Sobre as Sombras na Aquarela

Tudo começou com as nuvens.

A ideia surgiu da necessidade de mostrar a evolução de uma pesquisa feita sobre monocromia através da técnica da aquarela e colagem.

Foi à partir do meu olhar nas nuvens que surgiu o "momento sombras na aquarela". Após a escolha do suporte, as imagens começaram a brotar em minha mente de forma aleatória, de modo claro e objetivo, facilitando o desenvolvimento do trabalho. O fundo branco do papel, muitas vezes em destaque, realça as nuances e sobreposições das camadas, contrastando tons claros e escuros, assim como a luminosidade, algumas vezes oscilante, mais ou menos intensa, que brinca, sugerindo formas, movimentos e até mesmo sensações, destacando as características da aquarela aliada à colagem.

As inúmeras possibilidades que o tema oferece, associadas à técnica, tráz como resultado a simplicidade da proposta que, destacando a cor pura, em contraste com o papel, evidencia um grande prazer em criar.

Aline Hannun

31 de março de 2014

Pintor Edward Hopper tem a sua trajetória contada em filme e documentário



'Gas' - óleo s/ tela - 1940 - obra exibida na TV


SOBRE O DOCUMENTÁRIO

Edward Hopper citou Renoir em uma entrevista dizendo que "o importante em um quadro não pode ser explicado". O artista, que passou parte de sua trajetória quase incompreendido em sua cidade, Nova York, é tema do documentário "Edward Hopper e a Tela em Branco".

Dirigida por Jean-Pierre Devillers, a produção refaz a trajetória do artista, recuperando aspectos da infância, passando pelo casamento conturbado, até sua morte, em 1967.
 
Entrevistas dadas pelo próprio pintor pontuam o documentário. Hopper conta, por exemplo, que fazia ilustrações só para ganhar dinheiro. "Meu interesse não era genuíno", disse. Esses trabalhos eram alegres, bem diferentes de seus quadros, povoados por figuras melancólicas ou que sugerem aflição.

"Ele nos leva a pensar no que vai acontecer a seguir (após a cena do quadro). É uma qualidade que não conhecia nas pinturas", diz o cineasta Wim Wenders, que admite tê-lo como referência.

Hopper, apesar do talento, só conseguiu viver de sua arte a partir dos 42 anos.
 
SERVIÇO

Documentário: "EDWARD HOPPER E A TELA EM BRANCO"


Classificação: Livre


SOBRE O FILME
 


Imaginar histórias para imagens de um instante, eis o desafio de "Hopper Stories", que une oito europeus com a missão de transformar quadros do pintor norte-americano Edward Hopper (1882-1967) em curtas-metragens.

O filme é composto por episódios que vão de uma animação sobre um rompimento amoroso, de Valérie Pirson, inspirado em "Noite de Verão", de 1947, a um passeio atento da câmera pelas pinceladas de "Sol num Quarto Vazio", quadro de 1963 filmado pelo ator e diretor Mathieu Amalric.


'Morning Sun' - Edward Hopper


"Night Windows" - Edward Hopper

"O quadro escolhido por Amalric estava numa coleção privada e não sabíamos onde. Mathieu finalmente descobriu o colecionador, perto da cidade de Washington. Ele filmou o quadro durante horas", conta o produtor do filme, Didier Jacob.

Edward Hopper é considerado um dos grandes nomes da arte dos Estados Unidos do século 20. Seus quadros frequentemente retratam a vida íntima de personagens vistos em janelas e vitrines, atravessadas pela luz que demarca as diferenças entre o exterior e o interior.

A partir do sucesso de uma extensa retrospectiva de Hopper no Grand Palais, em Paris, no ano passado, o produtor Jacob e sua equipe propuseram o projeto ao canal franco-alemão Arte.

"Nós sugerimos convidar realizadores europeus a fazer pequenos filmes em torno de um quadro que eles escolhessem", diz o produtor.

Além de mostrar o fascínio que as pinturas realistas de Hopper exercem sobre cineastas, Jacob estava curioso para saber quais histórias poderiam ser desenvolvidas. "Mais ainda, queríamos ver como realizadores europeus iriam trabalhar com essa arte tão emblemática da cultura americana", diz.

