Sobre as Sombras na Aquarela

Tudo começou com as nuvens.

A ideia surgiu da necessidade de mostrar a evolução de uma pesquisa feita sobre monocromia através da técnica da aquarela e colagem.

Foi à partir do meu olhar nas nuvens que surgiu o "momento sombras na aquarela". Após a escolha do suporte, as imagens começaram a brotar em minha mente de forma aleatória, de modo claro e objetivo, facilitando o desenvolvimento do trabalho. O fundo branco do papel, muitas vezes em destaque, realça as nuances e sobreposições das camadas, contrastando tons claros e escuros, assim como a luminosidade, algumas vezes oscilante, mais ou menos intensa, que brinca, sugerindo formas, movimentos e até mesmo sensações, destacando as características da aquarela aliada à colagem.

As inúmeras possibilidades que o tema oferece, associadas à técnica, tráz como resultado a simplicidade da proposta que, destacando a cor pura, em contraste com o papel, evidencia um grande prazer em criar.

Aline Hannun

30 de abril de 2014

Burano a romântica ilha italiana


Em Burano, para manter o estilo arquitetônico único que a cidade possui, as casas são padronizadas e possuem somente dois ou três andares.

Conheça a romântica ilha italiana das casas multicolorida.

A apaixonante e pitoresca Burano é uma ilha de pescadores com dezenas de casinhas coloridas cortadas por estreitos canais. Pouco conhecida pelos turistas, a romântica cidade
é repleta de charme, história e cultura.

Localizada ao norte da Lagoa de Veneza, a cerca de 11 quilômetros da cidade, Burano chama a atenção por sua explosão de cores. Suas casas coloridas com portas e janelas abertas são protegidas apenas pelas cortinas que dão um charme ainda mais especial as residências. A pequena e aconchegante ilha possui uma população hospitaleira de aproximadamente 3 mil habitantes que é formada basicamente por pescadores, agricultores e rendeiras
 

Burano é uma cidade pacata e composta por pessoas simpáticas e canais encantadores.

O local é conhecido como a “Ilha colorida das rendeiras” devido aos belíssimos bordados artesanais que são produzidos na cidade desde o século XVI. Burano também é famosa por produzir as tradicionais máscaras do carnaval veneziano. Durante o dia, dezenas de mulheres ficam bordando na porta de suas casas dando um charme ainda mais especial a esta cidade que parece saída de um filme.


O local é conhecido como a “Ilha colorida das rendeiras” devido aos belíssimos bordados artesanais que são produzidos na cidade desde o século XVI.

Para manter o estilo arquitetônico único da cidade, as casas são padronizadas e possuem somente dois ou três andares. Na parte de baixo ficam a copa, a cozinha e o banheiro, enquanto no andar de cima estão situados os quartos. A única diferença entre elas são suas cores vibrantes que não podem ser repetidas na sequência. Burano é uma cidade pacata e composta por pessoas simpáticas e canais encantadores. Não há dúvidas que o grande diferencial da ilha são suas casinhas coloridas à margem do lago.

Uma antiga lenda tenta explicar o porquê de tantas cores. Segundo a história, no passado as casas eram pintadas de várias cores para que os pescadores pudessem avistá-las de longe e não se perdessem. Se esta história é verdadeira ou apenas uma lenda, ninguém sabe. A única certeza é que até os dias atuais os moradores de Burano mantêm a tradição de pintar cada casa de uma cor.

A gastronomia local também merece destaque. A dica é experimentar os tradicionais peixes e frutos do mar que estão sempre frescos e saborosos. Os restaurantes locais também mantêm o mesmo estilo romântico e único que faz de Burano um paraíso para os apaixonados.


Restaurantes locais de Burano, um paraíso para os apaixonados.

Burano parece saída de um filme. As crianças brincam livremente com suas bicicletas, a população é acolhedora e está sempre com as portas abertas. As casinhas coloridas à beira dos canais fazem da ilha um dos lugares mais coloridos e charmosos do mundo.


Burano parece saída de um cenário de filme

Como chegar

Há duas formas de se chegar à Burano. Quem optar ir de carro terá que cruzar a ponte de Mazzorbo e seguir a estrada até o centro da cidade. Já quem preferir pegar o tradicional Vaporetto (espécie de ferry boat local) terá uma viagem de 45 minutos partindo do centro de Veneza. O bilhete para o romântico passeio de barco custa US$ 6 por pessoa e é válido por 24h.

Quem quiser se hospedar na ilha de Burano não irão faltar opções para todos os gostos e bolsos. A encantadora cidade possui diversos hotéis e pousadas coloridos que colocam os turistas no clima da cidade. 

