Sobre as Sombras na Aquarela

Tudo começou com as nuvens.

A ideia surgiu da necessidade de mostrar a evolução de uma pesquisa feita sobre monocromia através da técnica da aquarela e colagem.

Foi à partir do meu olhar nas nuvens que surgiu o "momento sombras na aquarela". Após a escolha do suporte, as imagens começaram a brotar em minha mente de forma aleatória, de modo claro e objetivo, facilitando o desenvolvimento do trabalho. O fundo branco do papel, muitas vezes em destaque, realça as nuances e sobreposições das camadas, contrastando tons claros e escuros, assim como a luminosidade, algumas vezes oscilante, mais ou menos intensa, que brinca, sugerindo formas, movimentos e até mesmo sensações, destacando as características da aquarela aliada à colagem.

As inúmeras possibilidades que o tema oferece, associadas à técnica, tráz como resultado a simplicidade da proposta que, destacando a cor pura, em contraste com o papel, evidencia um grande prazer em criar.

Aline Hannun

30 de setembro de 2013

ELLES: Mulheres artistas na coleção do Pompidou


La chambre bleue, Suzanne Valadon.
A francesa subverteu a forma como a mulher era representada pelos homens. 
 
Elles: Mulheres artistas na coleção do Pompidou
 
Logo no inicio da mostra o visitante se depara com o vídeo-arte da Marina Abramovic, ‘artist must be beautiful’, em que a artista penteia seu cabelo, repetindo sem parar a frase que ecoa pelo salão: “o artista deve ser belo”. Um início impactante como esse já diz muito sobre o que virá a seguir na exposição ‘Elles: Mulheres artistas na coleção do Pompidou’, em exibição no CCBB BH.

Mas afinal, qual é o papel da mulher na arte? Esta não é uma pergunta para ser respondida, afinal, o objetivo da exposição é causar uma reflexão sobre o papel da ‘artista mulher’ na história da arte, oferecendo ao espectador diferentes ângulos da questão – oportunidades para explorar distintas visões e perspectivas a partir do universo de cada criadora.
 


"The Frame" ("Le cadre"), de Frida Kahlo
 
ELLES é uma retrospectiva sobre a artista mulher na história da arte moderna e contemporânea, através da exibição de alguns dos maiores nomes ‘representantes’ dos principais movimentos de Arte Moderna. Desde abstração às questões contemporâneas mais prementes, dos anos de 1907 a 2010.

Organizada pelo Centro Georges Pompidou/Musée National d'Art Moderne, que abriga a maior coleção de arte contemporânea da EuropaCom, e com curadoria de Emma Lavigne e Cécile Debray, ELLES resgata e apresenta artistas de diversos países do mundo e suas multiplicidades, na cultura universal, da literatura à história do pensamento, da dança ao cinema.

Dividida em cinco sessões, com direitos a subseções, o espectador irá se impressionar com nomes como Marina Abramovic, Frida Khalo, Suzanne Valadon, Louise Nevelson, Lygia Pape, Lygia Clark, Louise Bourgeois, Joan Mitchell, Orlan, Sonia Delaunay, Nan Goldin, Anna Bela Geiger, Anna Maria Maiolino, Marta Minujin, e muito mais. 

 
 

La Tache Rouge (A Mancha Vermelha, 1989), obra da franco-americana Louise Bourgeois. Morta em 2010, participou de vários movimentos feministas.


"La machine optique" (1937) da artista Maria Helena Vieira da Silva

SERVIÇO

ELLES: Mulheres Artistas na coleção do Centro Pompidou

Local: CCBB - Praça da Liberdade, 450 - bairro Funcionários

Quando:  28 de agosto a 21 de outubro de 2013. De quarta-feira a segunda-feira das 9h às 21h (fechado às terças-feiras).

Entrada gratuita





27 de setembro de 2013

Últimos dias da exposição do espanhol Javier Mariscal em SP



Cores do desenhista espanhol Javier Mariscal são exibidas em SP

Quase tudo está ao alcance do espanhol Javier Mariscal, 63, criador de histórias em quadrinhos, ilustrações gráficas e industriais, mobiliários, design têxtil, esculturas, pinturas, animações e design de interiores.

Essa variedade de trabalhos --sempre coloridos-- ainda pode ser vista em São Paulo, na exposição "Todas as Cores de Mariscal", que fica até domingo no Instituto Tomie Ohtake.

Luminárias, pinturas, desenhos, brinquedos, mobiliários e projetos gráficos estão entre as 60 obras que compõem a exibição.

