Sobre as Sombras na Aquarela

Tudo começou com as nuvens.

A ideia surgiu da necessidade de mostrar a evolução de uma pesquisa feita sobre monocromia através da técnica da aquarela e colagem.

Foi à partir do meu olhar nas nuvens que surgiu o "momento sombras na aquarela". Após a escolha do suporte, as imagens começaram a brotar em minha mente de forma aleatória, de modo claro e objetivo, facilitando o desenvolvimento do trabalho. O fundo branco do papel, muitas vezes em destaque, realça as nuances e sobreposições das camadas, contrastando tons claros e escuros, assim como a luminosidade, algumas vezes oscilante, mais ou menos intensa, que brinca, sugerindo formas, movimentos e até mesmo sensações, destacando as características da aquarela aliada à colagem.

As inúmeras possibilidades que o tema oferece, associadas à técnica, tráz como resultado a simplicidade da proposta que, destacando a cor pura, em contraste com o papel, evidencia um grande prazer em criar.

Aline Hannun

12 de julho de 2013

Henri Matisse. Desenhista, escultor e pintor francês.


Henri Matisse em Nova York - 1930

Henri Émile Benoît Matisse (1869 - 1954), foi um dos principais representantes do movimento artístico conhecido como Fauvismo.

Matisse começou a estudar pintura com Bouguereau e Ferrier, em Paris, mas as suas maiores influências foram a arte muçulmana, as gravuras japonesas e Cézanne.

Foi considerado pintor da escola fauvista, mas foi defensor da escola clássica tradicional e passou pelos estilos pontilhista, impressionista e geométrico.

Em 1896 já tinha exposto cinco quadros no salão da Sociedade Nacional de Belas Artes, dos quais dois foram vendidos. Em 1898, trabalhou no atelier de Carrière (Jean Claude Carrière, roteirista, escritor, diretor e ator francês).


A arte de Matisse é caracterizada por traços de arabesco do desenho, cores finas, formas planas. Ele usava o tema da composição apenas como elemento secundário.
 
O pintor exerceu grande influência sobre a geração do século 20. Suas obras mais importantes são a Odalisca de Calções Vermelhos, a decoração da Capela de Vence, no sul da França, e o painel A dança
Odalisca de calções vermelhos



Capela de Vence



A dança
Outras obras interessantes: Sobremesa, Banhistas na margem de um rio, considerado pelo pintor a sua maior obra.


Sobremesa



Banhistas na margem de um rio
 
Sobre o Artista

Matisse viveu entre o paraíso e o inferno

Não seria exagero dizer que a obra de Henri Matisse foi construída na solidão. O mundo todo lhe deu as costas, contou Lydia Delectorskaya, sua última mulher. Todos se alinharam aos cubistas, e ele nunca quis se expor, demonstrando o quanto aquilo o machucou.

Nos dois momentos chave de sua produção, Matisse fugiu para compor sua obra. Nos anos que antecederam a Primeira Guerra Mundial, quando fez A dança, e o fim da vida, quando criou suas colagens de papel recortado, o artista esteve quase sempre sozinho.

A relação do artista com seus contemporâneos era bastante complicada; da reverência que tinha por Cézanne - um deus para ele - e a amizade com Renoir; por outro, os atritos intensos com Picasso.

Sobre a relação Matisse e Picaso, eles se reconheciam como rivais, mas as brigas fizeram com que cada um tentasse coisas que antes seriam impossíveis em seus trabalhos.

Em reação ao Nu Azul, de Matisse, Picasso começou a pintar Les Demoiselles dAvignon, obra que inaugurou o movimento cubista.



Nu Azul - Henri Matisse

Les Demoiselles dAvignon - Pablo Picasso



Mas as aproximações não vão muito além. Matisse estava mais preocupado com a vibração das cores do que em rever conceitos de volume e espaço. Suas obras eram visões estonteantes, ofuscantes e alegres, um clamor que parecia berrar das paredes.