Sedução e encantos do vidro Murano 

Copiando as receitas do vidro oriental, tudo começou, ao que consta, na rica Veneza em 982 depois de Cristo. E desde o século XIII, antes mesmo que um decreto de 1291 proibisse a fabricação dos fornos na cidade, o artesanato do vidro foi deslocado para uma ilhota de nome Murano na laguna veneziana.

 

Fabricação artesanal de vidro em Murano, na Itália. O material é submetido a altas temperaturas e, em seguida, moldado ainda quente.

Material de antigas e incandescentes alquimias, o vidro Murano, duro e ao mesmo tempo frágil, com suas transparências, opacidades, craqueluras e diferentes coloridos, nunca deixou de seduzir e encantar as antigas cortes, a burguesia, os artistas plásticos e o olhar de qualquer comum mortal.

O vidro veneziano teve mecenas poderosos na Renascença, como as famílias Medicis, Gonzaga e Estes. E que o fato de grandes mestres da pintura como Caravaggio e Veronese terem, em suas obras, seguidamente mostrado vasos e outras peças de Murano, contribuiu para os ares de nobreza que ganharam esses objetos.
 
Natureza Morta - Caravaggio
 
É interessante descobrir logo em seguida que Vittorio Zecchin, diretor artístico da Cappellin-Venini& Cia., reproduziu, em 1921, os vasos ilustrados nesses quadros. Como os famosos Dodges venezianos, com mais que razão, tratavam de guardar a sete chaves o segredo das técnicas desenvolvidas na pequena ilha. De lá, peças das mais variadas formas, acabamentos e cores (o vermelho, por exemplo, era obtido com adição do cobre), partiam para as cortes imperiais europeias e para o mundo.
 

 
De Londres a Madri, de Istambul ao Cairo, não havia salão que se prezasse sem a presença imponente de um lustre de Murano. E muitas vezes, pérolas de Murano, as chamadas e coloridas murrine, foram trocadas pelo ouro. Na pequena ilha, apesar de um breve período de declínio quando a Republica Veneziana caiu em 1797, os fornos jamais se apagaram. Sua economia foi então salva pelas sucessivas Exposições Universais em que mestres vidreiros como Salviati, Barovier, Moretti e Seguso, ligados às famílias locais, se distinguiram e ganharam mercado.
 

 
Peggy Guggenheim, a americana que se apaixonou por Veneza e ali viveu, também cumpriu o seu papel. Convidava artistas de fora para explorar as possibilidades desse vidro tão especial. E mesmo hoje, após décadas do advento do plástico após a 2.ª Guerra, os fornos em Murano são desativados apenas em agosto, auge do calor na Itália.



Parte da sedução vinha do fato de o vidro Murano ser mais barato que o cristal de rocha e suas possibilidades de manejo e aparência, quase sem limites. A essa matéria composta de elementos pouco sedutores como o pó, a areia e os pigmentos que irão, por meio de uma operação química e de fusão, se transformar num material extremamente puro e atraente, basta, por exemplo, a adição de uma camada metálica para transformá-lo em espelho e, assim, termos replicadas, de forma movediça ou não, nossa imagem e fantasias.
 


Em Veneza, o Museu do Vidro de Murano é o segundo mais visitado pelos turistas, perdendo apenas para a Accademia. Dali e de outras muitas coleções públicas e privadas.
 
 
 
ASSISTA AO VÍDEO E VEJA O PROCESSO DE CRIAÇÂO DE UMA PEÇA DE VIDRO MURANO
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

28 de abril de 2014

ChinaArteBrasil na Oca - Parque Ibirapuera


"Migration"  - Instalação - Chen Quilin

"ChinaArteBrasil" leva obras de arte chinesas à Oca, no Parque Ibirapuera

A exposição leva um panorama único da arte contemporânea chinesa e reúne mais de 110 obras de 62 artistas. Na seleção, estão grandes nomes do cenário internacional como Ai Weiwei, Luo Brothers, Ma Liuming, Miao Xiaochum, Ni Weihua, Qu Yan e Yin Xiuzhen e Tereza de Arruda.

Os artistas selecionados traçam um retrato da arte contemporânea chinesa desde a primeira geração de grandes nomes, da década de 1990, até as produções mais recentes. A exposição tem curadoria das historiadoras de arte Ma Lin, de Shangai, e Tereza de Arruda, brasileira residente em Berlim.

