Sobre as Sombras na Aquarela

Tudo começou com as nuvens.

A ideia surgiu da necessidade de mostrar a evolução de uma pesquisa feita sobre monocromia através da técnica da aquarela e colagem.

Foi à partir do meu olhar nas nuvens que surgiu o "momento sombras na aquarela". Após a escolha do suporte, as imagens começaram a brotar em minha mente de forma aleatória, de modo claro e objetivo, facilitando o desenvolvimento do trabalho. O fundo branco do papel, muitas vezes em destaque, realça as nuances e sobreposições das camadas, contrastando tons claros e escuros, assim como a luminosidade, algumas vezes oscilante, mais ou menos intensa, que brinca, sugerindo formas, movimentos e até mesmo sensações, destacando as características da aquarela aliada à colagem.

As inúmeras possibilidades que o tema oferece, associadas à técnica, tráz como resultado a simplicidade da proposta que, destacando a cor pura, em contraste com o papel, evidencia um grande prazer em criar.

Aline Hannun

24 de novembro de 2014

HOPE Outdoor Gallery Galeria de arte ·


 
Galeria de arte urbana comunitária no Texas


Atualmente o graffiti faz parte do cenário de várias cidades mundo a fora, porém artistas que se expressam e que vivem dessa arte, muitas vezes são proibidos de pintar, às vezes são presos,e precisam se preocupar com a polícia.

Para os amantes dessa arte existe um lugar onde é possível levar seu spray em plena luz do dia, sem se preocupar com nada. É a
HOPE Outdoor Gallery (HOG) em Austin, Texas. Aberta em 2011, é um espaço modelo de como as cidades podem unir a arte urbana com o turismo. Artistas iniciantes e outros grafiteiros podem criar sem medo de ser feliz. O labirinto coberto por pixações e graffiti, tornou-se um tesouro local e um destino para artistas do mundo todo.


 
O espaço ocupa uma extensão de 1,25 hectares em Clarksville, um bairro histórico que está rapidamente se tornando um dos lugares do centro de Austin mais caros para viver. A cidade, que ganha mais de 100 novos moradores por dia, está alinhada com guindastes de construção que mal são capazes de manter-se com a explosão demográfica da cidade. Os proprietários das terras do HOG poderiam lucrar consideravelmente com qualquer outro uso pois no local não tem nada construído, apenas uma vista incrível de toda a cidade.

O local abriga graffitis e murais elaborados, tornando-se uma galeria comunitária de arte a céu aberto. Um dos primeiros a pintar um mural foi o artista Shepard Fairey. A galeria recebe uma grande variedade de visitantes, cerca de 50 por dia, durante a semana, e muitos outros aos fins de semana.



Shepard Fairey 
 
Como todo lugar tem um custo, o HOG custa aos proprietários cerca de 75 mil dólares por ano e eles têm o compromisso de manter o parque até o final de 2015, depois disso não sabem o que vai acontecer. Os donos Scull Cheatham e Ayad, estão discutindo alternativas possíveis, incluindo mudar a localização.



Por enquanto, o parque vive. E que sirva de lição para outras cidades, porque o graffiti não pode ser um incômodo. Há diversos lugares abandonados pelo mundo, que poderiam ser convertidos em espaços públicos de expressão artística,




http://hopecampaign.org

17 de novembro de 2014

Henri Matisse - The Cut-Outs no MoMA

HENRI MATISSE - THE CUT-OUTS



Matisse no Hotel Regina, em Nice - 1952 

Durante a última década de sua vida Henri Matisse utilizou poucos materiais para criar as suas obras; papel branco, guache e tesouras. Foram essas as ferramenta usadas para transformar suas obras em um mundo de plantas, animais, figuras e formas.

The Cut-Outs - Os recortes


Os recortes foram criados em fases distintas. Com a ajuda de seus assistentes, Matisse pintou o papel com a guache para depois cortar formas e fazer uma composição. Nas composições menores o artista trabalhou diretamente em uma placa com pinos e para as composições maiores Matisse orientou seus assistentes de estúdio para organizá-las na parede de seu ateliê. Posteriormente, os cut-outs foram montados de forma permanente, tanto no estúdio como em Paris por montadores profissionais.