A profusão de cores fortes e de formas arredondadas, quase infantis, é em parte explicada pela relação de Mariscal com suas criações.

Certa vez o espanhol disse que se transforma em "palhaço" quando projeta novos trabalhos. "Brinco com o design. Brincar é um sistema de pensamento muito sofisticado, é uma linguagem universal. É simbólico e poético", diz.

Mariscal é criador do boneco Cobi, que foi mascote dos Jogos Olímpicos de Barcelona, em 1992. O designer usou traços cubistas, inspirados em Pablo Picasso, para desenhar o cão da raça pastor catalão. A imagem ficou mundialmente conhecida.


No ano passado, o filme "Chico & Rita", codirigido por ele, foi indicado ao Oscar na categoria de melhor filme de animação. 
 
 
Mas o trabalho do espanhol é mais palpável: pode ser visto em prateleiras de lojas ou, mais comumente, expostas em locais de compras de móveis para casa --a exposição em São Paulo tem patrocínio da rede Tok&Stok.

A ligação de Mariscal com o mercado comercial é extensa. Seu traçado já foi vendido para a multinacional de roupas H&M, para a marca de vodca Absolut, para as bonecas Hello Kitty e até para um partido sueco, para o qual criou um novo símbolo.

"Não me considero um artista. Sou um desenhista. O design não é arte, é um processo industrial, com peças feitas em larga escala para vender e para serem usadas", afirma.

SERVIÇO

TODAS AS CORES DE MARISCAL

QUANDO: Até 29/09 das 11h às 20h

ONDE: Instituto Tomie Ohtake - Av. Faria Lima, 201 - tel. (11) 2245-1900

QUANTO: grátis

 
 


26 de setembro de 2013

CCBB de Belo Horizonte é inaugurado com a exposição Elles: Mulheres artistas na coleção do Centro Pompidou



CCBB-BH é inaugurado na capital.
 
O Centro Cultural Banco do Brasil de Belo Horizonte, conta com 12 mil metros quadrados, recebeu R$ 37 milhões em investimentos na reforma, restauro e mobiliário.   

O CCBB está localizado no Circuito Cultural da Praça da Liberdade que conta com nove museus e espaços do complexo.
 
O “Por Dentro do Circuito” começa em alto estilo: vamos conhecer o resultado dos três anos de reforma do prédio que passa a abrigar o 4º CCBB do país (há ainda em Brasília, São Paulo e Rio). 
 
O espaço foi aberto à  população no dia 28/08/2013.
 

O CCBB ocupa o prédio projetado em 1926 pelo arquiteto Luiz Signorelli. Tombado pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha), a construção teve a restauração arquitetônica e artística assinada pelo arquiteto Flávio Grillo, que executou projetos em monumentos históricos, como a Praça da Estação, na capital.

De acordo com o Banco do Brasil, foram investidos aproximadamente R$ 37 milhões desde o início da reforma, em agosto de 2009, além de restauro e aquisição de mobiliário e equipamentos.
 
O espaço abriga 12 mil metros quadrados de área para exposição, teatro com 270 lugares, salas multimeios e de programa educativo, cafeteria, lanchonete, loja de produtos culturais e área administrativa.
 

O CCBB-BH está entre os maiores espaços culturais do Brasil.

A programação do CCBB para a inauguração mostra a exposição internacional Elles: Mulheres Artistas na coleção do Centro Pompidou, Musée National d’Art Moderne, de Paris, que abriga a maior coleção de arte moderna da Europa.
 
 
SERVIÇO

Elles: Mulheres Artistas na coleção do Centro Pompidou

Local: CCBB - Praça da Liberdade, 450 - Bairro Funcionários

Quando:  28 de agosto a 21 de outubro de 2013. De quarta-feira a segunda-feira das 9h às 21h (fechado às terças-feiras).

Entrada gratuita




24 de setembro de 2013

Heitor dos Prazeres: Compositor, cantor e pintor


Crianças brincando - óleo s. tela - 1966

Heitor dos Prazeres: vida e obras

Heitor dos Prazeres (RJ-1898-1966) foi um compositor, cantor e pintor autodidata brasileiro.

Começou a trabalhar cedo, na oficina do pai, marceneiro. Dominava o clarinete, o cavaquinho e não foi difícil iniciar a carreira de músico. Seus sambas e marchinhas alcançaram projeção nacional. Um dos pioneiros do samba carioca.

