Sobre as Sombras na Aquarela

Tudo começou com as nuvens.

A ideia surgiu da necessidade de mostrar a evolução de uma pesquisa feita sobre monocromia através da técnica da aquarela e colagem.

Foi à partir do meu olhar nas nuvens que surgiu o "momento sombras na aquarela". Após a escolha do suporte, as imagens começaram a brotar em minha mente de forma aleatória, de modo claro e objetivo, facilitando o desenvolvimento do trabalho. O fundo branco do papel, muitas vezes em destaque, realça as nuances e sobreposições das camadas, contrastando tons claros e escuros, assim como a luminosidade, algumas vezes oscilante, mais ou menos intensa, que brinca, sugerindo formas, movimentos e até mesmo sensações, destacando as características da aquarela aliada à colagem.

As inúmeras possibilidades que o tema oferece, associadas à técnica, tráz como resultado a simplicidade da proposta que, destacando a cor pura, em contraste com o papel, evidencia um grande prazer em criar.

Aline Hannun

29 de março de 2013

A origem do ovo de Páscoa

 

O ovo de páscoa sempre esteva ligado à celebração da vida.

A origem do ovo de páscoa

Na Páscoa, a celebração da morte e ressurreição de Cristo serve como um momento especial para que os cristãos reflitam sobre o significado da vida e do sacrifício daquele que fundou uma das maiores religiões do mundo. Contudo, muitos não conseguem visualizar qual a relação existente entre essa celebração de caráter religioso com o hábito de se presentear as pessoas com ovos de chocolate.

Em várias antigas culturas espalhadas no Mediterrâneo, Leste Europeu e Oriente, observamos que o uso do ovo como presente era algo bastante comum. Em geral, esse tipo de manifestação acontecia quando os fenômenos naturais anunciavam a chegada da primavera.

Não por acaso, vários desses ovos eram pintados com algumas gravuras que tentavam representar algum tipo de planta ou elemento natural. Em outras situações, o enfeite desse ovo festivo era feito através do cozimento deste junto a alguma erva ou raiz impregnada de algum corante natural. Atravessando a Antiguidade, este costume ainda se manteve vivo entre as populações pagãs que habitavam a Europa durante a Idade Média.

Nesse período, muitos desses povos realizavam rituais de adoração para Ostera, a deusa da Primavera. Em suas representações mais comuns, observamos esta deusa pagã representada na figura de uma mulher que observava um coelho saltitante enquanto segurava um ovo nas mãos. Nesta imagem há a conjunção de três símbolos (a mulher, o ovo e o coelho) que reforçavam o ideal de fertilidade comemorado entre os pagãos.


A entrada destes símbolos para o conjunto de festividades cristãs aconteceu com a organização do Concilio de Niceia, em 325 d.C.. Neste período, os clérigos tinham a expressa preocupação de ampliar o seu número de fiéis por meio da adaptação de algumas antigas tradições e símbolos religiosos a outros eventos relacionados ao ideário cristão. A partir de então, observaríamos a pintura de vários ovos com imagens de Jesus Cristo e sua mãe, Maria.


No auge do período medieval, nobres e reis de condição mais abastada costumavam comemorar a Páscoa presenteando os seus com o uso de ovos feitos de ouro e cravejados de pedras preciosas. Até que chegássemos ao famoso (e bem mais acessível!) ovo de chocolate, foi necessário o desenvolvimento da culinária e, antes disso, a descoberta do continente americano.


Ao entrarem em contato com os maias e astecas, os espanhóis foram responsáveis pela divulgação desse alimento sagrado no Velho Mundo. Somente duzentos anos mais tarde, os culinaristas franceses tiveram a ideia de fabricar os primeiros ovos de chocolate da História. Depois disso, a energia desse calórico extrato retirado da semente do cacau também reforçou o ideal de renovação sistematicamente difundido nessa época.

Museus

Museu de Ovos de Pascoa na Polônia

O Palácio 5, Ciechanowiec, Podlaskie, Polónia 


 

Só aqui, na Ciechanowiec, você pode se familiarizar com a arte da decoração de ovos de Páscoa. Os ovos são decorados com cera, arroz tinta, papel colorido, junco, lã de tricô e sementes de papoula. O primeiro Museu do Ovo de Pascoa surguiu na Polônia, inaugurado em 2004. Abriga mais de 1000 peças únicas a partir de uma coleção particular de Irena Stasiewicz - Jasiukowa e Jerzy Jasiuk, que as deram ao museu como um presente. Cada ovo é uma peça genuína e única de arte.