A produção apenas cuidou para que alguém escolhesse "Aves da Noite", o conhecido quadro da cafeteria. A imagem serviu de inspiração à diretora francesa Sophie Barthes ("Almas à Venda"). Em uma comédia à la Woody Allen, ela faz a mulher sair da tela "Sol da Manhã", de dentro do ateliê de Hopper, passear por Nova York e acabar na pintura da cafeteria.

"Pudemos dar aos realizadores a possibilidade de entrar em um quadro e sonhar livremente a partir das imagens", afirma Jacob.


SERVIÇO

Filme - HOPPER STORIES

Direção: Dominique Blanc, Hannes Stöhr, Martin de Thurah, Mathieu Amalric, Sophie Barthes, Sophie Fiennes, Valérie Mréjen, Valérie Pirson

Produção: França, 2013

Classificação: livre

 
SOBRE EDWARD HOPPER
 
Nascido no estado de Nova Iorque, Hopper estudou arte comercial e pintura na cidade de Nova Iorque. Um dos seus professores, o artista Robert Henri, encorajava seus estudantes a usar suas artes para "fazer um movimento no mundo". Henri, uma influência para Hopper, motivou estudantes a fazerem descrições realistas da vida urbana. Os estudantes de Henri, muitos dos quais desenvolveram-se artistas importantes, tornaram-se conhecidos como Escola de Ashcan de arte norte-americana.
 

 
"Auto Retrato" - Edward Hopper

Ao completar sua educação formal, Hopper fez três viagens pela Europa para estudar a cena emergente de arte européia, mas diferente de muitos de seus contemporâneos que imitavam as experiências abstratas do cubismo, o idealismo dos pintores realistas ressonou com Hopper. Ele logo projetou os reflexos da influência realista.

Enquanto trabalhou por vários anos como artista comercial, Hopper continuou pintando. Em 1925 ele produziu "Casa ao lado da ferrovia", um trabalho clássico que marcou sua maturidade artística. A obra é a primeira de uma série da cena totalmente urbana e rural de linhas finas e formas largas, feita com uma iluminação incomum para capturar a solidão que marca sua obra. Ele trouxe seu tema das características comuns da vida Norteamericana - estações de gasolina, hotéis, ferrovia, ou uma rua vazia.
 

 
"Casa ao lado da ferrovia" - Edward Hopper 
 

 
"Drugstore" - Edward Hopper
 
Hopper continuou pintando na sua velhice, dividindo seu tempo entre a Cidade de Nova Iorque e Truro, Massachusetts. Ele morreu em 1967, no seu estúdio próximo ao Washington Square Park, na Cidade de Nova Iorque. Sua esposa, a pintora Josephine Nivison, que morreu dez anos depois que Hopper, doou seu trabalho ao Whitney Museum of American Art. Outros trabalhos importantes de Hopper estão no Museu de Arte Moderna de Nova Iorque, no The Des Moines Art Center, e no Instituto de Arte de Chicago


Assista ao vídeo com algumas de suas obras
 

 
 
 
 
 
 
 
 

28 de março de 2014

O Hiper-realismo de Ron Mueck no Rio de Janeiro





Obras do artista australiano estão na América Latina pela primeira vez. No Brasil, elas serão expostas somente no Rio. 

Uma escultura de uma mulher com as sacolas de compras vem sendo a peça que mais desperta a atenção do público na exposição "Ron Mueck", promovida pela Fundação Cartier, que se apresenta no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, após passar por Paris e Buenos Aires.

Além das sacolas, a mulher, vestida com um sobretudo, carrega um bebê. E, enquanto é observada pela criança, ela direciona seu olhar para outra direção. O rosto da personagem é expressivo, com rugas e olheiras que sinalizam cansaço.


Mulher que traz o bebê dentro do sobretudo tem 113 centímetros de altura.
 
É o hiper-realismo das esculturas do artista australiano Ron Mueck que impressiona os visitantes —mais de 400 mil na primeira escala desta mostra, em Paris, no início do ano passado, e cerca de 170 mil em Buenos Aires.

São nove esculturas que contrastam pela discrepância na proporção de cada uma. Sentada, a idosa, em traje de banho e sob um guarda-sol, mede mais de dois metros de altura. O homem, deitado em seu colo, mantém dimensões semelhantes.



Mueck não justifica suas escolhas, nem fala sobre suas motivações na criação de cada peça. Seguindo o padrão de Paris e Buenos Aires, cada obra exposta no MAM tem uma ficha de identificação com informações básicas como título e ano de produção.

