Sobre as Sombras na Aquarela

Tudo começou com as nuvens.

A ideia surgiu da necessidade de mostrar a evolução de uma pesquisa feita sobre monocromia através da técnica da aquarela e colagem.

Foi à partir do meu olhar nas nuvens que surgiu o "momento sombras na aquarela". Após a escolha do suporte, as imagens começaram a brotar em minha mente de forma aleatória, de modo claro e objetivo, facilitando o desenvolvimento do trabalho. O fundo branco do papel, muitas vezes em destaque, realça as nuances e sobreposições das camadas, contrastando tons claros e escuros, assim como a luminosidade, algumas vezes oscilante, mais ou menos intensa, que brinca, sugerindo formas, movimentos e até mesmo sensações, destacando as características da aquarela aliada à colagem.

As inúmeras possibilidades que o tema oferece, associadas à técnica, tráz como resultado a simplicidade da proposta que, destacando a cor pura, em contraste com o papel, evidencia um grande prazer em criar.

Aline Hannun

23 de novembro de 2016

Lydia Delectorskaya a musa de Matisse



Henri Matisse com sua musa Lydia Delectorskaya

Henri Matisse gravurista, ilustrador, escultor, pintor e um dos principais nomes da arte moderna. Conhecido como o expoente máximo do movimento artístico chamado Fauvismo, que floresceu inicialmente na França entre 1901 e 1908.

Em suas obras Matisse buscava sempre manter o equilíbrio entre a tranquilidade e a vivacidade, em pinturas e esculturas simples e sem detalhes rebuscados.

Seus desenhos estão repletos de traços arabescos e formas planas nas quais as cores buscam a máxima expressão pela qual se impõem, seja nas formas geométricas ou nas figuras alegres e femininas.

A fixação do artista pelo corpo feminino, por cores vibrantes, tecidos, roupas e acessórios está presente em vários momentos de suas obras.



"Odalisca, harmonia no vermelho"
- 1926/27


Sobre Lydia Delectorskaya

Lydia Delectorskaya foi a bela loira de olhos azuis, da Sibéria, que se tornou modelo, musa e gerente do estúdio de Matisse nas últimas duas décadas de sua vida.

Lydia era muito jovem quando se casou, no sul da França, mas seu casamento durou apenas um ano. Devido a sua bela aparência logo conseguiu trabalho de dançarina em um filme e depois como modelo.


Lydia Delectorskaya

Delectorskaya foi contratada para cuidar de Amelie, esposa do artista, que estava doente. Três anos depois, Matisse convidou-a para posar para ele em seu estúdio. Lydia era diferente de todas as modelos que ele havia pintado antes, loira como uma princesa de gelo.

Após seis meses ajudando o artista no fabuloso mural "A dança", Lydia recebeu 500 francos de Matisse para recomeçar sua vida, mas seu parceiro perdeu tudo em uma noite no Casino, foi então que a dançarina começou a participar de maratonas de dança para pagar dívidas. Quando Matisse soube, ficou horrorizado. Foi o início de uma das parcerias mais frutíferas na arte.



"A dança" - 1910

Durante quatro anos, o artista não pintou mais ninguém. Lydia tornou-se indispensável, não só como modelo, mas também como sua assistente, assumindo o controle do estúdio e cuidando de todos os seus assuntos. Amelie, sua esposa inválida, sentindo-se traída, levantou-se da cama e exigiu que Matisse escolhesse "ou ela ou eu". O artista escolheu a esposa, mas Amelie nunca conseguiu perdoá-lo  e o deixou no início de 1939.

Após a separação do casal, Lydia voltou rapidamente para o estúdio de Matisse, em Paris, retornando ao trabalho e permanecendo ao seu lado durante o resto de sua vida.


Porta retrato Lydia - 1947

O relacionamento de Henri Matisse e Lydia Delectorskaya foi extremamente produtivo. O artista era 40 anos mais velho que sua assistente. Não há provas de que eles tenham tido um relacionamento sexual. Quando questionada, Delectorskaya sempre negou.

Dizem que Matisse e sua modelo Lydia, fizeram amor "apenas na tela" e que Matisse era muito comprometido com a pintura para perder tempo e energia fazendo sexo com suas modelos.


"Mulher jovem em uma blusa azul"
(Lydia Delectorskaya) 

Enquanto Matisse esteve doente, Lydia lhe trouxe calma, apoio e companheirismo, o que permitiu ao artista continuar no topo de seu poder criativo. Acredita-se que sem a sua assistente, Matisse não teria conseguido fazer as colagens que se  tornaram tão famosas. Delectorskaya também coordenou os quatro anos de preparação e instalação da obra, inundada de luz azul e amarela, na capela de Vence, nos arredores de Nice.



Capela do Rosário - Vence, Nice.

Quando Matisse morreu, em 1954, um dia após fazer o último retrato de Lydia, ela saiu imediatamente do estúdio, deixando os preparativos do funeral para a família do artista. 

"Antes, o cotidiano me aborrecia. Ao pintar, passei a sentir-me gloriosamente livre e tranquilo", disse Matisse.

Embora tendo sofrido essa grande perda em sua vida. Lydia ainda viveu por muito tempo, morrendo aos 88 anos de idade, em Paris, em 1998. Os quadros que Matisse lhe dera foram doados para o Hermitage em São Petersburgo e foram publicados dois livros sobre os anos mais produtivos da carreira de Matisse .



"Rosa nude" - (modelo Lydia Delectorskaya) - 1935


Lydia Delectorskaya


Lydia Delectorskaya


Lydia Delectorskaya

"Comigo, ele sabia como ser gentil e sedutor. Ele era charmoso, e tão tocante. Ele sabia como me domar". Lydia Delectorskaya


Para conhecer mais obras do artista, assista ao vídeo.







Um comentário:

  1. vistei esta capela agraciada com as obras de MATISSE, vi também no Hermitage em Saint Petersbourg na Russia, seus trabalhos doados por Lydia. A dança. a singeleza e calma de sua obra nos toca.

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