Sobre as Sombras na Aquarela

Tudo começou com as nuvens.

A ideia surgiu da necessidade de mostrar a evolução de uma pesquisa feita sobre monocromia através da técnica da aquarela e colagem.

Foi à partir do meu olhar nas nuvens que surgiu o "momento sombras na aquarela". Após a escolha do suporte, as imagens começaram a brotar em minha mente de forma aleatória, de modo claro e objetivo, facilitando o desenvolvimento do trabalho. O fundo branco do papel, muitas vezes em destaque, realça as nuances e sobreposições das camadas, contrastando tons claros e escuros, assim como a luminosidade, algumas vezes oscilante, mais ou menos intensa, que brinca, sugerindo formas, movimentos e até mesmo sensações, destacando as características da aquarela aliada à colagem.

As inúmeras possibilidades que o tema oferece, associadas à técnica, tráz como resultado a simplicidade da proposta que, destacando a cor pura, em contraste com o papel, evidencia um grande prazer em criar.

Aline Hannun

7 de fevereiro de 2014

Paço das Artes apresenta a exposição Duplo Olhar



Abertura da exposição "Duplo Olhar" e 1ª Temporada de Projetos 2014

No dia 25 de janeiro, data em que a cidade de São Paulo comemorou o seu 460º aniversário, o Paço das Artes realizou a abertura da exposição Duplo Olhar - Coleção Sérgio Carvalho e da primeira edição da Temporada de Projetos 2014.

Na ocasião, houve a performance da artista Vanessa De Michelis, e o show de André Vasconcellos.

Round IV - fotografia de Amanda Melo - 2010
 
Duplo Olhar apresenta mais de 110 obras de arte contemporânea do colecionador Sérgio Carvalho, num recorte da curadora Denise Mattar.

O olhar da curadoria traçou, por meio deste conjunto com representatividade nacional, o percurso da arte brasileira rumo ao circuito internacional, do qual hoje faz parte. São apresentados trabalhos de diferentes mídias e artistas de faixas etárias diversas. Entre eles, Nelson Leirner, Regina Silveira, Rochelle Costi, Lucia Koch, Luiza Baldan, Delson Uchoa, Ana Elisa Egreja, Jonathas Andrade, Marcos Chaves, Mauro Restiffe, Iran do Espírito Santo, Rubens Mano, Sandra Cinto, Nazareno e Berna Reale.


Exudus, óleo sobre tela, de Ana Elisa Egreja - 2013

Denise Mattar agrupou as obras nos seguintes temas da arte contemporânea: Corpo, Non-Sense Stories, Memórias - Segredos e afins, Referências, Tessituras, Paisagens-Paisagens, Luz e Narrativas.

Um livro com todas as obras da exposição, textos da curadora e do colecionador e biografias dos artistas será lançado no final de março.


Caderno desaparecido, fotografia, de Celina Yamauchi - 1999/2008,

Instabilidade Estável, com curadoria de Juliana Gontijo, é a mostra selecionada para a primeira edição da Temporada de Projetos 2014.

A exposição reúne obras dos artistas Alexandre Rato, André Griffo, Andrei Müller, Daniel Murgel, Dirceu Maués, Milton Marques e Vanessa De Michelis, que recorrem à marginalidade como escolha política e problematizam tanto aspectos da sociedade e do indivíduo padronizado, quanto o próprio sentido atual da arte.
 

Detalhe da obra Parti já de onde estou - Alexandre Rato - 2013


Seus trabalhos mostram o não acabado, o informe, a sujeira, o barulho, o híbrido, o inclassificável. Fogem da fetichização tradicional do objeto artístico e do demarcar de suas fronteiras, a fim de imiscuir-se por outros terrenos, estabelecendo na prática uma relação ampliada entre arte, cultura e comunidade.

Criada em 1997, a Temporada de Projetos abre espaço à produção artística, curatorial e crítica por meio da seleção de dez projetos anuais – nove de artistas e um de curadoria – a serem exibidos ao longo do ano.

