Sobre as Sombras na Aquarela

Tudo começou com as nuvens.

A ideia surgiu da necessidade de mostrar a evolução de uma pesquisa feita sobre monocromia através da técnica da aquarela e colagem.

Foi à partir do meu olhar nas nuvens que surgiu o "momento sombras na aquarela". Após a escolha do suporte, as imagens começaram a brotar em minha mente de forma aleatória, de modo claro e objetivo, facilitando o desenvolvimento do trabalho. O fundo branco do papel, muitas vezes em destaque, realça as nuances e sobreposições das camadas, contrastando tons claros e escuros, assim como a luminosidade, algumas vezes oscilante, mais ou menos intensa, que brinca, sugerindo formas, movimentos e até mesmo sensações, destacando as características da aquarela aliada à colagem.

As inúmeras possibilidades que o tema oferece, associadas à técnica, tráz como resultado a simplicidade da proposta que, destacando a cor pura, em contraste com o papel, evidencia um grande prazer em criar.

Aline Hannun

4 de novembro de 2015

"As Meninas" de Velázquez



"La Familia de Felipe IV" ou "Las Meninas" - Óleo sobre tela - 3,18 x 2,76 mts. - Pintura Espanhola - Séc. XVII - Diego Velázquez

"As Meninas", (1656) pintada por Diego Velázquez, o principal artista do Século de Ouro Espanhol. Atualmente no Museu do Prado em Madrid.
 
A composição enigmática e complexa da obra levanta questões sobre realidade e ilusão, criando uma relação incerta entre o observador e as figuras representadas. Por essas complexidades, "As Meninas" é uma das obras mais analisadas da pintura ocidental.

Pintado por Velázquez durante sua fase chamada "La Familia", onde o artista representava cenas do cotidiano. Na cena, a jovem Margarita, da Áustria, encontra-se cercada por sua pequena corte de damas e empregados. Não é um quadro estático, mas uma cena em movimento, onde os reis encontram-se refletidos no espelho, fazendo pose, exigindo mais um retrato de Velázquez que, empertigado frente ao grande cavalete (à esquerda) simula copiar o casal de soberanos. É o último e mais belo de todos os seus auto-retratos.
 
 
Infanta Margarita, da Áustria

A cena transcorre dentro de uma estância do Alcázar de Madri, decorada com uma série de quadros. Os personagens se agrupam em um primeiro plano juntamente com a figura principal, a infanta Margarita, que ocupa a parte central do grupo; a seu lado, Isabel Velasco e Agustina Sarmiento - "As meninas" - junto a esta última os irmãos María Bárbola e Nicolás Pertusato perto de um mastím que descansa com os olhos cerrados.

Atrás deles, na penumbra, aparecem Marcela de Ulloa e, segundo algumas fontes, Don Diego Ruiz de Azcona. À esquerda encontra-se a figura de Velázquez com seus instrumentos de trabalho diante de um grande cavalete que ocupa o ângulo do quadro.



No fundo da habitação, junto a uma porta aberta, encontra-se Don José Nieto de Velázquez, camareiro da rainha, que é o centro perspectivo da obra. Ressalta na parede de fundo um espelho onde aparecem refletidas as figuras dos reis Felipe IV e Mariana da Áustria.

Esta pintura, ficou nas dependências do Alcázar de Madri até o incêndio de 1734.
Veio para o Real Museu de Pintura e Escultura (atual Museu do Prado) no começo do século XIX, com obras procedentes da coleção real.

A pintura teve vários nomes, mas no Museu do Prado, no catálogo redigido por Pedro de Madrazo, em 1834, a obra foi chamada pela primeira vez "Las Meninas" - expressão de origem portuguesa com que se designava as acompanhantes de crianças reais no século XVII.

A harmonia e a disposição das figuras é perfeita, a luz que banha a sala parece difusa, refletida, como deveria ser a luz para a execução de uma boa pintura. O clima é tranqüilo e a menina, a princesa, ainda muito jovem, com cinco anos aproximadamente, está muito concentrada em algo externo ao quadro, a ponto de negligenciar o gesto da dama de honra que lhe oferece algo para beber.

A pintura foi terminada em 1656, data que encaixa com a idade que aparenta a infanta Margarida (aproximadamente cinco anos). Filipe IV e Dona Mariana costumavam entrar com frequência na oficina do pintor, conversavam com ele e às vezes ficavam bastante tempo vendo-o trabalhar, sem protocolo algum. Isto era algo muito repetido na vida normal do palácio e Velázquez estava acostumado a estas visitas.

O lugar onde trabalhava Velázquez era uma sala ampla do piso térreo do antigo Alcázar de Madrid que fora o aposento do príncipe Baltasar Carlos, falecido em 1646, dez anos antes da data de execução de "As Meninas". É precisamente este aposento que aparece retratado no quadro.

Conversa informal

Recentemente estive em Madri e visitei o Museu do Prado onde pude apreciar de perto essa enorme e impactante obra. Única, ocupa uma sala repleta de intenções, desejos e mistérios. Caravaggio! Sim, ele  está ali, um auto retrato em meio a sua mais fantástica obra. Podemos ficar horas apreciando, tentando entender, deleitando. Maravilhosamente indescritível!

Assista ao vídeo

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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