Sobre as Sombras na Aquarela

Tudo começou com as nuvens.

A ideia surgiu da necessidade de mostrar a evolução de uma pesquisa feita sobre monocromia através da técnica da aquarela e colagem.

Foi à partir do meu olhar nas nuvens que surgiu o "momento sombras na aquarela". Após a escolha do suporte, as imagens começaram a brotar em minha mente de forma aleatória, de modo claro e objetivo, facilitando o desenvolvimento do trabalho. O fundo branco do papel, muitas vezes em destaque, realça as nuances e sobreposições das camadas, contrastando tons claros e escuros, assim como a luminosidade, algumas vezes oscilante, mais ou menos intensa, que brinca, sugerindo formas, movimentos e até mesmo sensações, destacando as características da aquarela aliada à colagem.

As inúmeras possibilidades que o tema oferece, associadas à técnica, tráz como resultado a simplicidade da proposta que, destacando a cor pura, em contraste com o papel, evidencia um grande prazer em criar.

Aline Hannun

24 de agosto de 2016

"Renoir e intimidade" no Museo Thyssen-Bornemisza em Madri.



"Auto-Retrato" - 1875 - óleo sobre linho - Pierre Auguste Renoir -
Sterling and Francine Clarck Art Institute - Williamstown, Massachusetts - EUA

Pierre Auguste Renoir
foi um personagem central no desenvolvimento do movimento impressionista. Artista francês, tornou-se um pintor de porcelana na oficina dos irmãos Levy e seu interesse pela pintura o estimulou a fazer visitas regulares ao Museu do Louvre, onde começou a copiar as obras dos mestres clássicos dos meados dos anos 1860. Em 1861, participou de aulas de desenho ministradas por Charles Gleyre e em 1862, foi admitido na École des Beaux-Arts, embora continuasse a frequentar o estúdio de Gleyre, onde teve contato com Claude
Monet, Alfred Sisley e Frédéric Bazille. Juntos fizeram passeios para a floresta de Fontainebleau e logo o artista foi atraído pela pintura plein air.


"Girl in Blue" - 1862 - Pierre Auguste Renoir

Sua primeira obra, exposta foi "Esmeralda" em 1864. No entanto, nos anos anteriores, o artista teve várias de suas obras rejeitas em salões, o que o levou a expor no Salon des Refusés (Salão dos Recusados). Após um intervalo em que foi chamado para lutar na guerra Franco-Prussiana, Renoir mostrou seu trabalho na primeira exposição impressionista de 1874. Durante os anos seguintes, até o fim da guerra, o artista passou alguns períodos com Monet em Argenteuil, onde os artistas criaram paisagens no estilo impressionista.


"Portrait de William Sisley"
- 1864 - Pierre Auguste Renoir

Nos anos de 1877 e 1878, suas obras foram admitidas no Salon oficial. Foi uma grande mudança em sua vida e coincidiu com uma crise criativa do artista que cortou ligações com o impressionismo. As suas composições tornaram-se mais equilibrada e Renoir atribuía maior importância ao desenho. Em uma viagem pela Itália, o artista se sentiu especialmente atraído por Raphael, o que tornou-se evidente em suas novas obras, nas quais banhistas eram um dos temas mais recorrentes. Renoir viajou muito dentro e fora da França, em busca de novas fontes de inspiração, visitou museus de muitas cidades europeias, como Dresden, Londres e Madrid. Por volta de 1900 a fama de Renoir tinha se espalhado e sua reputação foi estabelecida como a de um grande artista.


Estudo para "Nú à luz do sol" - 1875/6 - Museu D'Orsay, Paris.

Com o passar do tempo, sua saúde ficou comprometida com problemas reumáticos. Renoir mudou-se para uma pequena cidade no sul da França, Cagnes-sur-Mer, onde comprou uma casa, que mais tarde se transformou no Museu Renoir. Com o passar do tempo, viu-se obrigado a parar de pintar.


Sobre a exposição "Renoir e intimidade" no Museo Thyssen-Bornemisza - Madri, Espanha


Museu Thyssen-Bornemisza - Madri, Espanha

O cineasta Jean Renoir escreveu que seu pai "olhou para as flores, as mulheres, as nuvens do céu, e através de sua obra, proporcionou ao outro a sensação de tocar e acariciar". Confrontado com a concepção usual que reduz o impressionismo a "visualidade pura", a exposição que será apresentada no Museu, no outono de 2016, destaca as sensações centrais, lugares táteis nas pinturas de Pierre-Auguste Renoir, que podem ser vistos na diferentes fases de sua carreira e em grande variedade de gêneros, tanto em cenas de grupos, retratos, nus, naturezas-mortas ou paisagens.

São mais de 70 obras do artista francês, vindas de museus e coleções em todo o mundo. Os materiais e texturas usados nas obras, servem para captar a intimidade em suas várias formas: sociais, amigáveis, de família ou eróticas, criando ligações imaginárias entre a obra e o espectador com a sensualidade da pincelada e a superfície pictórica.

Algumas das obras que serão apresentadas.



"Mulher com um para-sol em um jardim" - 1875 - óleo sobre tela - 54,5 x 65 cm - Museu Thyssen-Bornemisza, Madrid .

Em "Mulher com um para-sol em um jardim", a linguagem de Renoir é totalmente impressionista. Em um ambiente sem o horizonte visível, as flores e arbustos foram criados com pequenas pinceladas de cor, proporcionando um entrelaçamento constante de texturas em torno das duas figuras pequenas. A mulher, com o para-sol, está perto de um homem inclinado para baixo, talvez para pegar uma flor, insinuando um relacionamento íntimo. Ao contrário do que se possa pensar, esta tela não foi pintada no campo, e sim no jardim do novo estúdio do artista, em Montmartre. Seu amigo George Rivière recordou: "Assim que Renoir entrou na casa, ficou encantado com a vista do jardim, que parecia um parque bonito e abandonado". 



"Campo de trigo" - 1879 - óleo sobre tela - 50,5 x 61 cm - Coleção Thyssen-Bornemisza

Esta paisagem mostra um campo de trigo perto de Wargemont, na Normandia, onde Renoir passou vários verões na propriedade de seu amigo e patrono, o banqueiro Paul Bérard.

Como paisagens anteriores de Renoir, esta obra foi pintada ao ar livre, em uma ou mais sessões. O campo de trigo, as árvores à esquerda, o monte ao fundo e o céu foram criados com grandes massas claras e escuras, usando cores diluídas. Os destaques foram obtidos com pinceladas adicionais de cores diferentes. "Wheatfield" (Campo de trigo) foi pintada num momento em que o sucesso inicial da Renoir lhe rendia inúmeras encomendas de retratos.

"Campo de Trigo" se destaca por sua simplicidade e pela rejeição contundente dos detalhes pictóricos.



"La Promenade"  (A Caminhada) - 1870 - óleo sobre tela - 81,3 x 64,8 cm - J. Paul Getty Museum - Malibu, Califórnia, EUA

Pintada em 1870, a obra "A Caminhada" representa um casal de classe média de Paris, retratado em um ambiente natural ao invés de um estúdio. O uso da luz filtrada pela folhagem se converteu em uma das características principais da obra de Renoir.

A exposição "Renoir e intimidade", no Museo Thyssen-Bornemisza, em Madri, estará aberta ao público de 18 de outubro de 2016 a 22 de Janeiro 2017.












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