Complementando a exposição "A memória plástica do Brasil moderno" de Guignard, que apresentamos na semana passada. Felipe Chaimovich, curador do MAM, selecionou mais 26 obras do acervo do museu para a mostra “Paisagem Opaca”, exibida na Sala Paulo Figueiredo no mesmo período. Entre as mais de 5 mil obras da coleção, o curador optou por trabalhos que revelam a subjetividade: telas de Tarsila do Amaral e Leonilson, fotografias de Geraldo de Barros e Araquém Alcântara, além de vídeos, instalações e esculturas.
Como o mundo aparece para nós? Por um lado, as obras de paisagem representam diversos lugares. Por outro, cada artista também se posiciona ao criar uma paisagem, pois figura um local a partir de seu ponto de vista. A paisagem mostra o encontro do artista com o mundo percebido por ele.
Entretanto, as obras de paisagem podem ser consideradas meros reflexos, como se a subjetividade do artista não fizesse parte de sua obra. Nas paisagens em perspectiva, nas fotos e nos filmes, temos a ilusão de ver diretamente a realidade, como se uma janela se abrisse para o mundo: esquecemos o enquadramento artificial e o ponto de vista escolhido.
Para romper com o ilusionismo da paisagem, vários artistas abandonaram as construções em perspectiva e as imagens fotográficas com profundidade visual para explorarem imagens planas. Em vez de janelas, aproximam-se dos mapas, evidenciando a artificialidade das próprias obras. Nesse sentido, os lugares são figurados em primeiro plano, não havendo uma fuga do olhar para o horizonte ao longe: a visão passeia apenas pela superfície opaca.
Reunimos aqui obras da coleção do MAM que exploram a paisagem no primeiro plano, revelando a subjetividade de cada artista na construção de sua visão de mundo. Essas peças se abrem ao mesmo tempo para fora e para dentro, mostrando que olhar o mundo é uma forma de se posicionar nele.
Felipe Chaimovich
"Paisagem" - Impressão digital - 2002 - Mabe Bethônico
Ainda fazem parte da exibição objetos como Planos de viagem (1998), de Albano Afonso, que são páginas perfuradas de livro sobre um fundo de espelho; a instalação O Rio (2006), de Artur Lescher, que são dois rolos de papel para impressão que se espalham pelo chão; e a escultura Maquete de uma cidade cúbica (da série: Cidades Imaginárias), de Montez Magno, espécie de tabuleiro de xadrez com dados de diferentes dimensões, esta obra foi doada para o MAM durante a última SP-Arte.
"O Rio" - Artur Lescher
Serviço:
"Paisagem Opaca"
Onde: Museu de Arte Moderna de São Paulo - Sala Paulo Figueiredo - Parque do Ibirapuera (av. Pedro Álvares Cabral, s/nº - Portão 3)
Quando: Até 11/09, de terça a domingo, das 10h às 17h30 - Tel.: (11) 5085-1300
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