 
Matisse na frente de papéis pintados a guache - Hotel Regina, Nice. 

As cores nos recortes de Matisse foram produzidas usando a guache opaca, de secagem rápida  e à base de água, composta de pigmentos, aglutinantes, e muitas vezes um pigmento branco para aumentar a opacidade. Dessa forma Matisse adquiriu uma ampla gama de cores. Seus assistentes cortavam folhas retangulares de papel de grandes rolos. A guache, diluída com água, era aplicada no papel e depois penderados para secar. Alguns pedaços tiveram uma aplicação mais densa onde as pinceladas se tornam mais visíveis.




Periquito e a Sereia - Matisse no Hotel Regina, em Nice.

O Corte


Quando Matisse estava trabalhando em um projeto específico, primeiro espalhava os papéis coloridos no chão do seu estúdio para depois fazer a composição da obra. Ele cortava as folhas fazendo formas e deixando o restante jogado no chão, na maioria das vezes seus cortes eram suaves e contínuos. Embora Matisse tenha sido filmado usando tesoura grande, um exame aprofundado dos seus recortes mostram que ele usava uma grande variedade de tamanhos. As estrelas que aparecem em muitas de suas obras, foram cortadas a partir de muitas formas menores, que foram montadas para criar a forma final desejada. Em alguns casos, as formas se sobrepõem, em outras, grandes formas foram cobertas por outras formas.  O objetivo final do artista não era o contorno das formas e sim a estrutura em camadas.




Jacqueline Duhême assistente de estúdio com A Árvore da Vida - 1949

Fixando 


Matisse usou pinos, tachinhas e garras finas para garantir a fixação dos suportes das obras cut-outs, para os pequenos formatos o artista trabalhava sentado em uma cadeira ou na cama com a placa apoiada em suas pernas. Conforme as composições foram crescendo de tamanho, as paredes do estúdio se tornaram os suportes para os recortes fixados com martelo por sua assistente, seguindo as orientações do artista. Este método permitiu a fixação rápida e fácil e os recortes poderiam ser alterados e remodelados sem dificuldades. Os inúmeros furos que permanecem nos recortes atestam estas montagens iniciais e seus reposicionamentos.





Vista da instalação de Henri Matisse: Papiers Découpés, Galerie Berggruen et Cie, Paris, 1953 

Montagem


Até 1950-51 as obras de Matisse foram de dimensões modestas e montadas em seu próprio estúdio por seus assistente sob a sua orientação. As obras vendidas antes desta data foram montadas com uma técnica chamada "colagem por pontos", as formas de corte foram fixadas no papel com pequenas pinceladas de cola. A técnica permitiu que as obras fossem moldadas e transportadas mantendo a mesma vivacidade tridimensional que tinham quando fixada a uma placa ou na parede.

Em 1952 Matisse foi contratado pela empresa de artigos de arte e restauração parisiense de Lucien Lefebvre-Foinet através de Marc Chagall. Esta empresa adaptou um processo de pintura tradicional para as necessidades específicas de montagem das obras de Matisse. A maior preocupação do artista era com a preservação a longo prazo de seus recortes. A vantagem desta técnica, o cut-outs, era que, mesmo montadas em grandes dimensões, poderiam ser armazenadas com segurança, emolduradas, e transportadas. Como as pinturas a guache poderiam sofrer danos com qualquer contato físico, Matisse queria suas obras protegidas com vidro. O inconveniente deste processo foi que os recortes perderam a dimensionalidade que tinham quando preso às paredes do estúdio. A idéia de que obras em papel poderiam permanecer em perfeito estado durante um longo tempo não era concebível no momento da criação das cut-outs.




Os recortes - Henri Matisse - Tate Modern.  

Estabilidade e Deterioração

Atualmente ,quando um espectador está à frente de um cut-out de Matisse, ele pode perceber que determinadas cores se mantiveram intactas enquanto outras sofreram agressões da luz devido às suas composições. Na cor de laranja, por exemplo, existe uma boa estabilidade. Matisse tinha consciencia de que algumas cores eram instáveis. Chegou a presenciar as cores rosa e violeta desaparecerem de alguns recortes em seu próprio estúdio.