Tendo vivido num meio onde a música era a principal forma de expressão, já aos 8 anos de idade surpreendia com seu toque de tamborim e quase todos os instrumentos de percussão. Com habilidade e swing já participava como passista e ritmista do conjunto “Heitor dos Prazeres e sua Gente”. Com o sucesso alcançado pelo grupo, apresentando-se nos mais variados espaços do Rio de Janeiro, passa a trabalhar como mensageiro nível especial na divisão musical da Rádio Nacional.

Sempre em contato com a nata dos artistas e músicos da casa, e incentivado pelo maestro Moacir Santos, Aída Gnatalli e Severino Filho, interessou-se pelos instrumentos harmônicos. A partir daí seguiu seu trabalho como músico em conjuntos de baile, casas noturnas e clubes pelo Brasil. 

Sempre fiel às raízes, Heitorzinho dos Prazeres não é só “talento”: aliava a isso a excepcional capacidade de improvisação que são atributos fundamentais para um bom músico, compositor e cantor. Mas o que é o improviso? É um exercício de reconstrução da música, uma divagação pessoal onde o músico vai progredindo na invenção, no fraseado com o qual vai reinterpretando, e descobre um novo lugar: “o espaço musical infinito”, tornando-se a partir daí um ser privilegiado. Este é o mote... Esta é a certeza de afirmar que Heitorzinho é um “Artista de Linhagem”. 

Heitor compôs seu maior sucesso, Pierrô Apaixonado, em parceria com Noel Rosa. Nos anos 20, Heitor dos Prazeres foi um dos fundadores da escola de samba que mais tarde chamou-se GRES Portela, primeira vencedora num concurso entre escolas em 1929, com sua composição Não Adianta Chorar.

 
Ouça uma de suas canções
 


 

Heitor dos Prazeres adotou a pintura como hábito após a morte da esposa. Nas artes plásticas, teve seu trabalho reconhecido no Brasil e no exterior, com obras presentes em numerosas exposições.

Foi um dos principais pintores do Brasil a retratar o universo do samba e todo o ambiente do carnaval, com as mulatas e passistas. Sua obra pode ser conceituada como arte naif, ou ingênua, caracterizada pela produção de autodidatas sem educação formal no campo das artes.


Carnaval nos Arcos da Lapa - 1964 - óleo sobre tela
 
Isso não implica menor qualidade estética; o pintor chegou a ser premiado na I Bienal Internacional de São Paulo, em 1951. As praias, favelas e morros cariocas são temas imortalizados em suas telas, que constituem uma profunda homenagem ao Rio de Janeiro, onde viveu e morreu.
 
Dançando o Frevo - óleo s. tela

 
 

Forro no Carnaval - óleo s. tela

Assista ao vídeos e aprecie sua música e obras







 


23 de setembro de 2013

Museu Belas Artes de São Paulo comemora 88 anos com exposição




MUSEU BELAS ARTES DE SÃO PAULO | MuBA
 
O Bela Artes comemora 88 anos com a mostra 88belasartes que reúne obras de designers, artistas e arquitetos que se formaram ou participaram da história da instituição.

O acervo reúne obras assinadas por profissionais reconhecidos no mercado, personalidades formadas na Instituição e figuras que têm alguma outra ligação com ela, como os parceiros de longa data Marcelo Rosembaum, José Marton e Carlos Fortes.
 
Estão presentes também obras de Vic Meirelles, Dani Calabresa, Marcel Faisal, Flipe Prott, Cako Martin, Otavio de Sanctis, Felipe Dinis, Francesca Alzati, Atila Soares, Mariana Galasso, Marcio Moreno, Dado Castelo Branco e Celso Gitahy.
  

A primeira missa no Brasil - 1858/1860 - Vic Meirelles
 
O museu do Centro Universitário Belas Artes de São Paulo mantém em acervo desenhos, pinturas e esculturas de artistas como Alfredo Oliani, Tulio Mugnaini, Lopes de Leão, Raphael Galvez, Colette Pujol, Julio Guerra e outros.
 

Canindé, Lavadeiras - 1947 - Raphael Galvez

A instituição passa a abrigar as exposições e atividades de pesquisa do IAC (Instituto de Arte Contemporânea), depois de ter sido desalojado em 2011 do prédio da USP, no Centro da cidade.
 
SERVIÇO
 
Exposição "88belasartes"
 
Onde:  Museu Belas Artes de São Paulo (MuBA). Rua Dr. Álvaro Alvim, 90, Centro Universitário Belas Artes de São Paulo, Vila Mariana,  tel. (11) 5576-7300.
 
