough (1727-1788) poderão ser vistas nesta sessão: em uma delas, um cavalheiro toca um instrumento em um mundo ideal, na outra, um paraíso completamente imaginário de pastores de vacas com seus satisfeitos rebanhos. 
 

"The violoncello in a landscape" - Thomas Gainsborough - 1750/2

A visão clássica:
Nesta sessão, é possível conferir obra de Joseph Mallord William Turner (1775-1851), talvez o maior paisagista britânico de todos os tempos, que também aplicava princípios clássicos tanto em cenas italianas quanto em panoramas nativos. Nesta época, as paisagens clássicas eram tão celebradas pela aristocracia britânica que muitas propriedades foram reformadas com o objetivo de incorporar nelas as suas características visuais e arquitetônicas. 
 
 
William Turner
 
Romantismo:
O romantismo compreende um vasto leque de formas culturais que surgiram em toda a Europa entre os anos 1770 e 1830. As grandes mudanças históricas do período, tais como a Revolução Francesa, a Revolução Industrial e a ascensão do nacionalismo, constituem o contexto turbulento em que o romantismo se desenvolveu. As artes topográfica, clássica e pastoral influenciaram a pintura romântica inglesa, mas no começo do século XIX ela encontrou uma forma própria de expressão.

Fidelidade à natureza: As pinturas desta seção têm relação com a ideia de fidelidade à natureza e representam uma rejeição de muitos aspectos do romantismo. A prática de fazer desenhos de observação da natureza ao ar livre popularizou-se entre os artistas profissionais e amadores no final do século XVIII e foi um dos pilares daquilo que se tornou conhecido como “pitoresco”.
 
 
William Turner

Impressionismo: O impressionismo foi um movimento radical da arte francesa nas décadas de 1860 e 1870. A arte experimental francesa do século XIX nasceu de um debate sobre o valor do esboço em relação à pintura terminada e acerca do poder das instituições acadêmicas sobre a formação artística e as exposições de arte. Desde o começo daquele século, muitos artistas franceses haviam admirado a pintura de paisagem britânica em razão de seu frescor antiacadêmico. Os vínculos entre a arte britânica e a francesa eram variados e complexos, e artistas de ambos os países cruzavam com frequência o Canal da Mancha.

Redescobrindo a Grã-Bretanha: No começo do século XX a pintura britânica englobava um leque diversificado de abordagens. O impressionismo, outrora ridicularizado, tornara-se um estilo estabelecido e dono de um mercado forte, enquanto outros artistas continuavam pintando nos estilos pré-rafaelita, simbolista e social-realista. Nesta sessão, é possível conferir John Dickson Innes e seu o desejo de fazer experimentações mais radicais de forma e cor em suas paisagens.

 
"Arenig Montanha" - John Dickson Innes

Um novo romantismo: Muitos artistas neoromânticos foram empregados como artistas oficiais de guerra no front interno durante a Segunda Guerra Mundial. Em suas pinturas de paisagem, figurando edifícios antigos e cidades arruinadas, eles criaram imagens que refletiam as emoções complexas que caracterizaram o período de guerra, como o terror, a euforia, a nostalgia e o escapismo.

Novas paisagens, velhas paisagens:
O neoromantismo foi sucedido por uma retomada da arte realista no começo da década de 1950. Já em 1960, no entanto, os artistas britânicos haviam começado a responder à arte e à cultura norte-americanas. A arte conceitual britânica das décadas de 1960 e 1970 também se interessava pela “noção de lugar”. Richard Long é um dos artistas desta sessão, criando uma arte paisagística híbrida e poética a partir da associação de mapas, textos e fotografias.

 
Richard Long
 
 
SERVIÇO:
 
Paisagem na Arte: 1690-1998

Onde: Pinacoteca do Estado de São Paulo - Praça da Luz, 2 - Fone: (11) 3324-1000
 
Quando: Até 18/10 de terça a domingo das 10h às 17h30 com permanência até as 18h.
 
Quanto: Entrada gratuita


 
 
 
 
 
 
 
 

2 de setembro de 2015

Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carroll, completa 150 anos



"Alice no País das Maravilhas", de Lewis Carroll, completa 150 anos encantando leitores e artistas
 
Repleta de jogos de palavras, a obra-prima foi lida sob diferentes pontos de vista, das teses psicanalíticas às viagens psicodélicas.

Em 4 de julho de 1862, num singelo passeio de barco pelo rio Tâmisa, nos arredores da cidade inglesa de Oxford, nasciam histórias tão incríveis que viajariam o planeta e povoariam o imaginário coletivo de leitores de diversas idades mais de um século depois. A bordo da embarcação, as irmãs Alice, Lorina e Edith Liddell divertiam-se com o mundo maravilhoso inventado pelo reverendo Charles Lutwidge Dodgson, amigo da família, para entretê-las. A pequena Alice, então com dez anos, insistiu com o autor para que pusesse tudo no papel “para ela”. Mal sabia a menina que boa parte das aventuras embaladas por águas inglesas seria publicada pela primeira vez exatos três anos depois, em julho de 1865, como “Alice no País das Maravilhas”, e inscreveria o nome de Dodgson, ou melhor, de Lewis Carroll, pseudônimo com o qual ele se tornou conhecido, no panteão dos grandes da literatura universal.

 


O livro, bem como sua continuação, “Através do espelho e o que Alice encontrou por lá”, publicado dois anos depois, continuam a render milhares de reedições e traduções há 150 anos, e os personagens de Carroll ganharam múltiplas formas e interpretações ao longo das décadas. As histórias vividas pela pequena e curiosa Alice depois que cai na toca de um coelho passaram a ser coisa de gente grande. Percorreram palcos de teatro, balé, viraram desenho animado, filme, quadrinhos. Tornaram-se tema de numerosas teses acadêmicas, objeto de estudos psicanalíticos e foram homenageadas com exposições.