O estúdio Red - 1911 - Óleo sobre tela - Museu de Arte Moderna de Nova York.



Jinx de Poésies - 1930–32 - Água-forte - The Museum of Modern Art, New York.

 

O Colar - 1950 - Tinta sobre papel - Museu de Arte Moderna de Nova York.

Cor e Linha


Ao longo de sua carreira, Matisse procurou uma forma de unir os elementos, formas de cores e linhas. Por um lado, ele era conhecido como colorista mestre e sua paleta de cores lhe valeu o título de uma "fera" ou "fauve".
Na primeira década do século XX ocorreu o chamado "período de Nice". Na década de 1920, o artista seguiu um curso que descreveu como "a construção por meio de cor". Por outro lado, ele era um desenhista mestre, célebre pelos desenhos e gravuras que descreviam figuras em arabescos fluindo linhas. "Meu desenho é a tradução mais pura e direta da minha emoção", disse ele certa vez. Através dos recortes, ele finalmente foi capaz de unir estes dois segmentos de sua prática. Matisse descreveu o seu processo como "corte na cor" e "desenho com tesoura".



A Dança - 1932–33 - Óleo sobre tela.
 
Um meio para um fim

Anos antes de Matisse desenvolver o cut-outs como um meio independente, ele empregou a técnica para realizar trabalhos em outras mídias. Já em 1919, ele cortou papel na composição para a decoração para um ballet, Le Chant de Rossignol. Ao compor o mural A Dança, encomendado pelo Dr. Albert Barnes, no início dos anos 1930, ele descobriu que revestir grandes áreas com folhas de papel pintadas lhe permitiua fazer mudanças de forma mais rápidas e eficientes. Em 1937-38, ele cortou e colocou papel pintado para projetar uma segunda produção de dança, Rouge et noir. E em 1940-41, ele usou a mesma técnica para resolver a composição de mais duas pinturas. O cut-out foi desenvolvido em segredo.




 
O Periquito e a sereia - 1952 - Guache sobre papel recortado e colado, e carvão sobre papel, . Stedelijk Museum, Amsterdam.
 
Um espaço maior

Muito antes dos recortes espalhados por paredes, Matisse sonhava em criar obras em grande escala. Em 1942, comentou com o escritor Louis Aragon que ele tinha "uma crença inconsciente em uma vida futura ... algum paraíso onde iria pintar afrescos." Em 1947 reconheceu a influência da arte islâmica que, segundo ele, "sugere um maior espaço, um espaço verdadeiramente plástico". Inventou o cut-out que lhe permitiu cumprir essa ambição de fazer decorações monumentais que transcenderam os limites da pintura de cavalete.
 
Conversa informal
 
Após um período de ausência o blog retorna com a interessantíssima matéria sobre o processo de criação e execução das obras do artista Henri Matisse.
 
A idéia surguiu depois de visitar a exposição The Cut-Outs de Henri Matisse no MoMA, em NY.
 
Várias obras, rascunhos e todo o processo de criação do artista estão à disposição dos visitantes que ainda podem contar com a orientação auditiva gratuíta em vários idiomas desde o princípio até o final da exposição. É possível também assistir ao vídeo que mostra o artista e sua assistente no seu estúdio em processo de criação.
 
Uma grande quantidade de obras de diversos tamanhos ocupam as paredes de várias salas sendo que algumas delas ocupam todo o espaço disponível.
 
Posso garantir que a exposição é fantástica, digna do MoMA, um dos Museus mais famosos da Big Apple.
 
Fiquei muito satisfeita e não podia deixar de partilhar com meus leitores.
 
 
 
 
 





 

 
 
 
 
 
 
 
 


11 de junho de 2014

"India Street Art" em Nova Delhi na India


"Mahatma Ghandi" - Hendrik BCE Beikirch  - St. Art Delhi 2014

India Street Art

Apreciadora da arte urbana que sou, compartilho com vocês sobre o primeiro Festival de Street Art em Nova Delhi na India. A cultura de rua e o graffiti estão ao redor do mundo e nessa ocasião reuniu diversos artistas locais e internacionais,,para pintar murais espalhados pela cidade para um público que não está tão familiarizado com esse tipo de arte.

