Sobre as Sombras na Aquarela

Tudo começou com as nuvens.

A ideia surgiu da necessidade de mostrar a evolução de uma pesquisa feita sobre monocromia através da técnica da aquarela e colagem.

Foi à partir do meu olhar nas nuvens que surgiu o "momento sombras na aquarela". Após a escolha do suporte, as imagens começaram a brotar em minha mente de forma aleatória, de modo claro e objetivo, facilitando o desenvolvimento do trabalho. O fundo branco do papel, muitas vezes em destaque, realça as nuances e sobreposições das camadas, contrastando tons claros e escuros, assim como a luminosidade, algumas vezes oscilante, mais ou menos intensa, que brinca, sugerindo formas, movimentos e até mesmo sensações, destacando as características da aquarela aliada à colagem.

As inúmeras possibilidades que o tema oferece, associadas à técnica, tráz como resultado a simplicidade da proposta que, destacando a cor pura, em contraste com o papel, evidencia um grande prazer em criar.

Aline Hannun

16 de dezembro de 2015

Joan Miró: vida e obra




Joan Miró nasceu em 1893, na cidade Barcelona, e foi criado por uma família de artesãos. Apesar de demonstrar seu gosto pela pintura desde cedo, foi pressionado a entrar para uma carreira burocrática, o que lhe trouxe grandes problemas e em pouco tempo de trabalho, ao se ver preso a uma atividade monótona enquanto o país efervescia em correntes artísticas, Miró entrou em profunda depressão agravada por um ataque de febre tifoide.

O artista precisou de ajuda médica para voltar à atividade, mas foi o impulso necessário para largar tudo aquilo que lhe retirava o prazer de viver e entrar de vez para as artes.
 
Cursou a Escola de Belas Artes de Barcelona e a Academia de Gali. Joan Miró teve aulas com Francisco Gali, que lhe ensinou tudo sobre as escolas de arte moderna de Paris, lhe introduziu ao mundo da leveza bizantina nas igrejas da Catalunha e à arquitetura de Antônio Gaudí.


"O Carnaval de Arlequim" - 1924 - óleo s. tela

Apesar de ser reconhecido como pintor, Miró também se dedicou à obras em cerâmica e teve influência do dadaísmo, fauvismo e cubismo durante sua vida artística.


"Mulher" - Joan Miró

De 1915 até 1919, trabalhou em Montroig, cidade próxima a Barcelona, pintando paisagens, retratos e nus, mas foi em 1919 que sua vida mudou, quando se transferiu para Paris e dividiu sua vida entre Espanha e França.


"Retrato de V. Nubiola" - 1917

Joan Miró: vida do artista

Joan Miró, na França, foi amigo de Picasso, que o ajudou em suas pinturas, mas na época Miró não conseguia vender suas obras e estava sempre com suas economias no limite. Seus pais enviavam poucos recursos, para reafirmar a pouca vontade de incentivar sua vida artística. Miró passou fome por muitos dias e tentava aproveitar as alucinações que a falta de comida lhe dava pintando novos quadros e sentindo o mundo de um jeito diferente.
 
É possível ver estas experiências em "The Farmer’s Wife", um dos primeiros quadros do artista a mostrar grandes variações de escala ao longo do desenho, em que os grandes pés da esposa representam sua força no chão catalão.
 

"The Farmer's Wife" - 1922-23 - óleo s. tela

surrealismo de Miró não era parecido com os traços perfeitos de Dalí e Magritte, mas sim focado no simbolismo e no minimalismo que conseguia aplicar em seus desenhos de formas inusitadas. Segundo o pintor, quando foi apresentado por André Masson ao círculo surrealista, ninguém reparou em suas obras – provavelmente ninguém as tinha entendido.

Mesmo assim, o movimento surrealista lhe foi muito importante. Miró relata. “Pintar com todas essas regras (do cubismo) me estressava um pouco. Eu queria ir além disso. O cubismo abriu muitas portas, mas depois dele a pintura se tornou algo muito estático, estava somente preocupada com o plasticismo e eu queria dar um salto sobre isso, que me parecia muito limitado. Então, com os surrealistas eu encontrei o que estava procurando. Eu pude deixar o plasticismo estrito para trás e ir além”.
 

"Nord - Sud" - 1917 - óleo s. tela

A Guerra Civil Espanhola e a Segunda Guerra Mundial deixaram marcas no artista. Nesta época, ele estava vivendo na Espanha e lá produziu suas “pinturas selvagens”. Apesar disso, antes da eclosão da Segunda Guerra, Miró estava na França realizando novos trabalhos em tapeçaria e produzindo cenários de balés.
 

"Tapis de la Fundació" - tapeçaria criada como estudo do modernismo, na entrada da Fundação Miró, em Barcelona.
 
