Sobre as Sombras na Aquarela

Tudo começou com as nuvens.

A ideia surgiu da necessidade de mostrar a evolução de uma pesquisa feita sobre monocromia através da técnica da aquarela e colagem.

Foi à partir do meu olhar nas nuvens que surgiu o "momento sombras na aquarela". Após a escolha do suporte, as imagens começaram a brotar em minha mente de forma aleatória, de modo claro e objetivo, facilitando o desenvolvimento do trabalho. O fundo branco do papel, muitas vezes em destaque, realça as nuances e sobreposições das camadas, contrastando tons claros e escuros, assim como a luminosidade, algumas vezes oscilante, mais ou menos intensa, que brinca, sugerindo formas, movimentos e até mesmo sensações, destacando as características da aquarela aliada à colagem.

As inúmeras possibilidades que o tema oferece, associadas à técnica, tráz como resultado a simplicidade da proposta que, destacando a cor pura, em contraste com o papel, evidencia um grande prazer em criar.

Aline Hannun

31 de janeiro de 2014

Vida e obra de Gian Lorenzo Bernini

Baldaquino da basílica de São Pedro em Roma - Gian Lorenzo Bernini 
 
Um dos pioneiros da arte barroca, juntamente com seu rival Francesco Borromini, Bernini é autor de inúmeras obras célebres, entre as quais se destaca o baldaquino da basílica de São Pedro em Roma.

Escultor, arquiteto e pintor italiano, Gian Lorenzo Bernini nasceu em Nápoles em 1598. Estudou em Roma com o pai, também escultor, e em 1616 já dava mostras de seu talento no grupo "Enéias, Anquises e Ascânio fugindo de Tróia". 
 
 
Enéas, Anquise e Ascânio" - Gian Lorenzo Bernini - 1619 - está exposta na Galleria Borghese, museu em Roma, Itália.

As primeiras esculturas de Bernini já eram altamente revolucionárias pelo movimento, os valores tácteis e a expressão dos rostos.

Por encomenda do cardeal Borghese, realizou várias obras num estilo independente que representava uma reação contra os conceitos da estatuária renascentista então em voga.

Entre esses trabalhos destacam-se "David lançando a pedra" (1619), "O rapto de Prosérpina" (1621) e "Apolo e Dafne" (1623), hoje na Galleria Borghese, em Roma.
 
"David lançando a pedra" -  auto-retrato - 1619

"David", retratado no ato de lançar a pedra, tem o mérito de envolver o espectador na ação, característica que marcou outras obras de Bernini.

Matteo Barberini, eleito papa em 1623 com o nome de Urbano VIII, foi o maior patrono de Bernini. Durante seu pontificado, o artista criou o baldaquino de São Pedro (1624), as fachadas da igreja de Santa Bibiana e do palácio Propaganda Fide (1627), o projeto dos campanários da basílica de São Pedro.
 
Fachada da Igreja Santa Bibiana 

Da mesma época datam inúmeros túmulos e fontes, como a da Barcaccia, na Piazza di Spagna, em Roma. Além disso, pintou, fez gravuras e escreveu para o teatro.

Em 1644 morreu Urbano VIII, que foi sucedido por Inocêncio X. Bernini perdeu seu privilegiado lugar no Vaticano para o rival Borromini. Estava então trabalhando no grupo "A verdade descoberta pelo tempo", em alusão à injustiça das perseguições que lhe foram movidas, mas que ficou inacabado.

Em 1647 Bernini completou, na capela Cornaro da igreja de Santa Maria della Vittoria, em Roma, o "Êxtase de Santa Teresa", um dos pontos altos da escultura barroca.
 
"Êxtase de Santa Teresa".
 
Pouco depois reconciliou-se com o novo papa, que lhe encomendou a "Fonte dos quatro rios" (1648-1651), peça central da Piazza Navona, também em Roma. Em 1656, já no pontificado de Alexandre VII, projetou a colunata da praça de San Pietro, a igreja de Sant'Andrea al Quirinale e a escada régia do Vaticano.
 
"Fonte dos quatro rios" - Piazza Navona

Na basílica de São Pedro há outras obras notáveis de sua autoria, como o túmulo de Urbano VIII (1628-1647), que mostra o papa sentado, o braço alçado em gesto de comando. Abaixo, ladeando o sarcófago de bronze, encontram-se duas virtudes em mármore branco, a Caridade e a Justiça. Por cima do sarcófago a figura da Morte parece escrever o nome de Urbano numa folha.
 
"O túmulo de Urbano VIII" - Basílica de São Pedro

Outro famoso túmulo é o de Alexandre VII (1671-1678), executado porém, em grande parte, por seus discípulos.

A fama do escultor e arquiteto ultrapassou as fronteiras da Itália. A convite de Luís XIV, Bernini passou algum tempo em Paris. Seus projetos para a fachada do Louvre não chegaram, no entanto, a ser executados. De sua estada na França só ficaram um busto de Luís XIV, vários desenhos e a estátua eqüestre do rei francês.

Em seus últimos anos Bernini restaurou a ponte do Castelo de Sant'Angelo (1667-1669), para a qual criou uma série de anjos amargos e dolentes.
 
"Ponte do Castelo de Sant'Angelo"
 
Bernini foi durante mais de dois séculos desprezado pelos acadêmicos e classicistas e considerado o melhor exemplo do mau gosto e da monstruosidade artística. Com a reabilitação do estilo barroco no século XX, voltou a ser reconhecido como um dos maiores escultores e arquitetos de todos os tempos.

De suas pinturas, conservam-se o "Martírio de são Maurício" (c. 1630), no Studio del Musaico, do Vaticano, e o auto-retrato na Galleria degli Uffizi em Florença.

Vitimado por uma apoplexia, Bernini morreu em Roma em 28 de novembro de 1680.
 
 
 
 
 
 

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