Sobre as Sombras na Aquarela

Tudo começou com as nuvens.

A ideia surgiu da necessidade de mostrar a evolução de uma pesquisa feita sobre monocromia através da técnica da aquarela e colagem.

Foi à partir do meu olhar nas nuvens que surgiu o "momento sombras na aquarela". Após a escolha do suporte, as imagens começaram a brotar em minha mente de forma aleatória, de modo claro e objetivo, facilitando o desenvolvimento do trabalho. O fundo branco do papel, muitas vezes em destaque, realça as nuances e sobreposições das camadas, contrastando tons claros e escuros, assim como a luminosidade, algumas vezes oscilante, mais ou menos intensa, que brinca, sugerindo formas, movimentos e até mesmo sensações, destacando as características da aquarela aliada à colagem.

As inúmeras possibilidades que o tema oferece, associadas à técnica, tráz como resultado a simplicidade da proposta que, destacando a cor pura, em contraste com o papel, evidencia um grande prazer em criar.

Aline Hannun

23 de janeiro de 2013

Montevidéu a cidade dos museus


Um museu para cada grande artista uruguaio

Poucas cidades latino-americanas homenageiam de forma tão intensa os seus artistas e os estrangeiros que por lá passaram como Montevidéu.

Os museus dedicados a Pedro Figari (1861-1938), Torres-García (1874-1949), José Gurvich (1927-74) e Juan Manuel Blanes (1830-1901) contam, cada um sob sua perspectiva, a história da cidade e do país.

Sobre Pedro Figari

Pedro Figari Solari nasceu em Montevidéu (1861-1938) pintor, advogado, político, escritor e jornalista uruguaio. Uma das principais figuras da pintura americana, caracterizada por seu estilo único e vontade americana.

Nas telas de Figari, a influência da arte acadêmica italiana se mistura aos elementos de arte naïf para retratar cenas do cotidiano local, como danças de candombe* e festas populares com grande presença negra.
 
*Candombe - Sm (quimbundo kandombe)1. Rede de pescar camarões, manejada ordinariamente por um só homem. Var: candobe. 2. Folc Dança frenética de negros, semelhante ao frevo, que não deve ser confundida com o candomblé, pois é profana, das ruas e praças públicas e acompanha os bailados dos congados, vindo atrás do séquito do rei do Congo, ao passo que o cando mblé é dança religiosa, de terreiro, praticada diante do altar.

Preparando Candombe


Candombe - 1921

Pintor de sua terra

Foi só depois de 1918, após o fracasso na área da educação e separado de sua esposa, que Figari decidiu dedicar-se à pintura. Estava com quase 60 anos e l
ogo fortaleceu sua vocação artística. Em 1921, mudou-se com seus filhos para Buenos Aires dedicando-se exclusivamente à pintura.

Encontrou em Buenos Aires o ambiente e incentivo certo para desenvolver seus temas. Juntou-se ao círculo de intelectuais que trabalhavam na revista Martín Fierro de Buenos Aires, que lhe deram apoio incondicional.

Tornou-se amigo de personalidades como Jorge Luis Borges, Oliverio Girondo Raul Monsegur, Manuel e Ricardo Güiraldes. No mesmo ano realizou a sua primeira exposição na Galerie Müller com seu filho Juan Carlos Figari Castro.

Em 1925 mudou-se para Paris, expôs na Galeria Druet e logo consagrou-se como um dos pintores mais importantes do Rio de la Plata. Em Paris, visitou os mais famosos artistas e intelectuais da época, como os escritores Jules Supervielle, Paul Valéry, e os pintores Pablo Picasso, Joaquin Torres Garcia e Fernand Léger.

Figari pintou cenas que recriam o passado histórico e social, buscando resgatar a memória da pátria e para reforçar a identidade regional e americana. Seus desenhos foram preenchidos com preto candomberos, pericones, cielitos, gaúchos, pampas, umbuzeiros, pátios coloniais, dança de salão, funerais, touradas e jogadores de bocha.

Com sua pincelada resolvida, vibrante e com muita intuição, pegou algumas pinceladas do Impressionismo transformando-as em um estilo pessoal e único, que não reconhece outras influências.


O Pátio Unitário


Candombe 1


Conversa informal

A matéria Montevidéu a cidade dos museus, é bastante extensa e interessante. Para podermos conhecer um pouco mais sobre os museus e seus artistas, vou postá-la em capítulos abordando um assunto por semana sempre às quartas-feiras.

No próximo capítulo vamos mostrar Torres García e seu museu. Teremos muito o que falar.




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