Os artistas Wang Qingsong, Wang Shugang, Xiong Yu e a dupla Rong Rong & Inri produziram obras especialmente para a mostra. Já Lu Song e Yuang Gong virão a São Paulo criar site specifics, integrados à mostra, mas que não serão exibidos na Oca, e sim em espaços públicos da cidade. A mostra reúne trabalhos criados nas mais diversas plataformas – pintura, escultura, instalação, fotografia, vídeos e performances.
 
Algumas das obras de ‪‎"ChinaArteBrasil" foram idealizadas especialmente para o prédio da Oca, no Parque Ibirapuera. É o caso de “Competição”, de Wang Qingsong, uma grande instalação site specific com 600 cartazes.

A exposição também pretende mostrar como a cultura chinesa evoluiu de forma progressiva, sem abrir mão de suas raízes. O segmento Construindo Histórias, por exemplo, reúne artistas que ilustraram, a pedido da curadoria, a evolução da arte contemporânea chinesa ao longo da última década. A seleção foi feita a partir de um acompanhamento com visitas aos ateliês dos artistas em Pequim, Shanghai e Chengdu, além de bienais, museus, instituições e galerias. Para as curadoras, esse novo grupo de artistas se destaca por ter se concentrado em compreender a si mesmo e as transformações do país, não em seguir tendências.

Desde a década de 1990, aumentou a participação chinesa no cenário brasileiro da arte contemporânea. A China esteve presente em Bienais de São Paulo, Mercosul e Curitiba, além de mostras temáticas em São Paulo e no Rio de Janeiro. China Arte Brasil será a primeira grande experiência de interlocução entre as culturas brasileira e chinesa, por meio das artes visuais.
 

Mais algumas cenas do backstage na montagem da exposição ChinaArteBrasil na OCA. Hoje é a vez das obras de Yin Xiuzhen e Yu Hong.

 
Em ChinaArteBrasil, o visitante não só pode fotografar todas as obras da exposição, como é convidado a fazer isso!
Prepare a máquina fotográfica
 

ChinaArteBrasil
também traz uma seleção de arte têxtil. São peças que surpreendem pelo design, como Miracle, de Zhang Lei.

Colóquio China Arte Brasil

A curadora da mostra, Tereza de Arruda, colaborou na organização do Colóquio China Arte Brasil, promovido pela ARTE!Brasileiros, que aconteceu no dia 4 de abril, das 9h30 às 13h, na Oca, no Parque Ibirapuera. O evento deu continuidade aos encontros da ARTE!Brasileiros com participantes internacionais que discutiram os novos caminhos da arte contemporânea e incentivaram o diálogo entre diferentes culturas. Os especialistas foram convidados a trocar experiências e fornecer novas informações sobre jovens artistas chineses ao público brasileiro.

Além das duas curadoras da mostra "ChinaArteBrasil", Tereza de Arruda e Ma Lin,  palestraram Samir Sabet D’Acre, Ernesto Esposito e Jin Jiangbo. Arruda, brasileira, estudou História da Arte e atua como curadora independente em Berlim desde 1989, enquanto a chinesa Ma Lin pesquisa arte contemporânea chinesa e ocidental e atua como professora associada na Faculdade de Belas Artes da Universidade de Shanghai. Sabet D’Acre é colecionador de arte chinesa, especialista em arte do Leste Europeu e da Ásia e fundador do East West Art Fund, na Bélgica. Esposito, italiano e colecionador de arte chinesa, é conhecido mundialmente por seu trabalho como designer de sapatos. Começou a formar sua coleção de arte nos anos 1970 quando se apaixonou por uma obra de Andy Warhol e, desde então, adquire peças que atendem a seu gosto e peculiaridades. Já o artista chinês Jiangbo participou da Bienal de Shanghai em 2002, da Venice International Exhibition em 2003, das trienais de Nanjing, em 2009, e de Guangzhou, em 2008. Entre os prêmios que recebeu estão o título de Outstanding Artist e a medalha de ouro no 4º Festival Internacional de Foto de Lianzhou, entre outros.


SERVIÇO

CHINAARTEBRASIL
 
Onde: OCA Parque Ibirapuera - Av. Pedro Álvares Cabral, s/nº - Portão 10 - Ibirapuera - S.P. - (11) 5574-5177
 
Quando: Até 18/05 - De terça feira a domingo das 9:00h às 18:00h, quintas das 11:00h às 22:00h

Quanto: R$ 20,00 (inteira), R$ 10,00 (meia entrada)

 
 
 
 
 
 
 

24 de abril de 2014

Galpão Fortes Vilaça apresenta "Polvo" de Adriana Varejão


Polvo Portraits - Adriana Varejão
 
EXPOSIÇÃO "POLVO" DE ADRIANA VAREJÃO NO GALPÃO FORTES VILAÇA
 
 Em “Polvo”, a artista Adriana Varejão apresenta resultado de pesquisa sobre tonalidades de pele do povo brasileiro. A mostra é composta por um objeto múltiplo e uma série de autorretratos encomendados a retratistas. Na ocasião, foi lançado o livro “Pérola Imperfeita: A História e as Histórias na Obra de Adriana Varejão (Editora Cobogó e Companhia das Letras; 360 pág. R$ 90), assinada em parceria com a historiadora e antropóloga Lilia Moritz Schwarcz.