"Mueck não considera necessário contar a história da obra. Para ele, mais importante é o que o espectador sente ao ver a escultura", disse Charles Clarke, assistente do artista, que coordenou a montagem das peças no MAM. Mueck não veio ao Brasil.

Faz parte da exposição um documentário sobre o processo de produção do australiano, que mora em Londres.

Em seu estúdio, ele usa, por exemplo, materiais como fibra de vidro e silicone para reproduzir a textura da pele dos personagens. Mueck desenvolveu algumas técnicas no período em que trabalhou com a produção de efeitos especiais para a indústria do cinema nos anos 1980.

Na década seguinte, ele iniciou sua incursão na arte. Sua produção ao longo da carreira se resume a 40 esculturas, aproximadamente.



"Nove peças em uma exposição poderia ser considerado pouco. Mas, no caso de Mueck, representa quase um quarto da obra", disse Grazia Quaroni, curadora da mostra.

A serviço da Fundação Cartier, ela mantém contato direto com Mueck —a ponto de saber a história que levou à criação da escultura da mulher com as sacolas de compras.

"Ele viu esta cena quando andava pela rua e fez um desenho com a imagem da mãe sendo observada pelo bebê. Em outra ocasião, ele encontrou outra mulher na rua, na mesma situação. A partir daí decidiu criar uma obra para registrar aquele momento", contou Grazia.


Detalhe da escultura mulher com sacolas de compras

De acordo com a curadora, a mulher retratada não existe, de fato: "Mas a cena captada por ele faz parte do nosso cotidiano".
 
 
SERVIÇO

RON MUECK

QUANDO: De terça a sexta, das 12h às 18h; sábado, domingo, e feriados, das 12h às 19h; até 1/6/2014


ONDE: MAM Rio - Av. Infante Dom Henrique, 85, tel. (21) 3883-5600


QUANTO: R$ 14

Assista ao vídeo com algumas de suas obras
 
 
 

26 de março de 2014

Exposição A MAGIA DE MIRÓ chega na Caixa Cultural São Paulo

    "La Cascade "- Gravura

A Magia de Miró na Caixa Cultural de S.P.


Miró elegeu a liberdade como modo de viver e de pintar, transpondo as fronteiras entre a pintura e a poesia. Em suas criações, experimentou inúmeras possibilidades de formas e de cores, compondo um mundo próprio, de sonhos e de magia.

Um convite para esse universo onírico é que sugere a exposição “A Magia de Miró, desenhos e gravuras”, que se apresenta na Caixa Cultural São Paulo.

Sob curadoria de Alfredo Melgar, conde de Villamonte e fotógrafo galerista em Paris, a exposição possui 69 obras do artista espanhol e 23 fotografias em P&B de Miró registradas por Melgar. Inédita no Brasil, “A Magia de Miró” já foi realizada em prestigiadas galerias de arte e museus da Europa, América e Oceania.


Detalhe do desenho Personnage, oiseaux

Na inauguração houve uma palestra com o galerista e curador Alfredo Melgar, e a Slow Art Intervention, uma atividade paralela em frente ao prédio da Caixa Cultural São Paulo. O intuito é levar a arte para as ruas através da exibição ao ar livre de um documentário sobre a vida de Miró.
 

Desenho "Femme devant la lune"

Após a temporada em São Paulo, a exposição segue para as unidades da Caixa Cultural em Curitiba (20 de maio a 20 de julho de 2014), Rio de Janeiro (28 de julho a 28 de setembro de 2014), Recife (7 de outubro a 7 de dezembro de 2014) e Salvador (16 de dezembro de 2014 a 8 de fevereiro de 2015)

Conversa informal

Na década de 1970, o espanhol Alfredo Melgar Alexandre, conde de Villamonte, teve a oportunidade de ter contato próximo com o artista catalão Joan Miró (1893-1983), o mais surrealista dos surrealistas, definiu o poeta André Breton. “Era um grande experimentador, um homem livre”, diz Melgar, enquanto chama a atenção para o detalhe de dois desenhos sobre cortiça feitos em 1971 pelo pintor, escultor, gravador e ceramista. Esses trabalhos, “raros” porque somente existem dois outros deles no mundo, integram a exposição "A Magia de Miró".