Após a Guerra Civil Espanhola, Miró já era conhecido no mundo todo e pintou murais de hotéis e universidades quando foi para Nova York. Ao retornar a Paris, em 1948, era um artista cultuado. Miró recebeu um prêmio de gravura na Bienal de Veneza, em 1954, e o mural que realizou para um prédio da UNESCO em Paris ganhou, quatro anos mais tarde, o Prêmio Internacional da Fundação Guggenheim. Em 1980, já perto de sua morte, Miró recebeu uma Medalha de Ouro de Belas Artes do rei Juan Carlos I.
 

UNESCO - dezembro 1957

Reza a lenda que enquanto estudava na Escola de Belas Artes de Barcelona, Miró
vendava os olhos e tentava pintar objetos sem nenhuma experiência visual. Utilizava o tato para se livrar das formas reais dos objetos escolhidos e dava liberdade para sua imaginação, se abstendo de regras para suas pinturas. Sua simbologia também é bem pessoal, com diversos personagens sendo representados por objetos característicos, como a representação do camponês catalão por um cachimbo, uma arma ou um boné.


"Interior holandês" - 1928
 
"Mais importante do que a obra de arte propriamente dita é o que ela vai gerar. A arte pode morrer; um quadro desaparecer. O que conta é a semente". Joan Miró
 
 
 
 





 

9 de dezembro de 2015

Biblioteca Pública de Birmingham



Biblioteca Pública de Birmingham é a maior biblioteca pública da Europa, tem 10 andares, jardim suspenso e wi-fi.


Localizada a cerca de 2 horas de Londres, a nova biblioteca de Birmingham deve atrair 3,5 milhões de frequentadores por ano, de acordo com as expectativas da organização. Com wi-fi gratuito em seus 10 andares e jardins suspensos, o prédio faz parte do plano de renovação da segunda maior cidade inglesa, mas já serve como referência a outras grandes bibliotecas no velho continente.
 
Inaugurado no dia 3 de setembro pela jovem paquistanesa Malala Yousafzai. A ativista, que foi levada para Birmingham para receber tratamento após ser baleada pelo Talibã por defender a educação de meninas em seu país, mora atualmente na cidade.

Em um momento em que o governo britânico tem fechado bibliotecas públicas pelo país, abatidas pela recessão, os números estimados para o espaço surpreendem.



A nova Biblioteca de Birmingham impressiona pela fachada, que contrasta com os edifícios históricos da região, e também pelos números. São 31 mil m2 de área e 400 mil títulos à disposição dos visitantes. É um centro de aprendizado, cultura e informação que convida o público a participar de cursos e assistir a peças de teatro, palestras e concertos. Projetado pela arquiteta Francine Houben, do escritório holandês Mecanoo, o edifício tem jardins suspensos e fachada de vidro envolvida por círculos de metal, que remetem à tradição artesanal desse município, berço da Revolução Industrial.
 


O interior é repleto de atrativos visuais, como volumes circulares, claraboias e escadas escultóricas. Admiradores de William Shakespeare encontram o Memorial Room, onde fica a extensa coleção de trabalhos do gênio inglês. O dramaturgo – nascido em Stratford-Upon-Avon, cidade na mesma região inglesa – é homenageado em um espaço histórico, remontado no topo do moderno edifício.

O ambiente intimista tem estilo vitoriano, com móveis e objetos de uma biblioteca de 1882 que foi realocada ali. É uma bela surpresa no topo do edifício.
 

 
Esta biblioteca tem um número significativo de coleções nacionais e internacionais como os arquivos Boulton e Watt. Destaca-se também o arquivo Bournville Village Trust, a coleção de livros infantis Parker, a coleção de bilhetes de transporte Wingate Bett, a recolha fotográfica Warwickshire e o arquivo do "British Institute of Organ Studies".

A sala fazia parte originalmente da segunda biblioteca da cidade, inaugurada em 1882 (após um incêndio ter destruído o primeiro prédio),  foi removida inteiramente e restaurada.
 


Apesar de a coleção shakespeariana ter se tornado maior do que a capacidade da sala já no início do século 20, ela ainda está abrigada no prédio. São 43 mil livros, incluindo as quatro primeiras coleções publicadas das peças teatrais do autor (conhecidos como "Folios") e edições raras de obras individuais impressas antes de 1709.

As prateleiras do espaço também dispõem de outros importantes acervos, que passam por digitalização para serem colocados à disposição do público. Alguns podem ser conferidos em mesas com touch screen, desenvolvidas especialmente para a biblioteca.

Uma das preciosidades é o arquivo da empresa Boulton & Watt, o mais importante da Revolução Industrial, com cerca de 29 mil desenhos industriais da época. No catálogo online, há menção da venda de uma máquina a vapor para a cunhagem de moedas para o Brasil, em 1811.

 

 
Boulton, Watt and Murdoch Statue

Entre as mais de 8,2 mil publicações datadas antes de 1701, estão três livros impressos em 1479 pelo primeiro gráfico inglês, William Caxton, em perfeito estado. A edição do "Birds of America" ("Aves da América"), publicado pelo naturalista John James Audubon na primeira metade do século 19, figura entre os mais caros do mundo devido sua raridade e é um dos destaques.

