Sobre as Sombras na Aquarela

Tudo começou com as nuvens.

A ideia surgiu da necessidade de mostrar a evolução de uma pesquisa feita sobre monocromia através da técnica da aquarela e colagem.

Foi à partir do meu olhar nas nuvens que surgiu o "momento sombras na aquarela". Após a escolha do suporte, as imagens começaram a brotar em minha mente de forma aleatória, de modo claro e objetivo, facilitando o desenvolvimento do trabalho. O fundo branco do papel, muitas vezes em destaque, realça as nuances e sobreposições das camadas, contrastando tons claros e escuros, assim como a luminosidade, algumas vezes oscilante, mais ou menos intensa, que brinca, sugerindo formas, movimentos e até mesmo sensações, destacando as características da aquarela aliada à colagem.

As inúmeras possibilidades que o tema oferece, associadas à técnica, tráz como resultado a simplicidade da proposta que, destacando a cor pura, em contraste com o papel, evidencia um grande prazer em criar.

Aline Hannun

14 de março de 2014

Movimentos de ballet e desenhos incríveis de Heather Hansen



Heather Hansen é uma dançarina muito talentosa e artista performática contemporânea que vive em Nova Orleans. Com apenas alguns pedaços de carvão e movimentos leves ela consegue através de uma superfície de papel criar desenhos simétricos e diversas formas.

Hansen também criou o vídeo “Gestos Vazios” que traz todo o processo de criação de suas obras em andamento. Segundo a artista, o vídeo é um experiência com desenhos cinéticos. Muito bom!


Sobre a artista


Artista americana Heather Hansen, combina performance e desenho usando o corpo como ferramenta de impressão sobre o papel. Hansen substitui os tradicionais pincéis pelo seu próprio corpo, descendo ao chão e fazendo o trabalho sujo conforme manipula o carvão e pastéis.

A obra multi-facetada, Emptied Gestures, é documentada passo-a-passo pelo fotógrafo Bryan Tarnowski, que captura a dança da artista sobre o papel, além do seu corpo escurecido pelo material que é arrastado e borrado. A artista literalmente esvazia seus gestos, deixando uma espécie de diagrama de uma dança no papel.
 
 
Processo de criação








Heather Hansen após a conclusão de mais uma peça.

Hansen visa aprofundar o desenvolvimento da técnica da action painting, fundada por Jackson Pollock e proliferada por todo o século XX; a artista busca maneiras de carregar diretamente seus movimentos para o papel, organicamente e sem usar nada mais além de si mesma para obter o resultado desejado.
 
 

Hansen e Pollock

No que diz respeito a Pollock, ao pintar a tela, ele pintava-se a si mesmo e a seus sentimentos. Deixava impressa uma marca que apenas ele poderia deixar e, em seguida, distanciava-se da tela e podia observar o homem que lá ficou impresso.
 
Pollock
 
Assim como acontece no trabalho de Hansen, ficamos diante do vislumbre de um gesto que contém tudo aquilo que nos é apresentado, criando um mistério sobre como o artista atingiu aquele resultado.


Heather Hansen

Tecnicamente, Emptied Gestures poderia tratar-se de um plágio da técnica inaugurada por Pollock. No entanto, a imitação, neste caso, a nível da história da arte, deve ser tratada como natural. Assim como seria estranho ouvir dizer que Rafael Sanzio, numa fase mais avançada de sua carreira, plagiou a anatomia vigorosa de Michelangelo, é igualmente estranho afirmar que Heather Hansen plagiou a técnica e a atitude de Pollock diante da arte. A arte contemporânea tem evoluído através de revivalismos, revisões, recuperações e redescobertas, assim como a arte clássica e seus sucessores evoluíram a partir dos antigos.

No entanto
, o número crescente de artistas que existe atualmente gera, por vezes, obras de arte de caráter questionável. Além disso, seguindo a libertação da técnica desencadeada pelos primeiros ready-made de Marcel Duchamp, é cada vez mais comum a figura do biólogo-artista, do designer-artista e, entre tantos outros, o caso de Heather Hansen, a dançarina-escultora-artista. 

Esta diversificação é muito positiva por um lado, como parece provar ser o caso de Heather Hansen. No entanto, a quantidade acaba por não refletir qualidade, ocasionando uma perda de credibilidade generalizada, talvez pelo fato de algumas obras estarem tão fechadas em seus próprios conceitos e ideias que tornam-se praticamente impenetráveis pelo espectador comum.

Antes da modernidade, a Verdade da arte estava na Natureza, e talvez nos dias de hoje ainda esteja, no entanto, algumas mensagens artísticas podem acabar por materializar-se de maneira demasiado confusa. E enquanto um olhar mais crítico possa acabar por considerar esta arte uma falsa arte, para o público em geral, a arte simplesmente perde seu valor.

Na arte, é comum a necessidade do artista expor-se, assim como Hansen em seus gestos no papel, inspirando-se ou não naqueles que os precederam, mas sem perder o traçado próprio no seu caminhar e deixar marcas suficiente para que possam entender a arte genuína e inovadora.
 
Assista ao vídeo
 
 
 
 
 



Um comentário:

  1. Nossa... tão expressivo, eu não conhecia o trabalho dessa artista, artista de uma sensibilidade tremenda, senti um turbilhão de emoções

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