Sobre as Sombras na Aquarela

Tudo começou com as nuvens.

A ideia surgiu da necessidade de mostrar a evolução de uma pesquisa feita sobre monocromia através da técnica da aquarela e colagem.

Foi à partir do meu olhar nas nuvens que surgiu o "momento sombras na aquarela". Após a escolha do suporte, as imagens começaram a brotar em minha mente de forma aleatória, de modo claro e objetivo, facilitando o desenvolvimento do trabalho. O fundo branco do papel, muitas vezes em destaque, realça as nuances e sobreposições das camadas, contrastando tons claros e escuros, assim como a luminosidade, algumas vezes oscilante, mais ou menos intensa, que brinca, sugerindo formas, movimentos e até mesmo sensações, destacando as características da aquarela aliada à colagem.

As inúmeras possibilidades que o tema oferece, associadas à técnica, tráz como resultado a simplicidade da proposta que, destacando a cor pura, em contraste com o papel, evidencia um grande prazer em criar.

Aline Hannun

27 de setembro de 2012

 
A maior e mais completa coleção de Arte Naïf do mundo



Exposições permanentes e temporárias no Museu Internacional de Arte Naïf

O Rio de Janeiro é mesmo uma cidade que respira arte. Seus museus, ateliês, artistas e composições artísticas são ótimas representações de toda manifestação cultural que a cidade apresenta para o resto do país e do mundo. Por isso, a maior a mais completa coleção de Arte Naïf do mundo não poderia pertencer a um museu de outra cidade. A arte dos poetas anarquistas do pincel, tida como primitiva, impressionista e cubista, é apresentada em exposições permanentes e temporárias no Museu Internacional de Arte Naïf do Brasil.
Localizado no bucólico bairro do Cosme Velho, em uma belíssima casa tombada pelo Patrimônio Histórico, próximo ao trenzinho que leva ao Corcovado, o MIAN (Museu Internacional de Arte Naïf) abriga obras de grandes nomes internacionais em seu acervo. O Museu oferece visitas guiadas para grupos e escolas para apresentar seu acervo com obras compostas entre o século XV e os dias atuais, feitas por artistas brasileiros e de 130 países. 

O Museu oferece também o maior e mais completo acervo de arte Naïf do mundo, o MIAN apresenta ao público os dois maiores painéis de obras do gênero, instalados no salão principal do museu. Logo na entrada os visitantes são apresentados à obra da pintora Lia Mittarakis, num painel de 28m2. Já no mezanino do museu vê-se a obra de Aparecida Azevedo, Brasil, 500 anos, que retrata grandes acontecimentos da história do país num enorme painel de 1,40m X 24m. 


Rio de Janeiro Gosto de Você - Lia Mittarakis



Brasil, 500 anos - Aparecida Azevedo

MIAN - Museu Internacional de Arte Naïf do Brasil.

Rua Cosme Velho, 561 -Cosme Velho - RJ 
www.museunaif.com.br

Sobre o MIAN - Museu Internacional de Arte Naïf do Brasil

Nascido na França de uma família de origem judia polonesa, Lucien Finkelstein (1931-2008) chegou ao Rio de Janeiro sozinho, aos 16 anos, pouco após a Segunda Guerra acabar, sem falar uma palavra em português. Tinha passado o conflito escondido em uma casa no interior da França.

No Brasil, construiu uma família, um nome como joalheiro de reputação internacional e a maior coleção de arte naïf que ele legou à cidade. O Museu Internacional de Arte Naïf fica no Cosme Velho, a poucos passos do bondinho do Corcovado, que leva ao Cristo Redentor.

“Ele achava que a arte naïf era a mais genuína de um povo. E o museu era o jeito dele para pagar uma dívida com a cidade que o tinha acolhido. Meu avô chegou aqui com uma mão na frente e a outra atrás, passando fome”, conta a educadora Tatiana Levy, neta de Lucien gerente executiva do Mian.
 