 
A artista carioca, há cinco anos sem realizar no país uma mostra apenas com trabalhos inéditos, apresenta a recém-criada série Polvo, fruto de uma pesquisa de forte caráter conceitual, desenvolvida ao longo de mais de 15 anos acerca da representação das cores de pele dos brasileiros e da maneira ambivalente como se define raça no Brasil.
 

 
Polvo é o nome do conjunto de tintas idealizado e criado por Adriana. O ponto de partida para a criação deste trabalho foi uma pesquisa de campo elaborada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), em 1976. Normalmente, o censo oficial brasileiro classificaria as pessoas em cinco grupos diferentes de acordo com sua cor de pele: branco, preto, vermelho, amarelo e pardo. Naquele ano, no entanto, a pesquisa domiciliar introduziu uma questão em aberto: "Qual é a sua cor?". O resultado foram 136 termos, alguns deles inusitados, cujos significados são muito mais figurativos do que literais. A artista selecionou os 33 termos mais exóticos, poéticos ou vinculados a uma interpretação especificamente brasileira de cor como suposto social, e a partir deles criou as suas próprias tintas a óleo baseadas em tons de pele. Assim, surgiram as cores ‘Fogoió’, ‘Enxofrada’, ‘Café com leite’, ‘Branquinha’, ‘Burro quando foge’, ‘Cor firme’, ‘Morenão’, ‘Encerada’ e ‘Queimada de sol’, entre outras.
 

Polvo Portraits (China Series)

O resultado mais imediato desse processo é um objeto de arte - uma caixa com 33 tubos de tinta e cuidadosa tecnologia industrial, em versão bilíngue (múltiplo com tiragem de 200 exemplares). Varejão também apresenta uma série de pinturas, intituladas Polvo Portraits (China Series), elaboradas a partir dessas tintas, montadas formando um grande painel. As pinturas são retratos da própria Adriana, porém não são exatamente autorretratos, já que foram executadas por pintores retratistas, sob encomenda. O caráter autoral, porém, é resgatado a partir das intervenções e reinterpretações dadas pela artista. A cor da pele permanece neutra, acinzentada, mas a imagem é complementada por uma série de pinturas faciais de caráter geometrizante e inspiração indígena feitas com as 33 cores Polvo. Acompanhando os retratos há pinturas circulares abstratas que trazem somente tabelas de cores com tons de peles das tintas.


 
O conjunto apresentado na mostra mantém estreita relação com trabalhos anteriores da artista que lidam com questões como miscigenação, colonialismo e a cor da pele. Temas que constituem uma espécie de chão do trabalho de Adriana Varejão, quer assumindo um caráter mais metafórico e sutil (como nas Tintas Polvo), quer adotando um caráter de forte expressividade, tributário da arte barroca (como na série Língua). “Cor é linguagem”, defende Adriana, “quando nomeamos todos esses matizes de peles, a gente dilui a questão das grandes raças – conceito, aliás, já derrubado por terra pela biologia”, pontua.
 
A exposição leva o público a refletir sobre questões relativas à desigualdade racial e social. Além da mostra, a artista também lança o livro “Pérola Imperfeita: A história e as histórias na obra de Adriana Varejão”, que fala sobre as fortes relações entre a obra de Adriana Varejão e a História.



SOBRE A ARTISTA 

Adriana Varejão nasceu no Rio de Janeiro, 1964, onde vive e trabalha. Suas exposições individuais recentes incluem Histórias às margens, no Museu de Arte Moderna de São Paulo, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e Museu de Arte Latinoamericana de Buenos Aires; Fondation Cartier pour L’Art Contemporain, Paris; Hara Museum, Tóquio; Centro Cultural Belém, Lisboa, Bildmuseet, Umea, Suécia. Suas exposições coletivas incluem as Bienais de Veneza, São Paulo, e Sidney; Tempo, MoMA, New York; ARS 06, KIASMA, Museum of Contemporary Art, Helsinki; Liverpool Biennial, Liverpool, UK Body and Soul, Guggenhein, New York, entre outras. Seu trabalho está presente em coleções como a Tate Modern em Londres, Salomon R. Guggenheim Museum em New York, Hara Museum, Tóquio, Museum of Contemporary Art, San Diego, Stedelijik Museum, Amsterdam, Museu de Arte Moderna de São Paulo e Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro; entre outras.


