Sobre as Sombras na Aquarela

Tudo começou com as nuvens.

A ideia surgiu da necessidade de mostrar a evolução de uma pesquisa feita sobre monocromia através da técnica da aquarela e colagem.

Foi à partir do meu olhar nas nuvens que surgiu o "momento sombras na aquarela". Após a escolha do suporte, as imagens começaram a brotar em minha mente de forma aleatória, de modo claro e objetivo, facilitando o desenvolvimento do trabalho. O fundo branco do papel, muitas vezes em destaque, realça as nuances e sobreposições das camadas, contrastando tons claros e escuros, assim como a luminosidade, algumas vezes oscilante, mais ou menos intensa, que brinca, sugerindo formas, movimentos e até mesmo sensações, destacando as características da aquarela aliada à colagem.

As inúmeras possibilidades que o tema oferece, associadas à técnica, tráz como resultado a simplicidade da proposta que, destacando a cor pura, em contraste com o papel, evidencia um grande prazer em criar.

Aline Hannun

14 de abril de 2014

Paul Gauguin "Cristo Amarelo"


Sonolência deliciosa, Nave Nave Moe - Paul Gauguin - 1894 - Museo del Hermitage

Paul Gauguin nasceu em Paris, em 1848. Quando tinha um ano de idade, seu pai, um jornalista político, embarcou com a família para o Peru, mas morreu na viagem. Entretanto, graças as pessoas ricas conhecidas de sua mãe em Lima, Gauguin passou os sete primeiros anos de sua vida naquele país, antes de voltar à França em 1855.
 
Aos 17, Paul Gauguin entrou para a Marinha Mercante. Em seus cinco anos no mar, elevou-se ao posto de segundo-tenente, visitou o Panamá e o Pacífico, os lugares tropicais que sempre acompanharam seus pensamentos.

Em 1871, Gauguin retornou a Paris, onde trabalhou como corretor de valores. Passou a década subsequente como um respeitável homem de negócios, casando-se com uma moça dinamarquesa, com quem teve cinco filhos.

No início da década de 1870, Gauguin tornou-se um entusiasmado pintor de domingo e, em finais de 1876, já dominava suficientemente a pintura para que uma paisagem sua fosse aceita para exposição no Salão Anual Oficial. Entretanto, logo ele preferiu expor suas obras junto aos impressionistas, que eram ainda tidos como rebeldes inveterados.
 
Trabalhando arduamente durante suas horas de folga, Gauguin adotou a técnica impressionista de pintar paisagens no próprio local, utilizando pinceladas curtas de pura cor para capturar os efeitos atmosféricos. Como seus grandes contemporâneos Cézanne e Van Gogh, considerava o Impressionismo um agente liberador, embora tenha acabado por dar origem a um estilo muito diferente.


At the Pond - 1887

Gauguin, sem dúvida, querida abandonar o mundo dos negócios e tornar-se um pintor profissional. O que fica menos claro é se ele o teria feito se não fosse o colapso econômico de 1882; no mínimo, sua má sorte financeira concedeu-lhe a desculpa de que precisava para começar uma nova carreira, na idade de 35 anos, como um artista em tempo integral.

Foram então anos de dificuldades. Gauguin permaneceu por um tempo em Copenhague com sua esposa. Depois que ele partiu, os dois nunca mais voltaram a viver juntos.
 

Mette Gauguin in an Evening Dress, 1884

Em 1887, Gauguin fez sua primeira turnê artística nos trópicos, passando alguns meses no Panamá e na Martinica.
 
Forçado a voltar à França devido a malária e a pobreza, ele levou consigo telas vivas com cores novas e libertas de qualquer movimento artístico antecedente.

O progresso artístico de Gauguin foi ainda mais marcante durante suas visitas à Bretanha nos anos da década de 1880, mostrando-se, nessa época, remota e estimulantemente primitivo. Lá, ele começou a desenvolver seus estilo peculiar, com suas formas nitidamente delineadas e cores fortes. Seu estilo já estava definido em 1888, quando foi passear dois meses desastrosos em Arles em companhia de Vincent Van Gogh.
 

Night Café at Arles - 1888
 
Em 1891, Gauguin já tinha se estabelecido como um líder entre os artistas e os poetas de Paris. Porém, ainda extremamente pobre, ele tomou a surpreendente decisão de se fixar no longínquo Taiti. O mais celebrado de todos os seus quadros foi pintado nessa ilha, e as imagens de uma simplicidade incorrompidamente primitiva tiveram um grande impacto sobre a imaginação ocidental.
 
Embora Gauguin amasse as terras tropicais, a vida continuava dura, e em 1893 ele retornou a Paris, na esperança de que suas telas taitianas viessem a ser uma sensação e, por fim, trouxessem-lhe fama e segurança.
 

Adonde vas?, Ea haere ia oe? Paul Gaugui - 1893 - Museu del Hermitage

Após dois anos de decepções, Gauguin voltou para o Taiti, Já estava então doente, e seu mal foi agravado por uma condição sifilítica não-diagnosticada. Hospitalizado com muita frequência, engajava-se em trabalhos braçais e às vezes na política e no jornalismo locais. Sua produção artística era irregular; ainda assim, neste período produziu alguns de seus melhores quadros.

Em 1901, Gauguin retirou-se definitivamente da civilização que o intimidava, estabelecendo-se nas Ilhas Marquesas. Seu prazer nesse novo paraíso foi rapidamente estragado por sérios conflitos com as autoridades locais. Ele ainda estava recorrendo contra uma sentença de três meses por crime de difamação quando sua vida turbulenta foi definitivamente cortada por um ataque cardíaco, em 1903.
 

Duas mulheres tahitianas - Paul Gauguin - 1899 -  Metropolitan Museum
 
 
Autorretrato para o amigo Carriere - Paul Gauguin - 1886 - National Gallery (Washington)

A mais polêmica e uma das mais famosas de suas obras data de 1889, "O Cristo Amarelo". Nela, o artista retrata o calvário de uma aldeia perto de Pont-Aven, rodeado de bretões curiosamente representados.

A paisagem da Bretanha, sob o pincel de Gauguin torna-se mais colorida: o Cristo e a paisagem são amarelos e as copas das árvores avermelhadas. As cores se estendem planas e puras sobre a superfície quase decorativamente e seu uso arbitrário opõe-se a qualquer naturalismo.

Gauguin pintou muitos auto-retratos, nesse o rosto de Cristo tem sua fisionomia.
 

O "Cristo Amarelo" - Paul Gauguin - 1889 

Conversa informal

Como grande admiradora de seu trabalho fiz uma representação de o "Cristo Amarelo" e coloco a disposição para apreciação do leitor do Blog.


"Cristo Amarelo com Girassol"  - Aline Hannun



 




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