Sobre as Sombras na Aquarela

Tudo começou com as nuvens.

A ideia surgiu da necessidade de mostrar a evolução de uma pesquisa feita sobre monocromia através da técnica da aquarela e colagem.

Foi à partir do meu olhar nas nuvens que surgiu o "momento sombras na aquarela". Após a escolha do suporte, as imagens começaram a brotar em minha mente de forma aleatória, de modo claro e objetivo, facilitando o desenvolvimento do trabalho. O fundo branco do papel, muitas vezes em destaque, realça as nuances e sobreposições das camadas, contrastando tons claros e escuros, assim como a luminosidade, algumas vezes oscilante, mais ou menos intensa, que brinca, sugerindo formas, movimentos e até mesmo sensações, destacando as características da aquarela aliada à colagem.

As inúmeras possibilidades que o tema oferece, associadas à técnica, tráz como resultado a simplicidade da proposta que, destacando a cor pura, em contraste com o papel, evidencia um grande prazer em criar.

Aline Hannun

29 de junho de 2016

"El Bosco: La exposición del centenário" no Museu do Prado



"San Antonio Abad" 1505/06 - Tripitco, óleo sobre mesa de carvalho - El Bosco - Museu Nacional de Arte Antiga, Lisboa.

Acontece no Museu do Prado a maior exposição monográfica de Bosch (ou El Bosco). Pouco se sabe sobre o artista, e são pouquíssimas as obras atribuídas a ele, o que aumenta a expectativa da mostra que vai reunir trabalhos vindos de vários museus de diversos países tais como: Museu Nacional de Arte Antiga de Lisboa, Kunsthistorisches Museum de Viena, Museum of Fine Arts de Boston, The Metropolitan Museum of Art de New York, National Gallery de Washington, Museu do Louvre e do Polo Museale del Veneto de Veneza. 

O Museu do Prado, em Madrid é uma das pinacotecas mais importantes do mundo, e apresenta a exposição "El Bosco: La exposición del centenário", em homenagem aos 500 anos da morte do pintor holandês Jheronymus Bosch (1450/1516). O diretor do Prado, Miguel Zugaza, declarou em reportagem, "Será a “maior” e “a mais importante” exposição deste mestre singular, um dos mais populares da cultura universal".


"O Jardim das Delícias Terrenas" - 1503-1504 - Museu do Prado, Madrid

A exposição reuni 65 obras, 25 das quais de autoria de Bosch ou a ele atribuídas, 9 da sua oficina e as 31 restantes de outros artistas da época capazes de ilustrar o contexto em que o pintor trabalhou, conquistando enorme sucesso e deixando muitos seguidores. “O Prado quer oferecer aos seus visitantes o melhor Bosch, a exposição permitirá contemplar o artista no seu mais elevado registo. O Museu do Prado é a única instituição do mundo que pode reunir o maior número de obras do artista, devido ao nosso acervo e o de outros, e também por causa do conhecimento que temos do artista e suas obras”, acrescentou Zuzaga ao diário espanhol El País. A ligação de Bosch com a Espanha faz-se a partir de Filipe II (I de Portugal), grande colecionador da sua obra.


"Cristo coroado de espinhos" - El Bosco - Patrimonio Nacional, Real Monasterio de El Escorial,  El Escorial

Parte das pinturas, dos desenhos e das gravuras povoados de monstros, santos, anjos e figuras demoníacas que podem ser vista em Madrid foram mostradas previamente na cidade onde o pintor nasceu, Hertogenbosch, a 80 quilómetros de Amesterdam: o Prado emprestou ao Museu Noordbrandts "O Carro de Feno", após 450 anos de lá ter saído. 


"Carroça de Feno" trata-se da obra central de um tríptico do pintor Bosch, sendo que na parte esquerda está representado o Paraíso e na direita o Inferno. Assim como toda a obra do pintor, esta é também incomum, contendo inúmeros personagens e objetos, muitas vezes sem nenhuma interação. Dentre os pecados tidos como mortais, a ambição, ou avareza, pelos bens materiais, parece ter sido a maior preocupação do pintor, sendo tratada em muitas de suas obras, embora os demais pecados também sejam apresentados nesta composição.

