Sobre as Sombras na Aquarela

Tudo começou com as nuvens.

A ideia surgiu da necessidade de mostrar a evolução de uma pesquisa feita sobre monocromia através da técnica da aquarela e colagem.

Foi à partir do meu olhar nas nuvens que surgiu o "momento sombras na aquarela". Após a escolha do suporte, as imagens começaram a brotar em minha mente de forma aleatória, de modo claro e objetivo, facilitando o desenvolvimento do trabalho. O fundo branco do papel, muitas vezes em destaque, realça as nuances e sobreposições das camadas, contrastando tons claros e escuros, assim como a luminosidade, algumas vezes oscilante, mais ou menos intensa, que brinca, sugerindo formas, movimentos e até mesmo sensações, destacando as características da aquarela aliada à colagem.

As inúmeras possibilidades que o tema oferece, associadas à técnica, tráz como resultado a simplicidade da proposta que, destacando a cor pura, em contraste com o papel, evidencia um grande prazer em criar.

Aline Hannun

14 de março de 2013

Bienal de Arte de Veneza



Estrangeiros vão representar o Brasil na próxima Bienal de Arte de Veneza

Pela primeira vez, estrangeiros que nunca viveram no Brasil representarão o país na 55ª edição da Bienal de Arte de Veneza, na Itália, que deve ser aberta ao público no dia 1º de junho.

Além do gaúcho Hélio Fervenza e do paranaense Odires Mlászho, haverá um grupo que representará com suas obras um viés mais histórico, composto por Lygia Clark (brasileira), o italiano Bruno Munari e o suíço Max Bill.

Segundo o curador venezuelano Luis Pérez-Oramas, a introdução de estrangeiros faz parte de um "pensamento constelar". A tal ideia, de acordo com ele, teve início no ano passado com a 30ª Bienal de São Paulo, "A Iminência das Poéticas", mostra que Oramas também curou.

"O pensamento constelar também tem uma dimensão política, que é a necessidade do diálogo. Por isso, é importante exibir artistas contemporâneos com outros de distintas gerações e nacionalidades", afirmou Oramas em declaração a um jornal de Nova York, onde vive.

O venezuelano Luis Pérez-Oramas, curador da 30ª Bienal de Artes de São Paulo, que indicou os artistas representantes do Brasil

Sobre os artistas convidados.

Hélio Fervenza - Nascido em 1963 em Sant'Ana do Livramento, RS, Brasil. Vive e trabalha em Porto Alegre, RS.

Artista visual, professor e pesquisador, Hélio Fervenza realiza sua obra plástico-teórica a partir de profunda reflexão sobre as noções de apresentação, exposição e autoapresentação. Ao considerar o conceito de apresentação um ideário mais amplo que o de exposição, Fervenza postula que a configuração de um espaço expositivo não estaria garantida apenas em decorrência da presença física de uma produção artística no ambiente contextual instaurado pelo museu ou pela galeria – ela se estabeleceria, essencialmente, a partir do cruzamento de dispositivos que operam sobre a visualidade.


Exposição Ponto de Impacto: Perda de contato - off-set - Castelinho do Flamengo - RJ

Odires Mlászho - Nascido em 1960, Mandirituba, Brasil.
 
As apropriações de imagens esquecidas, empoeiradas ou escondidas dentro de livros e a sua reconstrução – de maneira a atar encontros anacrônicos – povoam a poética de Odires Mlászho. Em sua obra, o artista modifica imagens e as refotografa – transformando em colagens conteúdos visuais que parecem ter se desvinculado de sua memória. Tendo o livro como principal objeto de manipulação, o artista transforma em livros-esculturas enciclopédias, editoriais fotográficos, livros-reportagem e compêndios botânicos – oferecendo-os a uma contemplação ativa capaz de inaugurar outras formas de leitura e percepção.


O artista modifica imagens e as refotografa transformando em colagens.

Lygia Clark - Nasceu em 1920 em Belo Horizonte, MG, Brasil.

Pintora, escultora, auto-intitulou-se não-artista. Inicia-se na arte no Rio de Janeiro em 1947, sob orientação de Burle Marx. Em 1952, viaja a Paris e lá estuda com Léger, Dobrinsky e Arpad Szenes. Expõe no Institut Endoplastique, Paris, e no Ministério de Educação e Saúde, no Rio de Janeiro. Em 1954 integra o Grupo Frente. De 1954 a 58 desenvolve uma pintura de extração construtivista, restrita ao uso do branco e preto em tinta industrial. No ano de 1957, participa da I Exposição Nacional de Arte Concreta, no Ministério de Educação e Cultura no Rio de Janeiro. Em 1959, assina o Manifesto Neoconcreto. Desdobra gradualmente o plano em articulações tridimensionais, Casulos e Trepantes, onde vai se insinuando a participação do espectador. Participa da Exposição Neoconcreta no MAM - Rio.