Foram convidados sessenta artistas para criar no ST. Art Delhi Street Art Festival, o evento teve ajuda de profissionais, estudantes de escolas de arte, além do apoio do Goethe-Institut e outros institutos culturais em Delhi para acontecer. O festival rolou no vilarejo Shahpur Jat, onde diversos espaços públicos foram disponibilizados para a produção das obras; um esforço que levou cerca de um ano e meio de planejamento sério.

Pouco a pouco, os moradores foram se acostumando com as pessoas “estranhas” pintando as paredes e o resultado você confere agora.
 

Alias - St Art Delhi 2014  


Alina Vergnano - St  Art Delhi 2014


Sé Cordeiro - St Art Delhi 2014


ASSISTA AO VÍDEO

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

9 de junho de 2014

A origem da Seda pura e da pintura em tecido


Pintura chinesa do século XII mostrando mulheres fabricando seda

Origem da Pintura em Tecido


A pintura em tecido surgiu originalmente na Indonésia. Era uma arte nobre, que apenas as princesas e suas damas podiam praticar, pois somente elas dispunham de tempo suficiente para trabalhar os tecidos (normalmente a seda) de forma tão detalhada e elaborada. As tintas que usavam eram extraídas de plantas nativas e preparadas nas habitações, cercadas de muito segredo.


Han Xizai Evening Banquet

Sobre a Seda

A indústria da seda existe na china há mais de 5 mil anos e foi mantida em segredo durante muito tempo. Segundo a história, os ovos do bicho-da-seda foram levados para a Europa no inicio da era cristã, por dois monges. Através dos anos, os criadores (sericicultores) selecionaram as melhores espécies de bichos-da-seda.

A fibra de seda natural é um filamento contínuo de proteína, produzido pelas lagartas de certos tipos de mariposas, sendo uma das matérias-primas mais caras. As lagartas expelem através das glândulas o líquido da seda (a fibroína) envolvido por uma goma (a sericina), os quais se solidificam imediatamente quando em contato com o ar.

A seda é utilizada para se produzir tecidos leves, brilhantes e macios. Os tecidos são usados em camisas, vestidos, blusas, gravatas, xales, luvas etc. A seda tem uma aparência cintilante, devido à estrutura triangular da fibra, parecida com um
prisma, que refrata a luz.

Acredita-se que os chineses começaram a produzir seda por volta do ano 2700 a.C.. Reza a lenda que a imperatriz Si Ling Chi descobriu a seda quando um casulo de bicho-da-seda caiu de uma
amoreira dentro de sua xícara de chá. Depois de experimentar algumas vezes, ela, finalmente, conseguiu tecer o filamento da seda em um pedaço de tecido.

A seda era considerada a mais valiosa mercadoria da China e gerou a famosa
rota da Seda, a mais importante rota comercial da época. A manufatura da seda era um segredo de estado, muito bem guardado até o ano 300, quando se tornou conhecida na Índia. Ou seja: 3 000 anos após sua descoberta pelos chineses.

Na cultura chinesa, a imperatriz Hsi Ling Shi é venerada como deusa da seda. Ela teria inventado o tear utilizado na produção de seda. No Império Romano, o tecido era muito apreciado valendo o seu peso em ouro.

Com a rota da Seda, vários países de outros continentes tiveram acesso a esse tecido que foi ganhando o mercado mundial e é usado até hoje para muitas finalidades como na decoração, vestuário, objetos de adorno e acessórios entre outros.

Como artista plástica e curiosa que sou, não pude deixar de experimentar algumas técnicas de pintura em seda pura e em palha de seda e confesso que fiquei deslumbrada com o intenso colorido e brilho que o tecido proporciona. Sem falar na delicadeza e leveza das pinceladas graças ao movimento da tinta na água em contato com a seda trazendo um resultado final sempre surpreendente.

Seguem algumas fotos dos lenços e echarpes que tenho produzido.
 