A biblioteca pública de Birmingham é a única no Reino Unido a ter uma das coleções nacionais de fotografias, com mais de 3,5 milhões de imagens.

Em outubro, o espaço deverá receber escritores renomados como Lionel Shriver (autora de "Precisamos Falar sobre Kevin" e "O Mundo Pós-Aniversário") e Carol Ann Duffy (escritora e poetisa escocesa, primeira mulher a ser indicada como "Poeta Laureado" do Reino Unido) durante o festival de literatura de Birmingham.

A expectativa é que a biblioteca se torne um novo destino turístico na região central da Inglaterra.

Conforme o diretor, Brian Gambles, o projeto totalizou £ 188,8 milhões (cerca de R$ 680,95 milhões) – £ 4,2 milhões (R$ 15,15 milhões) a menos do que o orçado. "É sobretudo um local de transformação: sobre como temos transformado a vida das pessoas, com educação, e sobre como tornar uma biblioteca para a era digital", ressalta.

Assista ao vídeo





2 de dezembro de 2015

Fotos de Thomas Roma no Parque de Cruising Gay no Brooklyn



Parque de Cruising Gay no Brooklyn por Thomas Roma

Apesar de já ter exposto no Museu de Arte Moderna e no Centro Internacional de Fotografia, e de ser o fundador e diretor do programa de fotografia da Universidade Columbia, Thomas Roma ainda não havia participado de uma exposição solo em Nova York. Com a abertura da Steven Kasher Gallery, suas obras já podem ser apreciadas na exposição "In the Vale of Cashmere".

Fotos em preto e branco tiradas entre 2008 e 2011 na área do Prospect Park, um lugar conhecido como Vale of Cashmere. Essa área do parque é fechada, acessível apenas por buracos na cerca, e é conhecida no Brooklyn como um local de "cruising" para homens gays.
 
Construído como um playground para crianças da região no final do século XIX, o parque hoje abandonado está coberto de mato mutante que só cresce no solo urbano. Foi criado um grupo para arrecadar recursos para reativar o local que sobreviveu ileso ao constante ciclo de renovações de Nova York, tanto que andar por ele dá uma sensação cinematográfica de estar de volta ao passado. Essa qualidade naturalmente anacrônica, amplificada pela fotografia em preto e branco e a luz filtrada pelas folhas, estão evidentes nas fotos de Roma.
 


"Essas imagens são sobre uma espécie de fugacidade", disse Roma em sua casa localizada no Brooklyn, entre o parque e o Cemitério Greenwood, onde ele e a esposa criaram o filho Giancarlo. "Conhecemos essa luz. Você sabe que essa luz direcional vai desaparecer. Você sabe disso porque está vivo, está no mundo, não porque é um fotógrafo."

Em entrevista Roma falou sobre luz, fotografia, a realização de coisas que não são boas para o crescimento como artista e ser humano. Falou sobre como foi visitar o parque três ou quatro vezes por semana, fazer essas fotos no curso de três anos e se tornar vulnerável às outras pessoas como um ato de amor. Em certo ponto, ele contou sobre fotografar um homem no parque enquanto a noite caía. ("Sei de um lugar onde ainda há alguma luz", o homem falou. "Venha comigo.")

 


Roma falou sobre a natureza extremamente política do tema e o que significa para um artista heterossexual branco fazer esse tipo de trabalho em 2015. Como resultado os retratos de "In the Vale of Cashmere" são belíssimos e suas paisagens líricas.

Thomas Roma: "Achei que levaria alguns meses, mas foram três anos e meio. Só fotografei umas seis ou sete pessoas nos primeiros meses. Eu fazia principalmente paisagens. Eu estava lá o tempo todo. Eu era alguém que era visto".

"A exposição de todos os retratos está (com o tempo usado para tirar as fotos) entre um e seis segundos. Foi a segunda vez que usei um tripé em todos esses anos, mas eu queria o tripé, pois isso era parte da minha fantasia. Eu não queria ser visto como alguém espreitando, que poderia aparecer do nada e tirar uma foto, e sim como alguém em pé atrás da câmera".



"Esse parece um lugar onde seria difícil fazer as pessoas concordarem em posar para uma foto. Parece que o isolamento é a principal razão para frequentar o lugar".

"Muitas das pessoas que acabei fotografando me viram de longe, deram algumas voltas e finalmente decidiram andar até onde eu estava caso eu estivesse tirando fotos de uma árvore ou algo assim. E eu converso com as pessoas".
 


Foto de Carl Spinella no apartamento de Dean Street, em 1974, retirada do livro de Thomas Roma The Waters of Our Time.

