Sobre as Sombras na Aquarela

Tudo começou com as nuvens.

A ideia surgiu da necessidade de mostrar a evolução de uma pesquisa feita sobre monocromia através da técnica da aquarela e colagem.

Foi à partir do meu olhar nas nuvens que surgiu o "momento sombras na aquarela". Após a escolha do suporte, as imagens começaram a brotar em minha mente de forma aleatória, de modo claro e objetivo, facilitando o desenvolvimento do trabalho. O fundo branco do papel, muitas vezes em destaque, realça as nuances e sobreposições das camadas, contrastando tons claros e escuros, assim como a luminosidade, algumas vezes oscilante, mais ou menos intensa, que brinca, sugerindo formas, movimentos e até mesmo sensações, destacando as características da aquarela aliada à colagem.

As inúmeras possibilidades que o tema oferece, associadas à técnica, tráz como resultado a simplicidade da proposta que, destacando a cor pura, em contraste com o papel, evidencia um grande prazer em criar.

Aline Hannun

28 de dezembro de 2012

Dadaísmo e Marcel Duchamp



"O indivíduo, o homem é um homem, um homem como um cérebro, me interessa o que ele faz, porque tenho notado que a maioria dos artista se repetem". Marcel Duchamp
 
Dadaismo

O Dadaísmo surge em meio à guerra, em 1916, do encontro de um grupo de refugiados (escritores e artistas plásticos) com o intuito de fazer algo significativo que chocasse a burguesia da época.

Este movimento é o reflexo da perspectiva diante das conseqüências emocionais trazidas pela Primeira Guerra Mundial: o sentimento de revolta, de agressividade, de indignação, de instabilidade.

O Dadaísmo é considerado a radicalização das três vanguardas européias anteriores: o Futurismo, o Expressionismo e o Cubismo. Os artistas desse período eram contra o capitalismo burguês e a guerra promovida com motivação capitalista. A intenção desta vanguarda é destruir os valores burgueses e a arte tradicional.

Não se sabe ao certo a origem do termo dadaísmo, mas a versão mais aceita diz que ao abrir aleatoriamente um dicionário apareceu a palavra dada, que significa cavalinho de brinquedo e foi adotada pelo grupo de artistas.

O movimento artístico conhecido como Dadaísmo surge com a clara intenção de destruir todos os sistemas e códigos estabelecidos no mundo da arte. Trata-se, portanto, de um movimento antipoético, antiartístico, antiliterário, visto que questiona até a existência da arte, da poesia e da literatura. O dadaísmo é uma ideologia total, usada na forma de viver e com a absoluta rejeição de todo e qualquer tipo de tradição ou esquema anterior.

É contra a beleza eterna, contra as leis da lógica, contra a eternidade dos princípios, contra a imobilidade do pensamento e contra o universal. Os adeptos deste movimento promovem uma mudança, a espontaneidade, a liberdade da pessoa, o imediato, o aleatório, a contradição, defendem o caos perante a ordem e a imperfeição frente à perfeição.

Os dadaístas proclamam a antiarte de protesto, do escândalo, do choque, da provocação, com o auxílio dos meios de expressão oníricos e satíricos. Baseiam-se no absurdo, nas coisas carentes de valor e introduzem a desordem em suas cenas, rompendo com as antigas formas tradicionais de arte.

Marcel Duchamp: um dos principais representantes do dadaísmo

Marcel Duchamp foi um pintor francês (1887 - 1968). Nascido em Blainville, foi um dos líderes do movimento dadaísmo e o inventor dos ready made. É um dos precursores da arte conceitual e introduziu a ideia de ready made como objeto de arte.

Começou sua carreira como artista criando pinturas de inspiração romantista, expressionista e cubista. Dessa fase, destaca-se o quadro Nu descendo a escada, que apresenta uma sobreposição de figuras de aspecto humano numa linha descendente, da esquerda para a direita, sugerindo a ideia de um movimento contínuo. Em 1913 a mesma obra provocou escândalo na exposição de arte moderna Armory Show, em Nova York. Foi mal recebido pelos partidários do Cubismo, que o julgaram profundamente irônico para com a proposta artística por eles pretendida.



