Sobre as Sombras na Aquarela

Tudo começou com as nuvens.

A ideia surgiu da necessidade de mostrar a evolução de uma pesquisa feita sobre monocromia através da técnica da aquarela e colagem.

Foi à partir do meu olhar nas nuvens que surgiu o "momento sombras na aquarela". Após a escolha do suporte, as imagens começaram a brotar em minha mente de forma aleatória, de modo claro e objetivo, facilitando o desenvolvimento do trabalho. O fundo branco do papel, muitas vezes em destaque, realça as nuances e sobreposições das camadas, contrastando tons claros e escuros, assim como a luminosidade, algumas vezes oscilante, mais ou menos intensa, que brinca, sugerindo formas, movimentos e até mesmo sensações, destacando as características da aquarela aliada à colagem.

As inúmeras possibilidades que o tema oferece, associadas à técnica, tráz como resultado a simplicidade da proposta que, destacando a cor pura, em contraste com o papel, evidencia um grande prazer em criar.

Aline Hannun

19 de março de 2013

Obra de Van Dyck é descoberta em depósito de um museu



Virgin and Child - 1632

Quadro de Van Dyck é descoberto em depósito

Um quadro do belga Anton van Dyck (1599-1641) escondido em um galpão de um museu por décadas, visto como uma cópia sem valor, foi descoberto.

Fotografado para fazer parte de um projeto que tem como objetivo disponibilizar as pinturas a óleo que estão no Reino Unido em um site da BBC, o quadro foi visto por um historiador da arte, que descobriu que ele era autêntico.

O retrato de Olivia Boteler Porter, dama de companhia da mulher de Carlos I, a rainha Henrietta Maria, é um original de Anthony* Van Dyck (1599-1641), mestre do barroco flamengo que viria a ser pintor da corte inglesa a partir de 1632.
 
* Nome pelo qual passou a ser chamado na Inglaterra.




O retrato da dama de companhia da rainha

“É bastante evidente que se trata de um Van Dyck tardio, do período inglês”, disse à BBC News Christopher Brown, director do Museu Ashmoelan, em Oxford, e especialista na obra do pintor nascido em Antuérpia. “Não creio que haja qualquer dúvida [de que se trata de um original do artista flamengo]. Isto é Van Dyck no seu melhor”, acrescentou Brown, dizendo que este retrato reencontrado é uma “descoberta substancial”.

O retrato da dama de companhia da rainha estava em muito más condições, sujo e obscurecido por várias camadas de verniz. Ainda assim, quando apareceu no Your Paintings, o historiador e negociante de arte Bendor Grosvenor fixou-se nele e na possibilidade de ter sido pintado pelo artista da corte, o que viria a confirmar-se. Caso viesse a ser colocada em leilão nas condições em que estava armazenada no museu, esta obra, explica Grosvenor, dificilmente ultrapassaria os 5700 euros. Atribuída a Van Dyck, o seu valor sobe para 1,1 milhões.

"Encontrar um retrato de Van Dyck já é raro. Encontrar um desses quadros que ele pintou para amigos, da mulher de um de seus melhores amigos na Inglaterra, é muita sorte", disse o historiador da arte Bendor Grosvenor.

O museu virtual Your Paintings, que recebe as obras reunidas pela Public Catalogue Foundation, associação que tem vindo a fazer o levantamento de todas as obras de arte das colecções públicas britânicas, reúne já 210 mil pinturas.


Sobre Antoon van Dyck

Antoon van Dyck (1599-1641) foi um retratista flamengo que se tornou o principal pintor da corte real de Carlos I da Inglaterra.

Discípulo de Rubens, ele influenciou vários artistas contemporâneos.

Na Inglaterra, ficou conhecido como Sir Anthony van Dyck.

Antoon van Dyck era o filho mais jovem de Frans van Dyck, um próspero comerciante de sedas e de especiarias. Sua mãe faleceu quando ele tinha apenas oito anos.

Aos dez anos, Anton tornou-se aprendiz do pintor de figuras Hendrik van Balen, que só lhe deixara uma pálida impressão. Aos quinze anos, depois de pintar quadros admiráveis, ele já era um artista altamente aperfeiçoado.




Autoretrato - 1613
 
Aos dezesseis anos instalou-se em um ateliê próprio, ainda na Antuérpia, tendo trabalhado com Jan Brueghel. Ele não poderia, entretanto, vender suas obras antes de ser oficialmente qualificado como mestre.