"Estou tentando ser invisível. Você vê uma foto, lê um romance, você pensa sobre o autor – até o autor te dar permissão para esquecer dele, pois ele escreveu tão bem que o romancista desaparece. Quero desaparecer nesses termos".
In the Vale of Cashmere está em exposição na Steven Kasher Gallery de Nova York até 19 de dezembro.


Sobre o artista


Thomas Roma (1950), mericano, fotógrafo trabalha desde 1974 explorando os bairros e instituições da sua terra natal, Brooklyn, fotografando cenas de igrejas, metrôs e vida cotidiana, usando uma câmera caseira.
 
Atualmente é professor de Artes, titular da Universidade de Columbia School 's, e Diretor do Departamento de Fotografia, fundado por ele. Ensinou fotografia na Universidade de Yale, Universidade de Fordham, A União Cooper, e na Escola de Artes Visuais.
 
Foi premiado com dois Guggenheim Fellowships e lançou dois livros, um no Museu de Arte Moderna e outro no  Centro Internacional de Fotografia, em Nova York.

Seu trabalho é destaque em inúmeras coleções, incluindo o Museu de Arte Moderna, o Museu San Francisco de Arte Moderna, do Instituto de Arte de Chicago, o County Museum of Art de Los Angeles e o Canadian Centre for Architecture em Montreal.

Para uma de suas coleções de fotografias, intitulada "Venha domingo", Roma participou com mais de 150 trabalhos religiosos em 52 igrejas no Brooklyn durante um período de três anos.
 


Thomas Roma na Sicília - 1986











11 de novembro de 2015

Museu de Arte Contemporânea de Bolzano, Itália



"Onde estamos indo dançar esta noite?" (obra reinstalada) - Goldschmied & Chiari - Museu de Arte Contemporânea de Bolzano.

Faxineira confunde obra de arte com sujeira pós-festa e 'faz limpeza' no Museion Bozen-Bolzano - Museu de Arte Contemporânea de Bolzano, Itália.


Uma obra de arte foi restaurada após ser confundida com sujeira e removida por uma faxineira em Bolzano, no extremo norte da Itália.

A funcionária do Museu achou que o trabalho chamado "Onde vamos dançar esta noite?", se tratava de uma bagunça deixada por uma festa realizada no local na noite anterior. A faxineira "limpou" o local e jogou todo o material fora.

A obra, exibida no Museu de Arte Contemporânea de Bolzano, é composta por bitucas de cigarro, garrafas vazias, confetes e um globo de espelhos.



Também conhecido como Museion Bozen-Bolzano, o espaço refez a instalação após obter o aval do duo Goldschmied and Chiari, artistas de Milão responsáveis pela obra. Segundo as artistas, os faxineiros do museu tinham separado os materiais para a reciclagem, o que possibilitou a remontagem.
 
A diretora do museu Letizia Regaglia, em declaração, disse que a equipe de limpeza foi avisada sobre o conteúdo da obra. "Dissemos a eles para apenas limpar o foyer, local que abrigou a abertura da exposição. Evidentemente, eles se confundiram".

Segundo seus idealizadores, a obra tem o objetivo de representar o hedonismo e a corrupção política vividos na década de 1980.


O espaço limpo após a "faxina".

De forma bem humorada, o museu disse que "teve má sorte com a nova faxineira" e pediu desculpas aos visitantes pelo incidente. A exibição foi reaberta logo em seguida ao acontecimento.

Um acidente similar ocorreu em Bari, no sul da Itália, em fevereiro do ano passado. Uma faxineira jogou fora trabalhos que faziam parte de uma instalação da galeria Sala Murat.



Detalhe da obra jogada fora na Sala Murat em Bari - Itália.

Segundo a empresa responsável pelo serviço de limpeza do local, a faxineira confundiu as peças, feitas de jornais e cartões, com lixo. Ela disse à época que estava "apenas fazendo seu trabalho".

O Museu de Arte Contemporânea de Bolzano já tem o tema do próximo evento da série. "Arte ou Lixo?".

Sobre "Onde vamos dançar esta noite?"


O trabalho de Goldschmied & Chiari descreve os restos que sobraram de uma festa acabada, uma metáfora, vista como a época de especulação financeira, do consumismo, televisão e partidos de massa - em suma, da abundância italiana. O título é inspirado pelo guia escrito pelos clubes políticos da península e pelo ministro das Relações Exteriores - na ocasião, Gianni De Michelis - com prefácio de Gerry Scotti. 


"Arte nutrientes" é o título da exposição, que envolve vários museus e instituições italianas, com o apoio da EXPO 2015.

Para a intervenção em Bolzano, Goldschmied & Chiari concentraram-se na época de abundância na Itália nos anos oitenta. Assim, nasceu a obra, uma metáfora da década, representada através da realização de um final de festa. "Os anos oitenta são para nós o estágio da infância, foi a era do consumismo, o hedonismo, a especulação financeira, a TV de massa, a política e os partidos socialistas". A instalação foi criada na casa estúdio do Museion.