Museu de Ovos de Páscoa na Alemanha


Os alemães que cultivam a tradição, colorem ovos cozidos, assam bolos especiais na Páscoa e fazem fogueiras em algumas regiões. A festa cristã se sobrepôs à que os germanos dedicavam à deusa da primavera.

Na Alemanha, a tradição cristã da Páscoa como a festa da ressurreição de Cristo, em que a morte não é vista como o fim e sim como o recomeço de uma nova vida, está ligada a elementos da mitologia germânica. Segundo Jacob Grimm, um dos famosos irmãos Grimm, o próprio termo alemão, Ostern, deriva de Ostara, a deusa germânica da primavera.

"A primeira das grandes festas germânicas da primavera, representando a vitória do sol aquecedor sobre as trevas e o frio do inverno, é Ostern. Ela somente foi equiparada à festa de ressurreição de Cristo pela Igreja na Idade Média", diz Grimm em seu livro sobre a mitologia germânica.

Os atuais ovos de Páscoa

Selecionei um vídeo que mostra a confecção dos ovos de Páscoa em uma das mais tradicionais fábricas de chocolates.





28 de março de 2013

FAAP - Artes Visuais: Experiência e Transformação



Artes Visuais: Experiência e Transformação

O Museu de Arte Brasileira da FAAP abre suas portas para que o público possa contemplar seu acervo sob uma nova perspectiva: a relação entre mestre e discípulo na arte.



Natureza Morta - s.d. - óleo s. tela - 38,5 X 59,5 cm - Georg Fischer Elpons

Tendo como base a coleção da Faap e com a curadoria de Maria Izabel Branco Ribeiro, diretora do MAB-FAAP, a mostra aborda a relação entre artistas brasileiros que foram, em algum momento, professores ou alunos uns dos outros. Tarsila do Amaral, Samson Flexor, Anita Malfatti e Renina Katz, Oswaldo Goeldi, Di Cavalcanti, Luiz Claudio Mubarac, Wesley Duke Lee, entre outros, são alguns dos autores das 51 obras apresentadas na exposição.


O sapo - 1928 - óleo s. tela - 51 X 62 cm - Tarsila do Amaral

O visitante terá a oportunidade de descobrir algumas linhagens de mestres e discípulos e as variadas relações que podem ser percebidas entre eles, como a existência de tradições artísticas e sua transmissão entre gerações.

Alguns desses artistas, em sua fase de aprendizado, tiveram contato formal com aqueles que os inspiraram, em salas de aula ou ateliês; outros se referem a eles como grandes incentivadores. Suas reações posteriores tomaram formas diversas: uns desenvolveram as propostas do mestre, outros tomaram caminhos opostos.

Muitos deram sequência a essa transmissão de conhecimento artístico, convertendo-se eles próprios em mestres de outros, dando continuidade ao processo da arte.

Um dos exemplos que ilustra todo esse processo, presente na exposição, é a de Pedro Alexandrino (1856-1942), pintor acadêmico famoso por suas naturezas-mortas, e seus alunos Anita Malfatti, Aldo Bonadei e Tarsila do Amaral.

Muitos deram sequência a essa transmissão de conhecimento artístico, convertendo-se eles próprios em mestres de outros, dando continuidade ao processo da arte.

Um dos exemplos que ilustra todo esse processo, presente na exposição, é a de Pedro Alexandrino (1856-1942), pintor acadêmico famoso por suas naturezas-mortas, e seus alunos Anita Malfatti, Aldo Bonadei e Tarsila do Amaral.



Natureza Morta - s.d. - óleo s. tela - 80 X100 cm - Pedro Alexandrino



A Boba - 1915/16 - Anita Malfati



Natureza Morta - 45,8 X 55 cm - Aldo Bonadei


Serviço

Experiência e Transformação

Onde: FAAP, prédio 1 - R: Alagoas, 903 - Higienópolis - S.P.