Obra da mostra 'A Magia de Miró': Trabalho conjunto do fotógrafo e curador Alfredo Melgar e do pintor.

Os traços leves de Miró – geralmente, em preto, habitando composições com cores primárias (vermelho, azul e amarelo) – se fazem presentes nos desenhos e gravuras. Além de usar a cortiça como suporte, é possível ver que Miró não se prendia ao papel para desenhar; fez uso de lixa e papelão, por exemplo. Nas gravuras da exposição, muitas delas, provas de artista, é o exercício colorido do catalão que se destaca.
 

Retrato de Joan Miró com obra de Alexander Calder feito pelo conde e fotógrafo Alfredo Melgar

O conjunto de obras pertence ao espanhol Alfredo Melgar, que assina a curadoria da exposição. O conde, também fotógrafo, galerista e editor em Madri, conta que coleciona arte desde os anos 1970, destacando, em seu acervo, peças dos escultores Alexander Calder e Eduardo Chilida. “Fotografei para artistas e muitas vezes recebi deles suas obras em troca de meus serviços.” Em um texto, Melgar conta como foi a primeira aproximação que teve com Miró – o catalão o convidou a visitar seu estúdio em Palma de Mallorca quando soube que ele era “um excelente fotógrafo”. “Eu tinha menos de 30 anos, minha obra fotográfica era escassa e não estava, desde logo, à altura das palavras de Miró.”


Desenho Chien

A exposição dedica sala especial a uma seleção de 23 retratos em preto e branco, que Alfredo Melgar fez do artista catalão durante visitas a seu ateliê. “Realizei algumas dessas fotografias poucos dias antes de sua morte”, conta. Em uma delas, por exemplo, Joan Miró, já velho, segura uma escultura de metal, seu retrato criado de maneira divertida pelo norte-americano Calder, o autor dos móbiles – a peça é destacada, ainda, em outras imagens da mostra. Para Alfredo Melgar, que também era fã de “Sandy” Calder, Miró foi o “primeiro grande pintor do século 21, mesmo que tenha nascido no século 20”.

Serviço:

Exposição “A Magia de Miró”

Quando: Até 20 de abril de 2014 (terça-feira a domingo) das 9h às 19h

Onde: Caixa Cultural São Paulo - Praça da Sé, 111 – Centro – São Paulo 


Quanto: Entrada franca

Informações: (11) 3321-4400





24 de março de 2014

O movimento Concretista nas artes plásticas



Theo van Doesburg

O Concretismo (décadas de 1950 e 1960)

Movimento de
arte abstrata marcado pelo uso de figuras geométricas e pela elaboração baseada no raciocínio. Esse movimento artístico foi criado pelo grupo paulista Ruptura, formado pelos artistas Haroldo de Campos, Geraldo de Barros e Valdemar Cordeiro.

No Rio de Janeiro, surge o grupo Frente que contesta a arte concreta e inicia o neoconcretismo. Aproximando-se da
pop art e da arte cinética, elaboram obras de arte valorizando a luz, o espaço e os símbolos.

Surgiu como uma evolução do Abstracionismo e não como uma oposição a esse movimento e deve ser compreendida como parte do movimento abstracionista moderno, com raízes em experiências como a do grupo De Stijl (O Estilo), criado em 1917, na Holanda por Piet Mondrian (1872 – 1944), Theo van Doesburg (1883 – 1931), entre outros.



Composition I (Still Life). 1916. oil on canvas. 67 × 64 cm. Otterlo, Kröller-Müller Museum.




Piet Mondrian, Quadro II, 1921, óleo sobre tela, 90X60cm
 
Segundo Van Doesburg, qualquer ser da natureza, quando pintados, passa a ser uma abstração. Dentro dessa perspectiva, não tem sentido chamar de arte abstrata, obras que não são figurativas. O quadro, construído exclusivamente com elementos plásticos – planos e cores -, não tem outra significação senão ele próprio.
 
Max Bill explora essa concepção de arte concreta defendendo a incorporação de processos matemáticos à composição artística e a autonomia da arte em relação ao mundo natural. A obra de arte não representa a realidade, mas evidencia estruturas, planos e conjuntos relacionados, que falam por si mesmos. Assim faz a distinção entre o Abstracionismo e o Concretismo. Apesar disso, a expressão “arte abstrata” prevaleceu na terminologia de muitos artistas e críticos para indicar as obras não figurativas.



