Sobre as Sombras na Aquarela

Tudo começou com as nuvens.

A ideia surgiu da necessidade de mostrar a evolução de uma pesquisa feita sobre monocromia através da técnica da aquarela e colagem.

Foi à partir do meu olhar nas nuvens que surgiu o "momento sombras na aquarela". Após a escolha do suporte, as imagens começaram a brotar em minha mente de forma aleatória, de modo claro e objetivo, facilitando o desenvolvimento do trabalho. O fundo branco do papel, muitas vezes em destaque, realça as nuances e sobreposições das camadas, contrastando tons claros e escuros, assim como a luminosidade, algumas vezes oscilante, mais ou menos intensa, que brinca, sugerindo formas, movimentos e até mesmo sensações, destacando as características da aquarela aliada à colagem.

As inúmeras possibilidades que o tema oferece, associadas à técnica, tráz como resultado a simplicidade da proposta que, destacando a cor pura, em contraste com o papel, evidencia um grande prazer em criar.

Aline Hannun

16 de setembro de 2013

William Kentridge na Pinacoteca



Artista sul-africano leva animações artesanais e desenhos à Pinacoteca do Estado
 
Um dos mais prestigiados artistas contemporâneos, o sul-africano William Kentridge, 58, realiza sua obra na contramão dos grandes avanços tecnológicos do cinema digital e de sofisticados efeitos especiais.

O artista se tornou uma referência internacional com um cinema de animação quase tão rudimentar quanto o do precursor do cinema Georges Méliès (1861-1938).

O próprio Kentridge denomina o resultado do seu trabalho, feito com jornais, carvão, giz e tesoura, de "cinema da idade da pedra". 



Cena da animação 'História da Queixa Principal'.

"Minha obra é artesanal não apenas porque ela é basicamente feita com técnicas simples, mas também para deixar claro ao observador a possibilidade de se trabalhar com materiais simples e que estão próximos", disse Kentridge, na montagem de sua exposição, "Fortuna", em exposição na Pinacoteca do Estado.

Com curadoria de Lilian Tone, a exposição, que já passou pelo Instituto Moreira Sales, no Rio, e pela Fundação Iberê Camargo, em Porto Alegre, encerra sua temporada brasileira com versão mais ampla que as anteriores.

METAMORFOSE

A mostra reúne ainda 38 desenhos, 27 filmes e animações, 184 gravuras e dez esculturas que dão conta da trajetória de Kentridge nos últimos 25 anos.

Um dos elementos recorrentes no conjunto é a ideia de metamorfose. "Em todas as animações eu me interesso em mostrar ao mundo como elas estão em um estado de transformação, não são um fato fixo. Eu me interesso mais pelo processo do que pelos fatos", explica Kentridge. 



Desenho para o filme 'Stereoscope'.

A postura fluida e mutante na obra tem relação com uma crença em princípios democráticos. "Para mim, toda reivindicação por certeza, seja política ou artística, tem uma intenção autoritária por trás", diz Kentridge, que cresceu no regime do apartheid --seu pai foi um dos advogados defensores de Nelson Mandela.

Acompanha a exposição, ainda, a publicação de um "flipbook", um livro que, quando folheado, gera imagens em movimento. "De como não fui Ministro d'Estado", à venda por R$ 50, é uma intervenção de Kentridge em uma edição antiga de "Memórias Póstumas de Brás Cubas", de Machado de Assis.
  

"Eu me identifiquei com esse livro", diz o artista, que aparece caminhando em meio às suas páginas.
 
Assista ao vídeo para conhecer melhor o seu trabalho.



SERVIÇO

WILLIAM KENTRIDGE - FORTUNA

QUANDO: Até 17/11 - de terça a domingo, das 10h às 18h; quinta até 22h.

ONDE: Pinacoteca do Estado - Praça da Luz, 2, SP, tel. 3324-1000

QUANTO: R$ 6,00

CLASSIFICAÇÃO: livre


 
 
 
 
 

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