Quando: Até 30/06/13 - de terça a sexta das 10h às 20h - sábados, domingos e feriados das 13h às 17h - fechado às segundas

Entrada Gratuíta







27 de março de 2013

Grupo Santa Helena e Clovis Graciano


Clovis Graciano

Clóvis Graciano (1907 - 1988) natural de Araras São Paulo, foi um pintor, desenhista, cenógrafo, figurinista, gravador e ilustrador brasileiro.

Em 1927 empregou-se na Estrada de Ferro Sorocabana, no interior do estado de São Paulo, passando a pintar postes, tabuletas, letreiros e avisos para as estações ferroviárias.

Em 1934 transferiu-se para São Paulo, passando, a partir daí, a dividir seu tempo entre o emprego e a arte, com evidentes vantagens para a última, tanto que dez anos depois foi demitido por abandono de emprego.

Em 1937, já tendo travado contato com a arte de Alfredo Volpi, Clóvis Graciano instala-se no Palacete Santa Helena e integra, então, o Grupo Santa Helena, com os artistas Francisco Rebolo, Mario Zanini, Aldo Bonadei, Fulvio Pennacchi, Alfredo Rizzotti, Humberto Rosa e outros, além do próprio Volpi.


Autoretrato - Clovis Graciano

Fez amizade com Portinari e, ao final da década de 1940, foi estudar em Paris, onde aprendeu técnicas de produção de murais, inclusive com mosaicos. Ao retornar ao país, realizou diversos painéis: o mural Armistício de Iperoig, na FAAP; o painel Operário, na Av. Moreira Guimarães, murais na Av. Paulista e no edifício do Diário Popular, entre outros.


Detalhe do mural Armistício de Iperoig - Faap - 1962


Painel Operário - Av. Moreira Guimarães


Mural de Clóvis Graciano na fachada do Edifício Nações Unidas, Av. Paulista

Em 1971, exerceu a função de diretor da Pinacoteca do Estado de São Paulo, e presidente da Comissão Estadual de Artes Plásticas e do Conselho Estadual de Cultura.


A Colheita

Além da pintura, Graciano dedicou-se a diversas atividades paralelas, lecionando cenografia na Escola de Arte Dramática de São Paulo (EAD), e ilustrando jornais, revistas e livros.

No decurso de toda a sua carreira, Graciano permaneceu fiel ao figurativismo, jamais tendo, sequer de leve, sentido a sedução pelo abstracionismo. Tratou constantemente de temas sociais, como o dos retirantes, além de temas de músicos e de dança.
Suas obras figuram em museus e coleções particulares do Brasil e do exterior.

Conversa informal

Dando continuidade a matéria Grupo Santa Helena, na próxima semana vamos contar um pouco da vida e apresentar algumas das obras do artista Alfredo Volpi

Ouçam Manezinho da Flauta tocando Carinhoso, de Pixinguinha, com ilustração de Clovis Graciano.



26 de março de 2013

Lasar Segall - 50 Obras do Acervo e 60 Fotografias



Lasar Segall - 50 Obras do Acervo e 60 Fotografias 

O centenário da primeira exposição de Lasar Segall (1891-1957) no Brasil, é relembrado agora pelo museu que leva seu nome, uma charmosa casa projetada pelo arquiteto modernista Gregori Warchavchik e onde o artista morava. A mostra original ocorreu em março de 1913, em um salão alugado na Rua São Bento, no centro da cidade. O lituano vivia no Brasil desde o fim do ano anterior, e dava aulas de desenho a Jenny Klabin, futura escritora e tradutora, com quem viria a se casar.

Duas montagens integram a homenagem àquela exposição. 50 Obras do Acervo, que pinça trabalhos da coleção de 3.000 itens do Museu Lasar Segall e 60 Fotografias, que documentam aspectos da vida do pintor. Há raridades incluídas, caso de Asilo de Velhos (1912), cujo ar esfumaçado lembra mais o impressionismo francês do que o expressionismo germânico pelo qual Segall se tornou famoso e Leitura (1913).



Asilo de velhos - 1912 - pastel s. papel - 39X45 cm.



Leitura - 1913 - óleo s. papelão - 66X56 cm.

Das telas mais conhecidas, vale observar os tons rebaixados de Jovem de Cabelos Compridos (1942) e Dois Nus (1930).



Jovem de cabelo comprido - 1942 - óleo s. tela



Dois nús - 1930 - óleo s. tela - 100X73 cm

É possível acompanhar o caminho de sua obra de impressionismo alemão até o expressionismo.