Bill é o principal responsável pela entrada desse ideário plástico na América Latina, sobretudo na Argentina e no Brasil. A exposição do artista em 1951 no Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand – Masp, bem como a presença da delegação suíça na 1ª Bienal Internacional de São Paulo, no mesmo ano, abrem as portas do país para as novas tendências.

Na dinâmica desse contexto, o movimento concretista que começa a surgir no Brasil, tenta superar a arte ainda prestigiada de Portinari, Di Cavalcanti e Segall.

Depois da 1ª Bienal, os concretistas brasileiros estavam concentrados em dois grupos: o Grupo do Rio de Janeiro ( menos rígido quanto às formas geométricas): Lygia Clark (1920-1988), Hélio Oiticica (1937-1980), entre outros e o Grupo de São Paulo (mais rígido quanto aos princípios matemáticos da arte concreta e às possibilidades do movimento como efeito ótico de linhas e cores): Waldemar Cordeiro (1925-1973), Luiz Sacilotto (1924 – 2003) entre outros exponenciais da época.
 

 
Hélio Oiticica - R.J.
 
 

 
Lygia Clarck - R.J.
 
 

 
Waldemar Cordeiro - Broadway - S.P.
 
 

 
Luiz Sacilotto - S.P.











21 de março de 2014

Yoko Ono no Museu Guggenheim de Bilbao



Yoko Ono realiza performances antes de inaugurar exposição em Bilbao

A artista plástica, cantora e performer Yoko Ono realizou recentemente três performances no Museu Guggenheim de Bilbao, na Espanha, em um auditório lotado.

As encenações introduziram a esperada exposição "Yoko Ono. Half-A-Wind Show", que será inaugurada na pinacoteca da cidade espanhola.

A exposição reúne cerca de 200 obras de quase seis décadas de produção da artista.


 
A viúva de John Lennon realizou as performances "Sky Piece to Jesus Christ" e "Promise Piece", além da mais recente "Action Painting", em uma nova versão criada especificamente para o Guggenheim Bilbao.



Yoko Ono, 80, artista conceitual japonesa

Na primeira delas, "Sky Piece to Jesus Christ", voluntários ataram Yoko entre os integrantes de uma orquestra de câmara até que os músicos não conseguissem mais tocar.
 


O público interagia e achava graça, enquanto os músicos, transformados em casulos, tentavam tocar entre as frestas que restavam, ação que, segundo ela, representa a luta contra as ataduras cotidianas.

Na sequência, Yoko deu início a "Action Paiting", executada pela primeira vez há dois anos. Nesta, a artista pintou com tinta "sumi", preto sobre branco, alguns caracteres de caligrafia japonesa. Em Bilbao, a obra contou com um número maior de telas que sua versão anterior —11, no total.

 


Depois, tomou a palavra para explicar a ação: "Na escola elementar, todas as crianças japonesas cantavam uma oração na qual um guerreiro queria atravessar sete desgraças e oito sofrimentos para contribuir com um mundo melhor. "Me parecia algo incrível. Eu queria ser assim", lembrou.

"Com o tempo, eu me esqueci dessa oração e muitas desgraças me aconteceram. Até que, em certo momento, achei que isso já era demais e disse 'basta!'. Transformei essas sete desgraças e oito sofrimentos em sete felicidades e oito tesouros, aqui representados" (nos caracteres da caligrafia japonesa), completou.

A terceira e última "performance" se tratava de um clássico: "Promess Piece", executada pela primeira vez em Londres em 1966.



Naquela ocasião, Yoko Ono quebrou uma jarra no palco e pediu ao público que pegasse os pedaços, prometendo reuni-los depois de dez anos para recompor a jarra.

Em Bilbao, a representação incluiu duas jarras, uma que permaneceu intacta e outra que se repartiu em diversos pedaços, com a mesma promessa de voltá-los a reunir dentro de uma década.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

19 de março de 2014

Releitura de Van Gogh por dramaturgo inspira exposição em Paris


Auto Retrato - Van Gogh

Os gritos de mulheres enlouquecidas surpreendem visitantes que entram na nova exposição sobre Vincent Van Gogh no Museu d'Orsay, em Paris, um olhar sobre o trabalho do pintor sob a perspectiva do falecido dramaturgo e diretor francês Antonin Artaud.

