Sobre as Sombras na Aquarela

Tudo começou com as nuvens.

A ideia surgiu da necessidade de mostrar a evolução de uma pesquisa feita sobre monocromia através da técnica da aquarela e colagem.

Foi à partir do meu olhar nas nuvens que surgiu o "momento sombras na aquarela". Após a escolha do suporte, as imagens começaram a brotar em minha mente de forma aleatória, de modo claro e objetivo, facilitando o desenvolvimento do trabalho. O fundo branco do papel, muitas vezes em destaque, realça as nuances e sobreposições das camadas, contrastando tons claros e escuros, assim como a luminosidade, algumas vezes oscilante, mais ou menos intensa, que brinca, sugerindo formas, movimentos e até mesmo sensações, destacando as características da aquarela aliada à colagem.

As inúmeras possibilidades que o tema oferece, associadas à técnica, tráz como resultado a simplicidade da proposta que, destacando a cor pura, em contraste com o papel, evidencia um grande prazer em criar.

Aline Hannun

24 de novembro de 2014

HOPE Outdoor Gallery Galeria de arte ·


 
Galeria de arte urbana comunitária no Texas


Atualmente o graffiti faz parte do cenário de várias cidades mundo a fora, porém artistas que se expressam e que vivem dessa arte, muitas vezes são proibidos de pintar, às vezes são presos,e precisam se preocupar com a polícia.

Para os amantes dessa arte existe um lugar onde é possível levar seu spray em plena luz do dia, sem se preocupar com nada. É a
HOPE Outdoor Gallery (HOG) em Austin, Texas. Aberta em 2011, é um espaço modelo de como as cidades podem unir a arte urbana com o turismo. Artistas iniciantes e outros grafiteiros podem criar sem medo de ser feliz. O labirinto coberto por pixações e graffiti, tornou-se um tesouro local e um destino para artistas do mundo todo.


 
O espaço ocupa uma extensão de 1,25 hectares em Clarksville, um bairro histórico que está rapidamente se tornando um dos lugares do centro de Austin mais caros para viver. A cidade, que ganha mais de 100 novos moradores por dia, está alinhada com guindastes de construção que mal são capazes de manter-se com a explosão demográfica da cidade. Os proprietários das terras do HOG poderiam lucrar consideravelmente com qualquer outro uso pois no local não tem nada construído, apenas uma vista incrível de toda a cidade.

O local abriga graffitis e murais elaborados, tornando-se uma galeria comunitária de arte a céu aberto. Um dos primeiros a pintar um mural foi o artista Shepard Fairey. A galeria recebe uma grande variedade de visitantes, cerca de 50 por dia, durante a semana, e muitos outros aos fins de semana.



Shepard Fairey 
 
Como todo lugar tem um custo, o HOG custa aos proprietários cerca de 75 mil dólares por ano e eles têm o compromisso de manter o parque até o final de 2015, depois disso não sabem o que vai acontecer. Os donos Scull Cheatham e Ayad, estão discutindo alternativas possíveis, incluindo mudar a localização.



Por enquanto, o parque vive. E que sirva de lição para outras cidades, porque o graffiti não pode ser um incômodo. Há diversos lugares abandonados pelo mundo, que poderiam ser convertidos em espaços públicos de expressão artística,




http://hopecampaign.org

17 de novembro de 2014

Henri Matisse - The Cut-Outs no MoMA

HENRI MATISSE - THE CUT-OUTS



Matisse no Hotel Regina, em Nice - 1952 

Durante a última década de sua vida Henri Matisse utilizou poucos materiais para criar as suas obras; papel branco, guache e tesouras. Foram essas as ferramenta usadas para transformar suas obras em um mundo de plantas, animais, figuras e formas.

The Cut-Outs - Os recortes


Os recortes foram criados em fases distintas. Com a ajuda de seus assistentes, Matisse pintou o papel com a guache para depois cortar formas e fazer uma composição. Nas composições menores o artista trabalhou diretamente em uma placa com pinos e para as composições maiores Matisse orientou seus assistentes de estúdio para organizá-las na parede de seu ateliê. Posteriormente, os cut-outs foram montados de forma permanente, tanto no estúdio como em Paris por montadores profissionais.

