Sobre as Sombras na Aquarela

Tudo começou com as nuvens.

A ideia surgiu da necessidade de mostrar a evolução de uma pesquisa feita sobre monocromia através da técnica da aquarela e colagem.

Foi à partir do meu olhar nas nuvens que surgiu o "momento sombras na aquarela". Após a escolha do suporte, as imagens começaram a brotar em minha mente de forma aleatória, de modo claro e objetivo, facilitando o desenvolvimento do trabalho. O fundo branco do papel, muitas vezes em destaque, realça as nuances e sobreposições das camadas, contrastando tons claros e escuros, assim como a luminosidade, algumas vezes oscilante, mais ou menos intensa, que brinca, sugerindo formas, movimentos e até mesmo sensações, destacando as características da aquarela aliada à colagem.

As inúmeras possibilidades que o tema oferece, associadas à técnica, tráz como resultado a simplicidade da proposta que, destacando a cor pura, em contraste com o papel, evidencia um grande prazer em criar.

Aline Hannun

15 de setembro de 2012






Construtivismo de Alejandro Otero ganha primeira mostra individual no Brasil

Os Coloritmos está em cartaz na Estação Pinacoteca de S.P.

Alejandro Otero, (1921-1990) talvez não seja muito conhecido no Brasil, mas foi, sem dúvida, um expoente da arte construtiva venezuelana. Esteve presente em quatro edições da Bienal de São Paulo, em 1957, 1959, 1963 e 1991 e em uma mostra retrospectiva dedicada a ele pela Bienal do Mercosul, em Porto Alegre, há cinco anos. Agora é a vez de sua primeira grande exposição individual no País, Os Coloritmos de Alejandro Otero. Graças a uma iniciativa conjunta do Instituto de Arte Contemporânea (IAC) e da Fundação Nemirovsky. São 44 valiosos trabalhos pertencentes à série Coloritmos, em exposição até 6 de janeiro na Estação Pinacoteca, o primeiro deles realizado em 1955, um esboço da obra definitiva presente na coleção do Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA) desde 1957.

Com curadoria de Rina Carvajal, historiadora de arte que colaborou na edição da 24ª Bienal de São Paulo - 1998 - organizada pelo crítico Paulo Hekenhoff, a exposição é uma rara oportunidade de ver num mesmo espaço essa e outras pinturas históricas de um construtivista que dialogou, ainda que de forma indireta, com os concretos brasileiros.
 
Organizada de forma cronológica, a exposição permite acompanhar a evolução da pintura de Alejandro Otero desde que, voltando da Europa e impressionado com o que viu de Mondrian na Holanda, começou a explorar a dinâmica espacial de faixas verticais sobre figuras geométricas fragmentadas, brincando com a questão de bidimensionalidade à medida que o espectador se movimenta diante dessas obras.
 
Um livro sobre Otero está sendo organizado pela curadora da mostra, Rina Carvajal, e deverá ser lançado em janeiro. Ele conta a bela história de um garoto pobre de Mateco que na adolescencia  ganhou uma bolsa para Paris e lá liderou o primeiro grupo de arte abstrata da Venezuela, La Disidencia.
 
Impossível, olhar para os Coloritmos de Otero sem pensar nas Superfícies Moduladas de Lygia Clark ou nos Objetos Ativos de Willys de Castro, brasileiros da mesma geração.
 


Otero procurou esse movimento na vibração que atingia ao aproximar faixas de cor que se complementam ou desafiam uma a outra no plano. 
Ele primeiro entendeu isso estudando os campos cromáticos do construtivista holandês Piet Mondrian e mais tarde ao mergulhar no projeto de vanguarda que foi a construção da Universidade Central da Venezuela em Caracas
 


Parabólica, Alejandro Otero

De um início figurativo, influenciado por Cézanne, ao abstracionismo geométrico, marcado pela visão de Malevitch e Mondrian, Otero acabou criando uma obra inconfundível, grandiosa como a de seus modelos.

Alejandro Otero
Quando:  de ter. a dom., das 10h às 18h; até 6/1/2013
Onde: Estação Pinacoteca (lgo. Gal. Osório, 66, tel. 0/xx/11/3335-4990)
Quando: R$ 6


Um pouco sobre o Construtivismo

O Construtivismo foi criado na Russia como um movimento estético-político a partir de 1919, como parte do contexto dos movimentos de vanguarda no país, de forte influência na arquitetura e na arte ocidental. Ele negava uma arte pura e procurava abolir a ideia de que a arte é um elemento especial da criação humana, separada do mundo cotidiano.
 
Caracterizou-se, de forma genérica, pela utilização constante de elementos geométricos,
cores primárias e fotomontagem. O Construtivismo teve influência profunda na arte moderna e no design moderno e está inserido no contexto das vanguardas estéticas europeias do início do Século XX.
Como movimento artístico ocorreu entre 1913 e 1930, na Europa. Foi o movimento dentro da arte moderna que mais esteve ligado à ideologia marxista. O artista vinculado a seus projetos visava contribuir socialmente ao suprir as necessidades físicas e intelectuais da nação. Para concretizar estas idéias atuaram nas mais diversas áreas desde à produção de máquinas e utilitários até a criação de meios gráficos de comunicação. Alguns artistas que estiveram associados às idéias e propostas construtivistas foram Vladimir Tatlin, Alexander Rodchenko, El Lissitzky e Naum Gabo.

Os artistas utilizavam de formas geométricas simples para construir narrativas e representações através de cartazes, ilustrações de livros, revistas e projetos arquitetônicos. Ao seguir uma estética anti-naturalista e de ordem matemática pretendiam criar uma conexão entre arte, técnica e tecnologia.
 

 
Cartazes - 1933 - Fotomontagem e ilustração - Alexander Rodchenko
 


Projeto do Monumento à Terceira Internacional -  1920 - Vladmir Tatlin.
 


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