"O Homem Levado ao Suicídio pela Sociedade", inaugurada recentemente, é um título apropriado para uma exposição de 55 obras de Van Gogh usando o próprio comentário de Artaud, para vê-las sob uma nova luz.
 

Conhecido por sua obra seminal de 1938 "O Teatro da Crueldade", Artaud foi, como Van Gogh, atormentado por alucinações e internado em clínicas psiquiátricas durante toda a vida.

No espaço de exposição, um caleidoscópio de frases violentas retiradas de uma análise de Artaud de 1947 sobre Van Gogh é projetado no chão: "angústia" e "delírio".

 
Projeção de obra de Vincent van Gogh no Museu d'Orsay, em Paris

Gritos gravados dão o tom da exposição em que quatro autorretratos de Van Gogh encaram o espectador.


INTERPRETAÇÃO DIFERENTE

Artaud defendeu Van Gogh, o artista de cabelos ruivos que morreu depois de atirar no próprio estômago em 1890, em um livro de 1947, em que culpou a sociedade por sua morte. A editora convenceu o dramaturgo de que seus próprios problemas de saúde mental fariam dele um intérprete ideal de Van Gogh.


Girassóis - Van Gogh

Para Artaud, Van Gogh não era um louco, mas alguém sem medo de retratar a realidade, um artista que poderia, como ele escreveu, "examinar o rosto de um homem com uma força tão avassaladora, dissecando sua psicologia refutável como se usasse uma faca".

A curadora da exposição em Paris, Isabelle Cahn, disse que o texto de Artaud desafia as ideias convencionais sobre a suposta loucura de Van Gogh.

"Artaud escreveu: 'Não, Van Gogh não é louco, ele foi empurrado para um desespero suicida por uma sociedade que rejeitou suas obras'", disse ela. "Daquele momento em diante, ele passou a acusar pessoas de empurrar Van Gogh ao suicídio e a sociedade como um todo."


A Noite Estrelada - Van Gogh

Van Gogh queixou-se certa vez a seu irmão Theo da dificuldade de pintar, que seria semelhante a "encontrar seu caminho através de uma parede de ferro invisível" que separa sentimento de execução, uma frustração presente na obra de Artaud.

"Ninguém jamais escreveu ou pintou, esculpiu, modelou, construiu, inventou, a não ser para sair do inferno", escreveu Artaud, que foi encontrado morto em 1948 aos 51 anos em seu quarto numa clínica, possivelmente em consequência de uma overdose.

SERVIÇO

Musée D'Orsay - 62, Rue de Lille - Terça a domingo das 9h30 às 18h00 (quinta até 21h00)
www.musee-orsay.fr

14 de março de 2014

Movimentos de ballet e desenhos incríveis de Heather Hansen



Heather Hansen é uma dançarina muito talentosa e artista performática contemporânea que vive em Nova Orleans. Com apenas alguns pedaços de carvão e movimentos leves ela consegue através de uma superfície de papel criar desenhos simétricos e diversas formas.

Hansen também criou o vídeo “Gestos Vazios” que traz todo o processo de criação de suas obras em andamento. Segundo a artista, o vídeo é um experiência com desenhos cinéticos. Muito bom!


Sobre a artista


Artista americana Heather Hansen, combina performance e desenho usando o corpo como ferramenta de impressão sobre o papel. Hansen substitui os tradicionais pincéis pelo seu próprio corpo, descendo ao chão e fazendo o trabalho sujo conforme manipula o carvão e pastéis.

A obra multi-facetada, Emptied Gestures, é documentada passo-a-passo pelo fotógrafo Bryan Tarnowski, que captura a dança da artista sobre o papel, além do seu corpo escurecido pelo material que é arrastado e borrado. A artista literalmente esvazia seus gestos, deixando uma espécie de diagrama de uma dança no papel.
 
 
Processo de criação








Heather Hansen após a conclusão de mais uma peça.

Hansen visa aprofundar o desenvolvimento da técnica da action painting, fundada por Jackson Pollock e proliferada por todo o século XX; a artista busca maneiras de carregar diretamente seus movimentos para o papel, organicamente e sem usar nada mais além de si mesma para obter o resultado desejado.
 