O projeto mais antigo do Paço das Artes chega à décima segunda edição em 2014, alinhado ao perfil multidisciplinar do espaço, que se volta à discussão das novas formas de fazer e de pensar a arte contemporânea, a partir de um programa que inclui, além de propostas curatoriais nacionais e internacionais, seminários, cursos, oficinas e palestras.


SERVIÇO


Duplo Olhar – Coleção Sérgio Carvalho | Instabilidade Estável

Onde: Paço das Artes - Av. da Universidade 1 - C. Universitária - SP. - T (11) 3814 4832

Quando: Até 6 de abril de 2014 - de terças a sextas-feiras: 10h às 19h; sábados, domingos e feriados: 12h30 às 17h30
 
Quanto: Grátis
 
 
 
 
 
 
 


5 de fevereiro de 2014

A POP ART dos anos 60 e alguns de seus artistas



 
A POP ART DOS ANOS 60

É discutível qual foi a mais extraordinária inovação da arte do século XX, se o cubismo ou a Pop Art. Ambos surgiram de uma rebelião contra algum estilo já convencional: os cubistas achavam que os pós-impressionistas eram comportados e limitados demais, e os adeptos da pop art, que os expressionistas abstratos eram pretensiosos e veementes demais.
 
A Pop Art trouxe de volta à realidade materiais do dia-a-dia, a cultura popular, na qual as pessoas comuns extraíam da TV, das revistas ou das histórias em quadrinhos a maior parte de sua satisfação visual.

Surgiu na Inglaterra em meados dos anos 50, mas realizou todo o seu potencial na Nova York dos anos 60, quando dividiu com o minimalismo as atenções do mundo artístico. Nela, o épico foi substituído pelo cotidiano, e o que se produzia em massa recebeu a mesma importância do que era único e irreproduzível; a distinção entre “arte elevada” e “arte vulgar” foi assim desaparecendo.



Love - uma das imagens mais iconográficas da criatividade plástica da década de 60.
 
Sua presença, em Nova York, atua como um catalisador de emoções reprimidas para a agitada população da metrópole. Seu autor, o pintor e escultor americano Robert Indiana, foi um dos principais artistas da revolucionária Pop Art dos anos 60.

A mídia e a publicidade eram os temas favoritos da pop art, que muitas vezes celebrava espirituosamente a sociedade de consumo. Talvez o maior nome dessa estética tenha sido o americano Andy Warhol (Andrew Warhola, c. 1928 – 1987), cujas inovações exerceram influência sobre a arte posterior.

 


As Estampas de Warhol

No dia 28 de novembro o Museu de Arte de NY, o MOMA, inaugura uma nova ala. O papel de parede "Cow" de Andy Warhol é o símbolo do novo espaço.

No passado, as opiniões sobre Warhol variaram enormemente. Alguns o consideravam gênio, e outros o acusavam de ser um embusteiro fora do comum. Tendo começado como publicitário, mesclou fotos comerciais em sua obra, de início serigrafando-as ele mesmo e depois transferindo o processo para os funcionários de seu ateliê, conhecido como the Factory (“a Fábrica”): Warhol concebia um projeto, e os assistentes o executavam. No Marilyn diptych (Díptico Marilyn), a imagem foi propositalmente serigrafada sem nenhuma perícia ou exatidão, e a impressão colorida mostra-se, no melhor dos casos, imprecisa.



Ainda assim o Marilyn diptych é obra que atrai e impressiona, originando-se de algo bem no fundo da psique de Warhol. Ele era fã ardoroso das celebridades e entendia o caráter transitório da fama; estava, porém, mais interessado na idéia da devoção do público americano à celebridade como um símbolo cultural da época. Entregando-se à maquina da publicidade, Marilyn foi destruída como pessoa, e o estilo absolutamente neutro e documental de Warhol reproduz a impessoalidade e o isolamento que caracterizam essa fama. No díptico, um mar de rostos – todos parecidos e, ainda assim, sutilmente diferenciados – encara-nos com uma máscara icônica. É uma obra inesquecível.
 

