Sobre as Sombras na Aquarela

Tudo começou com as nuvens.

A ideia surgiu da necessidade de mostrar a evolução de uma pesquisa feita sobre monocromia através da técnica da aquarela e colagem.

Foi à partir do meu olhar nas nuvens que surgiu o "momento sombras na aquarela". Após a escolha do suporte, as imagens começaram a brotar em minha mente de forma aleatória, de modo claro e objetivo, facilitando o desenvolvimento do trabalho. O fundo branco do papel, muitas vezes em destaque, realça as nuances e sobreposições das camadas, contrastando tons claros e escuros, assim como a luminosidade, algumas vezes oscilante, mais ou menos intensa, que brinca, sugerindo formas, movimentos e até mesmo sensações, destacando as características da aquarela aliada à colagem.

As inúmeras possibilidades que o tema oferece, associadas à técnica, tráz como resultado a simplicidade da proposta que, destacando a cor pura, em contraste com o papel, evidencia um grande prazer em criar.

Aline Hannun

27 de outubro de 2012

Arte contemporânea e barroca no Museu de Arte Sacra de S.P.




Museu de Arte Sacra promove interação entre arte contemporânea e barroca

O Museu de Arte Sacra de São Paulo inaugurou a mostra Contrapontos. A intervenção coletiva apresenta nove artistas que vão interagir com obras da exposição de longa duração do museu, exibindo lado a lado arte barroca e a arte contemporânea.

A mostra dá continuidade a uma proposta do MAS-SP de abrir as portas para obras mais atuais no circuito das artes. A ideia é permitir que os visitantes habituais do Museu de Arte Sacra se depararem com novas experiências culturais, além de atrair um novo público para conhecer o acervo do museu.

Coube à curadora Nair Kremer convidar os artistas Alex Flemming, Geórgia Kyriakakis, Guto Lacaz, Luiz Hermano, Monique Allain, Núcleo de Arte-Educação do Museu de Arte Sacra de São Paulo, Renata Barros, Roberta Segura e Silvia Mharques. Cada um escolheu uma sala das coleções para inserir suas intervenções com as obras da exposição de longa duração da instituição e com o ambiente, exibindo lado a lado arte barroca e arte contemporânea, confrontando-as e criando novos significados.

“No século XV, o pintor Piero Della Francesca já dizia que ‘mais importante que a pintura de um arcipreste é a relação dessa pintura com outra ou com outros elementos’”, diz Nair. É exatamente isso o que a curadora propõe nessa exposição.




Alguns dos destaques da Contrapontos

Na sala Ourivesaria Sacra, Monique Allain, com sua obra Réquiem, questiona os valores tão bem guardados neste local e o fato de que um dia irão desaparecer. No mesmo ambiente, Alex Flemming insere vozes de outras religiosidades na figura de Iemanjá. Já na Benedito Calixto, Guto Lacaz comenta a pintura e sua reprodução – enquanto imagem normal, tridimensional e espectral – em um jogo óptico. Ali também, Geórgia Kyriakakis, com sua obra Empeno à tona, explora e entrecruza diferentes sentidos dos termos exposição, revelação e deformação.

A área externa, junto aos profetas, conta com a participação do Núcleo de Arte-Educação do Museu de Arte Sacra de São Paulo, que exibe a instalação interativa Salvaguarda. Este trabalho, já no próprio título, problematiza uma das funções do museu e faz um convite para o reconhecimento público de seu papel social.

Adicionam-se a Contrapontos performances, como Sagrado Território, de Miriam Dascal e Fabio Villardi, e a apresentação musical Fabuloso adeus/ Mortal loucura, do grupo Pato Preto.

Contrapontos inova em sua presença no MAS/SP por apresentar site specifics, verdadeira arte ambiente, que apresenta elementos que dialogam esculturalmente com o meio circundante. A obra produzida sinaliza sua própria tendência de se voltar para o espaço incorporando-o ou transformando-o. Nair Kremer exibe trabalhos conceituais, mas de fácil assimilação, vencendo o desafio de contrapor, com suas poéticas, o tradicional.

Sobre o Museu:

O espaço é fruto de um convênio celebrado entre o Governo do Estado e a Mitra Arquidiocesana de São Paulo, em 28 de outubro de 1969.

Tem como principais atribuições recolher, classificar, catalogar e expor convenientemente objetos religiosos cujo valor estético ou histórico recomende a sua preservação; expor permanente, pública e didaticamente seu acervo; promover o treinamento, a capacitação profissional e a especialização técnica e científica de recursos humanos necessários ao desenvolvimento de suas atividades; incentivar e apoiar a realização de estudos e pesquisas sobre arte sacra e história da arte; promover cursos regulares, periódicos ou esporádicos de difusão, extensão e de treinamento sobre temas ligados a seu campo de atuação.

O Museu de Arte Sacra de São Paulo passou a ocupar a ala esquerda térrea do Mosteiro de Nossa Senhora da Imaculada Conceição da Luz e a antiga Casa do Capelão, atual sede do Museu dos Presépios.

A parte mais antiga do complexo foi construída sob orientação de Frei Antônio de Santana Galvão para abrigar o recolhimento das irmãs concepcionistas, função esta que se mantém até hoje.

O acervo do museu começou a ser formado por Dom Duarte Leopoldo e Silva, primeiro arcebispo de São Paulo, que a partir de 1907 começou a recolher imagens sacras de igrejas e pequenas capelas de fazendas que sistematicamente eram demolidas após a proclamação da República. Na década de 1970, foi possível ampliar significativamente esse acervo.







Interior da Capela


Informações:


Exposição Contrapontos


Data: até 4 de novembro de 2012

Horário: de terça a domingo, das 10h às 18h

Local: Museu de Arte Sacra de São Paulo

Endereço: Avenida Tiradentes, 676 - Luz

Tel.: (11) 3326.5393











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