"Onde vamos dançar esta noite?". É visível apenas no fechamento do museu, nas horas escuras, do crepúsculo ao amanhecer. O visor mostra o termino de uma festa abandonada como os restos de um banquete rico:. Escombros da abundância.


A nova instalação é a continuação do trabalho  "Genealogia da Damnatio Memoriae", de 2009, já presente na Museion.


A obra é composta por magnólias plantadas no jardim em frente ao Museu (lado Talvera). A casca é esculpida com as datas e locais de eventos históricos e violentos que ocorreram entre 1969 e 1980, na Itália, como o massacre de Piazza Fontana em Milão. Genealogias esculpidas na casca termina em 1980, assim como a era da abundância italiana começa nos anos oitenta. Condensada em uma visão amarga retratada pelas artistas. 



Sobre as artistas Goldschmied & Chiari

Sara Goldschmied (1975) e Eleonora Chiari (1971) formaram uma parceria em 2001, em Milão.

Goldschmied e Chiari trabalham com diferentes meios de comunicação, tais como fotografia, vídeo e instalação. Eles alcançaram reconhecimento internacional através de inúmeras exposições, colaborando com instituições de prestígio e museus na Itália e no exterior.

Participaram da Bienal de Veneza em 2009, Dublin Contemporânea, Bienal de Berlim, Vídeo Bienal de Tel Aviv, entre outras. Em 2012 ganharam o prêmio de melhores jovens artistas italianas do Museu de Arte Contemporânea de Castelo de Rivoli para a Fundação Rockefeller Bellagio Centro de Artes Criativas e muitos outros.


 






 

4 de novembro de 2015

"As Meninas" de Velázquez



"La Familia de Felipe IV" ou "Las Meninas" - Óleo sobre tela - 3,18 x 2,76 mts. - Pintura Espanhola - Séc. XVII - Diego Velázquez

"As Meninas", (1656) pintada por Diego Velázquez, o principal artista do Século de Ouro Espanhol. Atualmente no Museu do Prado em Madrid.
 
A composição enigmática e complexa da obra levanta questões sobre realidade e ilusão, criando uma relação incerta entre o observador e as figuras representadas. Por essas complexidades, "As Meninas" é uma das obras mais analisadas da pintura ocidental.

Pintado por Velázquez durante sua fase chamada "La Familia", onde o artista representava cenas do cotidiano. Na cena, a jovem Margarita, da Áustria, encontra-se cercada por sua pequena corte de damas e empregados. Não é um quadro estático, mas uma cena em movimento, onde os reis encontram-se refletidos no espelho, fazendo pose, exigindo mais um retrato de Velázquez que, empertigado frente ao grande cavalete (à esquerda) simula copiar o casal de soberanos. É o último e mais belo de todos os seus auto-retratos.
 
 
Infanta Margarita, da Áustria

A cena transcorre dentro de uma estância do Alcázar de Madri, decorada com uma série de quadros. Os personagens se agrupam em um primeiro plano juntamente com a figura principal, a infanta Margarita, que ocupa a parte central do grupo; a seu lado, Isabel Velasco e Agustina Sarmiento - "As meninas" - junto a esta última os irmãos María Bárbola e Nicolás Pertusato perto de um mastím que descansa com os olhos cerrados.

Atrás deles, na penumbra, aparecem Marcela de Ulloa e, segundo algumas fontes, Don Diego Ruiz de Azcona. À esquerda encontra-se a figura de Velázquez com seus instrumentos de trabalho diante de um grande cavalete que ocupa o ângulo do quadro.



No fundo da habitação, junto a uma porta aberta, encontra-se Don José Nieto de Velázquez, camareiro da rainha, que é o centro perspectivo da obra. Ressalta na parede de fundo um espelho onde aparecem refletidas as figuras dos reis Felipe IV e Mariana da Áustria.

Esta pintura, ficou nas dependências do Alcázar de Madri até o incêndio de 1734.
Veio para o Real Museu de Pintura e Escultura (atual Museu do Prado) no começo do século XIX, com obras procedentes da coleção real.

A pintura teve vários nomes, mas no Museu do Prado, no catálogo redigido por Pedro de Madrazo, em 1834, a obra foi chamada pela primeira vez "Las Meninas" - expressão de origem portuguesa com que se designava as acompanhantes de crianças reais no século XVII.

A harmonia e a disposição das figuras é perfeita, a luz que banha a sala parece difusa, refletida, como deveria ser a luz para a execução de uma boa pintura. O clima é tranqüilo e a menina, a princesa, ainda muito jovem, com cinco anos aproximadamente, está muito concentrada em algo externo ao quadro, a ponto de negligenciar o gesto da dama de honra que lhe oferece algo para beber.

A pintura foi terminada em 1656, data que encaixa com a idade que aparenta a infanta Margarida (aproximadamente cinco anos). Filipe IV e Dona Mariana costumavam entrar com frequência na oficina do pintor, conversavam com ele e às vezes ficavam bastante tempo vendo-o trabalhar, sem protocolo algum. Isto era algo muito repetido na vida normal do palácio e Velázquez estava acostumado a estas visitas.