O museu ficou fechado durante cinco anos e foi reaberto recentemente, mostrando 250 obras em oito exposições. Uma delas é a panamenha Molas, que apresenta 15 telas com técnicas de sobreposição de tecidos feitas pelas índias da tribo Kuna.
 

A história do criador do museu

Lucien veio morar com os tios e começou a trabalhar na loja que vendia pedras e gemas brasileiras de propriedade do marido de sua tia, um imigrante judeu russo. Aprendeu português, virou atleta e chegou a competir pelo Fluminense em modalidades olímpicas.
 
Gostava de desenhar e pintar. Se encantou ao ver uma aquarela de Di Cavalcanti e um quadro de Heitor dos Prazeres na Livraria Francesa, em Copacabana. Daí nasceu o interesse pela arte naïf - também conhecida como arte primitiva moderna - ela se caracteriza pela ingenuidade dos traços e por ter um caráter autodidata, não vinculado a qualquer corrente acadêmica formal.



Os Arcos da Lapa - pintor Agostinho

Ao casar, Lucien Finkelsteinresolveu criar uma joalheria e desenhar as próprias peças, valorizando um design próprio, em vez de apenas vender as gemas. Acabou descoberto por socialites como Teresa Souza Campos e foi catapultado para a capa da Manchete, importante revista da época.
 
Viveu seu auge profissional nos anos 50 e 60, quando uma pulseira fez parte do acervo da rainha Elizabeth II e criou uma coleção com Di Cavalcanti – de quem ficou amigo e passou a trocar quadros por joias. Pelo design de suas obras, acabou agraciado com o De Beers, o mais importante prêmio do mercado joalheiro mundial,.

Foi com o dinheiro das joias que ele começou sua coleção. Colecionou durante 40 anos. E reuniu cerca de 6 mil obras de mais de 100 países. Teve que arranjar um apartamento para colocar o acervo. Em 1988, exibiu parte dele em uma exposição no Paço Imperial.

O sucesso levou ao desejo de montar um local para a exibição permanente. Ele comprou um casarão do século 19 no Cosme Velho para abrigar as obras. O MIAN foi aberto em 1995, pelo esforço dele. O museu acabou recebendo uma verba municipal para o funcionamento, que foi cortada. Em 2007 ele foi fechado pela falta de recursos financeiros para operar.

“O museu fechou em 2007 e meu avô morreu no ano seguinte de ataque cardíaco. Ele ficou deprimido e triste. Não conseguia entender como o governo não se interessava em manter na cidade um acervo tão significativo”, diz Tatiana. Ela conta que o avô tinha recebido convites para levar o acervo para outras instituições, mas queria que ficasse no Rio.
 
Entre 2007 e 2011, embora de portas fechadas, o museu ainda podia ser visitado por grupos que o contatassem. Em 2010, contudo, uma chuva destruiu o telhado e inundou a reserva técnica. Trezentos quadros foram danificados.
 
Em abril do ano passado o museu fechou completamente. A ajuda chegou com a Secretaria Municipal de Cultura, que liberou uma verba, e o Prince Claus Fund, instituição holandesa que preserva acervos pelo mundo, que custeou a reforma do telhado e da reserva técnica.
 
O museu reabre reformado. Houve uma reforma museológica que privilegiou uma nova identidade visual e elementos de tecnologia com audioguias. No subsolo há uma videoinstalação em homenagem a Henri Rousseau, le douanier, francês precursor e nome mais conhecido da arte naïf no mundo.
 
Mas ainda tem muita coisa a fazer. A lojinha deve começar a funcionar este mês. O café ainda não tem prazo. A perspectiva do site é ficar pronto em maio. E Tatiana diz que é preciso restaurar a fachada do museu e que não há verba de manutenção básica para serviços de limpeza, conservação, jardim, gastos com luz, água… – a família ainda arca com isso.
 
“Queremos transformar o museu em uma instituição auto-sustentável. Mas ainda falta um caminho a percorrer”, diz Tatiana.

 

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