Sobre as Sombras na Aquarela

Tudo começou com as nuvens.

A ideia surgiu da necessidade de mostrar a evolução de uma pesquisa feita sobre monocromia através da técnica da aquarela e colagem.

Foi à partir do meu olhar nas nuvens que surgiu o "momento sombras na aquarela". Após a escolha do suporte, as imagens começaram a brotar em minha mente de forma aleatória, de modo claro e objetivo, facilitando o desenvolvimento do trabalho. O fundo branco do papel, muitas vezes em destaque, realça as nuances e sobreposições das camadas, contrastando tons claros e escuros, assim como a luminosidade, algumas vezes oscilante, mais ou menos intensa, que brinca, sugerindo formas, movimentos e até mesmo sensações, destacando as características da aquarela aliada à colagem.

As inúmeras possibilidades que o tema oferece, associadas à técnica, tráz como resultado a simplicidade da proposta que, destacando a cor pura, em contraste com o papel, evidencia um grande prazer em criar.

Aline Hannun

20 de abril de 2016

Edgar Degas - O pintor das bailarinas



"Dançarinas atando as sapatilhas" - 1893-1898 - Edgar Degas

Edgar Hilaire Germain Degas - Paris, 1834-1917, pintor, gravurista, escultor e fotógrafo francês. 

É conhecido sobretudo pela sua visão particular no mundo do ballet, sabendo captar os mais belos cenários. É reconhecido pelas suas incríveis obras em pastéis e como um dos fundadores do impressionismo. Muitos dos seus trabalhos fazem parte de acervo do Museu d'Orsay, em Paris, onde o artista nasceu e faleceu. As suas mais consagradas obras ligam-se ao movimento impressionista formado na França, nos fins do século XIX, em reação à pintura acadêmica da época. Com ele estavam Claude Monet, Paul Cézanne, August Renoir, Alfred Sisley, Mary Cassatt, Berthe Morisot e Camille Pissarro, que, cansados de serem recusados nas exposições oficiais, se associaram e criaram a sua própria escola para poderem apresentar as sua obras ao público.



"Madame Valpinçon com crisântemos" - óleo sobre tela - 1865 - The Museum of Modern Art (MoMA).

Degas não era um artista que gostava de fazer pinturas de observação, não costumava sair a campo, como muitos de seus contemporâneos. Preferia criar e recriar, em seu ateliê, obras que, em sua maioria, representam cenas de ballet, da beleza das bailarinas, mulheres banhistas, cenas de interiores, retratos. Paisagens pouco o interessavam, elas aparecem poucas vezes como fundo de alguma corrida de cavalos, por exemplo.


"Corrida de cavalos" - 1885/88 - pastel sobre papel - Philadelphia Museum of Art

Seu amigo Manet desaprovava o gênero de pintura que ele praticava, mas reconhecia suas qualidades e elogiava em especial seus retratos. Entre estes estava "The Bellelli Family", 1859-60, que traz uma composição bastante ousada: posturas anticonvencionais e personagens focalizados num momento de intimidade, com sutilíssimas expressões. 




"Retrato da família Bellille" - 1859/60 - óleo sobre tela - Museu d'Orsay, Paris.


Outra obra de grande importância é a "The Orchestra of the Opera" ("A Orquestra da Ópera") de 1870, na qual o artista focaliza seu amigo Désiré Dihau, músico que lhe possibilitou frequentar os bastidores da Ópera de Paris. Esta é a primeira de incontáveis obras. Sua concepção é totalmente inédita: trata-se de um retrato ambientado, com Dihau a tocar, ao lado de seus companheiros, no poço da orquestra do teatro. A liberdade no tratamento dos personagens e de suas posturas dá ao quadro um sentido de instantâneo fotográfico. Ninguém está posando e, no palco ao fundo, algumas bailarinas mostram os corpos fragmentados, como se um fotógrafo, atento ao modelo central, não tivesse pensado em enquadrá-las.




"A orquestra da Ópera" - 1870 - óleo sobre tela - Musée d'Orsay, Paris.


