Sobre as Sombras na Aquarela

Tudo começou com as nuvens.

A ideia surgiu da necessidade de mostrar a evolução de uma pesquisa feita sobre monocromia através da técnica da aquarela e colagem.

Foi à partir do meu olhar nas nuvens que surgiu o "momento sombras na aquarela". Após a escolha do suporte, as imagens começaram a brotar em minha mente de forma aleatória, de modo claro e objetivo, facilitando o desenvolvimento do trabalho. O fundo branco do papel, muitas vezes em destaque, realça as nuances e sobreposições das camadas, contrastando tons claros e escuros, assim como a luminosidade, algumas vezes oscilante, mais ou menos intensa, que brinca, sugerindo formas, movimentos e até mesmo sensações, destacando as características da aquarela aliada à colagem.

As inúmeras possibilidades que o tema oferece, associadas à técnica, tráz como resultado a simplicidade da proposta que, destacando a cor pura, em contraste com o papel, evidencia um grande prazer em criar.

Aline Hannun

23 de março de 2016

Expressionismo Alemão e o Expressionismo Abstrato


"Os grandes cavalos azuis" -  Franz Marc - 1911 - de Walker Art Center, Minneapolis.

Expressionismo alemão

O termo “expressionismo” foi criado por Herwath Walden, no ano de 1912. Walden era proprietário de uma progressista revista de arte alemã, Der Sturm (A tempestade). Os artistas expressionistas (muitos trabalhavam na Alemanha), queriam criar uma arte que confrontasse o espectador com uma visão mais direta e pessoal de seu estado de espírito.



O Expressionismo foi um fenômeno hegemônico cultural na Alemanha, presente nas artes gráficas, na pintura, na escultura, na literatura, no teatro, na música, na dança e no cinema, assumindo formas mais radicais onde a expressão do sentimento tem mais valor que a razão.

Como base para o entendimento do temperamento do homem nórdico. Iniciou-se como um movimento de revolta contra o Impressionismo Acadêmico, sendo no entanto, por oposição, uma extensão deste.



"Artillerymen" - Ernst Ludwig Kirchner - 1915

O expressionismo, como forma de arte representativa, possuía alguns elementos essenciais como distorção linear, reavaliação do conceito de beleza artística, simplificação de detalhes e cores intensas.



"Autoretrato" - Karl Schmidt Rottluff - 1914

Alguns artistas opunham-se à rigidez e repressão da sociedade moderna da época, como Erich Heckel, autor da obra "Dois homens à mesa", inspirado no romance "O idiota", de Dostoievski. Heckel, o artista, estava determinado a questionar as noções estabelecidas do papel mais amplo da arte. Para os expressionistas, o mal e o feio deveriam ser representados.





"Dois homens a mesa" - Erich Heckel - 1912

O movimento expressionista estava associado a dois grupos de artistas: um baseado em Dresden e outro em Munique (possuíam objetivos e influências em comum).



"A Ponte" - Die Brücke - (grupo artístico alemão - Dresden - inserido no movimento expressionista).



"O Cavaleiro Azul" - Blaue Reiter - (grupo artístico alemão - Munique - inserido no movimento expressionistas).

Os artistas queriam distinguir-se da sociedade urbana burguesa (da qual, a maioria se originou) e alguns passaram a viver em áreas rurais, levando uma vida comunitária, o que os levou a serem colecionadores e imitadores da arte folclórica alemã.


Paul Gauguin, foi forte influencia para a arte expressionista. No final do século XIX abandonou o uso de cores realistas e passou a representar as suas cenas, quase sempre imaginárias, com formas simples e amplas, o que viria a caracterizar a pintura abstrata.



"Autoretrato com auréola" - Paul Gauguin - 1889.

A arte da Renascença germânica também foi evocada. Artistas como Albrecht Dürer e Mathias Grünewald, se valeram muito do poder expressivo do preto e do branco, revigorando a técnica medieval de imprimir utilizando uma matriz de madeira. Karl Schimidt-Rottluff não se valeu apenas de técnicas de xilogravura, mas também de suas pesquisas sobre arte tribal e máscaras africanas.





"Auto-Retrato com Monóculo" - Karl Schimidt Rottluff - 1910

Vincent van Gogh e Edvard Munch também influenciaram os artistas expressionistas.