Seda pura 1,00 X 1,00 m
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

Seda pura 0,40 X 1,20 m



 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

6 de junho de 2014

Yayou Kusama no Tomie Ohtake em São Paulo



A artista japonesa Yayoi Kusama em 2011

São Paulo recebe mostra da celebrada artista japonesa Yayoi Kusama

Depois de seu colapso nervoso na década de 1970 e da decisão de se internar em um hospital psiquiátrico no Japão, Yayoi Kusama "reencontrou sua voz" com a criação da instalação imersiva "I’m Here, But Nothing", de 2000, uma sala mobiliada que remete a um cômodo banal de uma casa que é tomado, sob luz negra, por bolinhas coloridas. "Ela demorou para retomar sua autoconfiança, a fazer arte", diz Frances Morris, curadora, ao lado de Philip Larratt-Smith, da mostra Yayoi Kusama - "Obsessão Infinita", que será inaugurada no Instituto Tomie Ohtake. De caráter retrospectivo, trata-se da maior exibição de obras da celebrada artista japonesa já realizada na América Latina.

Obra "Obsessão Infinita" A instalação imersiva "I'm Here, but Nothing" (2000), que marca retorno criativo da artista depois de colapso nervoso.

No Rio, quando foi apresentada, ano passado, no Centro Cultural Banco do Brasil, a exposição atraiu 700 mil visitantes e depois seguiu para Brasília. Chega a São Paulo agora com expectativa de público e a presença de peças atraentes - e convidativas para "selfies" e fotos - como I’m Here, But Nothing e a instalação Infinity Mirrored Room (2011), feita de espelhos e lampadazinhas que vão mudando de cor. "São criações de uma canção similar, mas numa chave diferente, mais alegre", comenta Philip Larratt-Smith sobre esses trabalhos recentes de Yayoi Kusama, mas fazendo também menção ao universo poético - e complexo - da "princesa das bolinhas" (ou do "polka dot", como fala a curadora inglesa).


A artista Yayoi Kusama em uma das recriações originais de 'Infinity Mirror Room Phalli's Field' de 1965.
Na centena de trabalhos exibidos em quatro salas do instituto, é possível acompanhar de maneira muito clara o processo de concepção da linguagem da artista japonesa. A linha cronológica começa com uma obra de 1950, uma pintura a óleo surrealista em que ela representa apenas uma corda espessa emaranhada em si. 


"Corpses", óleo s. tela, coleção da artista, 1950 

Entretanto, neste primeiro segmento de trabalhos pictóricos e gráficos reunidos ao lado desta tela, já aparecem as formas orgânicas que de um "olhar microscópico" se expandem para a escala macroscópica, fazendo, assim, com que as bolinhas se tornassem elemento identificável de obsessão ou uma marca de Kusama. Outra característica de suas criações são a presença de protuberâncias fálicas em suas peças dos anos 1960 (entre os destaques da mostra estão os sapatos fálicos da artista e o barco da instalação Caminhando no Mar da Morte) e das questões de repetição e acumulação.
"Obsessão Infinita". Detalhe da obra com sapatos fálicos de 1962 e outros objetos do cotidiano tomados pela forma sexual.

Medos: "Artistas não costumam expressar seus complexos psicológicos diretamente, mas eu adoto meus complexos e medos como temas", já afirmou Yayoi Kusama e a frase está estampada no começo do catálogo da mostra "Obsessão Infinita". "A arte precisa de traumas", diz Frances Morris, curadora da Tate Modern e responsável também pela retrospectiva da artista apresentada entre 2011 e 2012 não apenas no museu londrino, como também no Reina Sofia, de Madri, no Centro Pompidou, de Paris, e no Whitney Museum, de Nova York, onde tive o prazer, de em 2012, visitar e apreciar suas grandiosas obras.

Fachada do restaurante do Whittney Museum de N.Y.

A mostra, grande sucesso por onde passou, reavivou mais uma vez o interesse pela obra da japonesa. "Para o Brasil, trouxemos alguns dos mesmos trabalhos daquela retrospectiva, mas em "Obsessão Infinita" focamos mais no período inicial de sua carreira e na transição de suas questões de vida para seu trabalho. Desde suas pinturas convencionais, criadas no Japão, para o engajamento dinâmico, político, de sua vivência em Nova York", afirma Frances Morris.