SERVIÇO:

POLVO - Adriana Varejão


Quando: Até 17/05 - De terça feira a sexta feira, das 10:00 às 19:00 - Sábados das 10:00

às 18:00

Quanto: Livre

Onde: Galpão Fortes Vilaça - Rua James Holland, 71 - Barra Funda - São Paulo



 
 
 
 
 
 
 
 
 

18 de abril de 2014

Grupo Zero chega à Pinacoteca, em SP


Funcionária do museu observa montagem da instalação 'Spazio Elastico', de Gianni Colombo

Arte cintilante do grupo Zero chega à Pinacoteca, em SP

Uma sala escura é atravessada por linhas elásticas brancas, que recortam o espaço. De repente, a trama se contorce movida a motores, e as paredes parecem vivas.

Na instalação do italiano Gianni Colombo, fica clara a ideia de seu grupo Zero, movimento surgido na Alemanha nos anos 1950, agora tema de uma grande exposição na Pinacoteca do Estado.

Zero, nas palavras de um de seus idealizadores, o artista alemão Otto Piene, é a "zona de silêncio, semelhante a uma contagem regressiva antes do lançamento de um míssil", ou "espaço para pureza e claridade", uma "vivacidade espacial reconquistada".

De certa forma, o vocabulário bélico, de mísseis e reconquistas, entra nesse discurso para ser sublimado. Na Alemanha do pós-Guerra, um país que se reerguia da tragédia do nazismo, a arte tomava um rumo mais luminoso, como se das trevas ressurgisse uma nova matriz visual.



Não por acaso, as primeiras manifestações do Zero, famoso pelo uso de espelhos, jogos de luz e uma cartela de cores minimalista, aconteciam à noite, em ateliês nos sótãos de Düsseldorf e até nas florestas à beira do Reno.

Enquanto os alemães, além de outros europeus que se juntaram ao grupo, pensavam uma nova estética ancorada em fenômenos luminosos, surgia no Rio o movimento neoconcreto, que também pregava a dissolução do objeto artístico, ou a tão alardeada fusão entre arte e vida.

Sem querer, esse ideal de uma arte imaterial, feita de quase nada ao mesmo tempo em que era capaz de dominar a percepção do espaço, acabou abraçando o mundo.

Não demorou para que neoconcretistas como Lygia Clark ou Almir Mavignier entrassem na mesma frequência cintilante do grupo Zero.


Almir Mavignier

Na Pinacoteca, um "Bicho" dourado, uma das esculturas de metal articulado de Clark, está ao lado de uma tela toda azul do francês Yves Klein, que então criava a cor que virou sua marca registrada.
 

Bicho dourado - Lygia Clark

Klein, alinhado ao discurso quase hippie dos Zero, falava em libertar as cores das amarras da composição. Seus campos cromáticos, sempre naquele mesmo tom de azul ultrapotente, seriam então tentativas de abalar o espaço, ou forjar outra dimensão.


Yves Klein

É a mesma ideia do argentino Lucio Fontana, que rasgava suas telas ao meio, ou do italiano Piero Manzoni, que guardava quilômetros de linhas dentro de pequenos tubos -uma arte que é ao mesmo tempo a mais depurada expressão do espaço físico.
 

"Concetto spaziale, Attese," 1963-1964 - Lucio Fontana


'CÓSMICO E INFINITO'

"Eles queriam integrar o movimento à pintura", diz Heike van den Valentyn, curadora da mostra. "É a ideia de espaço cósmico, infinito."

Talvez por isso, por maior que seja a exposição, a sensação de flanar pelas salas seja a de cruzar um campo vazio, entrecortado por raios de luz mais ou menos intensos.

Isso transparece no pano que flutua sobre um ventilador, obra de Hans Haacke, no jogo de espelhos de Christian Megert ou na vibração das telas de Jesús Rafael Soto.


Pano que flutua sobre um ventilador - Hans Haacke

Em contraponto à leveza, obras que absorvem a luz, como o mural de pneus do holandês Armando ou a parede de caixas de papelão de Jan Schoonhoven, também holandês, são o avesso acachapante dessa estética. São obras que fazem ver a própria ausência da luz como espécie de lampejo fulminante.