Também estreou, no último sábado, a mostra 60 Fotografias. As imagens, de autoria de Hildegard Rosenthal, B.J. Duarte e vários outros fotógrafos conceituados, documentam o cotidiano do pintor, registros de viagens para o exterior, a família, o ambiente de trabalho, a convivência com outros artistas e amigos, constituindo-se em registros de época que revelam aspectos do meio intelectual que frequentou na Europa e no Brasil.



Homem com violino - 1909 - óleo s. papelão - 71X51 cm

O evento contará, ainda, com Vera d’Horta, historiadora e pesquisadora do museu, que falará sobre a primeira exposição de Segall no Brasil.

O Museu também divulgará oficialmente o resultado do trabalho de preservação, organização e digitalização dos seguintes acervos do museu: Arquivo Fotográfico Lasar Segall (AFLS) e Arquivo Lasar Segall (ALS) disponibilizados on-line.

Serviço

Lasar Segall 60 fotografias e 50 obras do acervo

Quando:
Até 5 maio de 2013 das 11h às 19h - Fecha às terças-feiras

Onde: Museu Lasar Segall - Rua Berta 111, Vila Mariana

Quanto: Entrada gratuita


www.museusegall.org.br





25 de março de 2013

Museumsinse - Ilha dos Museus em Berlim e Neues Museum

 
Neues museum
 
Desde 2009 o Neues Museum, mais uma vez, abriu suas portas para o público.

Projetado no século 19 pelo arquiteto Friedrich August Stüler. Foi restaurado e elaboradamente recriado sob a direção do arquiteto britânico David Chipperfield após a Segunda Guerra Mundial. O edifício oferece agora um novo lar para o Museu Egípcio e Coleção Papyrus e do Museu de Pré-História e História Primitiva, juntamente com artefatos da Coleção de Antiguidades Clássicas.

As várias coleções não estão separadas e sim mescladas em uma harmoniosa exposição que oferece aos visitantes uma visão fascinante sobre as origens da humanidade.
 
A amplitude geográfica, riqueza histórica e qualidade excepcional das coleções arqueológicas trazem à vida a história do Velho Mundo, que se estende do Oriente Próximo ao Atlântico, do norte da África para a Escandinávia, através de vários milênios sob a forma de restos de cultura material e fontes escritas.

A união de várias coleções ao mesmo tempo, evidenciam o desenvolvimento de culturas pré-históricas até a Alta Idade Média, colocadas em exibição em amplitude e profundidade sem precedentes. Tesouros arqueológicos, como o busto de Nefertiti, o crânio do Neanderthal de Le Moustier ou a coleção Heinrich Schliemann de Antiguidades de Tróia, formam um panorama único da história primitiva da humanidade.

Sobre as coleções

Museu Egípcio e Papyrus possui uma das coleções mais importantes do mundo da arte egípcia antiga. Através de suas obras de arte, incluindo as do rei Akhenaton (cerca de 1340 aC) de Tell el Amarna, o museu conquistou renome mundial. Obras famosas como o busto da Rainha Nefertiti, o retrato da Rainha Tiy e do famoso Cabeça Verde de Berlim pertencem à coleção.


Rainha Nefertiti - a cor original é preservada sem restauro desde o período Amarna.
 

Rainha Tiy

A coleção do Museu Egípcio inclui obras-primas pertencentes a diferentes épocas do Antigo Egipto: estátuas relevos, bem como peças monumentais de documento de arquitetura egípcia os diferentes períodos de tempo do antigo Egito de 4000 aC até ao período romano.

Museu de Pré-História e História Precoce O foco da coleção é a história inicial Europeia, abrangendo desde o Paleolítico até à Idade Média. O ponto alto do acervo inclui a Colecção Heinrich Schliemann de Tróia, a descoberta de um neandertal de Le Moustier, o Chapéu de Ouro de Berlim, que remonta à Idade do Bronze, e uma riqueza de objetos funerários da época da dinastia merovíngia.




O Chapéu de Ouro de Berlim - Idade do Bronze, 1000-800 aC - decorado com ornamentos circulares representando o calendário que calculou os deslocamentos entre o ano solar e lunar.
 
