Com mais de 40.000 itens, o acervo do MNAA compreende o maior número de obras classificadas como “tesouros nacionais”, além de obras de referência do património artístico mundial.
Sala de exposições do Museu Nacional de Arte Antiga, em Lisboa.
Herança da História (com realce para as incorporações dos bens eclesiásticos e dos provenientes dos palácios reais), a coleção do Museu Nacional de Arte Antiga foi sendo engrandecida por generosas doações e importantes compras, ilustrando, em patamar de objetiva excelência, o que de melhor se produziu ou acumulou em Portugal, nos domínios acima enunciados, entre a Idade Média e os alvores da Contemporaneidade.
O museu, instalado desde a sua fundação em um palácio construído nos finais do século XVII pelo 1º conde de Alvor, após o seu regresso da Índia, onde fora vice-rei, foi mantido na família até meados do século XVIII, vindo depois a pertencer a um irmão do Marquês de Pombal, Paulo de Carvalho, antes de passar a posse a um rico negociante de diamantes e cônsul da Holanda, Daniel Gildemeester, que patrocinou vultuosas obras de qualificação nos interiores.
ACERVO DO MNAA
"Painéis de São Vicente" - 1470 - óleo e têmpera sobre madeira de carvalho - Nuno Gonçalves.
Obra de enorme importância simbólica na cultura portuguesa e singular “retrato coletivo” na história da pintura europeia.
As seis pinturas atribuídas a Nuno Gonçalves apresentam um agrupamento de 58 personagens em torno da dupla figuração de São Vicente.
"Tentações de Santo Antão" - 1506 - óleo e têmpera sobre madeira de carvalho - 131,5 X 119 cm (painel central) - 131,5 X 53 cm (painel lateral) - Hieronymus Bosch
Neste tríptico assinado por Bosch, encontra-se a mais recorrente e central temática do artista: a tentação e a solidão do homem justo perante o mal e o diabólico que, de forma expressa no monstruoso e no híbrido ou sob uma falsa e provocadora beleza, domina o mundo terreno. A obra integra os quatro elementos do Universo (céu, terra, água e fogo) tornando-os cenário de personagens horrendas.
"O Inferno" - 1510/20 - óleo e têmpera sobre madeira de carvalho - 119 x 217,5 cm - mestre português desconhecido.
A pintura propõe uma imagem medieval do "Inferno", inventariando os suplícios eternos em relação aos pecados capitais. A figuração da Vaidade através de três mulheres nuas, penduradas invertidas com os cabelos a arder, remete para as três graças do séquito de Apolo. Os amantes unidos por um laço, simbolizando a Luxúria, no extremo oposto, parecem decorrer diretamente de Dante, mostrando a pluralidade de fontes iconográficas.
Esta diversidade surge ainda na ligação do demoníaco ao universo extraeuropeu: Lúcifer veste-se com um toucado de penas ameríndias, senta-se numa cadeira africana e segura uma trompa de marfim de aparência africana. Outro demónio veste-se também com plumagem.
"Salomé com a cabeça de São João Batista" - 1510 - óleo e têmpera sobre madeira de carvalho - 61 x 49,5 cm - Lucas Cranach, o Velho.
Extraordinário exemplo do peculiar e vasto universo feminino da obra de Cranach, onde a graça e a voluptuosidade podem ser emblemas de virtude ou de sedutora perversão.
Representando Salomé com a cabeça de São João Batista, este quadro inicia uma série de obras do pintor à volta do tema do poder feminino e dos ardis das mulheres. Salomé, Judite, Dalila, Lucrécia e outras figuras ou cenas, realçadas pela beleza dos modelos e pelos fundos negros ou escuros, transbordam de erotismo, uma característica do universo do pintor e motivo forte da sua fama e triunfo.
EXPOSIÇÕES ATUAIS
ALBRECHT DÜRER: Autorretrato Museo Nacional del Prado
Esta obra emblemática, parte das coleções reais desde 1654, do Museo Nacional del Prado, pintada em 1498, três anos após o regresso de Dürer da sua primeira viagem a Veneza, mostra o seu interesse pela natureza e o orgulho com que contempla a sua própria figura enquanto artista, na ocasião com 26 anos.
De18 de maio a 18 de setembro de 2016 - piso 1 sala 61
OBRAS EM RESERVA - O Museu que não se vê
As reservas de um museu são, por natureza, um território mítico, um lugar protegido, inacessível aos olhos profanos, onde se acumula e são preservadas obras de arte. Nelas ocultam-se peças isoladas ou formando séries, mais ou menos extensas e de diversas índoles, acondicionadas por vários critérios, de natureza técnica ou mesmo pragmática. É esse espaço, velado e misterioso, que esta exposição pretende evocar, trazendo à luz e ao olhar curioso dos visitantes um vasto número de obras que, apenas pelos constrangimentos físicos do edifício em que se aloja o MNAA, não fazem parte da sua exposição permanente.
De 18 maio a 25 de setembro de 2016 - piso 0 - Galeria de Exposições Temporárias
JACOB JORDAENS - “Vertumno e Pomona”.
Obra convidada - Museu do Caramulo - Fundação Abel e João de Lacerda - Caramulo, Portugal
Em 1636, o Cardeal Infante Dom Fernando, irmão de Filipe IV da Espanha, encomendou a Rubens um conjunto de cerca de 60 pinturas de temas mitológicos. Destinava-se ao pavilhão de caça de Torre de La Parada, nos arredores de Madrid. Rubens acabou por fazer apenas os esboços das pinturas, deixando a execução de grande parte delas “aos maiores pintores de Antuérpia”. Jacob Jordaens era um deles e realizou diversas destas pinturas, entre as quais "Vertumno e Pomona". Comparada com o esboço de Rubens, a tela de Jordaens é menos movimentada, parecendo fixar sobretudo o momento em que os deuses romanos se enlaçam com ternura. A pintura pertenceu à coleção dos Condes de Santar e foi comprada pela Sacor e oferecida ao Museu do Caramulo.
De 22 junho a 09 de outubro de 2016 - Sala 60 - Galeria de Pintura Europeia.
As obras feitas em madeira de carvalho devem ser lindíssimas. Infelizmente ainda continuamos como Santo Antão: "...a tentação e a solidão do homem justo perante o mal..."
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