Artista Tracey Emin abre seu ateliê em Londres e fala sobre sua 1ª mostra no Brasil
Na porta do ateliê, um retrato de Tracey Emin recebe quem entra com a careta que virou marca registrada da artista britânica. "Esse quadro nós chamamos de 'a chefe'", diz ela. "No Natal, a gente acende umas luzinhas coloridas em volta dele."
Não há dúvida sobre quem manda no pedaço, e não existe parede de seu ateliê no East End londrino, a quadras do mercado de Spitalfields, sem o seu rosto ou seu corpo nu estampado em fotografias.
Emin, como ela mesma se classifica, é "imensa". Nome que despontou junto de Damien Hirst e os chamados jovens artistas britânicos na década de 1990, a artista é hoje uma das mais poderosas no circuito global --pelo preço das obras e prestígio entre críticos-- e fará em dezembro a primeira individual no Brasil, abrindo o endereço paulistano da galeria White Cube.
"Tem artistas com personalidades gigantes, que engolem o trabalho, e tem aqueles medianos, irreconhecíveis", define Emin. "Eu faço parte do primeiro time, sou reconhecível, com uma personalidade enorme. As pessoas me veem na rua e sabem que eu sou 'aquela artista'".
Sobre Tracey Emin
A artista, fez fama e fortuna expondo a própria miséria. Sua obra se funde à história pessoal -Emin, 49, retrata em desenhos, instalações em neon, esculturas, bordados, fotografias e vídeos as desventuras de ter sido estuprada aos 13 anos e os abortos que fez.
Sua infância e adolescência em Margate, "uma cidadezinha litorânea abandonada na costa da Inglaterra, onde não havia nada para fazer a não ser se misturar à decadência generalizada, trepar, brigar e gastar a vida", contrasta agora com sua posição de celebridade milionária.
Numa rara entrevista, Emin recebeu jornalistas em seu ateliê, cercada por seus oito assistentes -entre arquivistas, assessores de imprensa, costureiros e montadores- ocupam um prédio inteiro. Por trás da fachada vitoriana, são três andares e o subsolo, onde Emin mandou construir uma piscina.
Mesmo imersa no luxo, ela mantém a casca grossa de quando vivia num quartinho em cima de um KFC com todos os pertences amontoados -uma cafeteira elétrica e saquinhos de sopa instantânea.
Obra em neon de Tracey Emin que estará em mostra na galeria White Cube, em S.P.
Tracey Emin em Buenos Aires
A exposição apresenta, num conjunto de pequenas salas sem cortinas ou portas, simultaneamente, cinco vídeos.
Curada pelo canadense Phillip Larratt-Smith, a mostra é a primeira de Tracey Emin num museu latino-americano.
Sobre a Galeria White Cube em S.P.
A White Cube, segunda maior galeria de arte do mundo (atrás apenas da Gagosian, em Nova York), anunciou a abertura de seu primeiro espaço no Brasil, mais especificamente no bairro da Vila Mariana, em São Paulo.
O novo endereço da White Cube, sua porta de entrada no continente americano, é o quinto espaço da galeria, que já tem três em sua cidade natal, Londres, e uma base em Hong Kong. Em São Paulo, a proposta da White Cube não é exatamente somente lucrar, ao menos de acordo com Tim Marlow, diretor da galeria, que, em conversa afirmou “Se dependêssemos das vendas no Brasil, seríamos loucos. Nosso objetivo é construir uma reputação e gerar interesse. Sabemos do sistema tributário do país, que dificulta muito os nossos negócios”.
O primeiro “contato” da White Cube com o Brasil foi em maio deste ano, quando a galeria organizou a mostra Fatos e Sistemas do escultor britânico Antony Gormley no espaço que que passará a ocupar a partir de dezembro. Tal exposição aconteceu em paralelo com Corpos Presentes, uma retrospectiva de Gormley sediada no CCBB, no centro de São Paulo. Em parceria com o British Council, a White Cube trouxe o artista ao país para uma palestra especial para convidados.
www.whitecube.com
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