"Autobanden", mural de pneus criado pelo artista holandês Armando


SERVIÇO
 
"ZERO"

QUANDO: Até 15/6, de terça a sexta, das 10h às 17h30.


ONDE: Pinacoteca do Estado - Pça. da Luz, 2, tel. (11) 3324-1000


 QUANTO: R$ 6,00











 

16 de abril de 2014

A arte multicolorida do artista Alvaro Tapia Hidalgo


 
O artista e designer gráfico Alvaro Tapia Hidalgo é de Viña del Mar, Chile, mas vive em Granada, na Espanha onde também trabalha com cinema e ilustração. Suas criações apresentam retratos impressionantes, onde mistura diversas cores e formas.

Em 2000 ele começou a trabalhar em design gráfico e cinema. Ele já dirigiu dois curtas-metragens, Corte Carnicero e Cabezón Delator, e também criou uma série de obras em vídeo experimental, animação e motiongraphics.

Alvaro fundou uma agência de design em Valparaiso, Chile (2005), trabalhou como diretor de arte em uma agência de marketing em Madrid (2007), e está atualmente trabalhando com ilustração.

Ele cria suas obras principalmente com o Illustrator, e em seguida adiciona diversas texturas para dar uma sensação de maior profundidade. Bem original!




















 


14 de abril de 2014

Paul Gauguin "Cristo Amarelo"


Sonolência deliciosa, Nave Nave Moe - Paul Gauguin - 1894 - Museo del Hermitage

Paul Gauguin nasceu em Paris, em 1848. Quando tinha um ano de idade, seu pai, um jornalista político, embarcou com a família para o Peru, mas morreu na viagem. Entretanto, graças as pessoas ricas conhecidas de sua mãe em Lima, Gauguin passou os sete primeiros anos de sua vida naquele país, antes de voltar à França em 1855.
 
Aos 17, Paul Gauguin entrou para a Marinha Mercante. Em seus cinco anos no mar, elevou-se ao posto de segundo-tenente, visitou o Panamá e o Pacífico, os lugares tropicais que sempre acompanharam seus pensamentos.

Em 1871, Gauguin retornou a Paris, onde trabalhou como corretor de valores. Passou a década subsequente como um respeitável homem de negócios, casando-se com uma moça dinamarquesa, com quem teve cinco filhos.

No início da década de 1870, Gauguin tornou-se um entusiasmado pintor de domingo e, em finais de 1876, já dominava suficientemente a pintura para que uma paisagem sua fosse aceita para exposição no Salão Anual Oficial. Entretanto, logo ele preferiu expor suas obras junto aos impressionistas, que eram ainda tidos como rebeldes inveterados.
 
Trabalhando arduamente durante suas horas de folga, Gauguin adotou a técnica impressionista de pintar paisagens no próprio local, utilizando pinceladas curtas de pura cor para capturar os efeitos atmosféricos. Como seus grandes contemporâneos Cézanne e Van Gogh, considerava o Impressionismo um agente liberador, embora tenha acabado por dar origem a um estilo muito diferente.


At the Pond - 1887

Gauguin, sem dúvida, querida abandonar o mundo dos negócios e tornar-se um pintor profissional. O que fica menos claro é se ele o teria feito se não fosse o colapso econômico de 1882; no mínimo, sua má sorte financeira concedeu-lhe a desculpa de que precisava para começar uma nova carreira, na idade de 35 anos, como um artista em tempo integral.

Foram então anos de dificuldades. Gauguin permaneceu por um tempo em Copenhague com sua esposa. Depois que ele partiu, os dois nunca mais voltaram a viver juntos.
 

Mette Gauguin in an Evening Dress, 1884

Em 1887, Gauguin fez sua primeira turnê artística nos trópicos, passando alguns meses no Panamá e na Martinica.
 
Forçado a voltar à França devido a malária e a pobreza, ele levou consigo telas vivas com cores novas e libertas de qualquer movimento artístico antecedente.

O progresso artístico de Gauguin foi ainda mais marcante durante suas visitas à Bretanha nos anos da década de 1880, mostrando-se, nessa época, remota e estimulantemente primitivo. Lá, ele começou a desenvolver seus estilo peculiar, com suas formas nitidamente delineadas e cores fortes. Seu estilo já estava definido em 1888, quando foi passear dois meses desastrosos em Arles em companhia de Vincent Van Gogh.
 

Night Café at Arles - 1888
 
Em 1891, Gauguin já tinha se estabelecido como um líder entre os artistas e os poetas de Paris. Porém, ainda extremamente pobre, ele tomou a surpreendente decisão de se fixar no longínquo Taiti. O mais celebrado de todos os seus quadros foi pintado nessa ilha, e as imagens de uma simplicidade incorrompidamente primitiva tiveram um grande impacto sobre a imaginação ocidental.
 