O lugar onde trabalhava Velázquez era uma sala ampla do piso térreo do antigo Alcázar de Madrid que fora o aposento do príncipe Baltasar Carlos, falecido em 1646, dez anos antes da data de execução de "As Meninas". É precisamente este aposento que aparece retratado no quadro.

Conversa informal

Recentemente estive em Madri e visitei o Museu do Prado onde pude apreciar de perto essa enorme e impactante obra. Única, ocupa uma sala repleta de intenções, desejos e mistérios. Caravaggio! Sim, ele  está ali, um auto retrato em meio a sua mais fantástica obra. Podemos ficar horas apreciando, tentando entender, deleitando. Maravilhosamente indescritível!

Assista ao vídeo

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

28 de outubro de 2015

"A captura de Cristo" de Caravaggio



"The Taking of Christ" - "A captura de Cristo" - 1602 - Óleo sobre tela - 135.5 x 169.5 cm - Michelangelo Merisi de Caravaggio

A Galeria Nacional da Irlanda foi agraciada com o empréstimo da obra "A captura de Cristo" de Michelangelo Merisi de Caravaggio. A generosidade deve-se a  Dr. Marie Lea-Wilson.

Ao longo da história, muito poucos artistas provocaram mudanças tão radicais como Caravaggio em suas percepções pictóricas. A partir do momento em que seu talento foi descoberto, rapidamente ele se tornou o pintor mais famoso de seu tempo na Itália, e uma fonte de inspiração para centenas de seguidores em toda a Europa.

 
Feita por volta de 1605, a obra retrata o momento que Jesus Cristo é preso para ser crucificado. São sete figuras ao todo na pintura, dizendo-se que uma delas (o homem à direita que segura o lampião) é o auto-retrato do próprio Caravaggio.

"A Captura de Cristo" foi pintado por Caravaggio quando se encontrava no auge de sua fama, foi uma encomenda de Roman Marquis Ciriaco Mattei, no final de 1602.
 
Rompendo com o passado, o artista criou uma nova percepção visual da narrativa dos Evangelhos, reduzindo o espaço ao redor das figuras evitando qualquer descrição da configuração. Toda ênfase foi dirigida para a ação de Judas e dos guardas do templo mostrando um Jesus oprimido, que não oferecia resistência ao seu destino. O discípulo à esquerda que fugiu no momento da ação é São João Evangelista. Apenas a lua ilumina a cena: embora um homem do outro lado está segurando uma lanterna, que é na realidade uma fonte ineficaz. Caravaggio retratou-se, com a idade de trinta e um anos, como um espectador passivo da tragédia divina.

O momento da pintura é o chamado Beijo de Judas durante a prisão de Cristo. O fundo da obra é escuro e a luz destaca os personagens principais da cena, sendo essa uma característica das obras de Caravaggio.

O quadro esteve perdido por cerca de 200 anos, até ser encontrado na Companhia de Jesus na Irlanda, hoje exposta na Galeria Nacional da Irlanda, localizada no coração de Dublin, tendo com acervo as coleções de arte europeia e irlandesa. 

Curiosidade
 
A algum tempo atrás, a polícia alemã encontrou um quadro atribuído ao célebre pintor italiano Caravaggio (1571-1610), que havia sido roubado em 2008 do Museu de Arte Ocidental e Oriental de Odessa (sul da Ucrânia). Os quatro supostos autores do roubo - três ucranianos e um russo - foram detidos quando tentavam vender o quadro.

Segundo os agentes, a obra seria vendida por cem milhões de dólares no mercado negro. A obra "A Captura de Cristo", havia sido comprada por um embaixador russo na França. Mais tarde, foi presenteado ao príncipe Vladimir Alexandrovich Romanov no final do século XIX. Depois da Revolução de Outubro de 1917, foi transferido para a escola de arte de Odessa e então ao museu.

 
O quadro chegou a ser considerado uma cópia do exposto na National Gallery de Dublin, mas a crítica de arte moscovita Ksenia Malitskaïa demonstrou nos anos 1950 que a obra de Odessa havia sido pintada pelo próprio Caravaggio.


Assista ao vídeo









 

21 de outubro de 2015

Exposição "Frida Kahlo - conexões entre mulheres surrealistas no México" no Instituto Tomie Ohtake



Magdalena Carmen Frieda Kahlo y Calderón, conhecida apenas como Frida Kahlo (1907-1954).
 
Muito além das flores na cabeça e da monocelha, Frida deixou um grande legado para o mundo com suas pinturas, em especial para as mulheres. Símbolo da força e independência do universo feminino, a artista Mexicana estava muito à frente de seu tempo e, apesar de todos os percalços - como muitos problemas de saúde e um casamento conturbado - continuava cheia de vida.



