Sobre as Sombras na Aquarela

Tudo começou com as nuvens.

A ideia surgiu da necessidade de mostrar a evolução de uma pesquisa feita sobre monocromia através da técnica da aquarela e colagem.

Foi à partir do meu olhar nas nuvens que surgiu o "momento sombras na aquarela". Após a escolha do suporte, as imagens começaram a brotar em minha mente de forma aleatória, de modo claro e objetivo, facilitando o desenvolvimento do trabalho. O fundo branco do papel, muitas vezes em destaque, realça as nuances e sobreposições das camadas, contrastando tons claros e escuros, assim como a luminosidade, algumas vezes oscilante, mais ou menos intensa, que brinca, sugerindo formas, movimentos e até mesmo sensações, destacando as características da aquarela aliada à colagem.

As inúmeras possibilidades que o tema oferece, associadas à técnica, tráz como resultado a simplicidade da proposta que, destacando a cor pura, em contraste com o papel, evidencia um grande prazer em criar.

Aline Hannun

7 de outubro de 2015

Commedia Dell'Arte Ap 21/09



A "Commedia Dell'Arte" foi uma forma de teatro popular que apareceu no século XV, na Itália, e se desenvolveu posteriormente na França, permanecendo até o século XVIII. Veio se opor à “Comédia Erudita”, também sendo chamada de "Commedia All'Improviso" e “Commedia a Soggetto”.

Suas apresentações eram realizadas nas ruas, praças públicas e, ocasionalmente, na corte, por artistas profissionais. As companhias eram itinerantes e possuíam uma estrutura de esquema familiar. Ao chegarem a cada cidade, pediam permissão para se apresentarem nas suas carroças ou em pequenos palcos improvisados. Os atores seguiam apenas um roteiro simplificado (canovaccio) e tinham total liberdade para improvisar e interagir com o público. Criaram um novo estilo e uma nova linguagem, caracterizadas pela utilização do cómico, ridicularizando militares, prelados, banqueiros, negociantes, nobres e plebeus, o objetivo era o de entreter um vasto público que lhe era fiel, provocando o riso através do recurso à música, à dança, a acrobacias e diálogos pejados de ironia e humor.

As soluções para determinadas situações foram sendo interiorizadas e memorizadas, os atores se limitavam a acrescentar pormenores que o acaso suscitava, ornamentados com jogos acrobáticos.
 

O elevado número de dialetos que se falava na Itália pós-renascentista determinou a importância que a mímica assumiu neste tipo de comédia. O seu uso exagerado servia, não só o efeito do riso, mas a comunicação em si.

As companhias, formadas por dez ou doze atores, apresentavam personagens tipificados. Cada ator desenvolvia e especializava-se num personagem fixo, cujas características físicas e habilidades cómicas eram exploradas até ao limite. Variavam apenas as situações em que os personagens se encontravam. O comportamento destes personagens enquadrava-se num padrão: o amoroso, o velho ingénuo, o soldado, o fanfarrão, o pedante e o criado astuto. Scaramouche, Briguela, Isabela, Columbina, Polichinelo, Arlequim, o Capitão Matamoros e Pantaleone foram os personagens que esta arte celebrizou e eternizou.



Importante na caracterização de cada personagem era o vestuário, e em especial as máscaras. As máscaras utilizadas deixavam a parte inferior do rosto descoberto, permitindo uma dicção perfeita e uma respiração fácil, ao mesmo tempo que proporcionavam o reconhecimento imediato da personagem pelo público.
 

As peças giravam em torno de encontros e desencontros amorosos, com um inesperado final feliz. As personagens representadas inseriam-se em três categorias: os enamorados, os velhos e os criados (zannis). Estes últimos constituíam os tipos mais variados e populares. Havia o zanni esperto, que movimentava as ações e a intriga, e o zanni rude e simplório, que animava a ação com as suas brincadeiras atrapalhadas. O mais popular era, sem dúvida, Arlequim, o empregado trapalhão, ágil e malandro, capaz de colocar o patrão ou a si próprio em situações confusas, que desencadeavam a comicidade.
 
 
Arlequim
 
No quadro de personagens, merecem ainda destaque Briguela, um empregado correto e fiel, mas cínico e astuto, e rival de Arlequim, Pantaleone (Pantaleão), um velho fidalgo, avarento e eternamente enganado. Papel relevante era ainda o do Capitano (Capitão), um covarde que contava as suas proezas de amor e em batalhas, mas que acabava sempre por ser desmentido. Com ele procurava-se satirizar os soldados. 
 
 
Briguela



Pantaleone

A precariedade dos meios de transporte, vias e as consequentes dificuldades de locomoção, determinavam a simplicidade e minimalismo dos adereços e cenários. Muitas vezes, estes últimos resumiam-se a uma enorme tela pintada com a perspectiva de uma rua, de uma casa ou de um palácio. O ator surge assim como o elemento mais importante neste tipo de peças. Sem grandes recursos materiais, eles tornaram-se grandes intérpretes, levando a teatralidade ao seu expoente mais elevado.

A Commedia Dell’Arte esbarra, de forma paradoxal à liberdade de criação, com a limitação de interpretação, pois quando um ator fica especialista em sua personagem, fazendo apenas um determinado papel, se torna repetitivo e “pobre” em relação a maior característica da Arte: a inovação. Mesmo assim, a Commedia Dell’Arte marcou o ator e a atriz como sendo a base do teatro.
 


No século XVIII a Commedia Dell’Arte entrou em declínio, tornando-se vulgar e licenciosa, então alguns autores tentaram resgatá-la criando textos baseados em situações tradicionais deste estilo de teatro, mas a espontaneidade e a improvisação textual lhe era peculiaridade central, então a Commedia Dell’Arte não tardou a desaparecer. Um dos autores que muito trabalhou para este resgate foi o dramaturgo italiano Carlo Goldoni (1707-1793).
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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