Os quadros de Bosch identificam-se a partir de um único fragmento, graças ao seu estilo original e intransmissível, de olhar e universo próprio, o artista apresenta forte personalidade na história da arte.


"O Jardim das Delícias" será um dos eixos centrais da maior e mais importante exposição já realizada em torno do pintor holandês.


Assista ao vídeo




Até 11 de setembro de 2016 - Museu Nacional do Prado, Espanha

www.museodelprado.es




22 de junho de 2016

O "Fantástico" Jheronimus Bosch



"Portrait" - 1550 - Jheronimus Bosch 

Jeroen van Aeken, ou Jeroen Bosch, Hertogenbosc, NL (1450 - 1516), foi um pintor e gravador holandês dos séculos XV e XVI. 

Suas obras, na maioria das vezes, retratam cenas de pecado e tentação, recorrendo à utilização de figuras simbólicas complexas, originais, imaginativas e caricaturais, muitas das quais obscuras mesmo no seu tempo. 

Alguns pintores alemães como Martin Schongauer, Matthias Grünewald e Albrecht Dürer influenciaram a obra de Bosch e, apesar de ter sido contemporâneo de Jan van Eyck, seu estilo era completamente diferente. 


"Navio dos Loucos" ou "A Nau dos Insensatos" - 1500 - óleo sobre madeira - 58 X 33 cm -  Museu do Louvre, Paris.

Especula-se que sua obra teria sido uma das fontes do movimento surrealista do século XX e que teve mestres como Max Ernst e Salvador Dalí. 

Assim como outros artistas, Pieter Brueghel, o "Velho" foi influenciado pela arte de Bosch e produziu vários quadros em um estilo semelhante. 

Os registros indicam que o artista tenha vivido sempre na sua cidade natal, iniciando sua carreira na oficina do pai (ou tio), que também era pintor. 


"As Tentações de Santo Antão" - 1506 - obra principal no Museu Nacional de Arte Antiga, Lisboa e o suposto estudo da obra, encontra-se no Museu de Arte de São Paulo - MASP.

Sem provas concretas, diz-se que o pintor teria pertencido a uma (das muitas) seitas que na época se dedicavam às ciências ocultas, de onde teria adquirido muitos conhecimentos sobre os sonhos e a alquimia, tendo-se dedicado profundamente a esta última. Por essa razão, Bosch teria sido perseguido pela Inquisição. Sua obra também sofreu a influência dos rumores do Apocalipse, que surgiram por volta do ano de 1500. 


"Os Sete Pecados Mortais" - 1485 - óleo sobre madeira - 58 X 33cm - Museu do Prado, Madrid. 

Existem registros de que em 1504 Filipe, O Belo, da Borgonha, encomendou a Bosch um altar que deveria representar o Juízo Final, o Céu e o Inferno. A obra, atualmente perdida (acredita-se que um fragmento da obra corresponde a um painel que está em Munique), valeu ao pintor o reconhecimento e várias encomendas posteriores. A grande abundância de pinturas de Bosch, na Espanha, deve-se ao fato de Filipe II da Espanha ter colecionado avidamente as obras do pintor. 


"O Juízo Final" - 1482 (ou posterior) - óleo sobre tábua - 163,7 X 242 cm - Akademie der Bildenden Künste, Viena 

Atualmente, se conservam cerca de 40 originais do artista, dispersos, na sua maioria, por museus da Europa e Estados Unidos. A coleção do Museu do Prado, em Madri, é considerada a melhor para estudar a sua obra, visto abrigar a maioria daquelas que são consideradas pelos críticos como as melhores obras do pintor. 


"Carroça de Feno" - 1485/1510 (data provável) - Tríptico aberto, óleo sobre madeira - Museo Nacional do Prado, Madrid. 