Como em um duelo de gigantes Picasso e Matisse nutriram uma convivência baseada na competição e, ao mesmo tempo, na admiração mútua. Ambos conquistaram fãs arrebatados e radicais no mundo das artes. "Picassistas" e "matissistas" chegavam a trocar ofensas e defendiam de forma ardorosa a suposta supremacia de seu respectivo ídolo. "Ninguém nunca olhou tão atentamente para meu trabalho quanto Picasso, nem tão atentamente ao trabalho dele como eu", ponderou o próprio Matisse.

Na porta de seu ateliê, Matisse colocou um pequeno quadro de Cézanne e tinha o hábito de olhar para a tela do mestre pós-impressionista antes de trabalhar, uma espécie de guia visual.

Na construção de sua obra, no entanto, Matisse só teve o apoio real da mulher com quem passou quase toda a sua vida, Amélie Parayre.

Num de seus retratos mais célebres, que escandalizou Paris, ele pintou o rosto dela cortado ao meio por uma faixa verde, dividindo a tela em fortes campos de cor, quase uma síntese de seu estilo.


Madame Matisse



Amélie era a única pessoa que acreditava nele no mundo. Ele dizia que a amava, mas que amava mais a pintura. Essa era a condição do casamento, e ela foi sua espinha dorsal.
Muito da história de Matisse está na correspondência entre eles. Em suas viagens, Matisse escrevia quase todos os dias à mulher. Numa das cartas, ele descreve apaixonado a paisagem marroquina: Quando parou a chuva, brotou da terra uma vegetação florescente, escreveu. Todas as colinas em torno de Tânger, antes cor de pele de leão, ficaram recobertas de um verde extraordinário sob o céu turbulento, como num quadro de Delacroix.
No Balneário de Collioure, no sul da França, Matisse pintou uma janela aberta à luz ultracolorida, exemplo de sua convicção de que a pintura dá acesso a outro mundo.
Mais tarde, em 1914, às vésperas da Primeira Guerra, ele volta ao tema, mas pinta um vazio negro visto pela janela, o que o poeta Louis Aragon viu como abertura para o silêncio de um futuro negro.
São dois pontos de vista que refletem o céu e o inferno da vida real de Matisse, um artista atormentado pela incerteza e pela obsessão.
No livro Matisse, Uma Vida da escritora Hilary Spurling que passou 12 anos fazendo entrevistas e visitando todos os pontos por onde o artista passou em busca da luz de suas obras, compondo um retrato minucioso de seu trabalho, é possível saber muitos detalhes de suas obras, da fama de louco à consagração como líder da vanguarda parisiense no começo do século 20.
"Uma biografia é um retrato da pessoa, como uma pintura", diz Spurling. "Mas, se estiver muito carregada de detalhes, é impossível chegar à essência do personagem."
Matisse escreveu. "Quando fecho os olhos, consigo ver melhor do que com eles abertos". "Vejo o tema despojado de detalhes incidentais - é isso o que pinto."
Ao final da vida, ele diria que suas telas mais alegres surgiram em momentos amargos, uma luz que vem das trevas.
Em crise, Matisse chegou a pensar em se matar. "Seu corpo reagia com violência a tudo que se interpunha entre ele e sua pintura", escreveu Spurling no livro "E isso ocorreu desde as misteriosas dores nas costas que o afligiam na adolescência."
Quando caiu enfermo, vitimado pelo câncer, Matisse continuou a pintar, embora passasse bom tempo na cama. Ele fixava pontas de carvão na extremidade de longas varas e, com elas, rabiscava as paredes e o teto de sua suíte no Hotel Régina, em Nice.
"Se minha história fosse contada em detalhes, deixaria espantados todos que a lessem", escreveu Henri Matisse. "Quando fui arrastado pela lama, nunca protestei. À medida que passa o tempo, cada vez mais me convenço de quanto fui injustiçado."
Matisse morreu de câncer e foi sepultado no cemitério de Cimies.

Conversa Informal

Em homenagem a esse grande artista criei a tela Janela com Guaranás.



Aline Hannun





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