O Whitney Museum of American Art conta com mais de duas centenas de obras em exposição no sexto e sétimo andar representando parte do seu acervo.
Organizados em sequência cronológica, a apresentação é dividida em onze temáticas ou "capítulos". Cada capítulo leva o nome de uma obra, a qual incentiva o olhar do espectador e não de um movimento ou o estilo. A exposição elabora alguns dos temas, ideias, crenças e paixões que vem impulsionando artistas americanos em sua luta para trabalhar dentro e contra as convenções estabelecidas, muitas vezes envolvendo diretamente os seus contextos políticos e sociais. Obras de arte em todas as mídias são exibidas juntas, reconhecendo as maneiras em que os artistas desenvolveram vários modos de produção e dissolvidos os limites entre eles.
As obras em exibição refletem necessariamente recorde de aquisições e exposições do Whitney, que constitui uma espécie de memória e um coletivo que representa uma série de atitudes individuais, às vezes conflitantes, para o que a arte americana pode ser, dizer ou fazer em qualquer momento. Obras que raramente, ou nunca, foram mostrados aparecem ao lado de ícones amados como um desafio que está no cerne do compromisso do Museu em constante evolução e compreensão da arte americana.
No Whitney Museum, visitando o seu acervo, pude apreciar ao vivo obras de um dos meus artistas favoritos, o expressionista Willem de Kooning. Compartilho com vocês um pouco da sua vida e obras.
"Mulher de bicicleta" - 1952/53 - óleo, esmalte, e carvão sobre linho - 195 × 125 cm - Willem de Kooning
Sobre o artista - Willem de Kooning
Pintor norte-americano de origem holandesa. Um dos expoentes do expressionismo abstrato, particularmente chamado de pintura de ação. Nasceu em 24 de abril de 1904 em Rotterdam. Criado por sua mãe e padrasto, estudou na Rotterdan Academy of Finr Arts and Techniques, emigrou para os Estados Unidos em 1926, onde viveu como clandestino passando por um período de muita pobreza.
Em 1920 Willem trabalhou como assistente do diretor de arte de um departamento da Rotterdam Store. Foi um dos trinta e oito artistas escolhidos para desenhar e pintar 105 murais públicos na Feira Mundial de 1939 em Nova York.
Elaine and Willem de Kooning in studio, Parrish Art Museum
Aos 21 anos, em 1926, embarcou clandestinamente para os Estados Unidos. Instalou-se em Nova Iorque e viveu de pequenos expediente. Descobriu Greenwich Village, o bairro dos artistas, e ligou-se aos primeiros pintores abstratos americanos, decidindo, em 1935, dedicar-se inteiramente à pintura. Suas telas abstratas e figurativas sofreram influência do cubismo e do surrealismo de Picasso.
"Mulher sentada" - 1940 - óleo s canvas - 137 x 91 cm - Philadelphia Museum of Art
Na década de 30 adota diversos estilos simultaneamente, entregando-se à experimentação com grande vigor. Com pinceladas violentas, produz composições geométricas. Em 1937, juntou a partícula "de" ao seu nome para o tornar mais acolhedor e em 1938 começa a pintar formas masculinas e quadros abstratos coloridos. Em 1942 tornou-se amigo de Pollock em Nova Iorque.
"Pink Angels" - 1945 - óleo s. canvas - Frderick R. Weisman Foundation - Los Angeles - CA.
Em 1947 conheceu Arshile Gorky, com quem partilhou um atelier e, tal como ele, se interessava pela pintura abstrata mais que pela figurativa. Ambos foram inspirados por Joan Miró e Pablo Picasso. Em abril de 1948 expôs pela primeira vez sozinho, na Charles Egan Gallery e passou a ser considerado, ao lado de Jackson Pollock, o líder da nova corrente, o expressionismo abstrato.
Sem título - 1949 - esmalte preto s. papel - 55.6 x 75.9 cm - Museum of Fine Arts - Boston
Em 1950 criou a pintura de grande formato "Escavação", alguns críticos consideraram a mais importante obra do artista. A tinta jogada sobre a tela, a justaposição de várias cores que destoavam entre si, a manipulação dos tons e a herança expressionista foram o que De Kooning usou para desintegrar a realidade – que nunca se apagou totalmente. Suas obras primavam pela emoção e movimento.
"Escavação" - óleo s. canvas - Isola di Rifiuti
Nessa mesma época lançou uma série sobre as mulheres intitulada "Women", que mostra formas femininas em pinceladas frenéticas, onde representou a atriz Marilyn Monroe, entre outras.
Sua obra, "Mulher 1", a mais conhecida, é um mosaico de cores fortes, densa, que estuda a mulher. O rosto anguloso, os olhos repuxados, dentes ferozes, curvas destituídas de sensualidade, são de uma mulher que se posta entre o abstrato e o figurativo. Parecem representar tanto a reverência quanto o medo que o poder feminino infundia no inconsciente do artista. A telas dessa séria foram meticulosamente planejadas. O público estranhou o aspecto grotesco das representações femininas e a crítica reprovou a inclusão de elementos figurativos na arte abstrata. De Kooning trabalhou formas angulosas e bruscas, oferecendo um berrante contraste com a representação sensual e deificada, na arte tradicional, da figura feminina.
"Mulher 1" - óleo s. canvas - 1,47 x 1,92 cm - Museum of Modern Art - New York
O artista causou polêmica com a série "Mulheres", e justificou-se: "Alguns artistas atacaram-me por pintar mulheres, mas eu acho que isso era problema deles, não meu. Não me sinto como um pintor não-objetivo".
A série seguinte foi sobre os negros dos Estados Unidos e novamente suas obras chocaram o público. Começou-se a falar também do "rosa de Kooning".
Sem título - 1948 - esmalte e óleo s. linho
Em 1961 instalou-se em um grande atelier, em East Hampton. Recusou categoricamente pertencer ou ser afiliado a movimentos artísticos, porém, é catalogado como artista do expressionismo expressionismo abstrato.
Em 1963 De Kooning mudou-se para Long Island onde houve seu declínio criativo. O artista não abandonou a pintura, mas começou a trabalhar com esculturas em Roma, no ano de 1969, época em que executou suas primeiras figuras trabalhadas com argila e fundidas em bronze.
Sem título - 1972 - bronze com patina marrom - 376 x 641 x 203 cm - Matthew Marks Gallery - NY
Willem de Kooning morreu em 1997, em East Hampton, Nova York, sendo diagnosticado com o mal de Alzheimer. Em 2012 teve uma retrospectiva no MOMA, em Nova York.
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