"Obsessão Infinita" Vista da instalação 'Infinity Mirrored Room' de 2011

Yayoi Kusama, nascida na cidade de Matsumoto, Japão, em 1929, sentia-se sufocada pela tradição, pela situação de pobreza local no período pós-guerra e pela oposição de sua família à sua arte. "As cordas de suas primeiras pinturas são parte de sua resposta à destruição e desolação", define a curadora. Decidida a se tornar uma artista famosa, Yayoi Kusama se mudou em 1957 para a América - retornando a seu país natal apenas em 1973, por causa de sua doença mental.

Antes de chegar a Nova York, conta Frances Morris, a artista correspondeu-se com amigos da América. Entre eles, a pintora Georgia O’Keeffe, que lhe aconselhou "ser muito forte, pegar seus desenhos e levá-los, ela própria, aos marchands". Na década de 1960, ao trazer de uma maneira mais explícita suas neuroses e seus traumas para suas obras, Yayoi Kusama não apenas utilizou a arte como terapia como também realizou ações vanguardistas.



"Desde o início de sua vida na América, ela usou suas estratégias de uma maneira provocativa, criou vestimentas incríveis e chocantes, mas, ao mesmo tempo, suas obras sempre foram muito inclusivas", diz a curadora. "O uso das bolinhas e de cores chamam muito a atenção, mas é algo também bem sofisticado. Enfim, sua marca é muito poderosa".
SERVIÇO

YAYOI KUSAMA

ONDE: Instituto Tomie Ohtake - Av. Faria Lima, 201, 2245-1900.

QUANDO: Até 27/07 - de terça a domingo - das 11h às 20h.

QUANTO: Entrada gratuita. Até 27/7.

2 de junho de 2014

Miguel Chevalier decora o chão de igreja em Marrocos

Igreja do Sagrado Coração em Casablanca, Marrocos

Artista espalha carpetes luminosos em igreja no Marrocos

O artista francês
Miguel Chevalier, que trabalha com dispositivos luminosos interativos, forrou o chão da antiga igreja do Sagrado Coração em Casablanca, no Marrocos, com uma extensa camada de luzes coloridas. Trata-se de uma construção digital de pixels sobrepostos, que se movimenta ao som da música de Michel Redolfi.


Chamada de ‘Magic Carpets 2014′, a obra faz referência ao universo da biologia e dos micro-organismos. As luzes realizam movimentos semelhantes aos das células, que tem a capacidade de se multiplicar em abundância, se juntar e depois se dividir em diferentes partes.

"Magic Carpet" revisita através da arte digital, bordados tradicionais com o ponto cruz, a arte islâmica e especialmente o mosaico, que não é sem lembrar hoje o conceito de pixels . Os visitantes podem mergulhar no mundo mágico dos contos das Mil e Uma Noites e dos tapetes voadores, a exposição presta uma homenagem ao artesanato marroquino, onde o tapete detém uma posição privilegiada. Este mundo de cores e formas em movimento, tais como a reprodução de um caleidoscópio gigante é o que leva o espectador a uma viagem imaginária. 


Nascido em 1959, no México, Miguel Chevalier é um especialista na disciplina digital e virtual, onde é conhecido internacionalmente como um pioneiro. Desde 1978, o artista francês, usa apenas a linguagem visual e tudo o que a computação pode lhe oferecer.

Assista ao vídeo













26 de maio de 2014

Bienal do Whitney Museum em Nova York reúne mais de 100 novos artistas


Whitney Museum NY

O evento é um dos maiores do segmento artístico e aponta novas tendências.

Esta é a 77ª e última bienal que ocupará o famoso prédio localizado na Madison Avenue, um monumento arquitetônico modernista projetado pelo arquiteto Marcel Breuer (o edifício é uma espécie de pirâmide invertida). A partir de 2014, a exposição passa a ser realizada na nova sede do museu, que está em construção do bairro de Greenwich Village (sudoeste da cidade).
 
A primeira Bienal do Whitney ocorreu em 1932. A atual exposição fica em cartaz até 25 de maio com uma programação que inclui também performances, projeções e debates.
 
