Sobre as Sombras na Aquarela

Tudo começou com as nuvens.

A ideia surgiu da necessidade de mostrar a evolução de uma pesquisa feita sobre monocromia através da técnica da aquarela e colagem.

Foi à partir do meu olhar nas nuvens que surgiu o "momento sombras na aquarela". Após a escolha do suporte, as imagens começaram a brotar em minha mente de forma aleatória, de modo claro e objetivo, facilitando o desenvolvimento do trabalho. O fundo branco do papel, muitas vezes em destaque, realça as nuances e sobreposições das camadas, contrastando tons claros e escuros, assim como a luminosidade, algumas vezes oscilante, mais ou menos intensa, que brinca, sugerindo formas, movimentos e até mesmo sensações, destacando as características da aquarela aliada à colagem.

As inúmeras possibilidades que o tema oferece, associadas à técnica, tráz como resultado a simplicidade da proposta que, destacando a cor pura, em contraste com o papel, evidencia um grande prazer em criar.

Aline Hannun

21 de outubro de 2015

Exposição "Frida Kahlo - conexões entre mulheres surrealistas no México" no Instituto Tomie Ohtake



Magdalena Carmen Frieda Kahlo y Calderón, conhecida apenas como Frida Kahlo (1907-1954).
 
Muito além das flores na cabeça e da monocelha, Frida deixou um grande legado para o mundo com suas pinturas, em especial para as mulheres. Símbolo da força e independência do universo feminino, a artista Mexicana estava muito à frente de seu tempo e, apesar de todos os percalços - como muitos problemas de saúde e um casamento conturbado - continuava cheia de vida.



Frida também teve grande influência para a moda, especialmente porque não sucumbiu ao padrão de beleza hollywoodiano de sua época, impondo seu próprio estilo e criando um personagem único. Aceitou aspectos de seu corpo que fugiam muito aos padrões da época, especialmente a sobrancelha unida e o buço.
 
Frida era cheia de contradições. Adotou as longas saias no estilo tehuana, da região de Oaxaca, no Sul do México, para esconder o defeito que possuía em uma das pernas, uma era mais curta que a outra, decorrente de uma sequela da poliomielite que teve na infância. As saias eram combinadas com corseletes e até com coletes de gesso que precisava usar devido a problemas na coluna com os quais conviveu a vida inteira após um acidente de bonde aos 18 anos.
 


O estilo tehuana, região onde predomina o sistema matriarcal, também pode ter sido a maneira encontrada por Frida para se impor e se manter altiva em um relacionamento marcado pelas traições de Diego Rivera. Por outro lado, os bordados coloridos, as flores delicadas, as rendas e as tranças, que lhe conferiam um visual alegre, foram sendo cada vez mais incorporados à medida que seus problemas de saúde se agravavam e sua dor aumentava.
 


Frida não sucumbia a outros estilos e era autêntica. Isso a ajudou a criar uma figura forte, que inspirou muitos estilistas ao longo dos anos. Alguns chegaram a dedicar coleções inteiras a ela. Foi o caso da Missoni (Primavera 2015), Valentino (Resort 2015), Moschino (Verão 2012), Kenzo (Inverno 2012), entre outros.



Capa da Revista Vogue

O público poderá conhecer um pouco mais da trajetória da sua vida através da exposição "Frida Kahlo - conexões entre mulheres surrealistas no México", no Instituto Tomie Ohtake em São Paulo.

Com curadoria de Teresa Arcq, a exposição revela uma intrincada rede que se formou no México, no início do século passado, tendo como eixo fundamental a figura de Frida Kahlo. A mostra conta com cerca de 100 obras de 16 artistas mulheres, nascidas ou radicadas no México. Cerca de 20 pinturas de Frida serão mostradas pela primeira vez no Brasil, proporcionando um amplo panorama de seu pensamento plástico. 


Serviço
 
Exposição: "Frida Kahlo - conexões entre mulheres surrealistas no México".

Onde: Instituto Tomie Ohtake
- Av. Faria Lima 201 - entrada pela R. Coropés, 88 - Pinheiros - São Paulo

Quando: Até 10 de janeiro de 2016 - de terça a domingo das 11h às 20h -
Duas sessões por dia: das 11h às 15h30 (entrada até as 15h); das 16h às 20h (entrada até as 19h).

Quanto: R$10 e R$5 (crianças até 10 anos, cadeirantes e deficientes físicos a entrada é gratuita todos os dias da exposição). Às terças-feiras a entrada é gratuita para todos. 

Conversa informal
 
Tendo em comum o fato de sermos artistas plásticas, mulheres e admiradoras de Frida Kahlo, algum tempo atrás formamos um grupo, Clara Marinho, Lú Salum, Rita Bassan, Sandra Scaffide, Silvia Fischetti e Aline Hannun, e montamos a exposição "Recuérdame" feita em homenagem à artista.

O que mais nos motivou foi a sua força interior, a riqueza do conteúdo das obras e a paixão de viver sua arte.

Vida e obra não se separaram jamais! Frida vivia intensamente cada momento com seu coração afetuoso. Foi uma artista apaixonada pelo que fazia e por isso despertou muitas paixões.

Recordar Frida Kahlo foi um grande prazer, pois tornou possível resgatar aspectos femininos que alimentamos como artistas e como mulheres.

 
Algumas das obras expostas na exposição "Recuérdame" 
 


"Casa Azul", "Casa Azul com flores" - acrílica s. tela - Aline Hannun



Objetos em vidro - Clara Marinho



"Intimidade" - encáustica s. tela - Lú Salum



"Vida II" - acrílica e bordado s. tela - Rita Bassan



"Coração de Frida" - mista s. tela - Sandra Scaffide



"Libélula" - acrílica s. tela - Silvia Fischetti



"Frida Kahlo - Auto retrato" - painel de abertura da exposição pintado por todas as artistas - acrílica s. tela.



"O Diário de Frida Kahlo" - Aline Hannun


Poema - Diário da Frida Kahlo

Diário da vida. Diário da Frida. Frida que não "Kahla".
Fala, grita, exala sentimento, cor e dor.
Dor de Amor. Amor Paixão. Paixão Diego.
Viril, egoísta, vaidoso, comunista.
Artista de valor. Pinzón Amor de Frida.
Dor da vida, maior que a dor da morte,
Do corte, da falta de sorte.
Trincada, fadada à dor da Alma,
do Ventre, do Coração.
Em busca de uma Razão?
Para que viver então...

Aline Hannun





 

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