Sobre as Sombras na Aquarela

Tudo começou com as nuvens.

A ideia surgiu da necessidade de mostrar a evolução de uma pesquisa feita sobre monocromia através da técnica da aquarela e colagem.

Foi à partir do meu olhar nas nuvens que surgiu o "momento sombras na aquarela". Após a escolha do suporte, as imagens começaram a brotar em minha mente de forma aleatória, de modo claro e objetivo, facilitando o desenvolvimento do trabalho. O fundo branco do papel, muitas vezes em destaque, realça as nuances e sobreposições das camadas, contrastando tons claros e escuros, assim como a luminosidade, algumas vezes oscilante, mais ou menos intensa, que brinca, sugerindo formas, movimentos e até mesmo sensações, destacando as características da aquarela aliada à colagem.

As inúmeras possibilidades que o tema oferece, associadas à técnica, tráz como resultado a simplicidade da proposta que, destacando a cor pura, em contraste com o papel, evidencia um grande prazer em criar.

Aline Hannun

24 de setembro de 2013

Heitor dos Prazeres: Compositor, cantor e pintor


Crianças brincando - óleo s. tela - 1966

Heitor dos Prazeres: vida e obras

Heitor dos Prazeres (RJ-1898-1966) foi um compositor, cantor e pintor autodidata brasileiro.

Começou a trabalhar cedo, na oficina do pai, marceneiro. Dominava o clarinete, o cavaquinho e não foi difícil iniciar a carreira de músico. Seus sambas e marchinhas alcançaram projeção nacional. Um dos pioneiros do samba carioca.

Tendo vivido num meio onde a música era a principal forma de expressão, já aos 8 anos de idade surpreendia com seu toque de tamborim e quase todos os instrumentos de percussão. Com habilidade e swing já participava como passista e ritmista do conjunto “Heitor dos Prazeres e sua Gente”. Com o sucesso alcançado pelo grupo, apresentando-se nos mais variados espaços do Rio de Janeiro, passa a trabalhar como mensageiro nível especial na divisão musical da Rádio Nacional.

Sempre em contato com a nata dos artistas e músicos da casa, e incentivado pelo maestro Moacir Santos, Aída Gnatalli e Severino Filho, interessou-se pelos instrumentos harmônicos. A partir daí seguiu seu trabalho como músico em conjuntos de baile, casas noturnas e clubes pelo Brasil. 

Sempre fiel às raízes, Heitorzinho dos Prazeres não é só “talento”: aliava a isso a excepcional capacidade de improvisação que são atributos fundamentais para um bom músico, compositor e cantor. Mas o que é o improviso? É um exercício de reconstrução da música, uma divagação pessoal onde o músico vai progredindo na invenção, no fraseado com o qual vai reinterpretando, e descobre um novo lugar: “o espaço musical infinito”, tornando-se a partir daí um ser privilegiado. Este é o mote... Esta é a certeza de afirmar que Heitorzinho é um “Artista de Linhagem”. 

Heitor compôs seu maior sucesso, Pierrô Apaixonado, em parceria com Noel Rosa. Nos anos 20, Heitor dos Prazeres foi um dos fundadores da escola de samba que mais tarde chamou-se GRES Portela, primeira vencedora num concurso entre escolas em 1929, com sua composição Não Adianta Chorar.

 
Ouça uma de suas canções
 


 

Heitor dos Prazeres adotou a pintura como hábito após a morte da esposa. Nas artes plásticas, teve seu trabalho reconhecido no Brasil e no exterior, com obras presentes em numerosas exposições.

Foi um dos principais pintores do Brasil a retratar o universo do samba e todo o ambiente do carnaval, com as mulatas e passistas. Sua obra pode ser conceituada como arte naif, ou ingênua, caracterizada pela produção de autodidatas sem educação formal no campo das artes.


Carnaval nos Arcos da Lapa - 1964 - óleo sobre tela
 
Isso não implica menor qualidade estética; o pintor chegou a ser premiado na I Bienal Internacional de São Paulo, em 1951. As praias, favelas e morros cariocas são temas imortalizados em suas telas, que constituem uma profunda homenagem ao Rio de Janeiro, onde viveu e morreu.
 
Dançando o Frevo - óleo s. tela

 
 

Forro no Carnaval - óleo s. tela

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