Quando: De 24 de setembro a 5 de outubro de 2013, de segunda a sexta das 10h às 20h, sábado 10h às 16h
 
 
 



 



20 de setembro de 2013

Filme sobre Renoir indicado ao Oscar



França indica para o Oscar filme sobre pintor Auguste Renoir

"Renoir", do diretor Gilles Bourdos sobre a vida do pintor impressionista Auguste Renoir, será proposto pela França para as indicações ao próximo prêmio Oscar, anunciou o Centro Nacional do Cinema em Paris.

O filme transcorre em 1915 na Côte d'Azur (trecho do litoral sul francês no Mar Mediterrâneo). Relata a chegada a uma cidade do pintor (Michel Bouquet), que já sofre as doenças da idade, e de Andrée (Christa Théret), uma jovem que se converterá em modelo do artista e transtornará a vida de toda a família, incluindo a de Jean, o filho do artista (Vincent Rottiers).

Todos os anos, a Academia de Hollywood escolhe os cinco filmes que competirão na categoria "melhor filme estrangeiro", sobre um total de 60 ou 70 propostas de diferentes países.

A próxima cerimônia de entrega do Oscar está marcada para o dia 2 de março. Até esta data, a Academia anunciará uma lista curta de filmes e depois a seleção final.

No ano passado, "Intocáveis", de Eric Toledano e Olivier Nakache, foi escolhido para representar a França, mas não foi indicado pela Academia.

O último filme francês a ganhar a estatueta dourada na categoria "melhor filme estrangeiro" foi "Indochina", de Regis Wargnier (1993), com Catherine Deneuve.

Neste ano, o Oscar nesta categoria foi para "Amor", de Michael Haneke (Áustria), com Emmanuelle Riva e Jean-Louis Trintignant. 

 

O ator Michel Bouquet interpreta o pintor impressionista Pierre-Auguste Renoir em filme


Veja o trailer do filme "Renoir"




 




 

19 de setembro de 2013

"Natureza Moderna: Georgia O'Keeffe e o Lago George".


"From the Lake" - Georgia O’Keeffe

Geórgia O’Keefe passava os dias em Lake George, Nova Iorque no início de 1900, o que inspirou muitas de suas obras. Esta pintura mostra as ondas suaves e ondulações do lago.

Exposição retoma fase de Georgia O'Keeffe

Alguns fãs de Georgia O'Keeffe provavelmente associam o Estado do Novo México à artista.
 
A artista viveu por lá durante três décadas e explorou avidamente a paisagem local em sua vida e obra, colecionando pedras, ossos e louvores como uma das mais celebradas pintoras americanas.

Mas, bem antes de se incrustar no deserto, O'Keeffe passou muitos verões às margens do Lake George - lago glacial nos montes Adirondack, perto da cidade de Glens Falls, no interior do Estado de Nova York.

Foi lá que ela produziu várias pinturas enquanto se hospedava na pequena propriedade da família de Alfred Stieglitz, fotógrafo, promotor das artes e seu futuro marido.
 
 


Georgia O'Keeffe, Lake George, 1922. óleo sobre tela (San Francisco - Museum of Modern Art, Califórnia).
  
Agora, pela primeira vez, cerca de 60 dessas criações foram reunidas na exposição "Natureza Moderna: Georgia O'Keeffe e o Lago George", no pequeno museu Hyde Collection.

Desde que a exposição foi aberta, em junho, milhares de visitantes vieram a Glens Falls para ver algumas das reflexões de O'Keeffe sobre esse período.
 


Petúnias, 1925, óleo sobre placa (Museu de Belas Artes de San Francisco).
  
Isso inclui uma pintura --"Lago George, Outono de 1922" --, encontrada por uma sobrinha-neta de Stieglitz e que não era vista em público desde a década de 1920.

Seus organizadores esperam que a exposição estabeleça uma conexão entre O'Keeffe e o lago George, ainda uma atração turística nos verões.
 
 

Georgia O'Keeffe, "folhas de outono", 1924, óleo sobre tela (Columbus Museum of Art, Ohio).

Depois que a exposição se encerrar por aqui, em meados de setembro, "Natureza Moderna" segue para o Museu Georgia O'Keeffe, em Santa Fe (Estado do Novo México), e depois para uma temporada no Museu De Young, em San Francisco.
 
"O'Keeffe sempre desenvolveu vínculos fortes com lugares. O lago George foi um local com o qual ela teve uma profunda relação", disse Erin Coe, curadora-chefe do Hyde Collection.
 