As obras de Bosch demonstram que o artista foi um observador minucioso, bem como um refinado desenhista e colorista. O pintor criou uma série de composições fantásticas e diabólicas onde são apresentados, com um tom satírico e moralizante, os vícios, os pecados e os temores de ordem religiosa que afligiam o homem medieval. 


"O Jardim das Delícias" - 1503/15 - óleo sobre Carvalho - 2,2 X 3,89 m - Museu do Prado, Madri.


Sobre as obras

Grande parte das obras de Bosch abordam temas mais tradicionais como vidas de santos e cenas do nascimento, paixão e morte de Cristo. 

A primeira referência ao nome de Bosch ocorre entre 1480 e 1481, na Confraria de Nossa Senhora, para a qual executou trabalhos, intermitentemente, até 1516, ano em que os livros da instituição registram o seu falecimento. 

Muito apreciado por seus contemporâneos, Bosch foi esquecido no século 19, para voltar a ser descoberto pelos surrealistas. Nenhum de seus trabalhos é datado, mas acredita-se que os primeiros sejam do período 1475-1480.


"Morte e o Avarento" (detalhe da obra) - 1490 - óleo sobre madeira -  92,6 X 30,8 cm - Galeria Nacional de Arte em Washington, DC.

Bosch, costumava cobrir as telas de verdadeira multidão dessas estranhas figuras - animalescas ou humanas -, o que, de certa forma, prejudicava a composição. Seu traço de tal modo firme e tendo uma perspectiva tão apurada, nos dá a impressão de movimento e de ação na obra.

O colorido é vibrante e sua técnica baseada em vernizes translúcidos, cobrem a paisagem com tal delicadeza que frequentemente deixa à mostra os traços mais distantes.

Bosch é considerado o primeiro artista fantástico.







15 de junho de 2016

"Judite e Holofernes" de "Caravaggio"



Um quadro atribuído a Caravaggio e estimado em 100 milhões de euros foi encontrado em um sótão no sul da França. A pintura, que ainda não teve autenticidade comprovada, ficou mais de 150 anos em uma casa em Toulouse. 

"Judite e Holofernes" de aproximadamente 400 anos, mostra o momento da decapitação de Holofernes, feita por Judite, a grande heroína bíblica, viúva, da cidade de Betúliao. 

Segundo vários especialistas, trata-se de uma obra autêntica, apesar da dúvida expressada por alguns estudiosos.

"Esta iluminação especial, esta energia típica de Caravaggio, sem correções, com a mão segura, e as matérias pictóricas, fazem com que este quadro seja autêntico", declarou o especialista Eric Turquin, admitindo, no entanto, que ainda haverá controvérsia das análises.

Nicola Spinoza, ex-diretor do museu de Nápoles e um dos grandes especialistas mundiais em Caravaggio, concorda com Turquin.

"É preciso ver nesta tela um verdadeiro original do mestre lombardo, identificável quase com certeza, apesar de não termos prova tangível e irrefutável", assinala Spinoza.



Detalhe da obra no momento da decapitação.


A pintura foi descoberta no sótão de uma casa no sudoeste da França, devido a uma goteira no teto e está proibida de sair do país por parte das autoridades, à espera de uma análise mais precisa. 

Se confirmada a autoria, o governo da França teria a primeira opção de compra. 


Sobre a obra 


A obra "Judite e Holofernes", é uma pintura a óleo sobre tela, produzida entre o ano de 1604 e 1605. Acredita-se que a pintura foi feita em Roma por Michelangelo Merisi (conhecido como Caravaggio), e está em um estado de conservação excepcionalmente bom, apesar de ter ficado esquecida no sótão durante, provavelmente, mais de 150 anos, provavelmente.

O quadro é de inspiração bíblica. A pintura amostra o general Holofernes decapitado por Judite, a mulher que o seduziu por uma noite. A obra provocava reações de horror e surpresa entre os visitantes, pois Caravaggio conseguiu dotar a obra de grande realismo e crueza. Judite mostra-se de pé, majestosa e impertérrita, enquanto a sua criada, que proporciona a espada, está nervosa e à espreita do que pudesse acontecer. 