De temperamento frio e distante, o artista não estimulava a companhia de amigos e sempre se sentiu e viveu como um solitário "por seu rigor, pela inflexibilidade de seus julgamentos," segundo escreve Paul Valery em "Degas, dança, desenho" (Cosac Naify). Provém daí a sua grande qualidade de retratar tão bem a solidão no quadro "In a Cafe" ("The Absinthe Drinker"), 1875-76, em que se deve notar a posição oblíqua das mesas, o que antecipa o cinema e lembra a velha pintura holandesa de interiores.

"
Em um café" ("A bebedora de absinto") - 1875/6 - óleo sobre tela - Musée d'Orsay, Paris.

"Chamam-me o pintor das bailarinas", dizia Degas com tristeza, "não compreendem que a bailarina é um pretexto para reproduzir o movimento fluido."



"Bailarinas em rosa" - 1880/5 - óleo sobre tela - Hill-Stead Museum, Farmington, NM


Principais características do estilo artístico de Degas

As obras de Degas, na primeira fase da sua vida artística, são marcadas pela suavidade e o uso de cores em tom pastel. Na década de 1860, passou a utilizar tons mais vibrantes. Outra característica marcante é a abordagem de cenas do cotidiano, paisagens e retratos individuais, assim como a pintura de bailarinas, mulheres, concertos, óperas e a pintura histórica, sobretudo a partir da década de 1860.


Principais momentos da vida de Degas


Na juventude, ao entrar para o Lycee Louis Le Grand, passou a dedicar-se às artes plásticas. Estudou desenho com o grande artista francês Louis Lamothe. Viajou para a Itália e entrou em contato direto com as obras do Renascimento italiano, principalmente, Michelangelo, Leonardo da Vinci e Rafael Sanzio. Em 1870 foi convocado pelo exército francês para lutar na Guerra Franco-Prussiana. Após a guerra foi morar por 5 meses na cidade de Nova Orleans (sul dos Estados Unidos). Em 1874, sofreu com a morte do pai que deixou muitas dívidas, o que o obrigou a vender várias de suas obras de arte. Em 1874 apresentou suas obras na Primeira Exposição Impressionista.




"La Petite Danseuse de Quatorze Ans" - 1881 - uma escultura que é um marco na história da arte.

La Petite Danseuse de Quatorze Ans, foi apresentada na “Sexta Exposição Impressionista” de 1881, em uma caixa de cristal. A obra recebeu críticas diversas e escandalizou a sociedade. O meio parisiense ficou chocado ao encontrar em um museu a figura de uma bailarina – principalmente pelo fato do ballet estar muitas vezes ligado ao tráfico de meninas, prostituição e escândalos de abuso sexual. Os pais burgueses diziam: “Que Deus nos livre de uma filha bailarina!”. Os próprios salões da Ópera de Paris eram pontos de encontros de homens ricos e poderosos que buscavam jovens amantes. Era lá que se encontravam a arte e a prostituição.

Das suas 2.000 obras, óleos, pastéis e esculturas, mais da metade retratam as jovens bailarinas do corpo de ballet da Ópera de Paris. Desde o ano de 1870, Degas pintou obsessivamente cenas de bailarinas enquanto elas estavam no palco durante uma apresentação, em seus ensaios e em seus momentos de descanso. 

Foi durante uma de suas frequentes visitas à Ópera de Paris que Degas conheceu a jovem Marie van Goethem (Paris,1865), estudante de ballet. Pouco se sabe sobre a vida da jovem bailarina que aos treze anos ingressou no ballet. Filha de uma lavadeira e um alfaiate que viviam constantemente com problemas financeiros. Era na Ópera de Paris que se localizava a escola de dança, onde jovens dançarinas eram aceitas a partir dos dez anos de idade, e onde Marie e suas irmãs estudaram. 


Foi entre os anos de 1878 e 1881 que Marie posou para Degas, para sua bailarina e para mais uma série de trabalhos: “Dance Lesson", 1879; “Dancer with a fan", 1879 e ”Dancer resting", 1879-1880.



“Dance Lesson" ("Lição de dança") - 1879 - óleo sobre tela




“Dancer with a fan" ("Dançarina com leque") - 1879 - óleo sobre tela

Vários dos seus quadros semearam a controvérsia e ainda hoje a obra de Degas é objeto de numerosos debates pelos historiadores de arte. Os restos mortais de Edgar Degas repousam no túmulo da família no cemitério de Montmartre em Paris.






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