No início do ano, uma das comemorações do Reino Unido em torno do livro foi o lançamento de selos comemorativos do Royal Mail para colecionadores e fãs. Alice continua mais pop do que nunca.



Autor de “Alice’s Adventures: Lewis Carroll in Popular Culture”, o professor da Universidade de Kingston, Will Brooker, disse que cada geração interpretou o texto do escritor inglês conforme a cultura do seu tempo. Carroll foi lido e relido sob muitos prismas diferentes. Na década de 1930, entrou em ação a psicanálise freudiana para interpretá-lo e tentar descobrir tudo o que podia estar por trás do texto. Em 1960, o mundo das maravilhas foi encarado como uma grande viagem psicodélica observada num momento em que a sociedade se via diante do avanço do LSD.



Em 1990, foi a vez de especialistas cogitarem a possibilidade da pedofilia, de as fantasias de Carroll estarem ligadas a uma perigosa e excessiva proximidade com as crianças. O escritor, poeta e matemático também foi um exímio fotógrafo, e seus trabalhos mais conhecidos são as imagens de meninas, normalmente filhas de casais amigos (como as três Liddell), registradas em poses quase sensuais e com pouca ou às vezes nenhuma roupa. Nenhum estudo, porém, provou que Carroll, profundamente religioso, tenha avançado qualquer sinal, embora seu amor especial por Alice tenha ficado registrado em muitas cartas.


 
Foi uma década que também refletiu o culto das celebridades. Carroll manteve uma certa distância social, era discreto. Mas a avaliação era de que, por isso mesmo, deveria estar escondendo algo. Ninguém poderia ser inocente — observa Brooker.

O fundamental, continua o especialista, é que se trata de um livro universal, contraditoriamente simples e complexo, por vezes mórbido ou otimista, violento, inocente e inteligente a um só tempo.




"É uma espécie de quebra-cabeça. Teve diferentes interpretações nos séculos XIX e XX. Surpreendentemente, apesar de toda a sua complexidade, com tantos jogos de palavras (em inglês) e referências específicas à cultura britânica e sua geografia, universalizou-se. Talvez pelo fato de tantos se enxergarem como crianças explorando o mundo, como Alice. Nós nos vemos no livro", afirma.

Lewis Carroll mostra que a realidade do mundo e do sujeito, além de paradoxal, é sempre relativa ao modo como a interpretamos. Sugere, por isso, que talvez fosse prudente renunciar ou versatilizar o narcisismo que fundamenta nossas crenças e julgamentos. Se a verdade está comprometida com o poder e o desejo, tanto quanto com o saber, seria bom evitar que nossas convicções se tornassem rituais cegos de credulidade, sob pena de fazermos muito mal aos outros e a nós mesmos.
 


Os motivos são incontáveis para que as aventuras de Alice sejam ainda hoje tão inspiradoras. No imponente palco do Royal Opera House, em Londres, o Royal Ballet apresentou ao público uma adolescente apaixonada, puxada para a toca pelo coelho de colete e relógio que, instantes antes, era ninguém menos que o próprio Lewis Carroll. Essa interpretação do Royal Ballet, criada em 2011 foi extremamente bem-sucedida, voltou ao cartaz no início do ano para homenagear o aniversário do livro. Misturando dança clássica e contemporânea, o balé lança mão de inúmeros efeitos cênicos que fazem a menina aumentar e encolher, e movimentam o irônico gato de Cheshire ou a Lagarta Azul com jogos de luz e articulação de bailarinos sincronizados.


Royal Ballet

"Não resta dúvida de que a história é universal, qualquer um pode gostar. O importante aqui é o balé. Se fosse uma criança nesse papel, ficaria muito difícil sustentar o interesse na coreografia. Ao usarmos uma jovem, em uma história de amor, podemos aproveitar muito mais a bailarina", conta o diretor do Royal Ballet, Kevin O’Hare.




Ainda no contexto das comemorações da obra, o emblemático manuscrito de 1865, escrito e ilustrado por Carroll, um dos maiores tesouros da British Library, viaja pelos Estados Unidos (The Morgan Library & Museum, em Nova York, e The Rosenbach of the Free Library, na Filadélfia). O manuscrito foi comprado por um colecionador americano em 1928, mas presenteado ao Reino Unido em 1948 em homenagem à participação do país na Segunda Guerra. Assim que voltar a Londres, ele será a estrela de uma exposição prevista para o final do ano na British Library, que vai explorar as várias adaptações e interpretações da história.
 

"Alice no País das Maravilhas" também foi destaque na 17ª edição do Salão FNLIJ do Livro Infantil e Juvenil, em junho no Centro de Convenções Sul América, no Rio de Janeiro. Além de uma exposição com as principais edições brasileiras e algumas estrangeiras, o livro foi tema de um seminário no evento, do qual participaram autores como Marina Colasanti. A escritora traduziu “A pequena Alice no País das Maravilhas” (Galerinha), versão esta, para crianças bem menores escrita por Carroll cinco anos depois de sua “Alice” original, e foi lançada pela autora no Salão.
 

A escritora diz que "A Alice completa não é lida pelas crianças e jovens, e sim pelos adultos, assim como “Dom Quixote”. Aquele universo familiar que foi criado para divertir as meninas Liddell já está muito distante das crianças de hoje".

O que não significa, que a obra tenha perdido seu encanto e interesse, completa Marina. Pelo contrário. Para ela, o mergulho de Alice num mundo aparentemente ilógico ainda “encosta nas teorias freudianas, na teoria do inconsciente e continua muito rico”

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