Judite, no detalhe da obra.

"Recebi encomenda de um quadro sobre o tema de Judite e Holofernes. Os meus predecessores representaram-no após, quando Judite apresenta a cabeça cortada num prato. Eu queria bem mostrar o ato em si. Uma prostituta minha conhecida posou para a Judite. Um ferreiro fez Holophernes. Para trabalhar na expressão da face fui ver muitas execuções públicas e observei muito bem as cabeças cortadas tombadas e guardei as expressões de terror". (Caravaggio)

Caravaggio, ao pintar a cena, não seguiu fielmente a versão bíblica. Dela diverge, quando traz a serva para perto de Judite, no momento exato do crime. Ao colocar as duas mulheres juntas, contrasta a força da juventude com as cicatrizes da velhice. Enquanto a pele da heroína é sedosa e brilhante, a da serva é enrugada e opaca.



Criada e Judite, detalhe da obra.

Acredita-se que a obra tenha desaparecido 100 anos depois de ter sido pintada e, pode valer 120 milhões de euros (137 milhões de dólares), afirmou o agente especializado em arte Eric Turquin, em comunicado à imprensa.


Sobre o artista

Caravaggio, cujo nome real era Michelangelo Merisi, teve uma vida caótica e violenta. Faleceu em circunstâncias estranhas aos 38 anos. Acredita-se que o artista estava a caminho de Roma para buscar perdão após ter passado os últimos anos de sua vida fugindo da Justiça no sul da Itália.

Italiano, foi pioneiro da técnica da pintura barroca conhecida como chiaroscuro (claro-escuro), caracterizada pelo forte contraste de luz e sombras.

O artista era conhecido por se envolver em brigas que frequentemente resultaram em sua prisão. Chegou, inclusive, a matar um homem.

A existência da obra era conhecida por uma cópia atribuída a Louis Finson, pintor flamengo contemporâneo de Caravaggio.



"Judite e Holofernes" - Caravaggio

Sabe-se através de uma carta do pintor Frans Pourbus (o Jovem), escrita em 1607, em Nápoles, que uma segunda versão existia, aparentemente datada de 1604-1605 e pintada em Roma ou Nápoles. Pourbus foi enviado pelo primeiro duque de Mantoue, Vicente de Gonzaga, para encontrar algumas pinturas para a sua coleção. Ele contou ao duque que dois quadros de Caravaggio estavam disponíveis no estúdio do pintor e comerciante flamengo Louis Finson, que vivia em Nápoles: "Eu vi aqui duas pinturas de Michelangelo de Caravaggio: a primeira representa um rosário, destinada a um retábulo ... a outra é uma pintura de tamanho médio, apropriada para uma câmara de leito, representando Judith e Holopherne. Eles não vão vendê-la a você por menos de 300 ducados " (Original no Archivio del Stato di Mantova; Archivi Gonzaga Esterni).

Essa outra versão de "Judite e Holofernes", também havia desaparecido até ser reencontrada na década de 1950. Atualmente, encontra-se exposta na Galeria Nacional de Arte Antiga de Roma, na Itália.









8 de junho de 2016

Monotipias de Edgar Degas: "A Strange New Beauty" no MoMA


"Cena de Ballet" - 1879 - Pastel sobre monotipia em papel - William I. Koch Collection



Edgar Degas no MoMA: "A Strange New Beauty” 

O MOMA, Museu de Arte Moderna de Nova York, apresenta ao público uma face quase desconhecida de Edgar Degas, a de gravador. Utilizando a técnica da monotipia, na qual o artista realiza seu desenho diretamente numa superfície lisa e resistente, uma placa de metal. Após terminá-lo, coloca um papel sobre a mesma e realiza pressão, como numa prensa, para obter a gravura. Na técnica da monotipia obtém-se, no máximo, cinco cópias, todas diferentes entre si, uma vez que a cada cópia há a diminuição da tinta ou do material utilizado para realizar o desenho. Uma técnica difícil de controlar e que levou o artista a quase enveredar pela abstração.