Nu descendo a escada - Marcel Duchamp

Essa fase lhe rendeu o quadro O rei e rainha cercados de nus, que sugere um movimento através de duas figuras humanas e A noiva que apresenta formas geométricas bastante delineadas e sobrepostas, insinuando uma figura de proporções humanas.



O rei e a rainha cercados de nus - 1912 - Marcel Duchamp




A noiva - Marcel Duchamp

A obra A noiva é formada de duas lâminas de vidro, uma sobre a outra, onde se vê uma figura abstrata na parte de cima, que seria a noiva, inspirada no quadro acima mencionado, e, na parte de baixo, se percebe uma porção de outras figuras (feitas de cabides, tecido e outros materiais), dispostas em círculo, ao lado de uma engrenagem (retirada de um moinho de café). Essa obra consumiu anos inteiros de dedicação de Duchamp, e só veio a público muito depois do início de sua construção, intercalada, portanto, por uma série de obras. Não se tem um consenso acerca do que representa essa obra, mas diversas opiniões conflitantes, com base em psicologismos e biografismos, renderam e ainda rendem bastante discussão.

Ready made

Duchamp foi o responsável pelo conceito de
ready made, que é o transporte de um elemento da vida quotidiana, a priori não reconhecido como artístico, para o campo das artes. A princípio, como numa brincadeira entre seus amigos, entre os quais Francis Picabia e Henri-Pierre Roché, Duchamp passou a incorporar material de uso comum nas suas esculturas. Em vez de trabalhá-los artisticamente, ele simplesmente os considerava prontos e os exibia como obras de arte.



A fonte - 1917 - Marcel Duchamp

A Fonte foi a obra que fez repercutir o nome Duchamp ao redor do mundo - especialmente depois de sua morte -, baseada nesse conceito de ready made: pensada inicialmente por Duchamp (que enviou-a com a assinatura "R. Mutt" - fábrica que produziu o urinol - lida ao lado da peça) para figurar entre as obras a serem julgadas para um concurso de arte promovido nos Estados Unidos. A escultura foi rejeitada pelo júri, uma vez que, na avaliação deste, não havia nela nenhum sinal de labor artístico. Com efeito, trata-se de um urinol comum, branco e esmaltado, comprado numa loja de construção e assim mesmo enviado ao júri, entretanto, a despeito do gesto iconoclasta de Duchamp, há quem veja nas formas do urinol uma semelhança com as formas femininas, de modo que se pode ensaiar uma explicação psicanalítica, quando se tem em mente o membro masculino lançando urina sobre a forma feminina.

Entre suas obras destacam-se também a Roda de Bicicleta (1913). Em suas "anticriações", interfere em obras já existentes. A Mona Lisa, de Leonardo da Vinci, pintada com bigode e cavanhaque, é a mais conhecida. Em 1923 deixa a pintura para dedicar-se ao xadrez.

Conversa informal:

Marcel Duchamp deixou uma forte influência após sua passagem pela história da arte. Não há artísta que não o conhece e que nunca tenha refletido sobre sua coragem e desprendimento em relação à arte conhecida até então.

Como artista interessada, sempre em busca de novos estimulos e aprendizado, não pude deixar de experimentar a sensação e emoção de fazer duas releituras, uma da  obra O Amor e outra da Roda de bicicleta.



O Amor -  Marcel Duchamp   O Amor - Aline Hannun


Roda de bicicleta - Marcel Duchamp  / Roda de bicicleta - Aline Hannun

Duchamp abandonou a pintura no auge da fama. “Eu me interessava por idéias e não simplesmente pelos produtos visuais”, disse. “Eu queria colocar a pintura novamente a serviço da mente”.







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