Colecção de Antiguidades Clássicas apresenta obras que datam da antiguidade grega e romana, incluindo vestígios arquitectónicos, esculturas e vasos, bem como inscrições, mosaicos, bronzes e jóias. A coleção de Antiguidades Clássicas (em especial das províncias romanas e Chipre) foi fundida com artefactos de outras coleções para fazer parte da exposição permanente no Museu Neues.

 
Mosaico

Graças a esta reestruturação, a Colecção de Antiguidades Clássicas não só fez uma contribuição essencial para a realização do Plano Mestre Museu Ilha dos Museus, mas, o mais importante de todos, conseguiu  finalmente unir suas esculturas antigas, com sua coleção de objetos de artesanato. 

Conversa informal

Dando continuidade a matéria Museumsinse - Ilha dos Museus em Berlim - que foi dividida em capítulos, na próxima semana vamos mostrar um pouco da Alte National Galerie (Antiga Galeria Nacional).

Segue abaixo um vídeo sobre a apresentação Dialoge 09 de Sasha Waltz no Neues Museum.


http://www.youtube.com/watch?v=Bxdq2hdnBc4





22 de março de 2013

Museu Afro Brasil



História e Conceito

O Museu Afro Brasil é uma instituição pública, subordinada à Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo e administrada pela Associação Museu Afro Brasil - Organização Social de Cultura.

O Museu conserva um acervo com mais de 5 mil obras, entre pinturas, esculturas, gravuras, fotografias, documentos e peças etnológicas, de autores brasileiros e estrangeiros, produzidos entre o século XV e os dias de hoje.



O acervo abarca diversas facetas dos universos culturais africanos e afro-brasileiros, abordando temas como a religião, o trabalho, a arte, a diáspora africana e a escravidão, e registrando a trajetória histórica e as influências africanas na construção da sociedade brasileira.

Localizado no Parque do Ibirapuera, em São Paulo, no Pavilhão Padre Manoel da Nóbrega, o Museu oferece diversas atividades culturais, didáticas, exposições temporárias e ainda conta com um teatro e uma biblioteca especializada.



Inaugurado em 2004, o Museu Afro Brasil nasceu por iniciativa de Emanoel Araujo, artista plástico baiano, ex-curador da Pinacoteca do Estado de São Paulo e atual curador do museu. Em 2004, Araújo, após algumas tentativas anteriores, apresentou a proposta museológica à então prefeita de São Paulo, Marta Suplicy. Encampada a ideia pelo poder público municipal, iniciou-se o projeto de implementação do museu. Foram utilizados recursos advindos de patrocínio da Petrobrás e do Ministério da Cultura (Lei Rouanet).

Ficou decidido que o museu seria instalado no Pavilhão Padre Manoel da Nóbrega. Em 2004, o Museu Afro Brasil foi inaugurado e em 2009, à época da criação da Organização Social, Emanoel Araujo doou 2.163 obras para o acervo do museu.



O Pavilhão Padre Manoel da Nóbrega


O Pavilhão Padre Manoel da Nóbrega, originalmente denominado Palácio das Nações, é um dos edifícios integrantes do conjunto arquitetônico do Parque do Ibirapuera, projetado por Oscar Niemeyer para as comemorações oficiais do IV Centenário da Cidade de São Paulo. O projeto, encomendado ao arquiteto por Ciccillo Matarazzo, pretendia transformar o novo parque da cidade em um centro irradiador de arte e cultura. O edifício, pertencente à prefeitura, encontrava-se cedido ao Governo do Estado desde 1992 e abrigou por um tempo uma extensão da Pinacoteca do Estado. Em 2004, retornou à administração municipal e passou por adaptações para receber o museu. O edifício possui 11 mil metros quadrados de área construída, divididos em três pavimentos. Além dos espaços expositivos, áreas de atuação didática, reserva técnica e escritórios administrativos, abriga a Biblioteca Carolina Maria de Jesus e o Teatro Ruth de Souza.

Acervo Permanente

“A exposição do acervo do Museu Afro Brasil pretende contar uma outra história brasileira. (...) tem a intenção de desconstruir um imaginário da população negra, construído fundamentalmente pela ótica da inferioridade ao longa da nossa história e transformá-lo em um imaginário estabelecido no prestígio, na igualdade e no pertencimento, reafirmando assim o respeito por uma população matriz de nossa brasilidade.”
 

O acervo do Museu Afro Brasil está divido em 06 núcleos: África: Diversidade e Permanência, Trabalho e Escravidão, As Religiões Afro-Brasileiras, O Sagrado e o Profano, História e Memória e Artes Plásticas: a Mão Afro Brasileira.
 
África: Diversidade e Permanência

O núcleo do acervo dedicado à história, cultura e arte da África conserva um grande número de peças das mais diversas concepções estéticas e funcionalidades que mostram a imensa diversidade das culturas africanas e da arte por elas produzidas, além de uma série de obras produzidas por artistas europeus que abordam aspectos importantes da historiografia africana. Gravuras e fotografias retratam poderosas figuras de reinos africanos do passado. Diversos grupos culturais e países estão representados aqui: Attie (Costa do Marfim), Bamileque (Camarões), Yombe, Luba (Rep. Democrática do Congo), Iorubás (Nigéria). 
 

Monica Stewart

Este núcleo apresenta o papel dos africanos escravizados e seus descendentes na construção da sociedade brasileira, como mão-de-obra fundamental em todos os ciclos de desenvolvimento econômico do país. Conserva documentos iconográficos que atestam tanto a brutalidade desse processo quanto a assimilação gradual e silenciosa por parte da sociedade dos valores e costumes africanos advindos com a diáspora.

As Religiões Afro-Brasileiras


O acervo apresenta elementos das divindades, dos ritos e dos cultos de origens distintas em uma amálgama comum que resultou nas religiões afro-brasileiras. Seus personagens e ritos - compreendendo desde esculturas e fotografias até vestimentas e altares, datados do período colonial aos dias de hoje - estão em exposição para mostrar a apropriação e a reinterpretação de elementos presentes nas festividades católicas, com os quais a escravidão forçou o contato e a convivência entre religiões de distintos povos africanos.

Sagrado e Profano


As obras em exposição neste núcleo documentam amplamente o subseqüente sincretismo religioso que marca a sociedade brasileira e a apropriação pelos escravos e os descendentes dessas celebrações a partir das referências de suas culturas e ritos.

História e Memória


No núcleo dedicado à história e à memória, a preocupação maior encontra-se em resgatar e recordar os grandes expoentes negros e mulatos que se destacaram em diversas áreas, desde o período colonial até os dias de hoje.

Artes Plásticas: a Mão Afro-Brasileira
 

Este núcleo conserva importantes exemplares da presença negra ao longo de toda a evolução das artes no Brasil, desde o Barroco e o Rococó, passando pelo século XIX, a Academia e os acadêmicos, pelas artes de origem popular para chegar à arte Contemporânea. Aqui o acervo apresenta obras de arte, sob a perspectiva de uma mão afro-brasileira na origem de sua criação, executadas por artistas negros e mulatos que possuem o universo negro como tema.


Série Irmandade de Nossa Senhora da Boa Morte - Fotografia colorida - Adenor Gondin - Década 1990.

Serviço

Mudeu Afro Brasil

Onde: Av. Pedro Alvares Cabral, s/n - Parque Ibirapuera Portão 10 São Paulo/SP Telefone: (11) 3320-8900

Quando: de terça a domingo das 10h as 17h.

www.museuafrobrasil.org.br

21 de março de 2013

Encontrado Rembrandt furtado na Sérvia e as 5 obras de arte mais procuradas pelo FBI


Autoretrato Rembrandt - 1660

Polícia encontra quadro de Rembrandt furtado na Sérvia em 2006

Um quadro de Rembrandt (1606-1669), considerado como um dos maiores pintores da história da arte barroca europeia, furtado em 2006 do museu de Novi Sad, na Sérvia, foi encontrado recentemente.

A pintura, Retrato do Pai, de 28 x 22,5 cm, data de cerca de 1630 e foi descoberto durante uma ação policial em Sremska Mitrovica (50 km a oeste de Belgrado), indicou um porta-voz da polícia.

Quatro pessoas foram detidas, acrescentou a mesma fonte.

A obra, cuja autenticidade foi confirmada por especialistas, foi roubado em 8 de janeiro de 2006 no museu de Novi Sad, capital da província de Voivodina (norte).

Rembrandt Harmenszoon van Rijn foi um dos artistas mais importantes da Escola Holandesa do século 17. Produziu cerca de 400 obras, entre os quais uma centena de autorretratos.



