Sobre as Sombras na Aquarela

Tudo começou com as nuvens.

A ideia surgiu da necessidade de mostrar a evolução de uma pesquisa feita sobre monocromia através da técnica da aquarela e colagem.

Foi à partir do meu olhar nas nuvens que surgiu o "momento sombras na aquarela". Após a escolha do suporte, as imagens começaram a brotar em minha mente de forma aleatória, de modo claro e objetivo, facilitando o desenvolvimento do trabalho. O fundo branco do papel, muitas vezes em destaque, realça as nuances e sobreposições das camadas, contrastando tons claros e escuros, assim como a luminosidade, algumas vezes oscilante, mais ou menos intensa, que brinca, sugerindo formas, movimentos e até mesmo sensações, destacando as características da aquarela aliada à colagem.

As inúmeras possibilidades que o tema oferece, associadas à técnica, tráz como resultado a simplicidade da proposta que, destacando a cor pura, em contraste com o papel, evidencia um grande prazer em criar.

Aline Hannun

19 de setembro de 2013

"Natureza Moderna: Georgia O'Keeffe e o Lago George".


"From the Lake" - Georgia O’Keeffe

Geórgia O’Keefe passava os dias em Lake George, Nova Iorque no início de 1900, o que inspirou muitas de suas obras. Esta pintura mostra as ondas suaves e ondulações do lago.

Exposição retoma fase de Georgia O'Keeffe

Alguns fãs de Georgia O'Keeffe provavelmente associam o Estado do Novo México à artista.
 
A artista viveu por lá durante três décadas e explorou avidamente a paisagem local em sua vida e obra, colecionando pedras, ossos e louvores como uma das mais celebradas pintoras americanas.

Mas, bem antes de se incrustar no deserto, O'Keeffe passou muitos verões às margens do Lake George - lago glacial nos montes Adirondack, perto da cidade de Glens Falls, no interior do Estado de Nova York.

Foi lá que ela produziu várias pinturas enquanto se hospedava na pequena propriedade da família de Alfred Stieglitz, fotógrafo, promotor das artes e seu futuro marido.
 
 


Georgia O'Keeffe, Lake George, 1922. óleo sobre tela (San Francisco - Museum of Modern Art, Califórnia).
  
Agora, pela primeira vez, cerca de 60 dessas criações foram reunidas na exposição "Natureza Moderna: Georgia O'Keeffe e o Lago George", no pequeno museu Hyde Collection.

Desde que a exposição foi aberta, em junho, milhares de visitantes vieram a Glens Falls para ver algumas das reflexões de O'Keeffe sobre esse período.
 


Petúnias, 1925, óleo sobre placa (Museu de Belas Artes de San Francisco).
  
Isso inclui uma pintura --"Lago George, Outono de 1922" --, encontrada por uma sobrinha-neta de Stieglitz e que não era vista em público desde a década de 1920.

Seus organizadores esperam que a exposição estabeleça uma conexão entre O'Keeffe e o lago George, ainda uma atração turística nos verões.
 
 

Georgia O'Keeffe, "folhas de outono", 1924, óleo sobre tela (Columbus Museum of Art, Ohio).

Depois que a exposição se encerrar por aqui, em meados de setembro, "Natureza Moderna" segue para o Museu Georgia O'Keeffe, em Santa Fe (Estado do Novo México), e depois para uma temporada no Museu De Young, em San Francisco.
 
"O'Keeffe sempre desenvolveu vínculos fortes com lugares. O lago George foi um local com o qual ela teve uma profunda relação", disse Erin Coe, curadora-chefe do Hyde Collection.
 
Há cerca de 200 obras da artista relacionadas ao lago George -- cerca de um quarto das pinturas de O'Keeffe.
  


Georgia O'Keeffe, "Apple Family - 2" , 1920, óleo sobre tela (Georgia O'Keeffe Museum). Doação da Burnet Foundation e da Thr Georgia O'Keeffe Foundation.

Charles Guerin, diretor do Hyde Collection, também se impressionou com a pródiga produção de O'Keeffe junto ao lago George.

"A repetição sucessiva dos mesmos temas lhe deu tempo para fortalecer o senso analítico entre o abstracionismo e o realismo", disse Guerin.
 


Georgia O'Keeffe, "lago, No. 3", 1924 (Philadelphia Museum of Art) Legado de Georgia O'Keeffe para a Coleção Alfred Stieglitz
 
Glens Falls fica a menos de 16 km da margem sul do lago George, onde a propriedade da família Stieglitz tinha jardins, pastos e um ateliê para O'Keeffe. Ela começou a visitar o local em 1918 e continuou indo até lá até 1934. Mas suas visitas não eram breves, segundo Coe.
 
Ela costumava chegar em abril e às vezes ficava até novembro. Embora se hospedasse com a família Stieglitz --um clã grande e eventualmente ruidoso--, ela fazia caminhadas, remava e cuidava do jardim.

"Quem dera que você pudesse ver este lugar", escreveu ela em 1923 à romancista Sherwood Anderson.

"Há algo de tão perfeito nas montanhas, no lago e nas árvores. Às vezes, quero rasgar tudo em pedaços, mas é realmente adorável."

Muitas dessas imagens foram parar nas suas pinturas.

Há também as flores, essa flora ampliada e aparentemente sensual que, sob muitos aspectos, fez a fama de O'Keeffe.
 

Georgia O'Keeffe, "erva daninha", 1932. Óleo sobre tela. Presente da Fundação Burnett. © Georgia O'Keeffe Museum.

A exposição do Hyde tem exemplos notáveis: uma cana muito vermelha, de 1919, e uma série de arisemas retorcidas, cor de vinho, emprestada da Galeria Nacional e datada de 1930.

Coe e Guerin parecem satisfeitos por terem lançado alguma luz sobre como os primeiros dias de O'Keeffe junto ao lago contribuíram para sua arte posterior, inegavelmente mais árida.
 
"O lago George", acredita Coe, "forneceu-lhe essas ferramentas".
 
 
 
 
 
 
 


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