Sobre as Sombras na Aquarela

Tudo começou com as nuvens.

A ideia surgiu da necessidade de mostrar a evolução de uma pesquisa feita sobre monocromia através da técnica da aquarela e colagem.

Foi à partir do meu olhar nas nuvens que surgiu o "momento sombras na aquarela". Após a escolha do suporte, as imagens começaram a brotar em minha mente de forma aleatória, de modo claro e objetivo, facilitando o desenvolvimento do trabalho. O fundo branco do papel, muitas vezes em destaque, realça as nuances e sobreposições das camadas, contrastando tons claros e escuros, assim como a luminosidade, algumas vezes oscilante, mais ou menos intensa, que brinca, sugerindo formas, movimentos e até mesmo sensações, destacando as características da aquarela aliada à colagem.

As inúmeras possibilidades que o tema oferece, associadas à técnica, tráz como resultado a simplicidade da proposta que, destacando a cor pura, em contraste com o papel, evidencia um grande prazer em criar.

Aline Hannun

12 de outubro de 2016

Museu Afro Brasil promove exposição de artistas portugueses


Museu Afro Brasil promove exposição de artistas portugueses

"Portugal Portugueses - Arte Contemporânea", no Museu Afro Brasil, Ibirapuera, São Paulo, reúne 270 obras de 40 artistas para discutir as relações entre Portugal, Brasil e países africanos.

Depois do sucesso de “Africa Africans”, eleita a melhor exposição de 2015 pela Associação Brasileira de Críticos de Arte, o Museu Afro Brasil, instituição da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo, abriu a exposição internacional “Portugal Portugueses - Arte Contemporânea”, no dia 08 de setembro de 2016, com a curadoria de Emanoel Araujo.

A mostra reúne alguns dos principais artistas portugueses da atualidade e pretende aproximá-los do universo cultural brasileiro, como parte de uma trilogia desenvolvida pelo Museu Afro Brasil. As influências interculturais de Portugal, África e Brasil, nascidas com o antigo império português e aprofundadas decisivamente pela escravidão, são redesenhadas na perspectiva contemporânea.




“The American Sunset” - Rui Calçada Bastos

“Nossos olhares e antenas se voltam para as manifestações criativas nascidas no triângulo da invenção, um eixo geográfico que envolve Portugal, África e Brasil”, afirma Emanoel Araujo. “O corpo da exposição tem muitas vertentes. Procuramos mostrar uma arte contemporânea entre o modernismo e a construção de uma nova identidade, que envolve artistas jovens e outros consolidados”.


Entre as 270 obras, as pinturas, esculturas, fotografias e instalações – compõem o mais amplo panorama da arte lusitana realizado no Brasil, nos últimos anos. Entre os destaques, “Coração Independente Vermelho”, instalação de Joana Vasconcelos, um dos maiores nomes da arte portuguesa na cena internacional. Esta obra tem a forma de um enorme “coração de Viana”, peça icônica da filigrana portuguesa, associada à cidade de Viana do Castelo e ao estabelecimento do culto do Sagrado Coração de Jesus. Trata-se de uma emotiva instalação sonora e cinética.




"Coração Independente Vermelho" - Joana Vasconcelos

No itinerário, destacam-se ainda as obras de Helena Almeida e Maria Helena Vieira da Silva, artista importantes para arte portuguesa no século 20. Outras instalações também marcam presença nos 3.000 m² destinados à exposição, como é o caso de “Plataforma”, de Miguel Palma, que deve surpreender os visitantes por suas dimensões e originalidade.




"Plataforma" - Miguel de Palma

Foram articulados a esta exposição, três núcleos expositivos especiais: “Homenagem a Bordalo Pinheiro”, “Africanos portugueses” e “Brasileiros portugueses”.

Na celebração à memória do artista Rafael Bordalo Pinheiro, que viveu no Brasil entre 1875 e 1879, serão expostos livros e cerâmicas, além de caricaturas e desenhos publicados em revistas como O Psit!!!, O Besouro, O António Maria e A Paródia.




Azulejos - Cerâmica - Rafael Bordalo

“Por muitas razões, a arte portuguesa tem um leque enorme de situações que nos comove, porque nele existem resquícios da África, do Brasil e, naturalmente, de Portugal. Houve um tempo em que essas influências e fluências estavam tão ativas, que transpirava uma espécie de suor com cheiros da complexa história de fluxos e refluxos”, avalia Emanoel Araujo, no texto curatorial.

