Sobre as Sombras na Aquarela

Tudo começou com as nuvens.

A ideia surgiu da necessidade de mostrar a evolução de uma pesquisa feita sobre monocromia através da técnica da aquarela e colagem.

Foi à partir do meu olhar nas nuvens que surgiu o "momento sombras na aquarela". Após a escolha do suporte, as imagens começaram a brotar em minha mente de forma aleatória, de modo claro e objetivo, facilitando o desenvolvimento do trabalho. O fundo branco do papel, muitas vezes em destaque, realça as nuances e sobreposições das camadas, contrastando tons claros e escuros, assim como a luminosidade, algumas vezes oscilante, mais ou menos intensa, que brinca, sugerindo formas, movimentos e até mesmo sensações, destacando as características da aquarela aliada à colagem.

As inúmeras possibilidades que o tema oferece, associadas à técnica, tráz como resultado a simplicidade da proposta que, destacando a cor pura, em contraste com o papel, evidencia um grande prazer em criar.

Aline Hannun

2 de dezembro de 2015

Fotos de Thomas Roma no Parque de Cruising Gay no Brooklyn



Parque de Cruising Gay no Brooklyn por Thomas Roma

Apesar de já ter exposto no Museu de Arte Moderna e no Centro Internacional de Fotografia, e de ser o fundador e diretor do programa de fotografia da Universidade Columbia, Thomas Roma ainda não havia participado de uma exposição solo em Nova York. Com a abertura da Steven Kasher Gallery, suas obras já podem ser apreciadas na exposição "In the Vale of Cashmere".

Fotos em preto e branco tiradas entre 2008 e 2011 na área do Prospect Park, um lugar conhecido como Vale of Cashmere. Essa área do parque é fechada, acessível apenas por buracos na cerca, e é conhecida no Brooklyn como um local de "cruising" para homens gays.
 
Construído como um playground para crianças da região no final do século XIX, o parque hoje abandonado está coberto de mato mutante que só cresce no solo urbano. Foi criado um grupo para arrecadar recursos para reativar o local que sobreviveu ileso ao constante ciclo de renovações de Nova York, tanto que andar por ele dá uma sensação cinematográfica de estar de volta ao passado. Essa qualidade naturalmente anacrônica, amplificada pela fotografia em preto e branco e a luz filtrada pelas folhas, estão evidentes nas fotos de Roma.
 


"Essas imagens são sobre uma espécie de fugacidade", disse Roma em sua casa localizada no Brooklyn, entre o parque e o Cemitério Greenwood, onde ele e a esposa criaram o filho Giancarlo. "Conhecemos essa luz. Você sabe que essa luz direcional vai desaparecer. Você sabe disso porque está vivo, está no mundo, não porque é um fotógrafo."

Em entrevista Roma falou sobre luz, fotografia, a realização de coisas que não são boas para o crescimento como artista e ser humano. Falou sobre como foi visitar o parque três ou quatro vezes por semana, fazer essas fotos no curso de três anos e se tornar vulnerável às outras pessoas como um ato de amor. Em certo ponto, ele contou sobre fotografar um homem no parque enquanto a noite caía. ("Sei de um lugar onde ainda há alguma luz", o homem falou. "Venha comigo.")

 


Roma falou sobre a natureza extremamente política do tema e o que significa para um artista heterossexual branco fazer esse tipo de trabalho em 2015. Como resultado os retratos de "In the Vale of Cashmere" são belíssimos e suas paisagens líricas.

Thomas Roma: "Achei que levaria alguns meses, mas foram três anos e meio. Só fotografei umas seis ou sete pessoas nos primeiros meses. Eu fazia principalmente paisagens. Eu estava lá o tempo todo. Eu era alguém que era visto".

"A exposição de todos os retratos está (com o tempo usado para tirar as fotos) entre um e seis segundos. Foi a segunda vez que usei um tripé em todos esses anos, mas eu queria o tripé, pois isso era parte da minha fantasia. Eu não queria ser visto como alguém espreitando, que poderia aparecer do nada e tirar uma foto, e sim como alguém em pé atrás da câmera".



"Esse parece um lugar onde seria difícil fazer as pessoas concordarem em posar para uma foto. Parece que o isolamento é a principal razão para frequentar o lugar".

"Muitas das pessoas que acabei fotografando me viram de longe, deram algumas voltas e finalmente decidiram andar até onde eu estava caso eu estivesse tirando fotos de uma árvore ou algo assim. E eu converso com as pessoas".
 


Foto de Carl Spinella no apartamento de Dean Street, em 1974, retirada do livro de Thomas Roma The Waters of Our Time.

"Estou tentando ser invisível. Você vê uma foto, lê um romance, você pensa sobre o autor – até o autor te dar permissão para esquecer dele, pois ele escreveu tão bem que o romancista desaparece. Quero desaparecer nesses termos".
In the Vale of Cashmere está em exposição na Steven Kasher Gallery de Nova York até 19 de dezembro.


Sobre o artista


Thomas Roma (1950), mericano, fotógrafo trabalha desde 1974 explorando os bairros e instituições da sua terra natal, Brooklyn, fotografando cenas de igrejas, metrôs e vida cotidiana, usando uma câmera caseira.
 
Atualmente é professor de Artes, titular da Universidade de Columbia School 's, e Diretor do Departamento de Fotografia, fundado por ele. Ensinou fotografia na Universidade de Yale, Universidade de Fordham, A União Cooper, e na Escola de Artes Visuais.
 
Foi premiado com dois Guggenheim Fellowships e lançou dois livros, um no Museu de Arte Moderna e outro no  Centro Internacional de Fotografia, em Nova York.

Seu trabalho é destaque em inúmeras coleções, incluindo o Museu de Arte Moderna, o Museu San Francisco de Arte Moderna, do Instituto de Arte de Chicago, o County Museum of Art de Los Angeles e o Canadian Centre for Architecture em Montreal.

Para uma de suas coleções de fotografias, intitulada "Venha domingo", Roma participou com mais de 150 trabalhos religiosos em 52 igrejas no Brooklyn durante um período de três anos.
 


Thomas Roma na Sicília - 1986











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