Exposição sobre a revista 'O Cruzeiro' resgata origens do fotojornalismo no Brasil
Em uma época em que o casamento interétnico com índios era proibido, a união entre a índia Diacuí e o sertanista Ayres da Cunha tornou-se a novela da vida real da década de 1950. A população indígena era impedida de se casar com pessoas de fora das aldeias. O enredo, que teve final trágico com a morte de Diacuí durante o parto, foi acompanhado vigorosamente durante um ano pela revista "O Cruzeiro".
"Os Diários Associados patrocinaram o casamento. E a revista vai acompanhar os preparativos, ela [Diacuí] sendo preparada no salão de beleza, o casamento, a lua de mel, o retorno para a aldeia", disse a curadora da exposição .
A mostra As Origens do Fotojornalismo no Brasil: Um Olhar sobre O Cruzeiro (1940-1960), com curadoria de Helouise Costa, reuni na capital paulista, mais de 200 imagens da história de uma de publicação que foi precursora do fotojornalismo no país.
Assim, nomes de fotógrafos como Henri Ballot e José Medeiros começaram a se destacar. "Eles (fotógrafos) vão para as aldeias e fazem fotos absolutamente espetaculares", conta Helouise.
Junto com a inauguração do Museu de Arte de São Paulo (Masp), outro fotógrafo de O Cruzeiro, Peter Scheier, que fazia a cobertura das exposições no museu, teve importante papel na composição de um acervo sobre o local. "Através dessa documentação dá para a gente entender um pouco melhor as atividades desses museus modernos no Brasil", disse.
Além do estudo aprofundado sobre os profissionais da fotografia já muito explorados, a mostra buscou trazer abordagens inéditas, como no caso de Luciano Carneiro. Ele trabalhou na revista como correspondente estrangeiro. Morreu em um acidente de avião aos 33 anos. "Ele teve um papel muito importante, embora ainda hoje desconhecido: ele foi correspondente na Guerra da Coreia", ressaltou Helouise.
Quando: até 31 de março de 2013
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