 
Kiss V - Roy Lichtenstein 

Ironicamente, a primeira incursão de Andy Warhol na Pop Art baseava-se em imagens tomadas a histórias em quadrinhos, mas o marchand ao qual mostrou esse trabalho não se interessou, pois já fora conquistado pela arte do também americano Roy Lichtenstein (1913- ), outro dos grandes nomes do movimento.

Há, claro, um elemento de nostalgia em obras como a de Roy Lichtenstein: o mundo dos gibis, mundo da infância e da primeira adolescência, com todo o seu lado inocente e esperançoso. Roy Lichtenstein viu as dimensões icônicas dessas imagens e recriou-as na escala ampla que os expressionistas abstratos preferiam. Sua Whaam não é transcrição de uma história em quadrinhos, e sim uma imagem que ele reduziu ao essencial, a seu vigor aerodinâmico.
 

 
Whaam! diz respeito à violência e a como podemos ficar longe dela. É um díptico narrativo: de um lado, as forças do bem, o anjo vingador no avião; de outro, as forças do mal, o inimigo destruído no clarão estilizado que representa o poder punitivo.

Whaam! é uma resposta irreverente e espirituosa à popularidade do expressionismo abstrato nos Estados Unidos

O pintor usa formas e cores simples e copia a retícula dos materiais impressos para, assim, levar-nos de volta ao mundo simplificado do preto-e-branco moral e à nostálgica ingenuidade da infância.


Jasper Johns Dancers on plane

Merce Cunningham é a homenagem do americano Jasper Johns (1930 - ) ao trabalho de Merce Cunningham, o coreógrafo de vanguarda. Dancers on a plane (Bailarinos num plano) é uma pintura extremamente bela e, em termos conceituais, extremamente complexa. O talento supremo de Johns está em criar visualmente um conceito bastante difícil: o artista encanta o olhar de tal modo que nos leva a explorar esse conceito. Dancers on a plane exibe as complexidades da satisfação religiosa (o modo pelo qual o lado terreno da vida, o esquerdo, será divinamente transformado após a morte, o lado direito) e dos relacionamentos sexuais; mostra também o caráter quadridimensional do movimento de dança exibido num “plano único”, a tela em que os passos combinam-se como parceiros.

É um quadro gratificante, que recompensa o tempo dedicado a sua contemplação. Proporciona prazer mesmo quando lhe damos apenas uma olhadela, pois Johns satisfaz em todos os níveis.
 

 
Robert Rauschenberg

A influência do dadá e do surrealismo conduziu o americano Rauschenberg (1925 - ) a uma forma de arte inteiramente nova, na qual ele usa objetos prosaicos em justaposições incomuns. Essas pinturas, chamadas combines (“Combinações”), são a especialidade de Rauschenberg. Canyon é um exemplo.
 


O artista fez uma desconcertante mistura de imagens e técnicas: pintura a óleo combinada a fotos serigrafadas, a textos de jornal e a simples garatujas pitorescas. Mas, abaixo dessa algazarra vital e intensa, uma ave morta paira com as lúgubres asas abertas. Há uma vertiginosa sensação de planar nos ares, de levantar vôo para o canyon do desconhecido. Percebemos que o desfiladeiro localiza-se menos na pintura que abaixo dela: em vez de estar lá dentro, enquadrado onde não representa perigo, encontra-se em nosso próprio espaço pessoal. A saliência onde a ave se empoleira projeta-se em diagonal para o mundo do observador; dessa saliência, pende molemente uma almofada, disposta em duas bolsas que parecem estranhamente eróticas e patéticas. Todos os elementos da obra, bidimensionais ou tridimensionais, combinam-se numa impressão de clausura, como se de fato estivéssemos acuados entre as altas paredes nuas de um canyon rochoso.

Em Rauschenberg, há uma sandice inspirada que nem sempre tem o resultado esperado pelo artista; mas, quando ele consegue o efeito desejado, suas imagens são inesquecíveis.
 