"A Noite Estrelada" - Vincent van Gogh - 1889


"O Grito" - Edvard Munch - 1893


Os pintores expressionistas se afastaram da sociedade convencional e rejeitaram a imitação cuidadosa da natureza em busca de algo mais profundo. Nietzsche - filósofo, crítico cultural, poeta e compositor alemão do século XIX - descreveu como “abundante em beleza, estranheza, dúvida, horror e divindade”.


"Igreja em Murnau" - Wassily Kandinsky - 1909


A arte expressionista foi reprimida pelos nazistas em 1933, quando estes chegaram ao poder, por considerarem-na “degenerada”. No início da década de 1930, o expressionismo influenciou muitos jovens artistas americanos.



"Cavalo na paisagem" - Franz Marc - 1910


Principais características estéticas do expressionismo Alemão


Contraste entre claros e escuros, enquadramentos enviesados, maquiagem carregada e exagero. A cenografia é mais importante do que a montagem e os cenários são irreais, com linhas fora de esquadro. Montagem acelerada, câmeras lentas, duplas exposições, simples ou múltiplas. Caligarismo (conteúdo mórbido), cenários estilizados e deformados. Realismo expressionista, ambientes naturais.


Sobre o expressionismo abstrato

O expressionismo abstrato também foi mencionado na revista "Der Sturm" para descrever as obras dos expressionistas alemães. Muito popular nos Estados Unidos, no pós guerra, o expressionismo abstrato exerceu influência sobre as artes em todo o mundo e colocou Nova Iorque no centro do mundo artístico, posição até então ocupada por Paris, na França.

Em 1946, o crítico de arte americano Robert Coates, usou o termo expressionismo para se referir às obras abstratas de um grupo de artistas americanos que estiveram na ativa entre as décadas de 1940 e 1960. Apesar dos americanos trabalharem com estilos diferentes, todos buscavam causar um efeito expressivo e emocional. Esses artistas trabalhavam principalmente em Nova Iorque e a exposição “Pintura e escultura abstrata na América”, realizada no MoMA de NY, em 1951, estabeleceu a reputação do movimento como uma importante força no mundo das artes.


"A Mulher I" - Willem de Kooning - 1950 -52


O expressionismo abstrato inspirou-se no surrealismo e buscou assimilar em suas obras as ideias psicanalíticas de Jung e de Freud, no que se refere ao mito, ao inconsciente e à memória.


Na década de 1940, o expressionismo abstrato ganhou força com o surgimento de dois estilos pictóricos mais abrangentes. O primeiro enfatizava a capacidade expressiva das pinceladas; eram pintores “de ação” e se inspiravam no automatismo espontâneo e sensitivo do surrealismo, buscando revelar verdades escondidas no inconsciente do artista. Não eram guiados por processos de tomada de decisão conscientes, expressando-se por meio de pinceladas amplas e gestuais.


"Mastros azuis: número 11" (pintura gestual) - Jackson Pollock - 1952

O segundo estilo era uma estratégia oposta à pintura de ação. Os pintores excluíam de suas telas elementos irrelevantes, fazendo com que o espectador pudesse saber que “está vivo na sensação do espaço completo”.


"Sem título" (Violeta, preto laranja e amarelo sobre branco e vermelho) - Mark Rothko - 1949

Alguns críticos declararam que as telas dos artistas, no contexto do expressionismo abstrato, tornaram-se “uma arena dentro da qual o artista podia agir”. Interpretando o ato da pintura como um drama psicológico. Harold Rosenberg, crítico de arte, promoveu, por sua vez, a ideia do “artista como um indivíduo”.


"Emerald Isle" - Hans Hofmann - 1959

O fim do expressionismo abstrato ocorreu devido ao confronto de valores artísticos e temperamentos dos artistas. Além disso, a nova geração encontrava-se impaciente em busca de novos e diferentes temas e contextos.



"Elegia à República espanhola, 108" - Robert Motherwell - 1965-67


Depois do declínio da abstração, na década de 1960, a pintura saiu de moda e outras estratégias artísticas competiam por atenção em um ambiente extremamente eclético. No entanto, no final da década de 1970, a pintura com o movimento neoexpressionista, que se caracterizava por obras que abordavam uma temática com frequência violenta, surge em telas grandes onde os artistas aplicavam a tinta com rapidez, de uma maneira intencionalmente grosseira. Também costumavam incluir outros materiais na superfície das obras, o que dificultava bastante a compreensão da imagem pintada.











Nenhum comentário:

Postar um comentário