Sobre as Sombras na Aquarela

Tudo começou com as nuvens.

A ideia surgiu da necessidade de mostrar a evolução de uma pesquisa feita sobre monocromia através da técnica da aquarela e colagem.

Foi à partir do meu olhar nas nuvens que surgiu o "momento sombras na aquarela". Após a escolha do suporte, as imagens começaram a brotar em minha mente de forma aleatória, de modo claro e objetivo, facilitando o desenvolvimento do trabalho. O fundo branco do papel, muitas vezes em destaque, realça as nuances e sobreposições das camadas, contrastando tons claros e escuros, assim como a luminosidade, algumas vezes oscilante, mais ou menos intensa, que brinca, sugerindo formas, movimentos e até mesmo sensações, destacando as características da aquarela aliada à colagem.

As inúmeras possibilidades que o tema oferece, associadas à técnica, tráz como resultado a simplicidade da proposta que, destacando a cor pura, em contraste com o papel, evidencia um grande prazer em criar.

Aline Hannun

24 de setembro de 2012






Beatriz Milhazes: primeira artista brasileira a ganhar retrospectiva no Malba em Buenos Aires
 
A exposição da artista plástica Beatriz Milhazes, foi aberta no último dia 15 no Malba Museo de Arte Latinoamericano de Buenos Aires, e rompe algumas tradições. Trata-se da primeira retrospectiva de sua obra num museu hispano-americano e a primeira de um artista brasileiro no Malba, uma instituição especializada na arte do continente. 

"É impressionante como falta diálogo entre as culturas e como há dificuldades para organizar coisas entre os nossos países", disse Milhazes.
 
Para introduzir aos argentinos seu trabalho, de projeção internacional reconhecida, a artista e o curador da mostra, o francês Frederic Paul, resolveram fechar o recorte apenas nas pinturas. Ficaram de fora as colagens, gravuras e outros gêneros. "Como primeira mostra, achei bom focar naquilo que é o centro da minha produção desde os anos 1980", diz Milhazes
 
As mais de 30 telas estão distribuídas de forma generosa no segundo piso do museu, que conta com bastante luz natural, ajudando a projetar as cores de suas telas. 


 
O Mágico - 2001- compõe a exposição de Beatriz Milhazes no Malba

A disposição das obras não obedece uma ordem cronológica, mas sua organização permite distinguir as diversas fases de seu trabalho, do início com muitas referências da cultura brasileira até a fase atual, mais abstrata. 

Vieram quadros de coleções latino-americanas e dos EUA, entre eles Os Pares (1999), O Caipira (2004) e Pierrot e Colombina (2009). Na abertura da sala, está uma cortina realizada para um dos espetáculos de dança de sua irmã, a coreógrafa Marcia


 
Pierrot e Colombina



Cenografía para o espetáculo de dança  
 
Milhazes diz que não sabe como será a recepção do público argentino a seu trabalho, mas adianta que as diferenças entre percepções de distintos países não obedece a questões geográficas. A artista diz que no México foi mais difícil ser entendida do que na Alemanha. "O México tem uma tradição figurativa, expressionista e com uma carga dramática que dificulta a leitura do tipo abstrato que eu desenvolvo. Já a Alemanha e a Inglaterra tiveram uma compreensão imediata porque têm forte relação com essa tradição", resume.
 
A exposição fica em cartaz em Buenos Aires até o dia 19 de novembro.
 
Sobre Beatriz Milhazes

Beatriz Milhazes nasceu no Rio de Janeiro, 1960 é pintora, gravadora, ilustradora e professora. A sua trajetória pelas artes plásticas começou em 1980. Em 1997, participou como ilustradora do livro As Mil e Uma Noites à Luz do Dia: Sherazade Conta Histórias Árabes, de Katia Canto.

Seu estilo

A cor é um elemento onipresente na obra de Beatriz Milhazes. Seu repertório estrutural inclui a abstração geométrica, o carnaval, o modernismo, f
lores, arabescos, alvos e quadrados. Milhazes eventualmente usa a colagem na superfície da tela e aplica adicionais para viabilizar as obras como pintura, decalque, justaposição e sobreposições.

Suas obras da década de 1980 revelam uma tensão entre figura e fundo, entre representação e ornamentalismo. Posteriormente, faz opção por uma pintura de caráter decididamente bidimensional. Beatriz Milhazes revela sensibilidade no uso da cor, como nas obras O Príncipe Real (1996) ou As Quatro Estações (1997). Na tela Mares do Sul (2001), Milhazes estabelece um jogo com o gênero da paisagem. Em trabalhos mais recentes, utiliza constantemente formas como estrelas e espirais e as cores tornam-se mais luminosas, como em Nazaré das Farinhas (2002).
 


O Principe Real
 
 
As Quatro Estações 
 

 
Mares do Sul 
 

 
Nazaré das Farinhas  
 
Técnica
 
A artista trabalha freqüentemente com formas circulares, sugerindo deslocamentos ora concêntricos ora expansivos. Na maioria dos trabalhos, prepara imagens sobre plástico transparente, que são descoladas, como películas, e aplicadas na tela por decalque. Aglomera as imagens, preenchendo o fundo e retocando a imagem final. Os motivos e as cores são transportados para a tela por meio de colagens sucessivas, realizadas com precisão. A transferência das imagens da superfície lisa para a tela faz com que a gestualidade seja quase anulada. As numerosas sobreposições não apresentam, nenhuma espessura: os motivos de ornamentação e arabescos são colocados em primeiro plano. O olhar do espectador é levado a percorrer todas as imagens, acompanhando a exuberância gráfica e cromática presente em seus quadros.

"Estou interessada no conflito. E no momento que você adiciona mais cores, um conflito sem fim é iniciado. Portanto é um movimento constante em seus olhos, em você mesmo, em seu corpo…e eu gosto.”

Milhazes já teve obras vendidas em leilão por mais de um milhão de dólares.

Assista ao vídeo

 





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