Frida também teve grande influência para a moda, especialmente porque não sucumbiu ao padrão de beleza hollywoodiano de sua época, impondo seu próprio estilo e criando um personagem único. Aceitou aspectos de seu corpo que fugiam muito aos padrões da época, especialmente a sobrancelha unida e o buço.
 
Frida era cheia de contradições. Adotou as longas saias no estilo tehuana, da região de Oaxaca, no Sul do México, para esconder o defeito que possuía em uma das pernas, uma era mais curta que a outra, decorrente de uma sequela da poliomielite que teve na infância. As saias eram combinadas com corseletes e até com coletes de gesso que precisava usar devido a problemas na coluna com os quais conviveu a vida inteira após um acidente de bonde aos 18 anos.
 


O estilo tehuana, região onde predomina o sistema matriarcal, também pode ter sido a maneira encontrada por Frida para se impor e se manter altiva em um relacionamento marcado pelas traições de Diego Rivera. Por outro lado, os bordados coloridos, as flores delicadas, as rendas e as tranças, que lhe conferiam um visual alegre, foram sendo cada vez mais incorporados à medida que seus problemas de saúde se agravavam e sua dor aumentava.
 


Frida não sucumbia a outros estilos e era autêntica. Isso a ajudou a criar uma figura forte, que inspirou muitos estilistas ao longo dos anos. Alguns chegaram a dedicar coleções inteiras a ela. Foi o caso da Missoni (Primavera 2015), Valentino (Resort 2015), Moschino (Verão 2012), Kenzo (Inverno 2012), entre outros.



Capa da Revista Vogue

O público poderá conhecer um pouco mais da trajetória da sua vida através da exposição "Frida Kahlo - conexões entre mulheres surrealistas no México", no Instituto Tomie Ohtake em São Paulo.

Com curadoria de Teresa Arcq, a exposição revela uma intrincada rede que se formou no México, no início do século passado, tendo como eixo fundamental a figura de Frida Kahlo. A mostra conta com cerca de 100 obras de 16 artistas mulheres, nascidas ou radicadas no México. Cerca de 20 pinturas de Frida serão mostradas pela primeira vez no Brasil, proporcionando um amplo panorama de seu pensamento plástico. 


Serviço
 
Exposição: "Frida Kahlo - conexões entre mulheres surrealistas no México".

Onde: Instituto Tomie Ohtake
- Av. Faria Lima 201 - entrada pela R. Coropés, 88 - Pinheiros - São Paulo

Quando: Até 10 de janeiro de 2016 - de terça a domingo das 11h às 20h -
Duas sessões por dia: das 11h às 15h30 (entrada até as 15h); das 16h às 20h (entrada até as 19h).

Quanto: R$10 e R$5 (crianças até 10 anos, cadeirantes e deficientes físicos a entrada é gratuita todos os dias da exposição). Às terças-feiras a entrada é gratuita para todos. 

Conversa informal
 
Tendo em comum o fato de sermos artistas plásticas, mulheres e admiradoras de Frida Kahlo, algum tempo atrás formamos um grupo, Clara Marinho, Lú Salum, Rita Bassan, Sandra Scaffide, Silvia Fischetti e Aline Hannun, e montamos a exposição "Recuérdame" feita em homenagem à artista.

O que mais nos motivou foi a sua força interior, a riqueza do conteúdo das obras e a paixão de viver sua arte.

Vida e obra não se separaram jamais! Frida vivia intensamente cada momento com seu coração afetuoso. Foi uma artista apaixonada pelo que fazia e por isso despertou muitas paixões.

Recordar Frida Kahlo foi um grande prazer, pois tornou possível resgatar aspectos femininos que alimentamos como artistas e como mulheres.

 
Algumas das obras expostas na exposição "Recuérdame" 
 


"Casa Azul", "Casa Azul com flores" - acrílica s. tela - Aline Hannun



Objetos em vidro - Clara Marinho



"Intimidade" - encáustica s. tela - Lú Salum



"Vida II" - acrílica e bordado s. tela - Rita Bassan



"Coração de Frida" - mista s. tela - Sandra Scaffide



"Libélula" - acrílica s. tela - Silvia Fischetti



"Frida Kahlo - Auto retrato" - painel de abertura da exposição pintado por todas as artistas - acrílica s. tela.



"O Diário de Frida Kahlo" - Aline Hannun


Poema - Diário da Frida Kahlo

Diário da vida. Diário da Frida. Frida que não "Kahla".
Fala, grita, exala sentimento, cor e dor.
Dor de Amor. Amor Paixão. Paixão Diego.
Viril, egoísta, vaidoso, comunista.
Artista de valor. Pinzón Amor de Frida.
Dor da vida, maior que a dor da morte,
Do corte, da falta de sorte.
Trincada, fadada à dor da Alma,
do Ventre, do Coração.
Em busca de uma Razão?
Para que viver então...

