Sobre as Sombras na Aquarela

Tudo começou com as nuvens.

A ideia surgiu da necessidade de mostrar a evolução de uma pesquisa feita sobre monocromia através da técnica da aquarela e colagem.

Foi à partir do meu olhar nas nuvens que surgiu o "momento sombras na aquarela". Após a escolha do suporte, as imagens começaram a brotar em minha mente de forma aleatória, de modo claro e objetivo, facilitando o desenvolvimento do trabalho. O fundo branco do papel, muitas vezes em destaque, realça as nuances e sobreposições das camadas, contrastando tons claros e escuros, assim como a luminosidade, algumas vezes oscilante, mais ou menos intensa, que brinca, sugerindo formas, movimentos e até mesmo sensações, destacando as características da aquarela aliada à colagem.

As inúmeras possibilidades que o tema oferece, associadas à técnica, tráz como resultado a simplicidade da proposta que, destacando a cor pura, em contraste com o papel, evidencia um grande prazer em criar.

Aline Hannun

14 de outubro de 2013

Obra de Lina Bo Bardi vira fetiche no MAM



Cortina de Daniel Steegman-Mangrané em mostra no MAM

Um grande vazio é a obra, ou melhor, a mensagem. Lisette Lagnado, curadora do Panorama da Arte Brasileira, que se apresenta no MAM (Museu de Arte Moderna), arrancou as paredes do espaço e inverteu a posição da entrada para exaltar não peças de qualquer artista, mas a arquitetura de Lina Bo Bardi, que reformou o prédio há 30 anos.

"Quero que da entrada se veja até o fundo", diz Lagnado. "A ideia é poder ver o museu em toda a sua estrutura." 



Projeto Casa Circular - Lina Bo Bardi
 
Em vez do mapeamento da produção emergente que costuma fazer o Panorama, Lagnado escalou arquitetos e alguns artistas para repensar a natureza desse espaço --isso que seria uma construção temporária sob a marquise traçada por Oscar Niemeyer, mas virou um parasita fixo.

 
Projeto Casa de Vidro - Lina Bo Bardi
 
A Casa de Vidro foi o local onde a arquiteta viveu por quatro décadas até a morte, em 1992. Um estranho mausoléu com obras que se perdiam em meio ao mobiliário, o Panorama também faz de Bo Bardi uma espécie de fetiche dos artistas.

Nessa visão de túnel, maquetes de possíveis --ou um tanto utópicas-- novas sedes do MAM e reações mais e menos ousadas dos artistas surgem sem obstáculos, num painel rebaixado de trabalhos que de certa forma se misturam à arquitetura do prédio.

"Meu desafio foi fazer uma exposição árida, que não fosse sensorial", diz Lagnado. "Estou trabalhando numa fronteira. Não é uma exposição de arquitetura, mas é uma mostra de arte em que a arquitetura também entra." 

Obras como as cortinas metálicas do espanhol Daniel Steegman-Mangrané usam traços dos croquis da arquiteta para o Masp e o Sesc Pompeia. Vitor César retoma as mesmas cores da maquete original do MAM para cobrir as paredes do museu.

Enquanto isso, arquitetos divergem entre renunciar ao parque e refundar o MAM no centro da cidade, onde teve sua primeira sede, e extirpar o museu da marquise para outros pontos do Ibirapuera.

No projeto do grupo SPBR, o MAM se transforma numa passarela que circunda o parque, a dez metros do chão, tendo como acervo não só a coleção do museu mas também a vista de todo o conjunto arquitetônico de Niemeyer.

Fora do Ibirapuera, a segunda etapa da mostra começa em duas semanas com intervenções em pontos do centro paulistano, como uma livraria e a galeria Nova Barão, onde a artista francesa Dominique Gonzalez-Foerster vai instalar uma réplica de um posto de salvamento desenhado por Sérgio Bernardes para a orla carioca.

SERVIÇO

PANORAMA DA ARTE BRASILEIRA

Quando: de terça-feira a domingo, das 10h às 17h30
 
Onde: MAM (pq. Ibirapuera, portão 3, tel. 0/xx/11/5085-1313)

Quanto: grátis

 
 
 
 

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