Antonio Manuel, português radicado no Rio de Janeiro, participa com as duas instalações “Frutos do Espaço” e “A Nave”. O artista começou a destacar-se com seu trabalho crítico à ditadura militar brasileira. Em 1968, ele integrou a célebre exposição "Apocalipopótese", organizada por Hélio Oiticica e Rogério Duarte.


"Frutos do Espaço" - Antônio Manuel

No campo da fotografia, participam Fernando Lemos e Orlando Azevedo, também radicados no Brasil. Com 90 anos, Lemos é um membro histórico do grupo surrealista de Lisboa, na década de 40. Por sua vez, o fotógrafo Manuel Correia traz a série “Reis”, parte de um projeto fotográfico sobre o poder tradicional em Angola.




Fotografias de Fernando lemos

Entre os pintores, destaca-se Michael de Brito, artista com ascendência portuguesa que desenvolve cenas que retratam o cotidiano português nas telas “Woman with Chorizos” e “At the table”. Gonçalo Pena, com três pinturas a óleo de grandes dimensões, reforça o painel de pintores.




"Woman with Chorizos" - Michael de Brito

Com uma pesquisa que se move entre o desenho, a escultura e a arquitetura, o artista José Pedro Croft integra a mostra com duas grandes esculturas em aço, vidro e espelhos, que interagem umas com as outras formando uma única peça, além de dois desenhos.

“Portugal Portugueses” será uma ocasião para revisitar artistas como João Fonte Santa, Francisco Vidal, José de Guimarães e Yonamine, conhecidos do público do Museu Afro Brasil, pois já participaram de outras coletivas.


Yonamine, que faz uma ponte artística entre Brasil, Portugal e África, apresenta “Pão Nosso de Cada Dia”, um grande painel de cerca de 8 metros com pães de forma torrados.


"Pão Nosso de cada dia" - Yonamine

João Fonte Santa trará pinturas inspiradas no relato da viagem realizada no Brasil pelos naturalistas bávaros Johann Baptist von Spix e Carl Friedrich Philipp von Martius no século XIX.

Francisco Vidal participará da mostra com “Utopia Luanda Machine”, um grande painel composto de mais de uma centena de papeis feitos à mão.



“Utopia Luanda Machine” - Francisco Vidal


O modernismo das artistas Maria Helena Vieira da Silva, Ana Vieira, Helena Almeida, Paula Rego e Lourdes Castro, formam um núcleo poderoso de mulheres criadoras que incorporam, com suas obras e linguagens, uma valiosa contribuição à arte contemporânea portuguesa. É, a partir delas, que “Portugal Portugueses” se desenha, abrindo espaço, através de diferentes linguagens e estratégias como a geometria, instalações, esculturas, fotografias, desenhos e grandes painéis, reunindo consagrados nomes aos novos talentos que despontam.




Lourdes Castro

A EDP Brasil, com apoio do Instituto EDP, que coordena as ações socioambientais da empresa, o Banco Itaú, Rainer Blickle, Leonardo Kossoy e Orandi Momesso são os patrocinadores de “Portugal Portugueses”, que conta com o apoio da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo e do Ministério da Cultura. A exposição tem como madrinha a jornalista, escritora e dramaturga Maria Adelaide Amaral.


“Esta exposição celebra uma união inevitável de encontros e desencontros do que foi e do que é a nossa formação como povo, descoberto, colonizado e independente, por um português e um brasileiro, Pedro IV, rei de Portugal, que se tornou Dom Pedro I – Imperador do Brasil, e como esta independência que tão cedo foi, não nos afastou, mas consolidou as raízes profundas dessa invenção. Portugal é muito mais que um país, é uma aventura, como nos outros tempos memoráveis, senhor das conquistas e das descobertas, do Brasil e da África, pelo mundo afora. Portugal foi um terrível escravocrata, e se valeu da escravidão negra para desenvolver suas descobertas na América e na própria África, também foi um colonizador que se miscigenou e espalhou artes e ofícios.”, comenta Emanoel Araujo, fundador e Diretor Executivo Curatorial do Museu Afro Brasil
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Serviço:

Exposição “Portugal Portugueses – Arte Contemporânea”


Onde: Museu Afro Brasil - Av. Pedro Álvares Cabral, Parque Ibirapuera, Portão 10 - Fone: 55 11 3320 8900

Quando: Até 8 de janeiro de 2017 - De terça-feira a domingo, das 10hs às 17hs, com permanência até às 18hs.

Quanto: R$ 6,00 - Meia Entrada: R$ 3,00 - Entrada gratuita aos sábados


Assista ao vídeo








5 de outubro de 2016

Museu Rodin - Um dos museus mais charmosos de Paris



O Museu Rodin é um dos mais charmosos museus de Paris. Instalado em um lindo prédio conhecido como Hôtel Biron.