Aline Hannun





 

7 de outubro de 2015

Commedia Dell'Arte Ap 21/09



A "Commedia Dell'Arte" foi uma forma de teatro popular que apareceu no século XV, na Itália, e se desenvolveu posteriormente na França, permanecendo até o século XVIII. Veio se opor à “Comédia Erudita”, também sendo chamada de "Commedia All'Improviso" e “Commedia a Soggetto”.

Suas apresentações eram realizadas nas ruas, praças públicas e, ocasionalmente, na corte, por artistas profissionais. As companhias eram itinerantes e possuíam uma estrutura de esquema familiar. Ao chegarem a cada cidade, pediam permissão para se apresentarem nas suas carroças ou em pequenos palcos improvisados. Os atores seguiam apenas um roteiro simplificado (canovaccio) e tinham total liberdade para improvisar e interagir com o público. Criaram um novo estilo e uma nova linguagem, caracterizadas pela utilização do cómico, ridicularizando militares, prelados, banqueiros, negociantes, nobres e plebeus, o objetivo era o de entreter um vasto público que lhe era fiel, provocando o riso através do recurso à música, à dança, a acrobacias e diálogos pejados de ironia e humor.

As soluções para determinadas situações foram sendo interiorizadas e memorizadas, os atores se limitavam a acrescentar pormenores que o acaso suscitava, ornamentados com jogos acrobáticos.
 

O elevado número de dialetos que se falava na Itália pós-renascentista determinou a importância que a mímica assumiu neste tipo de comédia. O seu uso exagerado servia, não só o efeito do riso, mas a comunicação em si.

As companhias, formadas por dez ou doze atores, apresentavam personagens tipificados. Cada ator desenvolvia e especializava-se num personagem fixo, cujas características físicas e habilidades cómicas eram exploradas até ao limite. Variavam apenas as situações em que os personagens se encontravam. O comportamento destes personagens enquadrava-se num padrão: o amoroso, o velho ingénuo, o soldado, o fanfarrão, o pedante e o criado astuto. Scaramouche, Briguela, Isabela, Columbina, Polichinelo, Arlequim, o Capitão Matamoros e Pantaleone foram os personagens que esta arte celebrizou e eternizou.



Importante na caracterização de cada personagem era o vestuário, e em especial as máscaras. As máscaras utilizadas deixavam a parte inferior do rosto descoberto, permitindo uma dicção perfeita e uma respiração fácil, ao mesmo tempo que proporcionavam o reconhecimento imediato da personagem pelo público.
 

As peças giravam em torno de encontros e desencontros amorosos, com um inesperado final feliz. As personagens representadas inseriam-se em três categorias: os enamorados, os velhos e os criados (zannis). Estes últimos constituíam os tipos mais variados e populares. Havia o zanni esperto, que movimentava as ações e a intriga, e o zanni rude e simplório, que animava a ação com as suas brincadeiras atrapalhadas. O mais popular era, sem dúvida, Arlequim, o empregado trapalhão, ágil e malandro, capaz de colocar o patrão ou a si próprio em situações confusas, que desencadeavam a comicidade.
 
 
Arlequim
 
No quadro de personagens, merecem ainda destaque Briguela, um empregado correto e fiel, mas cínico e astuto, e rival de Arlequim, Pantaleone (Pantaleão), um velho fidalgo, avarento e eternamente enganado. Papel relevante era ainda o do Capitano (Capitão), um covarde que contava as suas proezas de amor e em batalhas, mas que acabava sempre por ser desmentido. Com ele procurava-se satirizar os soldados. 
 
 
Briguela



Pantaleone

A precariedade dos meios de transporte, vias e as consequentes dificuldades de locomoção, determinavam a simplicidade e minimalismo dos adereços e cenários. Muitas vezes, estes últimos resumiam-se a uma enorme tela pintada com a perspectiva de uma rua, de uma casa ou de um palácio. O ator surge assim como o elemento mais importante neste tipo de peças. Sem grandes recursos materiais, eles tornaram-se grandes intérpretes, levando a teatralidade ao seu expoente mais elevado.

A Commedia Dell’Arte esbarra, de forma paradoxal à liberdade de criação, com a limitação de interpretação, pois quando um ator fica especialista em sua personagem, fazendo apenas um determinado papel, se torna repetitivo e “pobre” em relação a maior característica da Arte: a inovação. Mesmo assim, a Commedia Dell’Arte marcou o ator e a atriz como sendo a base do teatro.
 


No século XVIII a Commedia Dell’Arte entrou em declínio, tornando-se vulgar e licenciosa, então alguns autores tentaram resgatá-la criando textos baseados em situações tradicionais deste estilo de teatro, mas a espontaneidade e a improvisação textual lhe era peculiaridade central, então a Commedia Dell’Arte não tardou a desaparecer. Um dos autores que muito trabalhou para este resgate foi o dramaturgo italiano Carlo Goldoni (1707-1793).