Em 1960, cria os Bichos, estruturas móveis de placas de metal que convidam à manipulação e a Obra-mole, pedaços de borracha laminada enrelaçados. A partir de meados da década de 60, prefere a poética do corpo apresentando proposições sensoriais e enfatizando a efemeridade do ato como única realidade existencial.

De 1970 a 75 reside em Paris. Como professora na Sorbonne propõe exercícios de sensibilização, buscando a expressão gestual de conteúdos reprimidos e a liberação da imaginação criativa. No período de 1978 a 85 usa Objetos Relacionais com fins terapêuticos.

Falece no Rio de Janeiro, em 1988. Lygia Clarck tem obras expostas na Bienal Brasil Século XX. Em 1996 tem obras na exposição Tendências Construtivas no Acervo do MAC - USP. Participou da II, III, V, VI ( Prêmio de Escultura Nacional) e VII Bienais Internacionais de SP.


Bicho - 1960

Bruno Munari - (1907 - 1998) nasceu em Milão, Itália.

Foi um artista e designer italiano, que contribuiu com fundamentos em muitos campos das artes visuais (pintura, escultura, cinema, design industrial, gráfico) e também com outros tipos de arte (literatura, poesia, didática), com a investigação sobre o tema do jogo, a infância e a criatividade.

Munari, artista inquieto e produtivo, participou do movimento futurista, bastante forte na Itália, trabalhou com design gráfico, namorou o surrealismo e criou livros infantis, que eram primeiramente para entreter seu filho Alberto.

Depois elaborou trabalhos sob uma estética construtivista, chegando a fundar o movimento da Arte Concreta com outros artistas como Gillo Dorfles, Gianni Monnet e Atanasio Soldati.

Bruno Munari contribuiu enormemente para a inserção da prática artística e do desenho contemporâneo na lógica da vida cotidiana, na materialidade dos objetos comuns e dentro do registro das linguagens ordinárias. Segundo o curador.



Max Bill - (1908 - 1994), Winterthur, Suíça.

Foi um designer gráfico, designer de produto, arquiteto, pintor, escultor, professor e teórico do design, cuja obra o coloca entre os mais importantes e influentes designers do século XX. Tendo uma atuação especial na área de educação do design, sua atuação como professor na Escola de Ulm influenciou fortemente o perfil assumido pela Escola Superior de Desenho Industrial, no Brasil.

Artista plástico, escultor, arquiteto, designer gráfico e de interiores, Bill estudou na
Bauhaus em Dessau, e foi mais tarde docente na Hochschule für Gestaltung, a Escola Superior de Design em Ulm, vocacionada para continuar o legado da Bauhaus.

Max Bill deixou-nos uma extensa obra, quase toda ela marcada por um purismo ascético e espartano, formas reduzidas ao essencial, contenção emocional – e excelente tecnologia suíça.

O seu trabalho foi uma tentativa constante de equilibrar o ato de criar arte livremente com a arte utilitária, aplicada a fins funcionais. O seu esforço foi equilibrar as formas severas do produto industrial com as formas fluídas da obra de arte. Bill preocupou-se com pensamento filosófico e com a aplicação prática.


Sobre a Bienal de Arte de Veneza

A Bienal italiana, a primeira do gênero, nasceu em 1895, mas o Brasil passou a enviar seus representantes só em 1950. Apesar de ser a primeira vez que artistas de outras nacionalidades representam o Brasil, a prática não é incomum no meio.

A Alemanha, por exemplo, será representada neste ano por três estrangeiros entre seus quatro selecionados. Dos quais o mais luminoso é o chinês Ai Weiwei.

O núcleo histórico escolhido por Oramas é composto por obras que influenciaram a arte brasileira, como Unidade Tripartida, de Max Bill, que venceu a 1ª Bienal de São Paulo, em 1951, e estimulou a arte concreta no país.




Unidade Tripartida

"Essas obras representam uma introdução arqueológica aos trabalhos de Fervenza e Mlászho, que são, de fato o núcleo central da exposição", explica o curador.



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