Há cerca de 200 obras da artista relacionadas ao lago George -- cerca de um quarto das pinturas de O'Keeffe.
  


Georgia O'Keeffe, "Apple Family - 2" , 1920, óleo sobre tela (Georgia O'Keeffe Museum). Doação da Burnet Foundation e da Thr Georgia O'Keeffe Foundation.

Charles Guerin, diretor do Hyde Collection, também se impressionou com a pródiga produção de O'Keeffe junto ao lago George.

"A repetição sucessiva dos mesmos temas lhe deu tempo para fortalecer o senso analítico entre o abstracionismo e o realismo", disse Guerin.
 


Georgia O'Keeffe, "lago, No. 3", 1924 (Philadelphia Museum of Art) Legado de Georgia O'Keeffe para a Coleção Alfred Stieglitz
 
Glens Falls fica a menos de 16 km da margem sul do lago George, onde a propriedade da família Stieglitz tinha jardins, pastos e um ateliê para O'Keeffe. Ela começou a visitar o local em 1918 e continuou indo até lá até 1934. Mas suas visitas não eram breves, segundo Coe.
 
Ela costumava chegar em abril e às vezes ficava até novembro. Embora se hospedasse com a família Stieglitz --um clã grande e eventualmente ruidoso--, ela fazia caminhadas, remava e cuidava do jardim.

"Quem dera que você pudesse ver este lugar", escreveu ela em 1923 à romancista Sherwood Anderson.

"Há algo de tão perfeito nas montanhas, no lago e nas árvores. Às vezes, quero rasgar tudo em pedaços, mas é realmente adorável."

Muitas dessas imagens foram parar nas suas pinturas.

Há também as flores, essa flora ampliada e aparentemente sensual que, sob muitos aspectos, fez a fama de O'Keeffe.
 

Georgia O'Keeffe, "erva daninha", 1932. Óleo sobre tela. Presente da Fundação Burnett. © Georgia O'Keeffe Museum.

A exposição do Hyde tem exemplos notáveis: uma cana muito vermelha, de 1919, e uma série de arisemas retorcidas, cor de vinho, emprestada da Galeria Nacional e datada de 1930.

Coe e Guerin parecem satisfeitos por terem lançado alguma luz sobre como os primeiros dias de O'Keeffe junto ao lago contribuíram para sua arte posterior, inegavelmente mais árida.
 
"O lago George", acredita Coe, "forneceu-lhe essas ferramentas".
 
 
 
 
 
 
 


17 de setembro de 2013

Bienal do Mercosul em Porto Alegre



Em Porto Alegre, Bienal do Mercosul quer 'geografia crua'
 
Um emaranhado de cabides metálicos pende do teto na forma de uma antena. No chão, uma rede de mangueiras transparentes faz circular litros de água, da mesma maneira que faz um coração de verdade com o sangue.

Esse desejo de transcender a geografia, no caso do transmissor criado pela dupla de artistas Allora & Calzadilla, e o de transformar em processo plástico um fenômeno tão natural quanto a circulação do sangue, peça do alemão Hans Haacke, são as duas pontas do espectro de obras na atual Bienal do Mercosul. 


'Ten Minute Transmission', obra de Allora & Calzadilla.
 
Desta vez são dois os deslocamentos. A mostra deixa de ocupar os armazéns no cais do lago Guaíba, agora em reforma, e se espalha pela cidade --do Santander Cultural à Usina do Gasômetro.

Suas obras também refutam a mera representação da natureza para extrair de fenômenos naturais, ou melhor, do embate entre artista e natureza, uma plástica menos espetacular e mais intangível, como ondas de rádio.
 

'Circulation', obra do artista Hans Haacke.
 
"Não estamos falando mais de fronteiras", diz Sofía Hernández Chong Cuy, curadora mexicana à frente desta nona edição da mostra. "A geografia que estamos explorando é a do espaço cru, do mar e dos subsolos da terra."

Um tanto vaga, Chong Cuy parece querer usar as linhas de transmissão das antenas para unir pontos tão distantes como um hotel arrasado por um furacão no Caribe -- foco da obra do artista mexicano Mario García Torres-- e um campo de meteoritos na Argentina -- assunto da dupla Faivovich & Goldberg.
 

Guillermo Faivovich, Nicolas Goldberg - "Cosmocosa" - Argentina
 
PORTAIS DO TEMPO 

"Tem mais a ver com tempo do que com espaço", diz a curadora. "São trabalhos que vejo como portais para outras épocas históricas ou como imaginações atmosféricas."