David Hockney

Estritamente falando, é fato que o movimento Pop tenha começado na Inglaterra, com Richard Hamilton (1922 - ) e David Hockney (1937 - ). As primeiras obras de Hockney fazia esplêndido uso de imagens ao estilo daquelas revistas populares nas quais se baseia muita Pop Art. Mas nos anos 60, quando Hockney se mudou para a Califórnia, ele reagiu com enorme profundidade artística ao mar, ao sol, aos rapazes e ao luxo, tanto que sua arte assumiu uma dimensão inteiramente nova, cada vez mais naturalista. Embora se possa considerar A bigger splash (Um agito maior) uma visão do mundo mais simplista do que simplificada, ele ainda assim produz encantadora interação entre as impassíveis verticais rosadas de um canário em Los Angeles e a exuberância do borrifo de água quando o nadador oculto mergulha na piscina.

Aqui não há nenhuma presença humana visível, apenas a cadeira solitária e vazia e um mundo árido e quase paralisado. No entanto, a grande espadana branca só pode ter sido produzida por um ser humano, e muito da psique de Hockney está envolvido na mistura de lucidez e confusão que vemos nessa pintura.



Antropometria - técnica de mensuração do corpo humano ou de suas partes. - Yves Klein

Yves Klein
foi um artista francês e é considerado uma figura importante da arte européia após a Segunda Guerra Mundial.

Muitas de suas primeiras
pinturas eram monocromáticas, mas sem fixar-se em uma única cor. Ao final da década de 1950 seus trabalhos monocromáticos tornaram-se quase exclusivamente produzidos em um matiz azul intenso, que ele patenteou como Internacional Klein Blue (IKB, =PB29, =CI 77007), embora a cor jamais tenha sido produzida comercialmente.
 

 
IKB 191, 1962 (uma das pinturas monocromáticas em que Yves Klein usou o International Klein Blue)

Paralelamente às pinturas convencionais, em diversos trabalhos Klein utilizou-se de modelos nuas cobertas com tinta azul moviam-se ou imprimiam-se sobre telas para formar a imagem, utilizando as modelos como “pincéis vivos”. Este tipo de trabalho ele denominou de “Antropometria”.

Outras pinturas com este método de produção incluem “gravações” de chuva que Klein realizou dirigindo na chuva a mais de 100 km/h com uma tela atada no teto de seu carro, e telas com formas provocadas por sua queima com jatos de fogo.




 

3 de fevereiro de 2014



Detalhe da obra Girassóis de Van Gogh

Museu britânico expõe duas versões de girassóis de Van Gogh

A National Gallery, em Londres, abriu ao público uma exposição que reúne dois exemplares de um dos mais célebres quadros de Vincent Van Gogh (1853-1890), "Os Girassóis". As obras ficam expostas até o dia 27 de abril.

Esta é a primeira vez que dois d'"Os Girassóis" são expostos simultaneamente na cidade desde 1947, quando estiveram juntos no que agora é o museu Tate Britain.

Um dos quadros pertence à própria National Gallery, e o outro é do museu Van Gogh, de Amsterdã, e ambos estão entre os mais populares das instituições.

De acordo com o jornal "The Guardian", os visitantes encontrarão, à esquerda, os girassóis da National Gallery, uma das quatro pinturas que o pintor fez para decorar um quarto em sua casa em Arles, na França, para seu amigo Paul Gauguin, que o visitava. 

À direita está uma das três cópias que Van Gogh fez posteriormente.

O jornal afirma que as diferenças entre as pinturas são sutis, mas óbvias. A cópia é um pouco mais alta, porque o artista queria mais margem no topo, suas assinaturas estão em locais diferentes e as cores na versão de Amsterdam são mais estilizadas.

Das quatro pinturas originais de girassóis, apenas três ainda existem: a da National Gallery, uma em Munique (Alemanha) e a terceira integra uma coleção particular e não é vista desde 1948.

O museu britânico comprou seus girassóis direto da família do pintor em 1924. Uma das versões foi destruída em um bombardeio americano no Japão durante a Segunda Guerra Mundial.

As três cópias estão expostas em Amsterdam, na Filadélfia, EUA, e em um prédio em Tóquio, Japão.

A série foi pintada durante o ano de 1888, o pior na vida de Van Gogh, quando ele teve sua crise nervosa, cortou parte da orelha e foi internado.