O quadro Retrato do Pai, do pintor holandês Rembrandt, que havia sido furtado de um museu na Sérvia em 2006.

Conheça as 5 obras de arte mais procuradas pelo FBI

Telas de Caravaggio, Cézanne e Rembrandt estão entre as peças mais valiosas.

Segundo coordenador da Interpol, roubo de arte é um dos mais lucrativos.



A tempestade no Mar da Galiléia - Rembrandt

Como foi: em março de 1990, dois homens invadiram o Gardner Museum, em Boston, EUA, e levaram além da tela acima, dois quadros de Rembrandt, um de Manet, um de Vermeer e um de Govaert Flinck. O valor total das obras é estimado em US$ 300 milhões.



Nascimento de São Lourenço e São Francisco - Caravaggio

Como foi: em outubro de 1969, dois criminosos invadiram o Oratório de São Lourenço, em Palermo, na Itália, e removeram a pintura de Caravaggio de sua moldura. A obra é avaliada em US$ 20 milhões.



Vista do mar em Scheveningen - Van Gogh

Como foi: em dezembro de 2002, dois ladrões escalaram as paredes do museu Vincent Van Gogh em Amsterdã até o telhado e invadiram o local. Em poucos minutos, furtaram duas obras do pintor avaliadas em US$ 30 milhões. A polícia holandesa condenou dois homens pelo crime em dezembro de 2003, mas as peças não foram recuperadas.



Vista de Auvers-sur-Oise - Cézanne

Como foi: em 31 de dezembro de 1999, durante as comemorações da virada do milênio, um ladrão invadiu o Ashmolean Museum, em Oxford, Inglaterra, e furtou o quadro de Cezzane, avaliado em 3 milhões de libras esterlinas.



Os dois balcões - Salvador Dalí

Como foi: em 24 de fevereiro de 2006, por volta das 16h, quatro obras de arte, incluindo um Dalí, um Picasso, um Matisse e um Monet foram roubadas do Museu Chácara do Céu no Rio de Janeiro por quatro sujeitos armados. O assalto durou 20 minutos e os bandidos fugiram a pé com as telas - cujas molduras foram encontradas queimadas. O valor conjunto das peças foi estimado em até US$ 50 milhões.





20 de março de 2013

Grupo Santa Helena e Fulvio Pennacchi



Fulvio Garbacchio Pennacchi - (1905 - 1992) foi um desenhista, muralista e ceramista ítalo-brasileiro.

Foi integrante do Grupo Santa Helena, juntamente com Alfredo Volpi, Francisco Rebolo, Aldo Bonadei, Alfredo Rizzotti, Mario Zanini, Humberto Rosa, Clovis Graciano e outros.

Sua pintura é sensível e pessoal, de modo especial na interpretação dos grandes temas bíblicos e da vida dos santos, em razão de uma infância marcada por sólida educação religiosa católica, e na evocação do mundo caipira.

Nasceu na Toscana, Itália. Estudou em Florença e diplomou-se em pintura pela Academia Real de pintura de Lucca. Em 1929 chegou ao Brasil, estabelecendo-se em São Paulo. Em 1930/35 criou os trabalhos a óleo Cenas da Vida de São Francisco e a série das Obras de Caridade Corporais e Espirituais. Em 1935, realizou suas primeiras exposições no Brasil. Daí em diante, executou vários trabalhos, entre murais, afrescos, ilustrações e trabalhos a óleo, lidando com cerâmica apenas em 1952. Em 1951 participa da I Bienal de São Paulo.



Cenas da vida de São Francisco
 
Em 1975, recebeu do Presidente da República Italiana a Ordem Al Mérito Della República Italiana com o grau de Comendador. Como artista consagrado, participou ainda de inúmeras exposições, recebendo muitos prêmios.


Pennacchi no Brasil

Pennacchi contou: "No dia da minha chegada ao Brasil, 5 de julho de 1929, descendo em Santos, ao nascer do dia, o céu tinha uma cor tão estranha e exagerada que bem podia ser o fundo de um dos meus quadros - O Fim do Mundo - e eu fiquei chocado com o vermelho fogo e o amarelo berrante. Nunca mais voltei a ver, em 44 anos de vida brasileira, outro céu tão agressivo e espantoso".

