Sobre as Sombras na Aquarela

Tudo começou com as nuvens.

A ideia surgiu da necessidade de mostrar a evolução de uma pesquisa feita sobre monocromia através da técnica da aquarela e colagem.

Foi à partir do meu olhar nas nuvens que surgiu o "momento sombras na aquarela". Após a escolha do suporte, as imagens começaram a brotar em minha mente de forma aleatória, de modo claro e objetivo, facilitando o desenvolvimento do trabalho. O fundo branco do papel, muitas vezes em destaque, realça as nuances e sobreposições das camadas, contrastando tons claros e escuros, assim como a luminosidade, algumas vezes oscilante, mais ou menos intensa, que brinca, sugerindo formas, movimentos e até mesmo sensações, destacando as características da aquarela aliada à colagem.

As inúmeras possibilidades que o tema oferece, associadas à técnica, tráz como resultado a simplicidade da proposta que, destacando a cor pura, em contraste com o papel, evidencia um grande prazer em criar.

Aline Hannun

31 de agosto de 2016

Instituto Inhotim - o maior museu de arte a céu aberto do mundo






Instituto Inhotim.


Algumas semanas atrás tive o prazer de visitar o maior museu de arte a céu aberto do mundo. Posso dizer que se trata de algo grandioso, maravilhoso e surpreendente. Muitos de nós já vimos um jardim de esculturas, um museu dentro de um parque, ou algo parecido, mas a dimensão do local e a relação das obras com o espaço, fazem da visita a Inhotim uma experiência singular.

No caminho entre uma galeria e outra, você descansa a vista, a mente e vai admirando o paisagismo e sentindo o aroma da vegetação natural que o local oferece. O visitante tem tempo para refletir, assimilar o que viu, ouviu e seguir para a próxima galeria na expectativa de explorar novas ideias, novos conceitos.



As jardineiras elétricas (carrinhos) levam os visitantes até as obras mais distantes, caso queiram, e o passe para utilizar o serviço deve ser comprado na recepção.




Foi no Vale do Paraopeba, a cerca de 60 km de Belo Horizonte, Minas Gerais, no ano de 1980, que o empresário Bernardo Paz idealizou um projeto que visava unir a natureza e a arte num só espaço. Assim surgiu o Instituto Inhotim.




O projeto, que une arte contemporânea, jardim botânico, políticas de inclusão e cidadania, atraiu a atenção de artistas renomados de todo o mundo e conquistou ninguém menos que Roberto Burle Marx, o artista plástico e arquiteto paisagista brasileiro renomado internacionalmente. Burle Marx sugeriu e inspirou ideias para a elaboração de algumas áreas do Instituto entre os anos de 1990 a 1994. Hoje, Inhotim é destino de turistas do Brasil e do exterior.




O complexo reúne um jardim botânico, obras de arte contemporânea e alta gastronomia, aliados a iniciativas educacionais. O Instituto é ideal para um passeio em família, casais ou grupo de amigos, para relaxar, ver obras de arte de artistas do cenário mundial ou simplesmente almoçar em um lugar incomum. Inhotim é ideal para qualquer programação. Sua infraestrutura agrada até mesmo quem não é amante da arte.





Jardim Botânico

São 97 hectares ocupados por uma das maiores coleções de palmeiras do mundo, com mais de 1.400 espécies. Outras variedades botânicas se desenvolvem pelo parque onde se destacam as Aráceas, uma coleção de orquídeas da espécie Vanda. Innhotim é  excelente ambiente para passeios ao ar livre, meditação e relaxamento em um local onde se pode apreciar a beleza de sua natureza harmônica e preservada.




A natureza exuberante abraça um acervo com mais de 500 obras de artistas reconhecidos mundialmente como Adriana Varejão, Helio Oiticica, Cildo Meireles, Chris Burden, Matthew Barney, Doug Aitken, Janet Cardiff, entre outros.




Galeria Adriana Varejão - 


A obra "Charques" (acima, à direita), é uma escultura onde a arquitetura se associa ao corpo e a matéria de construção se torna a carne. Na obra "Saunas" (abaixo, à esquerda), a artista faz uso de uma palheta quase monocromática para criar um labirinto interior idealizado com jogos de luz e sombras. A obra "Celacanto Provoca Maremoto" (abaixo, à direita), é uma articulação entre a pintura, escultura e arquitetura, revisitando elementos e referências históricos e culturais. Vale-se do barroco e da azulejaria portuguesa como principais referências.



“Beam Drop” (Queda de Viga) - Chris Burden


É uma escultura de grandes dimensões que ocupa o alto de uma montanha e que se relaciona de maneira marcante com seu entorno, criando uma visão épica em meio à paisagem. Foi feita com a ajuda de um guindaste que "despejou" vigas de ferro em uma piscina de cimento fresco.