Mais de 100 artistas participam da Bienal do Whitney Museum, em Nova York. As obras expostas mostram um amplo panorama do que há de novo na arte nos Estados Unidos. Este é um dos maiores eventos de arte em um dos museus mais importantes do mundo.

A Bienal do Whitney Museum é dedicada a artistas talentosos, mas não tão conhecidos do público. Nomes que estão construindo as tendências da arte contemporânea têm parada obrigatória nesse museu, que foi fundado em 1931.


Captura de tela - Bienal do Whitney Museum

Organizada por três curadores, no evento, estão expostas as obras de 103 artistas e as mulheres, que tem revitalizado a pintura abstrata, ganharam destaque neste ano.
 
A maioria dos participantes da exposição moram e trabalham nos Estados Unidos, mas há artistas nascidos no Japão (Ei Arakawa), Alemanha (Sterling Ruby), Austrália (Jeff Gibson), China (David Dao) e Suécia (Emily Sundblad), entre outros países. O coletivo HOWDOYOUSAYYAMINAFRICAN? é formado por pessoas de vários continentes.

O curador Stuart Comer, por exemplo, procurou artistas que representem novos conceitos do significado de "ser americano".
 

Bienal do Whitney Museum em Nova York
 
Os quadros da americana Louise Fishman alterna camadas de tinta grossa e fina em pinceladas marcantes. Uma das obras da artista foi inspirada nos encontros e desencontros dos canais de Veneza, na Itália.

No trabalho de Donna Nelson, a experimentação de cores e de texturas na obra lembra uma janela. Uma escultura monumental de cordas e fibras, que vai do teto ao chão, é da artista americana Sheila Hicks. Uma cascata de cores que se abre delicadamente até chegar ao piso.


Quadros abstratos dos artistas Elijah Burgher, Dona Nelson e Louise Fishman

A tela de malha modelada da californiana Lisa Auerbach traz vários conselhos. Um deles poético: “Let the dream write itself”, ou seja, “Deixe que o sonho dite o rumo”.
Uma das maiores peças da exposição é a de Gretchen Benders. Na placa de vinil amassado, estão títulos de filmes em neon.

No museu, o dia a dia ganha novos contornos. Uma briga foi a inspiração para a escultura de Shana Lutker. A arte aponta para diversas direções. "Não existe um único caminho. Podemos dizer que não há nada a ser dito que seja definitivo, a ideia da bienal é mostrar isso, que há visões diferentes. A arte contemporânea é inconstante, está sempre mudando e é muito subjetiva", diz Elisabeth Sherman, uma das curadoras do museu.
 
Alma Allen (b. 1970), Untitled, 2013. Marble sculpture on an oak pedestal, Courtesy the artist 

E é isso que torna um passeio pela bienal tão enriquecedor. Descobrir as surpresas que podem estar escondidas em uma obra.

Diversas gerações estão representadas. Há desde artistas nascidos na década de 1920, como o consagrado escultor John Mason e o libanês Etel Adnan, até revelações recentes, como Jacolby Satterwhite (1986), Dashiell Manley (1983), Kevin Beasley (1985) e Yve Laris Cohen (1985). A curadora Michelle Grabner reuniu, em uma das salas, pinturas abstratas feitas por mulheres atuantes em várias épocas.

Serviço

77ª Bienal Whitney Museu of American Art


Onde: Whitney Museu of American Art NY - 945 Madison Avenue at 75th Street - New York, NY 10021 - (212) 570-3600

 

Quando: Até 25 de maio

 
 
 
 
 
 
 
 

22 de maio de 2014

Mostra de Frida Kahlo no México



Mostra no México exibe vestido, espartilho e prótese de Frida Kahlo

Por 50 anos, o banheiro do quarto de Frida Kahlo permaneceu trancado após sua morte, na casa onde hoje funciona um popular museu na Cidade do México. O espaço só foi aberto há dez anos, revelando diversos baús de objetos íntimos, como cartas, fotografias e vestidos coloridos.

Enquanto as correspondências viraram livros sobre a artista mexicana, seu guarda-roupa e suas fotos vão aos poucos chegando ao público. É o caso de duas mostras em cartaz na capital mexicana e na Califórnia (EUA).