"Mestre do Ballet" - 1876 - Giz ou aquarela opaca sobre monotipia em papel - National Gallery of Art, Washington, D.C. 

Edgar Degas é conhecido como o pintor e cronista do ballet, mas seu trabalho como gravador revela a verdadeira extensão da sua experimentação inquieta. Em meados da década de 1870, Degas conheceu o processo de desenho na monotipia. Cativado pelo potencial da técnica e movido por um enorme entusiasmo, abandonou o estúdio para compartilhar receitas com seus colegas, conseguindo produzir efeitos não convencionais. Degas expandiu as possibilidades do desenho, e inventou novos meios para novos temas, como bailarinas em movimento e mulheres em ambientes íntimos. A monotipia também proporcionou uma série de experimentos para o artista. 


"Dançarina no palco com um buquê" - 1876 - Pastel sobre monotipia em papel. Coleção particular. 

A exposição inclui cerca de 120 monotipias extraordinárias, raramente vistas, com cerca de 60 obras relacionadas, desenhos e sketchbooks (livro de esboço), representando o corpo com posturas novas e ousadas.


"Três bailarinas" - 1878/80 - Monotipia em pape manteiga - Sterling and Francine Clark Art Institute - Williamstown, Massachusetts.


"Três mulheres em um bordel" - 1877/79 - Pastel sobre monotipia em papel - Musée Picasso, Paris.


"Pauline and Virginie conversando com admiradores" - 1876/77

"A Strange New Beauty" se apresenta no MoMA até 24 de julho de 2016.

Organizada por Jodi Hauptman, curador sênior do Departamento de desenhos e gravuras, Karl Buchberg, Conservador Senior, Heidi Hirschl, Assistente Curatorial, Museu de Arte Moderna, e Richard Kendall, historiador de arte independente e curador.

Principal patrocinador da exposição é a Fundação Philip e Janice Levin.

Financiamento generoso é fornecido por Mary M. Spencer e por Dian Woodner.

www.moma.org








2 de junho de 2016

As pinturas da Anunciação pelos Renascentistas



"Anunciação" - Raphael Sanzio

O Episódio da Anunciação é narrado pela Bíblia, nos Evangelhos de São Lucas e de São Mateus. O Evangelho de Lucas descreve o momento no qual o Anjo Gabriel é enviado por Deus para anunciar à Virgem Maria que ela terá um filho. Maria milagrosamente conceberia uma criança e este se chamaria Jesus ("Salvador").

Através dos tempos, muitos artistas representaram esse episódio da Bíblia, em verso, prosa e nas artes plásticas. Vejam alguns deles.


Fra Angélico (1395-1455)

"A Anunciação" do pintor italiano Fra Angélico, foi criada utilizando a técnica afresco e pintada entre 1437 e 1446 para o Convento de São Marcos, em Florença, atualmente convertido em Museu Nacional da São Marcos.

Apesar de o artista ter feito outras versões de "A Anunciação" (como a obra que se encontra no Museu do Prado, em Madrid), este afresco de Florença é considerado "A versão mais emotiva de Angélico por sua íntima e nua unção" (M. Olivar). 


"A Anunciação" - afresco - 230x321 cm - Fra Angélico - Convento de São Marcos, Florença.


"A Anunciação" - têmpera sobre madeira - 154x194 cm - Fra Angélico - Museu do Prado, Madri


Jan van Eyck (1390/1441)

Considerado um dos maiores pintores de todos os tempos, Jan van Eyck foi certamente beneficiado pelos avanços das tintas a óleo que ocorreram em seu tempo, o que lhe permitiu pintar o cenário das imagens que queria registrar com riqueza e minúcia de detalhes, um realismo até então desconhecido nas artes plásticas. Foi dito que ele conhecia tecidos como um tecelão, prédios como um arquiteto e plantas como um botânico.