O diferencial do Inhotim não está apenas em conjugar arte e lazer ao ar livre. Além de fomentar a cultura, o Instituto tornou-se um dos únicos espaços para a instalação de algumas categorias de obras de arte.


Entre instalações permanentes e exposições temporárias, espaços abertos e galerias, o espaço museológico de Inhotim propõe aos visitantes uma experiência única devido a ausência de um roteiro linear. Cada grupo decide seu percurso e espaços de visitação por meio de trilhas que passam por todo o local.



"Abre a Porta" - John Ahearn e Rigoberto Torres

O mural "Abre a Porta" mostra uma procissão religiosa, solene e fervorosa, que acontece anualmente junto à igreja situada em Inhotim, no mesmo local, em frente ao mural.

Inhotim também é o cenário onde se desenvolvem pesquisas, projetos paisagísticos e outros estudos em parceria com órgãos governamentais e privados. Responsável também por grande parte do desenvolvimento socioeconômico do município, o Instituto promove iniciativas como aulas de iniciação musical e artística para crianças e jovens da região, além de outros projetos sazonais. Já quando o assunto é educação, Inhotim oferece visitas orientadas e programas como o Museu em Atividade, em que são desenvolvidas pesquisas referentes aos processos de mediação e elaboração de projetos para oportunidades educacionais com o apoio de arte-educadores.



Algumas das obras expostas




Galeria Cildo Meireles - "Desvio para o vermelho - Impregnação".

"Desvio para o Vermelho - Impregnação" é um dos trabalhos mais complexos e ambiciosos do artista – concebido em 1967, montado em diferentes versões desde 1984 e exibido em Inhotim em caráter permanente desde 2006. Formado por três ambientes articulados entre si, no primeiro deles (Impregnação), nos deparamos com uma exaustiva coleção monocromática de móveis, objetos e obras de arte em diferentes tons, reunidos “de maneira plausível mas improvável”.




Galeria Lygia Pape - "T-teia"

A instalação, é o resultado das experiências que Pape iniciou em 1977 com seus alunos da Escola de Artes Visuais do Parque Lage, com fios dourados, finos e esticados. A iluminação especial cria um efeito diferente a cada ângulo de observação da obra em meio à natureza.




Galeria Tunga - "Lézart"

Em "Lézart" (lagarto, em francês), tranças e pentes são os principais elementos da obra. Não há solda entre as chapas de ferro e o arame. Suas partes são conectadas pela atração dos ímãs e são estruturas que se sustentam por si mesmas, negociando entre as forças da gravidade e magnética.




Esculturas em bronze - Edgard de Souza

As esculturas são parte de uma série em bronze fundido. A obra foi desenvolvida pelo artista ao longo da década de 2000. Elas representam uma figura masculina nua baseada no corpo do próprio artista e poderiam ser consideradas autorretratos, não fosse a ausência do principal elemento de identificação de um retrato: o rosto. 



"Narcissus Garden Inhotim" - Yoyoi Kusamo

No total são 500 esferas de aço inoxidável que flutuam sobre o espelho d'água do Centro Educativo Burle Marx, criando formas que se diluem e se condensam de acordo com o vento e outros fatores externos, refletindo a paisagem de céu, água e vegetação, além do próprio espectador, criando, nas palavras da artista, "um tapete cinético", refletindo toda a natureza ao seu redor.

O Instituto Inhotim é um ótimo lugar para passear com a família. O local agrada a todos, sejam crianças, adultos ou idosos. A estrutura para receber os turistas é excelente, o estacionamento é ótimo, mapas são disponibilizados gratuitamente, banheiros são facilmente encontrados, o espaço conta com diversos restaurantes. Os funcionários são  treinados e estão espalhados pelo parque ajudando os visitantes a se localizarem e a encontrarem as obras e galerias.

De tudo o que vi, o que mais me impressionou foi a galeria da fotógrafa brasileira Claudia Anduja. Em breve apresentarei uma matéria sobre a artista e sua obra.


Serviço

Instituto Inhotim

Onde: R. B, 20 - Centro, Brumadinho - MG

Quando: Fechado às segundas. De terça a sexta das 9:30h às 16:30h - sábados, domingos e feriados das 9:30h às 17:30h

Quanto: às terças e quintas-feiras, R$ 25,00. Às quartas-feiras (exceto feriado) a entrada é gratuita. Às sextas, sábados, domingos e feriados, R$ 40,00. Meia entrada para crianças de 6 a 12 anos e idosos acima de 60 anos. Entrada gratuita para Amigos do Inhotim e crianças de até 5 anos.

www.inhotim.org.br

Assista ao vídeo.





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