Sobre as Sombras na Aquarela

Tudo começou com as nuvens.

A ideia surgiu da necessidade de mostrar a evolução de uma pesquisa feita sobre monocromia através da técnica da aquarela e colagem.

Foi à partir do meu olhar nas nuvens que surgiu o "momento sombras na aquarela". Após a escolha do suporte, as imagens começaram a brotar em minha mente de forma aleatória, de modo claro e objetivo, facilitando o desenvolvimento do trabalho. O fundo branco do papel, muitas vezes em destaque, realça as nuances e sobreposições das camadas, contrastando tons claros e escuros, assim como a luminosidade, algumas vezes oscilante, mais ou menos intensa, que brinca, sugerindo formas, movimentos e até mesmo sensações, destacando as características da aquarela aliada à colagem.

As inúmeras possibilidades que o tema oferece, associadas à técnica, tráz como resultado a simplicidade da proposta que, destacando a cor pura, em contraste com o papel, evidencia um grande prazer em criar.

Aline Hannun

18 de maio de 2016

Piet Mondrian e o movimento De Sttijl em Brasília



Brasília recebe exposição de Mondrian e do movimento De Stijl

Linhas retas e cores primárias. Isso é que o vem à cabeça da maioria das pessoas quando se fala em Mondrian. O pintor holandês é lembrado por seus quadros geométricos, mas o neoplasticismo não foi sempre o seu estilo. A trajetória percorrida por Mondrian em mais de 50 anos de trabalho pode ser vista no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), em Brasília.

No início de sua vida artística, no final do século XIX, Mondrian, influenciado pela pintura holandesa da época, pintava paisagens sombrias e formas sem um contorno definido. Ao longo dos anos, seu trabalho foi se transformando, acompanhando influências dos movimentos artísticos que aconteciam na Europa, como o pós-impressionismo, o pontilhismo e o cubismo.


Aos poucos seus quadros foram ganhando mais cores e se tornando menos comprometidos com a realidade. A exposição traz ao público a oportunidade de acompanhar a evolução do artista até chegar ao neoplasticismo, escola pela qual ele é reconhecido até hoje.

“As linhas retas nos dizem a verdade”, escreveu Piet Mondrian (1872-1944). Filho de um pastor, o artista holandês cresceu em um ambiente que condenava a carreira artística e tentou ser professor antes de dedicar-se à arte e, posteriormente, criar os primeiros trabalhos, marcados pela busca por uma “realidade pura”, representada por linhas retas e cores primárias. 

Pieter Tjabbes, curador da exposição, explica que, em 1908 Mondrian adere à explosão de cores que vinha de Paris. “Ele começa a dominar o mercado com essas obras coloridas. Os críticos chamavam de luminista, devido à luminosidade das obras e ele fica famoso na Holanda, nessa época”.


"A árvore vermelha" - 1908 - Piet Mondrian

“Nesta época ele entra em contato com a teosofia, que vai perpassar toda a sua vida. A teosofia é a busca da essência, tirando o supérfluo, os ornamentos. Esta busca está na vida dele, até chegar ao neoplasticismo, que é uma forma de limpar tudo, usar poucos elementos para usar uma linguagem universal, direta, com todo mundo”, afirma Pieter.

Em 1911, após uma exposição do artista com Picasso e Cézanne na Holanda, Mondrian se encanta pelo cubismo e começa, pouco a pouco, a se aproximar da pintura abstrata. Cada vez mais o artista se distancia da necessidade de imprimir profundidade às obras e cresce sua produção de composições geométricas.


"Natureza morta com pote de gengibre"  - 1911 - Piet Mondrian

Mondrian, durante o período de 1917 a 1928, participou do movimento "De Stijl", que significa "O Estilo". Era um grupo de artistas, designers e arquitetos que defendiam o neoplasticismo e a utopia da harmonia de todas as artes. O movimento é contemporâneo à Bauhaus, na Alemanha, com o qual compartilhava a ideia de uma arte simples e acessível a todos.

“Parece que a arte abstrata trazia essa linguagem universal, que não precisava de explicação. A ideia de uma sociedade moderna na arquitetura, com espaço, ventilação. Eles eram utopistas, pretensiosos”, afirma Pieter, a respeito do movimento De Stijl.


"Vermelho, amarelo, azul"  - 1921 - Piet Mondrian 

Com o passar dos anos, Mondrian se direciona para a pureza das cores primárias, as superfícies planas das formas e a tensão dinâmica em suas telas. A exposição traz 3 obras em estilo neoplasticista, o estilo mais conhecido do artista. “Os quadros nunca são fechados, não têm moldura, são assimétricos, com linhas abertas, campos de cor abertos, se expandem para todos os lados. Para Mondrian a cor era um elemento espacial. Essas obras são artesanais, não há o uso de réguas, não é obra de computador. É uma pintura, com tudo que a pintura tem, linhas borradas, pontos de cor não bem resolvidos”, explica Pieter.

A seleção das obras e a forma como são organizadas têm o objetivo de mostrar ao visitante todo o percurso que Mondrian percorreu antes de chegar ao seu inconfundível estilo de “ordenamento do caos” – ele produziu trabalhos com influências pós-impressionistas e cubistas, por exemplo. “Aqueles retângulos coloridos que povoam até hoje o imaginário do moderno, e são tão facilmente reconhecíveis, não nasceram de uma hora para outra, nem por acaso”, diz Tjabbes. 

Grande parte do acervo é procedente do Museu Municipal de Haia, na Holanda, que reúne a maior coleção do mundo de obras de Mondrian.


"Composição 10" - Piet Mondrian

A exposição traz obras originais, maquetes, mobiliários, fotografia, documentários e publicações da época, revelando uma forma de ver o mundo e a arte que era revolucionária em 1917 e continua moderna até hoje.


"Cadeira vermelha /azul"

Além das mais de 100 obras expostas, sendo 30 de Mondrian, o público poderá visitar o Pavilhão de Vidro do CCBB, uma imensa caixa de luzes inspirada na obra do artista.

“É uma escultura de luz, uma experiência com a cor, um grande Mondrian iluminado que pode ser visto durante o dia mas, principalmente, à noite. Durante o dia funciona como um vitral e à noite a luz interna a transforma em uma caixa de luz enorme, que pode ser vista a quilômetros”, disse Pieter.


Pavilhão de Vidro do CCBB em Brasília

Há também uma reprodução interativa do quadro "Victory Boogie Woogie", última obra de Mondrian, de 1944, pintada no seu último ano de vida, quando ele morava nos Estados Unidos. Mondrian morreu de pneumonia, aos 71 anos.


"Broadway - Victory Boogie-Woogie" - 1944

A exposição, que esteve em São Paulo, fica em Brasília até o dia 4 de julho. Depois segue para Belo Horizonte e Rio de Janeiro.  






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