Em 1618, Van Dyck registrou-se como mestre na Guilda dos Pintores de Antuérpia.

Ambicioso, Van Dyck tornou-se discípulo de Rubens, cujo estilo ele assimilou com uma facilidade espantosa. Rubens predominava o cenário artístico da Antuérpia, e Van Dyck, a exemplo desse, se dispôs a adotar maneiras aristocráticas e a cultivar a imagem de homem refinado. Rubens referiu-se ao jovem pintor, então com dezenove anos, como "o melhor de seus discípulos".
 
Aos vinte e um anos, ele foi nomeado assistente-chefe de Rubens e recebeu a tarefa de pintar o teto (atualmente destruído) da Igreja Jesuíta de Antuérpia, passando a ser mais um auxiliar do que discípulo de Rubens.

Aparentemente, Rubens não se sentiu ameaçado por Van Dyck, Rubens o encorajo a especializar-se em retratos, campo que Van Dyck demonstrava pouco interesse. Rubens elogiava-o abertamente, tendo inclusive adquirido alguns trabalhos seus.

Por volta de 1620, a reputação de Van Dyck estava firmemente estabelecida na Antuérpia. Em julho, de passagem pela cidade à caminho da Itália, a Condessa de Arundel posou para Rubens.

O Conde de Arundel mostrou-se bastante interessado em Van Dyck. Tentado pela perspectiva de visitar a Inglaterra, o pintor chegou em Londres em novembro, onde ficou por apenas três meses. Nessa curta temporada, Van Dyck pôde estabelecer contato com dois dos maiores colecionadores de arte ingleses: o próprio Conde de Arundel e o Duque de Buckingham. Apesar da rivalidade entre os nobres, o pintor flamengo realizou pinturas para ambos e teve acesso às notáveis coleções de artes deles.


Thomas Howard, 2° Conde de Arundel, pintado por Anthony van Dyck, em 1620.

Tendo regressado à Antuérpia em 1621 no outono desse mesmo ano, partiu para a Itália, instalando-se em Gênova, onde ficaria por seis anos. Era uma cidade perfeita para qualquer pintor: rica, elegante e com senhores poderosos.

Van Dyck era um viajante seletivo da Itália. Foi em Gênova que ele se definiu como retratista da aristocracia. Sob a influência renovadora da arte italiana e tendo diante de si o exemplo dos retratos genoveses executados por Rubens, seu estilo expandiu-se intensamente.

As genovesas, mais que outras mulheres italianas, eram devotadas ao lar e à reclusão, sendo recatadas e tímidas por temperamento. Tais características Van Dyck captou e registrou magistralmente em seus retratos. Nos retratos que pintara em Antuérpia, Van Dyck já estava distanciado da rígida formalidade do tradicional retratismo flamengo.

Em 1627, com a morte da irmã, Cornelia. Van Dyck retorna a Antuérpia trabalhando continuamente para a Igreja e era sempre muito solicitado como retratista. Também executou obras mitológicas, tais como Rinaldo e Armida.


Rinaldo e Armida - 1629

Em 1630, ele foi indicado como pintor da corte, tendo feito numerosos retratos da Arquiduquesa Isabella, governante Habsburgo de Flandres.

Em 1632, Carlos I, encorajado pelo Conde de Arundel, convidou Van Dyck para sua corte. Carlos I, que se tornou rei em 1625, tinha a reputação de generoso patrono das artes. Van Dyck, que sentia uma atração pela vida na corte, aceitou. Passou a viver em uma casa de Blackfriars, com as despesas pagas por Carlos I, e a ter acesso a uma residência de verão em Eltham, recebendo uma pensão anual de duzentas libras esterlinas


Carlos I em três posições

Em 1632, Anthony van Dyck foi investido cavaleiro. De acordo com o biógrafo Bellori, a casa do pintor era frequentada pela mais alta nobreza da época. "Van Dyck mantinha servos, músicos, cantores e bobos; com essas diversões entretinha os grandes homens que diariamente vinham posar para os retratos". Na casa de Blackfriars, foi construída uma plataforma flutuante que facilitava o acesso dos visitantes nobres que vinham pelo rio Tâmisa.

Durante os nove anos em que viveu na Inglaterra, Van Dyck pintou cerca de trinta retratos em grandes dimensões para Carlos I, além de receber uma infindável sucessão de encomendas da aristocracia. Sua produção de retratos foi verdadeiramente prodigiosa.









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