Imaginações à parte, o que a mostra tem de concreto são remontagens de alguns trabalhos clássicos, talvez daí essa tal ponte com o tempo.

Hans Haacke, que montou suas veias e artérias de plástico pela primeira vez em 1966, vê ressurgir o trabalho.

"Não pensei em termos simbólicos com essa circulação. São processos em que percebia uma beleza tradicional", diz o alemão. "Mas entendo que uma obra nunca é vista da mesma maneira em épocas distintas."
 
Marta Minujín, artista argentina pioneira em performances no cenário latino, também aposta na releitura de uma ação dos anos 1960, quando ficou 24 horas em comunicação ininterrupta com outros dois artistas na Alemanha e nos Estados Unidos. 
 

Obra de Marta Minujín expondo na Galeria Ro, Buenos Aires, 2013
 
Em Porto Alegre, Minujín deve refazer a performance em escala menor. "A ideia era a simultaneidade, a globalização de tudo, que é o que ocorre agora", resume. "Queria fazer dos meios de comunicação de massa uma obra." 

Mas não são só reconstruções do passado. Peças clássicas também serviram de gatilho a novas produções. 

Uma canção de Caetano Veloso criada em 1971 ganhou um cover na voz do mexicano Mario García Torres. "If You Hold a Stone", que fala do poder de cura de uma pedra, vira um mantra etéreo nessa mostra com pretensões de reinventar a natureza.

"É uma reinterpretação", diz García Torres. "Minha obra fala da relação que tenho com essa outra, que foi criada tantos anos atrás."

 

SERVIÇO

9ª BIENAL DO MERCOSUL

QUANDO: Até 10/11 - de terça a domingo, das 9h às 19h.

ONDE: vários endereços, consulte. www.bienalmercosul.art.br

QUANTO: grátis

 
 
 

 
 

16 de setembro de 2013

William Kentridge na Pinacoteca



Artista sul-africano leva animações artesanais e desenhos à Pinacoteca do Estado
 
Um dos mais prestigiados artistas contemporâneos, o sul-africano William Kentridge, 58, realiza sua obra na contramão dos grandes avanços tecnológicos do cinema digital e de sofisticados efeitos especiais.

O artista se tornou uma referência internacional com um cinema de animação quase tão rudimentar quanto o do precursor do cinema Georges Méliès (1861-1938).

O próprio Kentridge denomina o resultado do seu trabalho, feito com jornais, carvão, giz e tesoura, de "cinema da idade da pedra". 



Cena da animação 'História da Queixa Principal'.

"Minha obra é artesanal não apenas porque ela é basicamente feita com técnicas simples, mas também para deixar claro ao observador a possibilidade de se trabalhar com materiais simples e que estão próximos", disse Kentridge, na montagem de sua exposição, "Fortuna", em exposição na Pinacoteca do Estado.

Com curadoria de Lilian Tone, a exposição, que já passou pelo Instituto Moreira Sales, no Rio, e pela Fundação Iberê Camargo, em Porto Alegre, encerra sua temporada brasileira com versão mais ampla que as anteriores.

METAMORFOSE

A mostra reúne ainda 38 desenhos, 27 filmes e animações, 184 gravuras e dez esculturas que dão conta da trajetória de Kentridge nos últimos 25 anos.

Um dos elementos recorrentes no conjunto é a ideia de metamorfose. "Em todas as animações eu me interesso em mostrar ao mundo como elas estão em um estado de transformação, não são um fato fixo. Eu me interesso mais pelo processo do que pelos fatos", explica Kentridge. 



Desenho para o filme 'Stereoscope'.

A postura fluida e mutante na obra tem relação com uma crença em princípios democráticos. "Para mim, toda reivindicação por certeza, seja política ou artística, tem uma intenção autoritária por trás", diz Kentridge, que cresceu no regime do apartheid --seu pai foi um dos advogados defensores de Nelson Mandela.

Acompanha a exposição, ainda, a publicação de um "flipbook", um livro que, quando folheado, gera imagens em movimento. "De como não fui Ministro d'Estado", à venda por R$ 50, é uma intervenção de Kentridge em uma edição antiga de "Memórias Póstumas de Brás Cubas", de Machado de Assis.
  

"Eu me identifiquei com esse livro", diz o artista, que aparece caminhando em meio às suas páginas.
 
Assista ao vídeo para conhecer melhor o seu trabalho.



