Sobre as Sombras na Aquarela

Tudo começou com as nuvens.

A ideia surgiu da necessidade de mostrar a evolução de uma pesquisa feita sobre monocromia através da técnica da aquarela e colagem.

Foi à partir do meu olhar nas nuvens que surgiu o "momento sombras na aquarela". Após a escolha do suporte, as imagens começaram a brotar em minha mente de forma aleatória, de modo claro e objetivo, facilitando o desenvolvimento do trabalho. O fundo branco do papel, muitas vezes em destaque, realça as nuances e sobreposições das camadas, contrastando tons claros e escuros, assim como a luminosidade, algumas vezes oscilante, mais ou menos intensa, que brinca, sugerindo formas, movimentos e até mesmo sensações, destacando as características da aquarela aliada à colagem.

As inúmeras possibilidades que o tema oferece, associadas à técnica, tráz como resultado a simplicidade da proposta que, destacando a cor pura, em contraste com o papel, evidencia um grande prazer em criar.

Aline Hannun

3 de junho de 2015

Memorial da América Latina expõe desenhos de Dorival Caymmi



Em cartaz no Memorial da América Latina, exposição tem ilustrações inspiradas em 10 canções do homenageado

O baiano Dorival Caymmi (1914-2008) ganha ainda em 2015, mais uma homenagem em comemoração ao centenário de seu nascimento. Trata-se da exposição “Aos olhos de Caymmi - Canções Ilustradas”, em cartaz no salão de atos do
Memorial da América Latina.
 
A proposta é apresentar ao público um talento pouco conhecido do compositor. São desenhos que retratam personagens de dez canções.

Caymmi, que em 1938 chegou ao Rio de Janeiro com a intenção de ser desenhista, produziu em 1984 ilustrações para as composições: “A preta do acarajé”, “Dora”, “João Valentão”, “Marina”, “Milagre”, “O que é que a baiana tem?”, “Rainha do mar”,” Rosa Morena”, “Vatapá” e “Vou vê Juliana”, todas expostas no Memorial.
 

 
A preta do Acarajé
 

 
Dora


João Valentão

A partir da interação e observação do seu universo particular, o artista traduziu nas suas composições e consequentemente nas imagens, cenários tipicamente baianos: o coqueiral de Itapuã, a areia branca do Abaeté, as festas populares, uma puxada da rede, uma festa popular ou um acarajé com vatapá.
 
 


Milagre



O que é que a baiana tem?

Os painéis da exposição também trazem imagens do cantor com a família e contam as histórias que inspiraram alguns dos maiores sucessos de Caymmi.
 
 


Dorival tocando violão (acervo da família)

O projeto, que ainda será levado para o Rio de Janeiro, conta com a curadoria de Rose Lima, com 18 anos de experiência no mercado cultural. “Buscamos conectar o universo de inspiração de cada ilustração reunindo música, partitura, contexto, fonograma, intérpretes, admiradores e algumas curiosidades. Assim, apresentamos o pintor Dorival Caymmi, cujos olhos de artista traduziram palavras e sons em imagens”, acrescenta a curadora.
 
Na ocasião da abertura – Danilo Caymmi, filho mais novo do artista homenageado, fez uma palestra cantada no Foyer do teatro durante o evento de abertura, interpretando as canções ilustradas pelo pai. Danilo afirma que vai “expor para o público os contos de meu pai de forma dinâmica e interativa, com o objetivo de perpetuar a história, promover a cultura local e fortalecer a memória nacional”. Esta exposição está sendo considerada pelo artista “a menina dos olhos” do centenário de Caymmi e que “o público precisa conhecer os personagens da Bahia".
 
 
Rosa Morena
 
Além da mostra que marca o centenário do nascimento do artista, o Grupo lançou a reprodução de um caderno lançado no ano de 1984 com os desenhos que servem de base para a exposição. O caderno vem com um autorretrato do cantor.
 
 


Vatapá

Foram investidos na exposição aproximadamente R$ 300 mil, via Lei Rouanet. “Este projeto revela a obra de um homem que, como ninguém, levou aos quatro cantos as riquezas de nossa terra e de nosso saber”, cita Luiz Mendonça Filho, presidente do Grupo LM, patrocinador da Mostra.

Serviço
 
Aos olhos de Caymmi/Canções ilustradas
 
Onde: Salão de Atos - Memorial da América Latina -  Av. Auro Soares de Moura Andrade, 664 - Barra Funda - São Paulo - Fone:  (11) 3823-4600
 
Quando: Até 14/6 - De terça a domingo, das 9 às 18h
 
Quanto: Entrada gratuita
 
 
Sobre o artista

Nascido em 30 de abril de 1914, em uma casa de pessoas "musicais", como ele mesmo descrevia, Caymmi cresceu assistindo aos saraus promovidos pelo pai, Durval Henrique, em que ouvia a mãe, Aurelina, cantar músicas de variados estilos.
 
Foi ao lado de seu amigo de infância, José Rodrigues de Oliveira, o Zezinho, que Dorival se aventurou pelas ruas de Salvador e teve o primeiro contato com o rádio, cantando na Rádio Clube da Bahia. Nessa época eles formaram o grupo Três e Meio, com os irmãos Deraldo e Luiz no tambor e pandeiro, respectivamente, Zezinho no cavaquinho e Dorival ao violão. Luiz era o irmão menor de Dorival, por isso o nome do conjunto.

O trio "e meio" se divertia reproduzindo músicas de Noel Rosa e Carmem Miranda, que eram sucesso na época. Mas mesmo fazendo apresentações e recebendo alguns cachês com seu trabalho, Caymmi não enxergava a música como atividade profissional, e resolveu viajar ao Rio de Janeiro para cursar direito. A capital fluminense foi palco para a descoberta definitiva do artista Dorival Caymmi.
 
Na rádio Tupi, Teófilo de Barros Filho se impressionou com o jovem baiano recém-chegado à cidade e logo o apresentou à cantora Carmem Miranda - que daria projeção internacional a algumas de suas canções. Em pouco tempo, Dorival passou a integrar a elite dos cantores que faziam sucesso no rádio nos anos 1930 e foi, mais tarde, influência para artistas como João Gilberto, Caetano Veloso e Tom Zé.
 
 
Assista um pouco de Dorival Caymmi.
 
"O que é que a baiana tem"
 
 








 
 
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário