Sobre as Sombras na Aquarela

Tudo começou com as nuvens.

A ideia surgiu da necessidade de mostrar a evolução de uma pesquisa feita sobre monocromia através da técnica da aquarela e colagem.

Foi à partir do meu olhar nas nuvens que surgiu o "momento sombras na aquarela". Após a escolha do suporte, as imagens começaram a brotar em minha mente de forma aleatória, de modo claro e objetivo, facilitando o desenvolvimento do trabalho. O fundo branco do papel, muitas vezes em destaque, realça as nuances e sobreposições das camadas, contrastando tons claros e escuros, assim como a luminosidade, algumas vezes oscilante, mais ou menos intensa, que brinca, sugerindo formas, movimentos e até mesmo sensações, destacando as características da aquarela aliada à colagem.

As inúmeras possibilidades que o tema oferece, associadas à técnica, tráz como resultado a simplicidade da proposta que, destacando a cor pura, em contraste com o papel, evidencia um grande prazer em criar.

Aline Hannun

22 de outubro de 2012

Arte e anatomia no séc XVII


Alex Grey

Anatomia e pintores

Para alguns pintores a observação e o estudo do corpo humano estavam entre as principais atividades para o desenvolvimento da técnica e sensibilidade artistica. De Rafael Sanzio até Alex Grey podemos encontrar este fascinio.


Nos tempos antigos a dissecação pública de criminosos era vista como entretenimento e era executada em toda europa. As aulas de anatomia eram um gênero de pintura em voga no sec XVII e fizeram a fama de pintores como Rembrandt (1606-1669). Um destes anatomistas, o Dr. Ruysch, ficou imortalizado em algumas telas do pintor holandes. Ruysch realizou mais de 30 dissecações públicas.

Da Vinci também buscou nos estudos antômicos a perfeição dos seus desenhos e estudos da figura humana e animal; principalmente os cavalos. Como ele, muitos outros pintores do Renascimento, registraram em desenhos e gravuras a anatomia humana.

Como toda arte, a história da anatomia mostra não apenas aquilo que é representado, mas também o modo como é visto. Estampas anatômicas dos séculos XVII e XVIII são vívidas ilustrações não só do funcionamento do corpo humano; mostram também a mentalidade de uma época em que ainda se esperava que a ciência revelasse os mistérios da criação divina e mostrasse a beleza e a maravilha inerente a todas as criaturas. Prova de que a arte e a ciência andavam de mãos dadas até o advento da burguesia e o surgimento da “pintura comercial”.


Curiosidades sobre Rembrandt e a obra "Lição de Anatomia do Dr. Tulp"


Este óleo sobre tela em estilo barroco fora encomendado pela Associação de Cirurgiões de Amsterdã e retrata uma aula de anatomia do Dr. Nicolaes Tulp. Concluída em 1632 pelo pintor holandês Rembrandt Harmenszoon van Rijn, tornou-se a obra de arte mais conhecida pelos médicos.



"Lição de Anatomia do Dr. Tulp" - Rembrandt

Alguns detalhes pitorescos do quadro:

O nome do pintor e a data da conclusão da pintura podem ser vistos em um quadro de avisos pendurado na parede ao fundo do laboratório de anatomia. Rembrandt, para não macular sua bela obra, preferiu não colocar sua assinatura como se faz usualmente.

O aluno mais próximo do Dr Tulp tem à mão uma folha de papel, na qual imaginava-se que estavam escritos os nomes dos músculos do antebraço que estão sendo mostrados, impressão que se desfaz quando percebe-se que, imediatamente acima do chapéu do Dr. Tulp, há uma pincelada grafando o número 1. Assim, o primeiro nome da lista é o do Dr. Tulp, os outros sete números correspondem ao nome dos alunos presentes na aula.

A obra contém um erro onde menos se podia esperar: Os músculos flexores superficiais, na pintura, estão nascendo do epicôndilo lateral. Os músculos flexores superficiais do antebraço se originam do epicôndilo medial do úmero.

O corpo dissecado pertencia a Adriaan Adriaans, também conhecido por Aris Kint, um ladrão que havia sido enforcado por roubo.

Estudiosos da pintura acreditam que o braço esquerdo pintado não é o braço de Aris Kint, mas de um outro cadáver previamente dissecado por Tulp (É bastante perceptível que o antebraço esquerdo é maior que o direito).

Segundo mostrou o raio X da pintura, inicialmente a mão direita do cadáver não tinha dedos. Rembrandt pintou-a posteriormente com base na mão de outra pessoa (É uma mão delicada, com unhas bem cortadas, nada lembrando a de um ladrão). Considera-se a possibilidade de Aris Kint ter tido a mão cortada quando ainda vivo, pois no século XVII, em algumas situações, havia na Holanda a prática jurídica de se amputar a mão do ladrão como pena prévia à pena capital.

A Lição de Anatomia do Dr. Tulp está exposta no Museu Mauritshuis, Em Haia, interior da Holanda. A casa onde funciona o Museu pertenceu ao colonizador Maurício de Nassau, e no subsolo encontram-se expostas gravuras de Debret enforcando o Brasil.



 
Parede com o quadro de avisos com a assinatura de Rembrandt tendo ao lado a data de 1632.



Lista contendo o nome dos anatomistas



Detalhe dos músculos flexores dos dedos


"A mais nobre paixão humana é aquela que ama a imagem da beleza em vez da realidade material. O maior prazer está na contemplação".

Leonardo da Vinci






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