SERVIÇO

WILLIAM KENTRIDGE - FORTUNA

QUANDO: Até 17/11 - de terça a domingo, das 10h às 18h; quinta até 22h.

ONDE: Pinacoteca do Estado - Praça da Luz, 2, SP, tel. 3324-1000

QUANTO: R$ 6,00

CLASSIFICAÇÃO: livre


 
 
 
 
 

15 de setembro de 2013

Poesia completa de Yu Xuanji



"Sonho" - mista sob travesseiro - representação da poesia "A uma garota do bairro" -  Aline Hannun


A uma garota do bairro
 

A manga esconde em gaze o dia, tímida

É a primavera, há que maquiar-se

Dar com tesouros sem preço: isso é fácil

Achar o amante certo, tão difícil

No travesseiro as lágrimas se ocultam

e em meio às flores cala-se a paixão

Se poderia encontrar um Song Yu*

não vale a pena chorar um Wang Chang


*Song Yu foi um importante poeta do período dos Reinos Combatentes (475-221 a.C.). teria sido um homem elegante e de forte presença, a quem era atribuída fama de libertino. Wang Chang é um nome usado frequentemente na poesia da Dinastia Tang para um rapaz bonito, mas sem muita densidade.







10 de setembro de 2013

Nina Pandolfo expõe na Galeria Leme



Butantã, 2008

Mostra de Nina Pandolfo traz novas experiências na Galeria Leme


Pinturas inéditas e instalações robóticas compõem “Serenpidade”, mostra individual da artista Nina
Pandolfo. Na interação do público com as obras, o “acaso” é parte fundamental da exposição.

“Quero que tenham descobertas do acaso, sem a intenção, esperar um tipo de obra e talvez se deparar com outra coisa”, afirma Nina.

Na exposição a artista traz algumas novidades, o público pode conferir uma série de pinturas inéditas, entre elas duas contam com uma moldura desenhada pela artista para aquela obra específica, “Além da pintura, também fiz duas molduras empalhadas e esculpidas, que foram desenhadas junto com os quadros, uma influenciada pela art nouveau, e a outra pelo rococó”, diz.


Nina Pandolfo expõe “Serenpidade” na Galeria Leme, 

Outro destaque da mostra são as instalações robóticas, que promovem uma interação diferenciada do público com a obra de arte. Segundo Nina
“Imagino a obra como algo vivo, as instalações possibilitam, ao público, entrar em contato com todas as sensações, assim podem ver as obras de outra perspectiva”.
 

Entre obras inéditas e instalações robóticas, o fio condutor da mostra é o acaso

Faz parte também das instalações um ninho gigante de um joão-de-barro, com aproximadamente dois metros de altura, e um gato com cerca de três metros de altura.

O título da exposição faz referência ao conto persa infantil “Os três príncipes de Serendip” e à capacidade dos protagonistas da história de realizar descobertas acidentalmente.

SERVIÇO:


Serendipidade de Nina Pandolfo

Quando: De 15/09 a 11/10 - Segundas, Terças, Quartas, Quintas e Sextas das 10:00 às 19:00

Onde: Galeria Leme - Av. Valdemar Ferreira, 130 - Butantã - São Paulo - (11) 3093.8184 -  Estação Butantã (Metrô – Linha 4 Amarela)

Quanto: Gratuito

 
http://galerialeme.com/









9 de setembro de 2013

Bolsas fazem parte do Ciência Sem Fronteiras


Participantes receberão uma bolsa mensal de 750 euros, além de seguro de saúde e passagens aéreas.

O Serviço Alemão de Intercâmbio "Daad" tem inscrições abertas para bolsas de estudos em quatro cursos de especialização no país. Os programas disponíveis são em Música; Artes Plásticas, Design e Cinema; Arquitetura; e Artes Cênicas.

As bolsas são oferecidas por meio do programa Ciência Sem Fronteiras, e têm duração de 12 meses. Os participantes receberão uma bolsa mensal de 750 euros, seguro saúde e passagens aéreas.

As inscrições vão até 8 de outubro para o curso de Arquitetura, 15 de outubro para Música, e 28 de outubro, para Artes Cênicas e Artes Plásticas, Design e Cinema.
 