O museu abriga 6.600 esculturas de diversos materiais, como pinturas, rascunhos e fotografias, todos assinados por Auguste Rodin ou relacionados ao gênio de alguma forma.

Inaugurado em 1919, o museu possui o maior acervo do artista. São aproximadamente 300 obras doadas pelo artista ao Estado francês. Além dos trabalhos de Rodin, obras de Camille Claudel também fazem parte do acervo.



"Camille Claudel" - por Camille Claudel

O acervo está hospedado no Hôtel Biron, antiga residência e oficina de Auguste Rodin, um château do século XVIII cujo bem cuidado jardim serve de cenário perfeito para contemplar suas obras. Nada mais apropriado do que refletir, calmamente e em silêncio, diante de "O Pensador", que repousa nessa área agradável e sombreada. Outro destaque são "Portas do Inferno" e o erótico "O Beijo".



Jardim do Museu Rodin

O museu promove também exposições temporárias, incluindo mostras multimídia de arte contemporânea.

No Museu Rodin, muitas das esculturas estão expostas no grande jardim em meio ao ambiente natural. É um dos museus mais acessíveis de Paris. Está localizado perto de uma estação do metrô, Varenne, num bairro central. Atrás do edifício do museu existe um pequeno lago e um restaurante.


"O Pensador"

O museu tem também uma sala dedicada às obras de
Camille Claudel, algumas pinturas de Monet e das coleções pessoais de Rodin.



"Portas do Inferno"

Além do endereço em Paris, o antigo estúdio do artista em Meudon também foi transformado em museu. Conhecido como "Villa des Brillants", foi onde o artista produziu a maior parte das suas obras. Em 1900, 50 pessoas, entre assistentes e fundidores, trabalhavam no local. Além das obras, é possível conhecer também o estúdio e a casa do artista.


"O Beijo"


Obras de Rodin no Museu Meudon


Sobre Auguste Rodin

René François Auguste Rodin foi um importante escultor francês. Sua obra teve grande influência do impressionismo e do simbolismo. Nasceu em Paris em 1840 e faleceu na comuna francesa de Meudon, em 1917.


"Busto de Rodin" - 1900 - Camille Claudel

Desde criança Rodin demonstrou grande interesse por esculturas e aos 13 anos de idade entrou para uma academia de arte para aprender os princípios básicos das artes plásticas. Estudou também anatomia humana para utilizar os conhecimentos na elaboração de suas obras.

Em 1864, teve sua primeira obra “O homem de nariz quebrado” rejeitada pelo Salão de Paris. Os especialistas em arte do salão justificaram a rejeição afirmando que tratava-se de uma obra inacabada.




"O homem de nariz quebrado"

Em 1876 concluiu “A Idade do Bronze”. A obra causou polêmica, pois sua perfeição gerou comentários e críticas no meio artístico. Muitos afirmaram que Rodin teria usado um modelo vivo como molde.




"Idade do Bronze"
- 1876


Em 1878, obteve seu tão merecido reconhecimento artístico com a obra “São João Batista pregando”.




"São João Batista" - 1878

Este sucesso rendeu-lhe um importante trabalho: a encomenda para a criação de uma grande porta de bronze para o Museu de Artes decorativas de Paris. Conhecida como a “Porta do Inferno”, esta obra teve como tema passagens da obra “Divina Comédia” de Dante Alighieri. Infelizmente, após trabalhar vários anos nesta obra, Rodin faleceu deixando-a inacabada.

Na década de 1880, Rodin criou outras quatro grandes esculturas: “O pensador”, 1880, ”O beijo”, 1886, “Os cidadãos de Calais”, 1886, e “O filho pródigo”, 1889.




“Os burgueses de Calais”, 1886

Rodin é considerado pelos especialistas em artes plásticas, um dos mais importantes escultores em bronze de todos os tempos. Grande parte de suas obras estão expostas no Museu Rodin em Paris


Curiosidade

A obra de Rodin que alcançou maior valor de venda em um leilão foi "A eterna Primavera" (1901/02). A escultura em mármore foi vendida em maio de 2016 por US$ 20,41 milhões.



"A eterna primavera" - 1901/02


Serviço

Museu Rodin - 79, Rue de Varenne, Paris, 75007 - Telefone: +33 1 44 18 61 10 - Site: musee-rodin.fr


Rodin Meudon - 19, Avenue Auguste Rodin - 92190, Meudon


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