Mais de 300 peças de vestuário são exibidas até setembro na residência de Kahlo, apelidada de Casa Azul, em salas que mudam os figurinos a cada três meses. 

As roupas exibidas na exposição na casa de Frida
 
"Ela usava estes vestidos tradicionais para fortalecer sua identidade, reafirmar suas crenças políticas e para esconder suas imperfeições", diz a curadora Circe Henestrosa. "Seus amigos mais íntimos contam como Kahlo tinha um cuidado especial ao escolher o que vestir, dos pés à cabeça, com as mais lindas sedas, laços, xales e saias."
 
A exposição traz também aparatos médicos que a artista precisava usar por conta de suas doenças (primeiro pólio e depois um acidente num ônibus). Há uma prótese de perna com uma bota de cano alto vermelha e um espartilho feito de gesso, decorado com uma foice e um martelo.


Prótese da perna direita; a bota tem fita de seda, dois sinos pequenos e estampa com motivos chineses.


Numa das salas da exposição há objetos curiosos como um vidro de esmalte pink e adereços de cabeça. Outros espaços exibem vestidos de alta costura, como Gautier e Givenchy, inspirados na pintora.
 

Campanha da coleção de 1998 de Jean Paul Gaultier inspirada em Frida Kahlo

Em 1937, seu estilo a colocou nas páginas da "Vogue". A revista ajudou na organização da mostra e anunciou um livro em parceria com o museu, a ser lançado na América Latina neste semestre.
 

Capa da Vogue México em novembro de 2012

PINTURAS E FOTOS

Foi o muralista Diego Rivera (1886-1957), marido de Kahlo (1907-1954), que havia dado as ordens para manter o banheiro fechado por 15 anos após a morte da artista, mas a mecenas Dolores Olmedo (1908-2002), amiga íntima de Rivera que tinha ciúmes de Kahlo, conseguiu manter o lugar lacrado por mais 35 anos.

"O que vi na água"
 
Olmedo, maior detentora de obras dos dois artistas, tem um museu próprio na periferia da Cidade do México. Em março, abriu uma exposição com centenas de pinturas da dupla que estavam em itinerância havia dois anos.

Detalhe do mural "Arsenal Ministério da Educação Pública", Cidade do México. Frida foi representada distribuindo armas. Diego Rivera (1923-1928)
 
Outro lugar para ver as raridades do banheiro da Casa Azul é o Museu de Arte Latino-Americana de Long Beach (Califórnia), que exibe mais de 200 fotografias tiradas por Kahlo e de Kahlo. Há lembranças de família, como retratos da artista aos seis anos, e imagens de amigos famosos como Man Ray (1890-1976).
 


"É como sentar em sua sala de estar e folhear seu álbum de fotos. É muito pessoal", disse o presidente do museu, Stuart Ashman. A mostra abriu com um concurso de sósias e tem programação extensa com palestras e atividades até junho.
 
Conversa Informal

Participei da exposição "Recuerdame- Vida e Obra de Frida Kahlo" , foi um trabalho intenso com muitas pesquisas e uma boa diversidade de suportes, como telas, cerâmica. papeis, colagens e até um poema que deixo no final desta edição, para apreciação dos leitores do Blog.
 
"Casa Azul", hoje Museu Frida Kahlo - Aline Hannun

"Casa Azul com Flores" - Aline Hannun
 
"Diário de Frida Kahlo" - Aline Hannun
 
Interior do "Diário de Frida Kahlo" - Aline Hannun
 
Abatjour "Sedução", representando a saia e as pernas de Frida Kahlo - base em cerâmica, cúpula em tecido - Aline Hannun
 
 
POEMA


“Diário da Frida Kahlo”

Diário da vida. Diário da Frida.

Frida que não se Kahla.

Fala, grita, exala sentimento, cor e dor.

Dor de Amor. Amor Paixão. Paixão Diego.

Viril, egoísta, vaidoso, comunista.

Artista de valor. Pinzón Amor de Frida.

Dor da vida maior que a dor da morte.

Dor do corte, da falta de sorte.

Trincada, fadada à dor da alma, do ventre, do coração.

Em busca de uma razão?

Para que viver então...


Aline Hannun