Embora Gauguin amasse as terras tropicais, a vida continuava dura, e em 1893 ele retornou a Paris, na esperança de que suas telas taitianas viessem a ser uma sensação e, por fim, trouxessem-lhe fama e segurança.
 

Adonde vas?, Ea haere ia oe? Paul Gaugui - 1893 - Museu del Hermitage

Após dois anos de decepções, Gauguin voltou para o Taiti, Já estava então doente, e seu mal foi agravado por uma condição sifilítica não-diagnosticada. Hospitalizado com muita frequência, engajava-se em trabalhos braçais e às vezes na política e no jornalismo locais. Sua produção artística era irregular; ainda assim, neste período produziu alguns de seus melhores quadros.

Em 1901, Gauguin retirou-se definitivamente da civilização que o intimidava, estabelecendo-se nas Ilhas Marquesas. Seu prazer nesse novo paraíso foi rapidamente estragado por sérios conflitos com as autoridades locais. Ele ainda estava recorrendo contra uma sentença de três meses por crime de difamação quando sua vida turbulenta foi definitivamente cortada por um ataque cardíaco, em 1903.
 

Duas mulheres tahitianas - Paul Gauguin - 1899 -  Metropolitan Museum
 
 
Autorretrato para o amigo Carriere - Paul Gauguin - 1886 - National Gallery (Washington)

A mais polêmica e uma das mais famosas de suas obras data de 1889, "O Cristo Amarelo". Nela, o artista retrata o calvário de uma aldeia perto de Pont-Aven, rodeado de bretões curiosamente representados.

A paisagem da Bretanha, sob o pincel de Gauguin torna-se mais colorida: o Cristo e a paisagem são amarelos e as copas das árvores avermelhadas. As cores se estendem planas e puras sobre a superfície quase decorativamente e seu uso arbitrário opõe-se a qualquer naturalismo.

Gauguin pintou muitos auto-retratos, nesse o rosto de Cristo tem sua fisionomia.
 

O "Cristo Amarelo" - Paul Gauguin - 1889 

Conversa informal

Como grande admiradora de seu trabalho fiz uma representação de o "Cristo Amarelo" e coloco a disposição para apreciação do leitor do Blog.


"Cristo Amarelo com Girassol"  - Aline Hannun



 




11 de abril de 2014

Praça Victor Civita recebe o festival Prototype

A Praça Victor Civita em S.P., local reconhecido por ser histórico e com ideias de readequação do espaço urbano por meio de iniciativas sustentáveis recebe nos dias 12 e 13 de abril p PROTOTYPE - Festival de Sustentabilidade na Arte

Praça Victor Civita recebe o festival Prototype :: sustentabilidade na arte

Por meio de manifestações artísticas inusitadas e surpreendentes, o Prototype procura incorporar a prática da sustentabilidade no nosso cotidiano. Entre as ações de incentivo à “economia verde”, o festival se esforça para ser auto-suficiente em termos energéticos, utilizando somente energia provida por pedaladas de bicicleta: a bike-geradora. Todas as atividades que acontecem durante o Prototype têm como desafio utilizar o mínimo de energia elétrica para sua realização.



Confira a programação:

O Piquenique coletivo no deck da Praça vai ser uma ótima chance de juntar os amigos, as crianças, e valorizar uma vida mais saudável, sustentável e feliz. Para ambientar o local, coletivos que organizam festas de rua vão se apresentar: Metanol na Rua, Pilantragi e Saloon das Minas, Barulho, além do DJ ambulante Chico Tchello. O coletivo Chippanze.org faz som com videogames transformados em controladores musicais eletrônicos.

Um dos destaques do festival é a escultura do artista Jum Nakao no centro da Praça Victor Civita, criada especialmente para o evento. A escultura se inspira na ideia da fonte e provoca no público a experiência de mergulho em sentimentos antagônicos. Outra atração é a instalação sonora participativa “Fruta faz música” dos artistas berlinenses Jan Brokof e Gregor Knüppel. A instalação funciona com uma bateria composta por frutos cítricos, que precisam ser constantemente trocados pelo público para continuar gerando seu som.



Atividades com os coletivos urbanos Ogangorra, Rios e Ruas, Horta das corujas, Ciclomídia e A batata precisa de você também marcam o Festival. Cada coletivo irá propor atividades e intervenções que relacionam sustentabilidade e arte. Oficinas de horta urbana, bike party e outras intervenções acontecerão ao longo do festival, que também propicia o intercâmbio entre esses coletivos e o público, oferecendo-se como plataforma para suas iniciativas.