 
Matisse na frente de papéis pintados a guache - Hotel Regina, Nice. 

As cores nos recortes de Matisse foram produzidas usando a guache opaca, de secagem rápida  e à base de água, composta de pigmentos, aglutinantes, e muitas vezes um pigmento branco para aumentar a opacidade. Dessa forma Matisse adquiriu uma ampla gama de cores. Seus assistentes cortavam folhas retangulares de papel de grandes rolos. A guache, diluída com água, era aplicada no papel e depois penderados para secar. Alguns pedaços tiveram uma aplicação mais densa onde as pinceladas se tornam mais visíveis.




Periquito e a Sereia - Matisse no Hotel Regina, em Nice.

O Corte


Quando Matisse estava trabalhando em um projeto específico, primeiro espalhava os papéis coloridos no chão do seu estúdio para depois fazer a composição da obra. Ele cortava as folhas fazendo formas e deixando o restante jogado no chão, na maioria das vezes seus cortes eram suaves e contínuos. Embora Matisse tenha sido filmado usando tesoura grande, um exame aprofundado dos seus recortes mostram que ele usava uma grande variedade de tamanhos. As estrelas que aparecem em muitas de suas obras, foram cortadas a partir de muitas formas menores, que foram montadas para criar a forma final desejada. Em alguns casos, as formas se sobrepõem, em outras, grandes formas foram cobertas por outras formas.  O objetivo final do artista não era o contorno das formas e sim a estrutura em camadas.




Jacqueline Duhême assistente de estúdio com A Árvore da Vida - 1949

Fixando 


Matisse usou pinos, tachinhas e garras finas para garantir a fixação dos suportes das obras cut-outs, para os pequenos formatos o artista trabalhava sentado em uma cadeira ou na cama com a placa apoiada em suas pernas. Conforme as composições foram crescendo de tamanho, as paredes do estúdio se tornaram os suportes para os recortes fixados com martelo por sua assistente, seguindo as orientações do artista. Este método permitiu a fixação rápida e fácil e os recortes poderiam ser alterados e remodelados sem dificuldades. Os inúmeros furos que permanecem nos recortes atestam estas montagens iniciais e seus reposicionamentos.





Vista da instalação de Henri Matisse: Papiers Découpés, Galerie Berggruen et Cie, Paris, 1953 

Montagem


Até 1950-51 as obras de Matisse foram de dimensões modestas e montadas em seu próprio estúdio por seus assistente sob a sua orientação. As obras vendidas antes desta data foram montadas com uma técnica chamada "colagem por pontos", as formas de corte foram fixadas no papel com pequenas pinceladas de cola. A técnica permitiu que as obras fossem moldadas e transportadas mantendo a mesma vivacidade tridimensional que tinham quando fixada a uma placa ou na parede.

Em 1952 Matisse foi contratado pela empresa de artigos de arte e restauração parisiense de Lucien Lefebvre-Foinet através de Marc Chagall. Esta empresa adaptou um processo de pintura tradicional para as necessidades específicas de montagem das obras de Matisse. A maior preocupação do artista era com a preservação a longo prazo de seus recortes. A vantagem desta técnica, o cut-outs, era que, mesmo montadas em grandes dimensões, poderiam ser armazenadas com segurança, emolduradas, e transportadas. Como as pinturas a guache poderiam sofrer danos com qualquer contato físico, Matisse queria suas obras protegidas com vidro. O inconveniente deste processo foi que os recortes perderam a dimensionalidade que tinham quando preso às paredes do estúdio. A idéia de que obras em papel poderiam permanecer em perfeito estado durante um longo tempo não era concebível no momento da criação das cut-outs.




Os recortes - Henri Matisse - Tate Modern.  