Na versão de Van Eyck, o encontro para a anunciação se dá no interior de uma igreja, o que é típico das pinturas setentrionais. Já os artistas da Renascença italiana descreveram diversas vezes a cena ao ar livre. Muitas obras incluem uma pomba que, com frequência, é pintada num raio de luz que cai obliquamente sobre Maria, representando o Espírito Santo.


"Anunciação" - Jan van Eyck

"Anunciação" de Jan van Eyck, é uma pintura a óleo, datada de 1434-1436. Encontra-se na Galeria Nacional de Arte, em Washington, nos Estados Unidos. Originalmente, a pintura estava sobre painel, mas foi transferida para tela devido a problemas com a conservação. Pensa-se que é a ala esquerda (interior) de um tríptico, mas não se conhece o paradeiro das outras partes. É um trabalho bastante complexo, cuja iconografia é alvo de discussão entre os historiadores de arte.

A inscrição mostra as palavras: AVE GRÃ. PLENA ("Avé, Cheia de garça..."), ECCE ANCILLA DEI ("Eis aqui a serva do Senhor"). As palavras estão pintadas ao contrário para que Deus as possa ler. Os Sete Dons do Espírito Santo descem até ela pelos sete raios de luz vindos da janela superior esquerda, com a pomba, que simboliza o Espírito Santo.


Detalhe do Anjo Gabriel com a inscrição ao lado


Leonardo da Vinci (1452-1519)

"Anunciação", ou "L’annunciazione", em italiano, é um óleo sobre painel pintado por Leonardo da Vinci. 

A obra esteve oculta até 1867 quando foi transferida de um convento próximo a Florença para a Galeria degli Uffiz (Galeria dos Ofícios), também em Florença. 

À partir desse momento, alguns investigadores mostraram a pintura como o primeiro trabalho de Leonardo da Vinci, embora outros estejam a favor de atribuir a pintura a outros artistas como Ghirlandaio ou Verrocchio.


"Anunciação" - 1472 e 1475 - óleo sobre painel - 98.4 × 217 cm - Leonardo da Vinci

As asas do anjo foram pintadas com precisão naturalista, um exemplo da curiosidade científica típica da carreira de Leonardo. Usou o seu conhecimento sobre as asas de pássaros para fazer as asas do anjo.

No primeiro plano, o pintor representa um tipo de tapete em flor no qual todas as flores foram pintadas com precisão.

Mais adiante, o mar e as montanhas emergindo da névoa azul clara que reflete com cuidado o modo como as cores mudam com a variação da luz: o chiaroscuro e o sfumatto.


Detalhe da asa do anjo Gabriel, ao fundo a variação da luz.


El Greco (1541-1614)

"Anunciação" (óleo sobre tela) é atribuída a El Greco, datada por volta de 1600. A obra integra um conjunto composto por, ao menos, sete versões quase idênticas, de graus variados de qualidade, todas tradicionalmente creditadas a El Greco e datadas entre 1595 e 1605. O tema da anunciação do anjo Gabriel à Virgem Maria foi frequentemente tratado por El Greco e o conjunto de versões a qual pertence a obra, parece derivar da composição homônima elaborada pelo artista para o tríptico de Módena.


"Anunciação" - El Greco

"Anunciação" é uma obra emblemática do caráter "expressionista" da arte de El Greco, fulgurante de luzes, cores e acordes cromáticos, em que a cenografia é composta por zonas plasticamente distintas, mas interligadas por movimentos ascensoriais e entrecortadas pela presença de luzes místicas e lampejos flamejantes. A pintura está relacionada ao período final da vida do artista, em Toledo, em que sua produção assume uma postura mais religiosa, em comparação àquela de seu período italiano, alienando-se dos recursos tradicionais da estética renascentista. A obra é conservada no Museu de Arte de São Paulo (MASP) desde 1952.

A Anunciação é um dos mais importantes temas da arte cristã em geral, particularmente durante a Idade Média e o Renascimento.