 
SERVIÇO:
 
Bolsas de estudos na Alemanha
 
INSCRIÇÕES:

Quando:
Diariamente de 05/09 a 08/10 das 00:00 às 23:59

Quanto: Grátis
 
 
 
 

3 de setembro de 2013

Waldemar Cordeiro - Fantasia Exata no Itaú Cultural



Waldemar Cordeiro: Fantasia Exata

Cerca de 250 obras do artista que atuou no movimento Concreto ocupam os três pisos do Itaú Cultural

A retrospectiva Waldemar Cordeiro: Fantasia Exata traz ao Itaú Cultural, até 22 de setembro, o percurso de um dos mentores teóricos do concretismo paulista, inovador no paisagismo e pioneiro da arte eletrônica tanto nacional quanto internacional.

A exposição reúne um panorama extenso da trajetória do artista. São obras de artes visuais, textos críticos e políticos, estudos e desenhos. Parte desse material é inédita. Haverá também a reprodução de duas obras de sua autoria: Beabá – criador eletrônico de palavras – e um projeto paisagístico, este no Parque Ibirapuera.
 


Projeto Paisagístico do Parque Ibirapuera

 


Contra o Naturalismo Fisiológico Op..., 1965 

Outro atrativo é a mostra virtual. Em computadores separados tematicamente, o visitante acessa reproduções em 3D de projetos do artista: o jardim do Clube Esperia e outras obras visuais – algumas presentes na exposição física, outras exclusivas para esta mídia. Esses conteúdos estão também on-line
 
 


Jardim do Clube Esperia 

A curadoria é de Fernando Cocchiarale e Arlindo Machado. A reconstituição e adaptação do projeto no jardim do Clube Esperia.


Contradição Espacial, 1958             

Sobre o artista

Waldemar Cordeiro (1925-1973) nasceu em Roma, na Itália, onde iniciou a carreira artística (trabalhou com o cineasta Federico Fellini). Veio para o Brasil na década de 1940 e trabalhando como jornalista, ilustrador e muralista.
 
Na década de 1950, com o grupo Ruptura – expoente do concretismo brasileiro – aplicou conceitos científicos nas artes visuais, explorando o modo como vemos as coisas e como o cérebro processa o que vemos. Também produziu projetos paisagísticos.

Com os chamados popconcretos, avançou seu trabalho artístico no sentido do pop, da política e do humor, e com a arte concreta semântica desenvolveu trabalhos menos abstratos.
 
A partir de 1968, começou a lidar com computadores. De acordo com a Enciclopédia Itaú Cultural de Arte e Tecnologia, eletalvez seja o nome mais importante das artes eletrônicas no Brasil pelo papel histórico estratégico que desempenhou". Waldemar investigou na arteônica – como chamava – seu potencial não só visual, mas de democratização do acesso à arte.

Serviço:

Waldemar Cordeiro: Fantasia Exata

Quando: Até 22/09/2013 - de terça a sexta das 9h às 20h - aos sábado, domingo e feriados das 11h às 20h.
 
Onde: Itaú Cultural - Av. Paulista, 149 - Bela Vista
 
visite o museu virtual
 
 
 
 
 
 

2 de setembro de 2013

Clóvis Graciano em Brasília


 
CLOVIS GRACIANO DESPERTA EM BRASÍLIA
 
Num mix de técnicas, fases, paletas, períodos e materiais, este artista tão completo, que passou de pinturas de carroças à grandes Murais, tem sua obra mostrada na Caixa Cultural Brasília, de 13 de agosto até 20 de outubro.
 
 
A mostra é de obras de cavalete, o que Graciano considerava o "recreio do artista", dai o nome Arte de Cavalete, apresentando 40 obras entre  pequenas e médias de acervos particulares e familiares. Além disto, o espaço permite mostrar as mais variadas participações do artista, importante membro do Grupo Santa Helena, nas mais diversas manifestações artísticas.
 
 
A Banda - Mural
 
A coletânea de livros ilustrados por Clóvis Graciano entre 1943 a 1973 impressiona, de Jorge Amado a Dorival Caymmi, de Carlos Soulié a Raul Pompéia, de O Armorial de Paulo Bonfim à Castro Alves além de livros infantis de Mauricio Goulart e Nelson Palma. A Coleção de 14 desenhos que formou, em 1966, o Álbum, para poucos, de Rubem Braga "Mestres do Desenho" é em Grupo Santa Helena e Clóvis Graciano.
 
 
Desenho a nanquim representando "Dama" 
 
 
Serviço:
 
Arte de Cavalete - Clóvis Graciano
 
Quando: Até 20/10/2013 - de terça a domingo das 9hàs 21h
 
Onde: Galeria Vitrine da Caixa Cultural Brasília - (61) 3206-9448
 
Entrada gratuita
 
 
 
Colaboração: Carla Mourão