O nome, as aventuras improváveis, (quase) tudo foi baseado na vida real.
Quando James Bond, o personagem, nasceu, um outro James Bond real já existia - e era bastante reconhecido em sua área de expertise: pássaros. Conforme contou o escritor Ian Fleming certa vez à revista The New Yorker, o personagem ganhou o nome mais maçante que existia, o de um ornitólogo americano, especialista em pássaros caribenhos e autor de um referencial guia de campo: Birds of the West Indies. Este era, a propósito, o livro preferido de sua mulher, Ann Charteris.
É provável que ao fazer a escolha Fleming jamais tenha imaginado que Sean Connery transformaria o nome em um dos maiores bordões que o cinema já produziu, Bond, James Bond, criado em 1953, depois de décadas de intenção de escrever um livro de espionagem baseado em suas experiências e observações. A saga rendeu bilhões. Cassino Royale, de 2006, por exemplo, é a 72.ª maior bilheteria da história e arrecadou US$ 594 milhões somente nos cinemas.
Todos os 12 livros foram escritos em Goldeneye, a lendária casa que Fleming comprou na Jamaica após ser dispensado da inteligência da Marinha inglesa. Para isso, tirava férias anuais de três meses, durante o inverno, garantidas por contrato pelo grupo Kemsley, que editava o jornal The Sunday Times, no qual coordenava a equipe de correspondentes internacionais.
Assim como o nome do protagonista, a grande maioria de suas características foi inspirada ou no próprio autor (como o apreço pelo golfe e a marca de produtos de perfumaria que Bond usava) e em seu irmão, Peter, que serviu na Grenadier Guards durante a guerra e, após o conflito, integrou operações na Grécia e Noruega.
A inspiração para criar as histórias também vinha de acontecimentos que o escritor presenciou ou dos quais tomou conhecimento enquanto estava na ativa. Em From Russia, With Love (Moscou Contra 007), por exemplo, a trama dos espiões viajando a bordo do Expresso do Oriente foi inspirada na aventura de Eugene Karp, adido da Marinha dos EUA e agente de inteligência baseado em Budapeste que, em fevereiro de 1950, embarcou no trem de Budapeste para Paris portando documentos obtidos por agentes americanos no Leste europeu.
Contrariando algumas opiniões que o desencorajaram a lançar suas histórias, as cinco primeiras aventuras de Bond foram grandes sucessos de público e crítica. O mesmo não se repetiu com as tramas seguintes, que sofreram duras críticas da imprensa. Mesmo assim, sua obra continuou sucesso de público e ainda hoje vende milhões.
Como também é tradição, o tema do novo longa foi gravado por um grande nome da música. Desta vez, a missão ficou a cargo da inglesa Adele e se chama Let the Sky Fall (Deixe o seu céu desabar) e a trilha sonora, gravada nos estúdios de Abbey Road, é de Thomas Newman.
A mais nova Bond Girl será a francesa Bérénice Marlohe, que interpreta a misteriosa Severine. Esta é a estreia da atriz no cinema, para conseguir o papel, ela não poupou esforços para contatar todos que tinham alguma ligação com o filme até encontrar a produtora de elenco, que a indicou para o diretor Sam Mendes e Craig.
Sobre o personagem James Bond
James Bond - 007. O espião mais famoso da ficção celebra este ano 50 anos de sua primeira aparição no cinema. Foi em 1962 que Sean Connery personificou a criação de Ian Fleming em 007 Contra o Satânico Dr. No. E uma lenda nasceu.
O sucesso nas telas veio com uma receita simples, adaptada dos livros de Ian Fleming que já faziam sucesso, principalmente após o presidente americano John Kennedy, em 1961, ter listado Moscou Contra 007 dentre os melhores livros: um agente secreto com licença para matar, que se envolve com belas mulheres, as bondgirls, em lugares paradisíacos e combate vilões exóticos como Scaramanga, que tem três mamilos, em O Homem da Pistola de Ouro, ou Blofeld, o grande inimigo, que cuida de um gato enquanto planeja conquistar o mundo. Tudo isso embalado por canções de artistas como Tom Jones, Shirley Bassey, Louis Armstrong, Paul McCartney, Madonna e Tina Turner.
O espião também conta com aparelhos de última geração para completar as missões. Alguns reais, como a mochila voadora usada em Chantagem Atômica, outras criadas para o cinema, a exemplo do respirador aquático do tamanho de uma caneta do mesmo filme, que encantou os militares americanos ávidos para comprar o fictício apetrecho.
Aposta arriscada
O então desconhecido e rude Sean Connery não era a primeira escolha para interpretar o personagem. Roger Moore, que fazia sucesso com a série O Santo, e David Niven - o preferido de Fleming - eram os favoritos. Com a impossibilidade de ambos, Connery foi apresentado aos produtores, que enxergaram nele a essência de James Bond.
O diretor Terence Young, conhecido bon vivant e um dos responsáveis por moldar o personagem cinematográfico, ajudou o ator a se tornar mais refinado. Um dos desafios era fazer com que Connery se sentisse à vontade com os trajes típicos de 007. O ator então foi obrigado a dormir vestindo terno por alguns dias.
O esforço valeu a pena. Após a primeira aventura, Fleming se rendeu às qualidades do ator e o homenageou no livro Só Se Vive Duas Vezes (1964), dando ao 007 literário a naturalidade escocesa. Não é à toa que, após outros cinco atores interpretarem Bond, o mundo ainda o associa ao personagem.
Com Goldfinger (1964), o terceiro filme da franquia, a popularidade de James Bond foi às alturas. Nos Estados Unidos, a estreia do longa aconteceu na madrugada, com salas lotadas, algo inédito para a época.
Sempre atual
Depois de 22 filmes - com o 23º em vias de estrear, e seis atores interpretando o personagem no período, a longevidade da franquia se deve às constantes adaptações necessárias para cada época. Nos anos 60, a Guerra Fria estava no auge e 007 enfrentava comunistas e orientais. No final dos 70, Guerra nas Estrelas fazia sucesso no mundo. Bond então foi combater o mal no espaço em 007 Contra o Foguete da Morte - um dos filmes mais odiados pelos fãs.
Na década de 80, os terroristas começaram a aparecer nas tramas - os afegãos ainda eram amigos -, e a ideologia foi deixada de lado para dar lugar à busca pelo poder e dinheiro. A partir os anos 90, empresários megalomaníacos eram os vilões. Nos anos 2000, financiadores do terrorismo passam a ser os inimigos nº 1 do mundo. "A série não tem medo de mudar, de absorver novas influências e de se reinventar. Via de regra, isso funciona maravilhosamente".
Politicamente correto
Uma das transformações ao longo do tempo foi em relação ao cigarro. O vício foi abandonado aos poucos e, a partir ainda da era Roger Moore, que durou de 73 a 85, já era raro vê-lo fumando.
As bebidas alcoólicas também ficaram mais raras. A ponto dos atuais filmes, com Daniel Craig interpretando o personagem, terem o patrocínio da Coca-Cola Zero. Não basta salvar o mundo, 007 ainda deve se preocupar com açucar no sangue.
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