Tal cenário parecia preludiar dias difíceis para o jovem italiano - e foi o que de fato ocorreu.

"Os primeiros anos de vida paulista foram um tanto semelhantes ao céu do dia de minha chegada. Não tinha possibilidade de sobreviver através da arte, somente podia levar uma vida miserável, adaptando-me aos mais humildes trabalhos que por piedade ia pedindo às pessoas que conhecia ou com quem simpatizava". Continuou Pennacchi.

"São Paulo estava em crise, eu considerado um futurista, as mil tentativas com a pintura e o desenho resultaram quase que somente em fracassos - só mais tarde quando me tornei açougueiro, pude então pintar durante a noite meus primeiros quadros representando as várias fases da vida de Jesus e cenas da vida de São Francisco".

Foi num açougue, desenhando em ásperos papéis de embrulho, que o encontrou em 1932 o escultor Emendabili, o qual, impressionado com a qualidade dos desenhos, convidou-o a compartilhar o seu ateliê, do que nasceu uma cooperação que durou alguns anos.

Em 1935, expondo no Salão Paulista de Belas Artes, Pennacchi foi apresentado a Rebolo Gonsales, que assim evocaria o encontro, anos depois.



Tornaram-se amigos inseparáveis e Pennacchi foi convidado a associar-se a Rebolo para trabalharem juntos no ateliê que Rebolo tinha alugado no Santa Helena.

No final de 35, participaram de uma exposição de miniquadros no Palácio das Arcadas e tiveram os trabalhos comprados pelo Professor Piccolo.

O ano de 1936 foi de muitos sucessos: o pintor conquistou medalhas de prata, no Salão Nacional e no Salão Paulista de Belas Artes, e inicia uma série de murais decorativos em residências paulistas.



Paralelamente, ilustra um livro de poemas de Jorge de Lima - O anjo - e passa a lecionar Desenho no prestigioso Colégio Dante Alighieri, onde viria a ser, anos mais tarde, professor de uma jovem com a qual se casaria, Philomena Matarazzo, filha do riquíssimo Conde Attilio Matarazzo.

Outros murais surgiriam em 1937 e 1938, respectivamente na capela da fazenda de Agostinho Prado (totalmente idealizada e projetada por Penacchi, que também executou para a mesma uma Via Sacra em terracota, mais os altares e os vitrais), e no salão de entrada de A Gazeta.


Ceia de Emaús - 1943

Todos os murais realizados até 1939 foram feitos a óleo; a partir de então foi empregada exclusivamente a velha técnica do afresco, tendo servido de marco inicial da série Última Ceia pintada, naquele ano, na residência do Dr. Carlos Bott.

A partir de 1945, sentindo-se marginalizado e esquecido, Pennacchi isolou-se em seu ateliê.


Natividade - 1947

"No período de 1945 a 1962 fiquei completamente isolado e nunca fui convidado a tomar parte em qualquer mostra de arte. Participei somente da I Bienal - dos meus três trabalhos, somente um foi aceito - e depois não tentei mais participar". Contou Pennacchi.

De 1950 em diante, para tentar romper tal isolamento, Pennacchi passou a se dedicar com crescente interesse à cerâmica, executando numerosas Vias Crucis, presépios, imagens, figuras, pássaros, galos e mesmo objetos utilitários, assim explicando a gênese desse novo meio expressivo.

 
1967 - Exposição "Grupo Santa Helena - 30 anos depois"

Foi na retrospectiva que o MASP lhe consagrou em 1973, que Pennacchi ressurgiu como um dos valores da arte paulista e brasileira modernas.

Ali patenteou-se sua nota pessoal, quase monótona de tão típica, e foi possível acompanhar o lento e gradativo abrasileiramento de sua pintura, desde as primeiras obras produzidas no Brasil - ainda marcadas pelo Renascimento Italiano -, às suas inconfundíveis cidadezinhas interioranas.

Ele explica: "Eu adoro figuras, principalmente se retratam homens do campo, nossos caboclos, essa gente simples e ingênua, eles movimentam cada tela, acho mesmo que o lado humano é básico na arte."

Conversa Informal

Dando continuidade a matéria Grupo Santa Helena, na próxima semana vamos contar um pouco da vida e apresentar algumas das obras do artista Clovis Graciano.