Estabilidade e Deterioração

Atualmente ,quando um espectador está à frente de um cut-out de Matisse, ele pode perceber que determinadas cores se mantiveram intactas enquanto outras sofreram agressões da luz devido às suas composições. Na cor de laranja, por exemplo, existe uma boa estabilidade. Matisse tinha consciencia de que algumas cores eram instáveis. Chegou a presenciar as cores rosa e violeta desaparecerem de alguns recortes em seu próprio estúdio.





O estúdio Red - 1911 - Óleo sobre tela - Museu de Arte Moderna de Nova York.



Jinx de Poésies - 1930–32 - Água-forte - The Museum of Modern Art, New York.

 

O Colar - 1950 - Tinta sobre papel - Museu de Arte Moderna de Nova York.

Cor e Linha


Ao longo de sua carreira, Matisse procurou uma forma de unir os elementos, formas de cores e linhas. Por um lado, ele era conhecido como colorista mestre e sua paleta de cores lhe valeu o título de uma "fera" ou "fauve".
Na primeira década do século XX ocorreu o chamado "período de Nice". Na década de 1920, o artista seguiu um curso que descreveu como "a construção por meio de cor". Por outro lado, ele era um desenhista mestre, célebre pelos desenhos e gravuras que descreviam figuras em arabescos fluindo linhas. "Meu desenho é a tradução mais pura e direta da minha emoção", disse ele certa vez. Através dos recortes, ele finalmente foi capaz de unir estes dois segmentos de sua prática. Matisse descreveu o seu processo como "corte na cor" e "desenho com tesoura".



A Dança - 1932–33 - Óleo sobre tela.
 
Um meio para um fim

Anos antes de Matisse desenvolver o cut-outs como um meio independente, ele empregou a técnica para realizar trabalhos em outras mídias. Já em 1919, ele cortou papel na composição para a decoração para um ballet, Le Chant de Rossignol. Ao compor o mural A Dança, encomendado pelo Dr. Albert Barnes, no início dos anos 1930, ele descobriu que revestir grandes áreas com folhas de papel pintadas lhe permitiua fazer mudanças de forma mais rápidas e eficientes. Em 1937-38, ele cortou e colocou papel pintado para projetar uma segunda produção de dança, Rouge et noir. E em 1940-41, ele usou a mesma técnica para resolver a composição de mais duas pinturas. O cut-out foi desenvolvido em segredo.




 
O Periquito e a sereia - 1952 - Guache sobre papel recortado e colado, e carvão sobre papel, . Stedelijk Museum, Amsterdam.
 
Um espaço maior

Muito antes dos recortes espalhados por paredes, Matisse sonhava em criar obras em grande escala. Em 1942, comentou com o escritor Louis Aragon que ele tinha "uma crença inconsciente em uma vida futura ... algum paraíso onde iria pintar afrescos." Em 1947 reconheceu a influência da arte islâmica que, segundo ele, "sugere um maior espaço, um espaço verdadeiramente plástico". Inventou o cut-out que lhe permitiu cumprir essa ambição de fazer decorações monumentais que transcenderam os limites da pintura de cavalete.
 
Conversa informal
 
Após um período de ausência o blog retorna com a interessantíssima matéria sobre o processo de criação e execução das obras do artista Henri Matisse.
 
A idéia surguiu depois de visitar a exposição The Cut-Outs de Henri Matisse no MoMA, em NY.
 
Várias obras, rascunhos e todo o processo de criação do artista estão à disposição dos visitantes que ainda podem contar com a orientação auditiva gratuíta em vários idiomas desde o princípio até o final da exposição. É possível também assistir ao vídeo que mostra o artista e sua assistente no seu estúdio em processo de criação.
 
Uma grande quantidade de obras de diversos tamanhos ocupam as paredes de várias salas sendo que algumas delas ocupam todo o espaço disponível.
 
Posso garantir que a exposição é fantástica, digna do MoMA, um dos Museus mais famosos da Big Apple.
 
Fiquei muito satisfeita e não podia deixar de partilhar com meus leitores.