 

Hansen e Pollock

No que diz respeito a Pollock, ao pintar a tela, ele pintava-se a si mesmo e a seus sentimentos. Deixava impressa uma marca que apenas ele poderia deixar e, em seguida, distanciava-se da tela e podia observar o homem que lá ficou impresso.
 
Pollock
 
Assim como acontece no trabalho de Hansen, ficamos diante do vislumbre de um gesto que contém tudo aquilo que nos é apresentado, criando um mistério sobre como o artista atingiu aquele resultado.


Heather Hansen

Tecnicamente, Emptied Gestures poderia tratar-se de um plágio da técnica inaugurada por Pollock. No entanto, a imitação, neste caso, a nível da história da arte, deve ser tratada como natural. Assim como seria estranho ouvir dizer que Rafael Sanzio, numa fase mais avançada de sua carreira, plagiou a anatomia vigorosa de Michelangelo, é igualmente estranho afirmar que Heather Hansen plagiou a técnica e a atitude de Pollock diante da arte. A arte contemporânea tem evoluído através de revivalismos, revisões, recuperações e redescobertas, assim como a arte clássica e seus sucessores evoluíram a partir dos antigos.

No entanto
, o número crescente de artistas que existe atualmente gera, por vezes, obras de arte de caráter questionável. Além disso, seguindo a libertação da técnica desencadeada pelos primeiros ready-made de Marcel Duchamp, é cada vez mais comum a figura do biólogo-artista, do designer-artista e, entre tantos outros, o caso de Heather Hansen, a dançarina-escultora-artista. 

Esta diversificação é muito positiva por um lado, como parece provar ser o caso de Heather Hansen. No entanto, a quantidade acaba por não refletir qualidade, ocasionando uma perda de credibilidade generalizada, talvez pelo fato de algumas obras estarem tão fechadas em seus próprios conceitos e ideias que tornam-se praticamente impenetráveis pelo espectador comum.

Antes da modernidade, a Verdade da arte estava na Natureza, e talvez nos dias de hoje ainda esteja, no entanto, algumas mensagens artísticas podem acabar por materializar-se de maneira demasiado confusa. E enquanto um olhar mais crítico possa acabar por considerar esta arte uma falsa arte, para o público em geral, a arte simplesmente perde seu valor.

Na arte, é comum a necessidade do artista expor-se, assim como Hansen em seus gestos no papel, inspirando-se ou não naqueles que os precederam, mas sem perder o traçado próprio no seu caminhar e deixar marcas suficiente para que possam entender a arte genuína e inovadora.
 
Assista ao vídeo
 
 
 
 
 



12 de março de 2014

Exposição Street Art - Um Panorama Urbano



Artistas acostumados a produzir suas obras nas ruas ganham as paredes da Caixa Cultural. A mostra traz nomes que foram responsáveis por firmar esse tipo de arte e popularizar essa cultura.
 

 
Jef Aerosol: artista foi um dos pioneiros na França



Das ruas para o museu: peça do português Vhils

“Essa arte que nasceu nas ruas, e até a pouco tempo era marginalizada, se tornou a cultura pop de nossos tempos. Eu acho que ela vai marcar uma geração e foi isso que quisemos mostrar aqui”, exprime a curadora da mostra Leonor Viegas

Há mais de 40 anos artistas de diferentes cidades vem utilizando a rua como canal de expressão, oferecendo ao público obras que permitem redescobrir o espaço urbano por meio da arte.


A exposição Street Art - um Panorama Urbano, inédita no país, traz artistas representativos da Street Art da atualidade, com trabalhos do inglês Banksy, dos franceses Jef Aerosol e Rero, dos portugueses Vhils e MaisMenos, do brasileiro Nunca e da dupla italiana Sten Lex.



Sten Lex - Outdoor - Roma - 2013


Banksy

“Em comum todos esses artistas tem o trabalho que estão fazendo na rua, e esse foi o ponto de partida da seleção para essa exposição. Também tentei mostrar um pouco de algumas técnicas diferentes (estêncil, pôster, colagem, instalações) que todos eles utilizam”, conta a curadora da mostra, em entrevista.

Serviço:

Exposição Street Art - um Panorama Urbano

Quando: Até 20 de abril de 2014. De terça a Domingo das 9h às 19h.

Lançamento do catálogo: 15 de março de 2014, às 11h

Onde: Caixa Cultural São Paulo – Praça da Sé, 111 - Centro - São Paulo

Entrada Franca