Sobre as Sombras na Aquarela

Tudo começou com as nuvens.

A ideia surgiu da necessidade de mostrar a evolução de uma pesquisa feita sobre monocromia através da técnica da aquarela e colagem.

Foi à partir do meu olhar nas nuvens que surgiu o "momento sombras na aquarela". Após a escolha do suporte, as imagens começaram a brotar em minha mente de forma aleatória, de modo claro e objetivo, facilitando o desenvolvimento do trabalho. O fundo branco do papel, muitas vezes em destaque, realça as nuances e sobreposições das camadas, contrastando tons claros e escuros, assim como a luminosidade, algumas vezes oscilante, mais ou menos intensa, que brinca, sugerindo formas, movimentos e até mesmo sensações, destacando as características da aquarela aliada à colagem.

As inúmeras possibilidades que o tema oferece, associadas à técnica, tráz como resultado a simplicidade da proposta que, destacando a cor pura, em contraste com o papel, evidencia um grande prazer em criar.

Aline Hannun

26 de março de 2014

Exposição A MAGIA DE MIRÓ chega na Caixa Cultural São Paulo

    "La Cascade "- Gravura

A Magia de Miró na Caixa Cultural de S.P.


Miró elegeu a liberdade como modo de viver e de pintar, transpondo as fronteiras entre a pintura e a poesia. Em suas criações, experimentou inúmeras possibilidades de formas e de cores, compondo um mundo próprio, de sonhos e de magia.

Um convite para esse universo onírico é que sugere a exposição “A Magia de Miró, desenhos e gravuras”, que se apresenta na Caixa Cultural São Paulo.

Sob curadoria de Alfredo Melgar, conde de Villamonte e fotógrafo galerista em Paris, a exposição possui 69 obras do artista espanhol e 23 fotografias em P&B de Miró registradas por Melgar. Inédita no Brasil, “A Magia de Miró” já foi realizada em prestigiadas galerias de arte e museus da Europa, América e Oceania.


Detalhe do desenho Personnage, oiseaux

Na inauguração houve uma palestra com o galerista e curador Alfredo Melgar, e a Slow Art Intervention, uma atividade paralela em frente ao prédio da Caixa Cultural São Paulo. O intuito é levar a arte para as ruas através da exibição ao ar livre de um documentário sobre a vida de Miró.
 

Desenho "Femme devant la lune"

Após a temporada em São Paulo, a exposição segue para as unidades da Caixa Cultural em Curitiba (20 de maio a 20 de julho de 2014), Rio de Janeiro (28 de julho a 28 de setembro de 2014), Recife (7 de outubro a 7 de dezembro de 2014) e Salvador (16 de dezembro de 2014 a 8 de fevereiro de 2015)

Conversa informal

Na década de 1970, o espanhol Alfredo Melgar Alexandre, conde de Villamonte, teve a oportunidade de ter contato próximo com o artista catalão Joan Miró (1893-1983), o mais surrealista dos surrealistas, definiu o poeta André Breton. “Era um grande experimentador, um homem livre”, diz Melgar, enquanto chama a atenção para o detalhe de dois desenhos sobre cortiça feitos em 1971 pelo pintor, escultor, gravador e ceramista. Esses trabalhos, “raros” porque somente existem dois outros deles no mundo, integram a exposição "A Magia de Miró".


Obra da mostra 'A Magia de Miró': Trabalho conjunto do fotógrafo e curador Alfredo Melgar e do pintor.

Os traços leves de Miró – geralmente, em preto, habitando composições com cores primárias (vermelho, azul e amarelo) – se fazem presentes nos desenhos e gravuras. Além de usar a cortiça como suporte, é possível ver que Miró não se prendia ao papel para desenhar; fez uso de lixa e papelão, por exemplo. Nas gravuras da exposição, muitas delas, provas de artista, é o exercício colorido do catalão que se destaca.
 

Retrato de Joan Miró com obra de Alexander Calder feito pelo conde e fotógrafo Alfredo Melgar

O conjunto de obras pertence ao espanhol Alfredo Melgar, que assina a curadoria da exposição. O conde, também fotógrafo, galerista e editor em Madri, conta que coleciona arte desde os anos 1970, destacando, em seu acervo, peças dos escultores Alexander Calder e Eduardo Chilida. “Fotografei para artistas e muitas vezes recebi deles suas obras em troca de meus serviços.” Em um texto, Melgar conta como foi a primeira aproximação que teve com Miró – o catalão o convidou a visitar seu estúdio em Palma de Mallorca quando soube que ele era “um excelente fotógrafo”. “Eu tinha menos de 30 anos, minha obra fotográfica era escassa e não estava, desde logo, à altura das palavras de Miró.”


Desenho Chien

A exposição dedica sala especial a uma seleção de 23 retratos em preto e branco, que Alfredo Melgar fez do artista catalão durante visitas a seu ateliê. “Realizei algumas dessas fotografias poucos dias antes de sua morte”, conta. Em uma delas, por exemplo, Joan Miró, já velho, segura uma escultura de metal, seu retrato criado de maneira divertida pelo norte-americano Calder, o autor dos móbiles – a peça é destacada, ainda, em outras imagens da mostra. Para Alfredo Melgar, que também era fã de “Sandy” Calder, Miró foi o “primeiro grande pintor do século 21, mesmo que tenha nascido no século 20”.

Serviço:

Exposição “A Magia de Miró”

Quando: Até 20 de abril de 2014 (terça-feira a domingo) das 9h às 19h

Onde: Caixa Cultural São Paulo - Praça da Sé, 111 – Centro – São Paulo 


Quanto: Entrada franca

Informações: (11) 3321-4400





Nenhum comentário:

Postar um comentário