Sobre as Sombras na Aquarela

Tudo começou com as nuvens.

A ideia surgiu da necessidade de mostrar a evolução de uma pesquisa feita sobre monocromia através da técnica da aquarela e colagem.

Foi à partir do meu olhar nas nuvens que surgiu o "momento sombras na aquarela". Após a escolha do suporte, as imagens começaram a brotar em minha mente de forma aleatória, de modo claro e objetivo, facilitando o desenvolvimento do trabalho. O fundo branco do papel, muitas vezes em destaque, realça as nuances e sobreposições das camadas, contrastando tons claros e escuros, assim como a luminosidade, algumas vezes oscilante, mais ou menos intensa, que brinca, sugerindo formas, movimentos e até mesmo sensações, destacando as características da aquarela aliada à colagem.

As inúmeras possibilidades que o tema oferece, associadas à técnica, tráz como resultado a simplicidade da proposta que, destacando a cor pura, em contraste com o papel, evidencia um grande prazer em criar.

Aline Hannun

13 de julho de 2016

Sobre Aquarelas


Ilustração em aquarela do livro "O Pequeno Príncipe" de  Antoine de Saint-Exupéry

A aquarela é uma das técnicas de pintura na qual os pigmentos se encontram suspensos ou dissolvidos em água. Os suportes utilizados na aquarela são muito variados, embora o mais comum seja o papel com elevada gramatura. São também utilizados como suporte o papiro, casca de árvore, plástico, couro, tecido, madeira e tela.



Sem título - 1910/13 - primeira aquarela abstrata - Wassily Kandinsky

A aquarela é uma técnica muito antiga cujo aparecimento se supõe esteja relacionado com a invenção do papel e dos pincéis de pelo de coelho, ambos surgidos na China há mais de 2000 anos.


"Life of the Virgin" - Cappella Baroncelli-Giugni - Florence - Santa Croce - Taddeo Gaddi.

No ocidente, há vários exemplos do emprego desta técnica desde a Idade Média, como Tadeo Gaddi, discípulo de Giotto. Ele viveu até 1366, e teria produzido uma série de desenhos aquarelados, feitos sobre papel tipo pergaminho. O método também foi utilizado por artistas flamengos, e amplamente empregado em Florença e Veneza. Foi com Albert Dürer que a aquarela pode resistir ao tempo, já que ele deixou pelo menos 120 das suas obras.



"Auto retrato com luvas" - 1498 - Albert Dürer 

Foi somente no século XVIII que a técnica da aquarela passou a ser considerada como um método autônomo e independente, difundida em toda a Europa e reconhecida como a “Arte Inglesa”. Neste momento surgem nomes como Alexander Cozens, o poeta pintor William Blake, John S. Cotman, Peter de Wint e John Constable, mas foi sem duvida William Turner quem melhor soube explorar suas possibilidades.



"Incident at the London Parliament" - 1834 - William Turner

Turner produziu 19.000 aquarelas, o que lhe garante o título de maior aquarelista de todos os tempos. Já foi mencionado que o artista teria influenciado os pintores impressionistas, mas há quem ouse afirmar que a aquarela exerceu tamanha influência sobre Turner, a ponto de este experimentar na pintura a óleo as mesmas possibilidades cromáticas, através da aplicação de camadas bastante delgadas e sobrepostas, com muita luminosidade.



"Navio negreiro" - 1840 - William Turner

A aquarela há muito tempo se tornara um hábito nas cortes europeias, o que lhe dava certo “ar” de futilidade, de feminilidade espontânea e, embora surgissem novos pintores aquarelistas, esta técnica começa a ser vista com preconceito. Com o passar dos anos, surge uma grande contradição em torno deste método, o certo é que a aquarela deve ser defendida pelas suas qualidades intrínsecas, como uma técnica em si mesma.



"Ouro Preto" - Alberto da Veiga Guignard


Aquarelas Abstratas Contemporâneas - Aline Hannun


"Série Manchas"

A mancha é um dos melhores instrumentos disponíveis para expressar a visão. São vestígios de ações e apagamentos.

Neste caso, são formadas por linhas que constituem áreas demarcadas que vão sendo sobrepostas uma às outras num fazer transparente e simultâneo.








"Série Labirintos"

Libertação

... até que um dia, por astúcia ou acaso,
depois de quase todos os enganos, ele
descobriu a porta do Labirinto.
... Nada de ir tateando os muros como  um
cego.
Nada de muros.
Seus passos tinham - enfim! - a liberdade de
traçar seus próprios labirintos.

                                               Mario Quintana
                                                             








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