Sobre as Sombras na Aquarela

Tudo começou com as nuvens.

A ideia surgiu da necessidade de mostrar a evolução de uma pesquisa feita sobre monocromia através da técnica da aquarela e colagem.

Foi à partir do meu olhar nas nuvens que surgiu o "momento sombras na aquarela". Após a escolha do suporte, as imagens começaram a brotar em minha mente de forma aleatória, de modo claro e objetivo, facilitando o desenvolvimento do trabalho. O fundo branco do papel, muitas vezes em destaque, realça as nuances e sobreposições das camadas, contrastando tons claros e escuros, assim como a luminosidade, algumas vezes oscilante, mais ou menos intensa, que brinca, sugerindo formas, movimentos e até mesmo sensações, destacando as características da aquarela aliada à colagem.

As inúmeras possibilidades que o tema oferece, associadas à técnica, tráz como resultado a simplicidade da proposta que, destacando a cor pura, em contraste com o papel, evidencia um grande prazer em criar.

Aline Hannun

27 de dezembro de 2012

Mark Rothko


Tela de Rothko é arrematada por US$ 67 milhões em Nova York

O quadro de Mark Rothko No.1 (Royal Red and Blue) foi arrematado por US$ 67 milhões em um leilão da casa Sotheby's em Nova York, no qual também foram vendidas obras de Jackson Pollock, Francis Bacon e Andy Warho.




A obra foi pintada por Rothko em 1954 e se enquadra em um período considerado como o apogeu da carreira deste mestre do expressionismo abstrato americano.

"O tamanho, a qualidade, o estado de conservação e as cores tão comerciais faziam deste quadro um candidato ideal para alcançar um preço recorde", explicou Augusto Uribe, porta-voz da Sotheby's.

No.1 (Royal Red and Blue) faz parte de uma série de oito trabalhos que foram selecionados pelo próprio autor para integrar uma exibição individual realizada em 1954 no Instituto de Arte de Chicago, a qual representou um marco na trajetória do artista.

 
No.1 (Royal red and blue) - Mark Rothko

A obra permaneceu na mesma coleção durante os últimos 30 anos, e sua venda constitui "um grande acontecimento", segundo Uribe, já que as pinturas de Rothko não costumam aparecer em leilões.

No segundo trimestre deste ano, uma tela do artista intitulada Laranja, Vermelho, Amarelo foi vendida pela casa Christie's por US$ 86,8 milhões.

 
Laranja, vermelho , amarelo
 



Outras obras referentes ao expressionismo abstrato alcançaram grandes valores, como Number 4, (1951) de Pollock, que foi vendida por US$ 36 milhões.


 



Untitled (Pope), de Bacon, encontrou um comprador por US$ 26,5 milhões, após ter permanecido na mesma coleção privada desde 1975.

 



Abstraction, de Willem de Kooning, saiu por US$ 17,5 milhões, enquanto Abstraktes Bild (712), de Gerhard Richter, foi arrematada por US$ 15,5 milhões.


 



Warhol foi representado no leilão por Green Disaster e Suicide, quadros pertencentes a sua provocativa série Morte e desastre e que foram vendidos, respectivamente, por US$ 13,5 milhões e US$ 14,5 milhões.

 
 
Sobre Mark Rothko

Markus Rotkovičs, (1903-1970) foi um pintor expressionista abstrato (embora ele rejeitasse tal classificação), nascido na Rússia (Letónia) e naturalizado estadunidense.

De origem
judaica, Rothko emigrou com a mãe e a irmã para Portland (Oregon), em 1913, para se reunir ao pai e irmãos. Fez seus estudos no Lincoln High School de Portland, depois na Universidade Yale.

Em
1929, tornou-se professor de desenho para crianças. Em 1932 casou-se com Edith Sacharem e em 1934, fundou a Artist Union de Nova York.

Em 1940, adotou o nome anglicizado Mark Rothko, dois anos após ter conseguido a nacionalidade americana.

De acordo com seus amigos, tinha uma natureza difícil. Profundamente ansioso e irascível, podia ser também extrememente afetuoso. É nos anos
1950 que sua carreira verdadeiramente deslancha, graças sobretudo ao colecionador Duncan Philips que lhe comprou vários quadros e, após uma longa viagem do pintor à Europa, consagrou uma sala inteira à sua coleção (um sonho de Rothko, que desejava que os visitantes não fossem perturbados por outras obras).

Os
anos 1960 foram para ele um período de grandes encomendas públicas - da Universidade Harvard, da Marlborought Gallery, de Londres, a Capela em Houston) - e de desenvolvimento das suas idéias sobre a pintura. Mas este impulso criador e de reconhecimento foi interrompido por um aneurisma de aorta - doença incapacitante que o impediu de pintar em grandes formatos.

Reconhecido na Europa e na América pelo seu papel no desenvolvimento da arte não-representacional, Rothko cometeu suicídio em 25/2/1970 em meio à depressão e à doença.

Rothko era um intelectual, um homem extremamente culto que amava a música e a literatura e era muito interessado pela
filosofia. Influenciado pela obra de Henri Matisse
– a quem ele homenageou em uma de suas telas.

Rothko ocupou um lugar singular na Escola de Nova York.

Após ter experimentado o
expressionismo abstrato e o surrealismo, ele desenvolveu, no final dos anos 1940, uma nova forma de pintar. Hostil ao expressionismo da Action Painting, Mark Rothko (assim como Barnett Newman e Clyfford Still) inventa uma forma meditativa de pintar, que o crítico Clement Greenberg definiu como Colorfield Painting (pintura do campo de cor).
Em suas telas, ele se exprime exclusivamente por meio da cor em tons indecisos, em superfícies moventes, às vezes monocromáticas e às vezes compostas por partes diversamente coloridas. Ele atinge assim uma dimensão espiritual particularmente sensível.


Mark Rothko no teatro

Sua vida e obra são o tema da peça de teatro Vermelho com Antonio Fagundes atualmente em cartaz no Teatro GEO

Numa coprodução do ator Antonio Fagundes e do diretor Jorge Takla, a montagem de Vermelho, texto do roteirista e dramaturgo norte-americano John Logan, além de inaugurar o belíssimo Teatro GEO, com 627 lugares, dentro do Instituto Tomie Ohtake, em Pinheiros, é encenada pela primeira vez no Brasil. A peça estreou em 2009 em Londres e no ano seguinte arrebatou diversos prêmios na Broadway/Nova York, inclusive o de melhor espetáculo.
 
A trama (traduzida por Rachel Ripani) gira em torno do duelo de gerações entre o consagrado pintor russo (naturalizado norte-americano) Mark Rothko e seu assistente Ken. Mais do que a entrega de bastão do artista mais velho para o iniciante, a peça discute a relação do mercado com a obra de arte, além das diferentes visões de mundo, ideologia e modo de encarar a vida entre os dois personagens.

A montagem brasileira traz um elemento a mais: como no palco Rothko e Ken são interpretados por pai e filho, o duelo de gerações fica ainda mais evidente para a plateia.

Na peça, tudo se passa entre 1958 e 59 quando ele estava em seu ateliê de Nova York produzindo a série de murais para o restaurante Four Seasons, no Edifício Seagram, encomenda feita a ele por uma quantia recorde para a época. Para auxiliar neste trabalho, ele contrata o assistente Ken e é deste encontro que surge uma relação no mínimo inusitada. Se no início o rapaz se mostra inexperiente e submisso à arrogância e ironia do mestre, com o passar do tempo Ken amadurece e passa a questionar com fortes e seguros argumentos a postura de veterano pintor.


Fagundes num dos embates do mestre com o principiante.

A grande atração de Vermelho é justamente esta relação criada entre os dois artistas: em embates calorosos Rothko tenta passar ao jovem pintor toda sua experiência profissional e de vida; entretanto é o rapaz que, ao final, consegue por em xeque o consagrado artista.

“Vermelho é uma obra exigente que, como Rothko, nos leva a criar um clima de luzes delicadas, um ambiente suave para valorizar as obras e deixá-las pulsantes e vivas. Aliás, a luz foi um dos desafios da montagem, pois Rothko dizia que uma obra vive por simbiose, precisa do olhar empático do observador e, por isso, ele tinha que protegê-la, controlando a luz, a altura em que ela está exposta, a distância do observador; senão a obra poderia morrer desprotegida”, conta o diretor.

Vermelho é um espetáculo que prende a atenção do público principalmente pela simbiose criada entre os dois personagens: em diálogos profundos, às vezes até cortantes, mas também de muita emoção, os atores são exigidos no grau máximo. E aí é que a montagem ganha maior dimensão: Antonio Fagundes surpreende na composição do velho e neurastênico pintor: o figurino (calças sociais com cinto colocado acima da barriga) contribui muito para deixar o ator obeso e ao mesmo tempo prepotente, marca de Rothko.


Bruno dá o tom perfeito do jovem que amadurece e questiona o mestre.

Bruno Fagundes, pela primeira vez contracenando com o pai no palco, é outra grande surpresa: traz os holofotes para si na composição do jovem pintor que sai de uma postura ingênua para se mostrar ao final um promissor artista plástico. Nos diálogos finais, vemos dois atores de extrema grandeza e talento.


Vermelho - Cena 2
 



Serviço

Vermelho

Onde: Teatro Geo (Rua Coropés, 88, Alto de Pinheiros).Tel. (011) 3728-4925

Quando: Quinta: 21h. Sexta,:às 21h30. Sábado: às 21h. Domingo: 18h.

Quanto: De R$ 100 a R$ 120.

Censura: 12 anos.

www.teatrogeo.com.br


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