O Prototype chamou o coletivo CRU, que vai mostrar como explorar todas as potencialidades de uma bike, ativando um cinema através de pedaladas. Afinal, a bicicleta é meio de transporte, esporte, lazer, mas, com a participação de todos também pode ser fonte de energia limpa e renovável. Serão exibidos curtas-metragens, como a série “Senha Verde”.
 
 
O Festival vai expor obras feitas por alunos do CEU Jaguaré como resultado de oficinas ministradas na semana anterior. Uma escultura chamada “Homem de Lixo” feita de material descartado é a proposta do grupo Urban Trash Art, dos artistas Rodrigo Machado e Pado de São Paulo. Questionando o consumo e tendo como matéria-prima o lixo, os jovens reutilizam de forma criativa esses materiais, dando forma a um ser humano. http://urbantrashart.blogspot.com.br. Também a dupla 44Flavours dos berlinenses Julio Rölle e Sebastian Bagge vai atrás de objetos antigos e sem utilização que guardam histórias curiosas, assim como os abrigos desses objetos. A atividade tem relação com a ideia de upcycling, ou seja, criar uma nova história para os objetos, valorizando-os. Ação e reação, intuição e experimento fazem a obra acontecer. http://www.44flavours.com

Para quem busca discutir sobre as interfaces entre arte e sustentabilidade, o Prototype terá discussões em diversos formatos com coletivos do Festival e pensadores como Claudia Mattos e Marcos Nobre. Estão previstas apresentações de projetos inovadores, como o do artista e empreendedor alemão Pablo Wendel, fundador da empresa Performance Electrics. A empresa fornece energia elétrica gerada pela arte, a chamada Kunststrom, incluída na rede pública de energia eléctrica da Alemanha. Museus, coleções de arte, festivais, assim como residências utilizam energia da Kunststrom.

Para mais detalhes da programação do festival acesse:
 
 
 
 
 
 
 
 

9 de abril de 2014

Grupo doa R$ 780 milhões para salvar acervo de museu em Detroit



Fachada do Instituto de Artes de Detroit, que tem o acervo classificado entre os seis melhores dos Estados Unidos e é um dos locais que resiste à crise em que a cidade se encontra.

 
O juiz Gerald Rosen, encarregado de supervisar o processo de falência de Detroit, em Michigan, EUA, divulgou recentemente que um grupo de fundações e milionários entraram em acordo para doar US$ 330 milhões (cerca de R$ 780 milhões) para salvar a coleção do Instituto de Arte da cidade.

Desde que a cidade pediu falência no ano passado (aceita em dezembro pela Justiça), credores têm olhado para o acervo. Apesar de apenas 5% do seu conjunto pertencer à municipalidade, é forte a pressão para que todas as obras sejam vendidas para ajudar a reerguer a cidade.

Uma equipe da casa de leilões nova-iorquina Christie's avaliou 2.773 das 66 mil peças da coleção. A soma ficou em US$ 867 milhões (mais de R$ 2 bilhões). As dívidas de Detroit somam cerca de US$ 25 bilhões (cerca de R$ 59 bilhões).


À esq., autorretrato de Van Gogh (1887); funcionária aponta para 'Retrato do Carteiro Roulin' (1888), também do pintor, no Instituto de Artes de Detroit.


Matisse


Picasso


Cézanne


O Gado, Candido Portinari 


Como consequência, artistas ocupam quarteirões abandonados em Detroit 

A primeira impressão que o visitante tem de Detroit é de desolação. Quarteirões inteiros de casas abandonadas, semidestruídas, incendiadas.

Há, porém, os que reagem, como o artista Tyree Guyton, 58, fundador do Heidelberg Project, um espaço de dois quarteirões devastados pela crise e por incêndios provocados por vândalos. Guyton e seus seguidores começaram, nos anos 80, quando a cidade já enfrentava dificuldades, a ocupar o local com instalações artísticas.

São cenas montadas a partir de sapatos, roupas, material de escritórios e consultórios, bonecos, brinquedos e até automóveis. Tudo tirado das próprias ruas de Detroit.

"A ideia é fazer as pessoas pensarem sobre esse fim do ciclo industrial. E para que possamos refletir sobre as alternativas para o futuro", diz a artista Jenenne Whitfield.

O projeto faz intercâmbio com outros relacionados à "street art" no Reino Unido, na Espanha e na Alemanha.

"Não vamos trazer o passado de volta, por isso fazer arte num momento como esse da cidade é tão importante", diz Whitfield.